Tropas Estelares

11 outubro 2013


“Tropas Estelares” não é um livro do tipo ‘unanimidade nacional’. Não, nada disso. Apesar de ser considerado um clássico da ficção cientifica e uma obra que influenciou muitos escritores do gênero – que fazem questão de exaltá-la publicamente – o livro de Robert A. Heinlein é polêmico ao extremo e se enquadra perfeitamente naquela categoria que todos nós, leitores inveterados, conhecemos por ‘me ame ou me deixe’.
Alguns consideram a obra facista; outros, militarista, já os mais fanáticos chegam a taxá-la de racista e por aí vai. Por outro lado, aqueles que são fãs do romance o colocam nas alturas, classificando-o como uma obra literária ‘máxima e definitiva’ da ficção científica; coisa do tipo: o supra sumo do gênero.
Eu me enquadro na segunda categoria, daqueles que gostaram e muito do livro. Quanto ao filme de Paul Verhoeven baseado de longe no livro, esqueça! Uma porcaria e das bravas. Nada haver com a história original. Mudaram toda a estrutura do romance e transformaram a produção cinematográfica num verdadeiro escândalo para os fãs do livro.
Em “Tropas Estelares”, Heinlein mostra aos seus leitores o planeta Terra, em um futuro não muito distante, vivendo sob uma federação interplanetária, onde só exerce o direito de voto quem serve as Forças Armadas. A história mostra o treinamento e preparação de jovens soldados até que estoura a guerra contra os temíveis ‘Bugs’, poderosos alienígenas aracnídeos que podem destruir o sonho terrestre de expansão no universo.
Apesar de ter sido publicado em 1959, o livro não perdeu a sua atualidade por causa dos temas polêmicos abordados em suas páginas. O treinamento militar dos personagens é mostrado com um realismo incrível. Por outro lado, quem opta por não integrar as Forças Armadas é visto – meio que disfarçadamente, mas é – como integrante de uma casta social desprovida de todo o interesse, digamos que limitada.
Reprodução quase fiel dos exoesqueletos usados pelos soldados do livro
Alguns leitores consideram a obra racista  por entenderem que o autor tratou os inimigos – no caso, os Bugs – como coisas sem alma e que por isso, poderiam ser mortas à vontade, sem nenhum remorso. Quanto a idéia de expansão do universo ao custo da eliminação de uma outra raça, mesmo sendo alienígena, alguns a consideram algo parecido com o genocídio que ocorreu durante o holocausto nazista.
Cara, deu pra sentir como a obra de Heinlein tem uma aura polêmica?! Imagine o furdúncio que a história causou há mais de cinqüenta anos atrás!
Agora, deixando um pouco de lado a polemicidade da obra, é bom lembrar aos leitores que pretendem ler a história idealizada por Heinlein que não esperem uma montanha russa de aventuras ou então romances, beijos e amassos por parte do casal de protagonistas, assim como foi no ‘filme-bomba’ (no mau sentido da palavra) de Verhoeven. Prá início de conversa, no livro nem temos um casal de protagonistas. Explicando melhor: enquanto na produção cinematográfica, a história é narrada sob a ótica do soldado da infantaria móvel Johnie Rico e de sua namorada Carmen; no livro escrito em primeira pessoa, o narrador e protagonista passa a ser apenas Rico, com Carmen aparecendo em poucas e breves citações. Além disso, nas páginas, ela não tem nenhum relacionamento amoroso com o soldado.
Enquanto no filme ocorre uma infestação galática de insetóides com tropas de aracnídeos estúpidos; no livro eles são uma raça alienígena muito evoluída e com tecnologia de ponta, o que fica evidente através de suas naves e armas sofisticadas.    
Cena do filme 'Tropas Estelares' que foi um fracasso de bilheteria
Mas o ponto que achei mais interessante no romance foram os trajes usados pelos soldados da infantaria móvel, na verdade, exoesqueletos. As blindagens ‘vestidas’ pelos infantes lhe dão poderes além da imaginação, como por exemplo, carregar armas poderosas e pesadas, inclusive à nível nuclear; realizar ataques devastadores ou então operações militares com uma precisão micro-cirúrgica; dar saltos orbitais que podem chegar a alturas incomensuráveis; enfim, trajes que acabam tornando obsoletos até mesmo unidades de combate pesadas como tanques de guerras e unidades aéreas. Já nas telas, talvez, como forma de ‘poupar’ alguns dólares no orçamento, o diretor optou por abolir os exoesqueletos, preferindo deixar os soldados da infantaria com roupas normais, o que convenhamos, ‘tirou’ muito do filme.
Outro detalhe importante que diferencia livro e filme é que o Johnie Rico original, de Heinlein, tem nacionalidade filipina; enquanto que o Johnie, do cineasta Verhoeven é argentino. 
O livro ganhou o Prêmio Hugo, considerado o mais importante da ficção científica internacional e foi aclamado por fãs e críticos, mesmo defendendo idéias “politicamente incorretas”, como costumamos disser nos dias de hoje.
Na minha opinião, uma obra de SciFi indispensável para os leitores aficionados do gênero.

5 comentários

  1. O filme é bem fraquinho mesmo, mas - orra meu! - tem a Denise Richards no auge da beleza!

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. O filme é um atentado violento ao pudor à obra de Heinlein!! Completamente destoante. Acho que quiseram economizar no orçamento, acreditando que dava para fazer um filme bom e barato, só que deu no que deu: desastre total. Quanto a Denise Richards, caraca!!! Vc tinha que lembrar! (rs)

      Excluir
  2. Achei o filme divertido pelo clima de zoação com o militarismo, mas foi só isso. Já o livro as diferenças são enormes se compararmos com o filme. Achei interessante o livro, não vi o fascismo de que o acusam, mas, pra mim a obra prima de Heinlein é Um Estranho Numa Terra Estranha.

    ResponderExcluir
  3. gosto do filme e sínico e empolgante como só verhoeven sabe fazer também chamado de nazi-fascista e claramente uma sátira ao militarismo e a sociedade americana como em robocop não li o livro mas so conheço grassas ao filme estou muito interessado em lelo

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Filme e livro são bem distintos. Muitas diferenças entre eles. Vale a pena lê-lo.
      Abcs!

      Excluir

Instagram