“Tropas Estelares” não é um livro do tipo
‘unanimidade nacional’. Não, nada disso. Apesar de ser considerado um clássico
da ficção cientifica e uma obra que influenciou muitos escritores do gênero –
que fazem questão de exaltá-la publicamente – o livro de Robert A. Heinlein é
polêmico ao extremo e se enquadra perfeitamente naquela categoria que todos nós,
leitores inveterados, conhecemos por ‘me ame ou me deixe’.
Alguns consideram a obra facista; outros, militarista,
já os mais fanáticos chegam a taxá-la de racista e por aí vai. Por outro lado,
aqueles que são fãs do romance o colocam nas alturas, classificando-o como uma
obra literária ‘máxima e definitiva’ da ficção científica; coisa do tipo: o
supra sumo do gênero.
Eu me enquadro na segunda categoria, daqueles que
gostaram e muito do livro. Quanto ao filme de Paul Verhoeven baseado de longe
no livro, esqueça! Uma porcaria e das bravas. Nada haver com a história
original. Mudaram toda a estrutura do romance e transformaram a produção
cinematográfica num verdadeiro escândalo para os fãs do livro.
Em “Tropas Estelares”, Heinlein mostra aos seus
leitores o planeta Terra, em um futuro não muito distante, vivendo sob uma
federação interplanetária, onde só exerce o direito de voto quem serve as
Forças Armadas. A história mostra o treinamento e preparação de jovens soldados
até que estoura a guerra contra os temíveis ‘Bugs’, poderosos alienígenas
aracnídeos que podem destruir o sonho terrestre de expansão no universo.
Apesar de ter sido publicado em 1959, o livro não
perdeu a sua atualidade por causa dos temas polêmicos abordados em suas
páginas. O treinamento militar dos personagens é mostrado com um realismo
incrível. Por outro lado, quem opta por não integrar as Forças Armadas é visto
– meio que disfarçadamente, mas é – como integrante de uma casta social
desprovida de todo o interesse, digamos que limitada.
Reprodução quase fiel dos exoesqueletos usados pelos soldados do livro |
Alguns leitores consideram a obra racista por entenderem que o autor tratou os inimigos
– no caso, os Bugs – como coisas sem alma e que por isso, poderiam ser
mortas à vontade, sem nenhum remorso. Quanto a idéia de expansão do universo ao
custo da eliminação de uma outra raça, mesmo sendo alienígena, alguns a consideram
algo parecido com o genocídio que ocorreu durante o holocausto nazista.
Cara, deu pra sentir como a obra de Heinlein tem uma
aura polêmica?! Imagine o furdúncio que a história causou há mais de cinqüenta
anos atrás!
Agora, deixando um pouco de lado a polemicidade da
obra, é bom lembrar aos leitores que pretendem ler a história idealizada por
Heinlein que não esperem uma montanha russa de aventuras ou então romances,
beijos e amassos por parte do casal de protagonistas, assim como foi no
‘filme-bomba’ (no mau sentido da palavra) de Verhoeven. Prá início de conversa,
no livro nem temos um casal de protagonistas. Explicando melhor: enquanto na
produção cinematográfica, a história é narrada sob a ótica do soldado da
infantaria móvel Johnie Rico e de sua namorada Carmen; no livro escrito em
primeira pessoa, o narrador e protagonista passa a ser apenas Rico, com Carmen
aparecendo em poucas e breves citações. Além disso, nas páginas, ela não tem
nenhum relacionamento amoroso com o soldado.
Enquanto no filme ocorre uma infestação galática de
insetóides com tropas de aracnídeos estúpidos; no livro eles são uma raça
alienígena muito evoluída e com tecnologia de ponta, o que fica evidente
através de suas naves e armas sofisticadas.
Cena do filme 'Tropas Estelares' que foi um fracasso de bilheteria |
Mas o ponto que achei mais interessante no romance
foram os trajes usados pelos soldados da infantaria móvel, na verdade,
exoesqueletos. As blindagens ‘vestidas’ pelos infantes lhe dão poderes além da
imaginação, como por exemplo, carregar armas poderosas e pesadas, inclusive à
nível nuclear; realizar ataques devastadores ou então operações militares com
uma precisão micro-cirúrgica; dar saltos orbitais que podem chegar a alturas incomensuráveis;
enfim, trajes que acabam tornando obsoletos até mesmo unidades de combate
pesadas como tanques de guerras e unidades aéreas. Já nas telas, talvez, como
forma de ‘poupar’ alguns dólares no orçamento, o diretor optou por abolir os
exoesqueletos, preferindo deixar os soldados da infantaria com roupas normais,
o que convenhamos, ‘tirou’ muito do filme.
Outro detalhe importante que diferencia livro e
filme é que o Johnie Rico original, de Heinlein, tem nacionalidade filipina;
enquanto que o Johnie, do cineasta Verhoeven é argentino.
O livro ganhou o Prêmio Hugo, considerado o mais
importante da ficção científica internacional e foi aclamado por fãs e
críticos, mesmo defendendo idéias “politicamente incorretas”, como costumamos disser
nos dias de hoje.
Na minha opinião, uma obra de SciFi indispensável
para os leitores aficionados do gênero.
5 comentários
O filme é bem fraquinho mesmo, mas - orra meu! - tem a Denise Richards no auge da beleza!
ResponderExcluirO filme é um atentado violento ao pudor à obra de Heinlein!! Completamente destoante. Acho que quiseram economizar no orçamento, acreditando que dava para fazer um filme bom e barato, só que deu no que deu: desastre total. Quanto a Denise Richards, caraca!!! Vc tinha que lembrar! (rs)
ExcluirAchei o filme divertido pelo clima de zoação com o militarismo, mas foi só isso. Já o livro as diferenças são enormes se compararmos com o filme. Achei interessante o livro, não vi o fascismo de que o acusam, mas, pra mim a obra prima de Heinlein é Um Estranho Numa Terra Estranha.
ResponderExcluirgosto do filme e sínico e empolgante como só verhoeven sabe fazer também chamado de nazi-fascista e claramente uma sátira ao militarismo e a sociedade americana como em robocop não li o livro mas so conheço grassas ao filme estou muito interessado em lelo
ResponderExcluirFilme e livro são bem distintos. Muitas diferenças entre eles. Vale a pena lê-lo.
ExcluirAbcs!