Meu Nome é Ninguém – O Regresso (Volume II)

25 junho 2024

Grande parte dos comentários que li sobre “O Regresso” – segundo e último volume da duologia “Meu Nome é Ninguém” – diziam que o autor Valerio Massimo Manfredi aumentou a história desnecessariamente quebrando toda a magia que envolve a saga de Ulisses ou Odisseu. Concordo em gênero, número e grau. Vou mais além e afirmo que o autor escreveu mais do que devia e se enrolou todo no final. Quando acabei de ler o livro disse para Lulu que Manfredi foi guloso; comeu mais do que devia, se empanturrou e depois, passou mal.

A maioria daqueles que leram as versões romanceadas de a “Odisseia” de Homero ou então, assistiram aos filmes baseados na obra sabem que a saga de Ulisses termina tão logo após o seu retorno a Ítaca quando ele, juntamente com o seu filho Telêmaco e alguns aliados, exterminam todos os guerreiros que haviam invadido o seu palácio com a intenção de desposar a sua esposa Penélope, acreditando que o herói havia morrido.

O que Manfredi fez? Ele quis ir mais a fundo e narrar o que aconteceu depois disso; e foi aí que ele se embananou todo. Antes desse acréscimo na saga, por parte do autor, a narrativa estava fluida e agradável capaz de prender a atenção do leitor. Como escrevi na resenha de “O Juramento” (primeiro volume da duologia Meu Nome é Ninguém) ler todos os acontecimentos envolvendo a Guerra de Tróia e o retorno de Ulisses a sua Terra Natal narrados em primeira pessoa pelo próprio herói torna a história muito mais palatável e saborosa fazendo com os leitores devorem as páginas.

Acredito que ao autor ao escrever essa duologia, tinha como proposta narrar fatos desconhecidos sobre a vida do herói da mitologia grega, ou seja, fatos além daqueles que conhecemos lendo o poema de Homero ou então, as suas versões romanceadas. Dessa maneira, no primeiro volume conhecemos curiosidades interessantes sobre a infância de Odisseu; como ele conheceu o seu avô; a origem de seu nome; como ele se tornou um guerreiro e, também; como ele conheceu Penélope e como por pouco, Helena de Tróia não o desposou; além de muitos outros detalhes, posso ‘dizer’... “indédito” da conhecida saga.

Esta proposta de Manfredi caiu como uma luva em toda a narrativa de “O Juramento”, mas por outro lado, apenas em parte de “O Regresso”. Na minha opinião, se o autor tivesse encerrado a narrativa logo após a sua vingança contra os pretendentes de Penélope, a duologia seria encerrada , com chave de ouro, mas o problema foi que ele quis mais e com isso, acabou estragando o encerramento da história.

Comentei com algumas pessoas que também leram a duologia que tudo o que deveria ser acresentado a mais na saga de Odisseu foi feito em “O juramento”, restando muito pouco ou quase nada a ser acrescentado em “O Regresso”. Esse pouco foi acrescentado nos trechos envolvendo as interações de Ulisses com Calipso, Circe e a princesa Nausicaam, filha do rei Alcino que o ajudou o herói a regressar a Ítaca. Bastavam esses acrescimentos no enredo para deixa-lo agradável porque já tínhamos a deliciosa narrativa de Ulisses em primeira pessoa.

Mas o autor não entendeu dessa maneira e optou por incluir uma nova viagem para Odisseu após o seu retorno a Ítaca. Nesta nova peripécia, ele deveria ir até uma terra muito distante onde cumpriria uma promessa para acalmar Poseidon, deus dos mares e pai do ciclope Polifemo, morto çpelo herói. E foi aí que o caldou engrossou demais ou ficou ralo de mais, como queiram. Achei essa segunda aventura de Ulisses muito chata, insípida e muito metafórica. Resumindo: chata e confusa.

Se quiserem um conselho, leiam “O Regresso” até o capítulo em que Odisseu mata os usurpadores de seu palácio que pretendiam desposar Penélope e esqueçam a última viagem, sem sentido, do herói. Já aqueles que quiserem encará-la, desejo boa sorte.

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