Desculpem-me por começar, logo de cara, com um
assunto que não tem nada a ver com esse post, mas confesso que não dá prá
segurar. Portanto, lá vai: O Tourão caiu!! E caiu bonito – quer dizer – caiu feio.
Dizem que o tombo sentado é um dos piores, se não o pior, por causa de dois
motivos: o primeiro deles, a dor insuportável naquele ossinho perto do... do...
bem lá mesmo. Um ossinho tão simplório, mas que dói tanto, chamado cóccix. E o
segundo motivo que faz desse tombo o pior de todos é a gozação. Isso mesmo, as
gargalhadas, tirações de sarro, chacotas e etc e mais etc. Afinal de contas
quer um tombo mais cômico do que aquele em que a pobre vítima beija o chão com
a bunda! Cara foi isso que aconteceu com o ‘seo’ Touro ou ‘Tourão’ ou ainda ‘Kid
Touro’ para os mais chegados.
Putz! Que distração a minha! Com certeza vocês
querem saber quem é o tal ‘Tourão’. Ok. Saibam mais aqui; porque não vou encher
uma outra lingüiça explicando quem é a fera. Mas retomando a minha divagação. O
‘Tourão’ foi se abaixar para apanhar um papel de bala que tinha tentado encaçapar
na lata de lixo. No momento em que se abaixou, as pernas deixaram de obedecer ao
comando do cérebro, então para não despencar no chão para uma platéia
considerável, ele optou por ficar de cócoras ou como dizem no ‘interiô’: de ‘cóqui’.
Ele raciocinou: - “Bem, espero até que as benditas pernas destravem, então me
ajoelho –disfarçadamente - e depois me levanto e já sento no sofá imediatamente.
Ocorre que nesse exato momento, ou seja, quando o ‘Kid Tourão’ ainda estava de ‘cóqui’
– no início do seu plano - passou um antigo colega e o cumprimentou: “- Ô Touro!
Bom dia!”. E o ‘Tourão’, educadamente, mesmo de costas levantou a mão direita
para cumprimentá-lo. Foi onde começou a tragédia. Ao erguer a mão, perdeu o equilíbrio
e pranchou no chão.... de bunda... para delírio da galera que assistia a tudo
com a boca retorcida, tentando conter a gargalhada, e para desespero do meu
querido velho que soltou um Uiii!... tremendamente doído.
Resultado: enquanto escrevo esse texto, em meu
notebook, me encontro ao lado do ‘Tourão’,
em sua cama no hospital, esperando a sua recuperação que segundo os médicos,
apesar das radiografias não terem acusado nenhuma fratura, será um pouco lenta
devido a sua idade.
Agora deixando as divagações de lado e partindo ao
que interessa, confesso que nunca consegui ler um livro enquanto estive num
hospital, seja como paciente ou acompanhante, como agora. Sei lá, deve ser
algum tipo de bloqueio, não me sinto bem com o cheiro, as roupas brancas e
engomadas, os barulhos de macas indo e vindo pelos corredores. Tudo isso me
tira a concentração e acabo ficando disperso, abandonando a história.
Cena de "O Conde de Monte Cristo" de 1975 com Richard Chamberlain |
Mesmo assim, quando o ‘Tourão’ veio pra cá,
arrisquei levar um livro para ficar apenas folheando, matando o tempo. Escolhi,
na minha estante, um que julgava meio sem sal e açúcar: “O Conde de Monte Cristo”,
para não ‘queimar’ a leitura de uma outra obra, a qual pretendia ler com toda a
tranqüilidade possível no meu quarto ou em minha sala de leitura. Já tinha
assistido o tal Conde com o Jim Caviezel, aquele ator que havia interpretado Jesus
Cristo no filme do Mel Gibson. Como achei o filme horroroso, peguei o livro
para saber se a história seia diferente.
Cara! Quando percebi, já estava devorando as páginas
magistralmente escritas por Alexandre Dumas! Que nada de cheiro esquisito,
macas no corredor, roupas brancas engomadinhas e muito menos uma enfermeira
filezinho que toda hora passava no quarto para ver como o Tourão estava. O meu
negócio era ler, ler e ler a saga de Edmond Dantes. Conclui a leitura
praticamente agora e aproveitando a inspiração que a história me deu, resolvi escrever
esse post.
Para início de conversa, o livro não tem nada a ver
com o filme sofrível produzido em 2002 e que apesar disso, acabou fazendo um
sucesso razoável nos cinemas.
Na obra de Dumas, Edmond Dantés é um destemido, mas
ingênuo marinheiro que em 1815 acaba sendo preso, sob falsa acusação, por ter ido à Ilha de Elba, onde teria recebido
uma carta de Napoleão em seu exílio. Na correspondência, Napoleão deixava
evidente o seu desejo de reconquistar o trono. Mas na verdade, Dantés havia
sido vítima de um complô armado por três pessoas interessadas no assunto: o
juiz de Villefort, filho do destinatário da carta de Napoleão, que, mesmo
atestando sua inocência, quis silenciá-lo; o seu amigo, Danglars, que desejava
o posto de capitão do navio, já que Dantés recebeu o posto por mérito, e
Fernand Mondego, melhor amigo, mas por outro lado, apaixonado por Mercedes,
noiva de Dantes. Mondego, inclusive, morre de inveja de Dantés e sonha com o
dia em que poderá ter Mercedes em seus braços.
Jim Caviezel como o conde no filme de 2002 |
Graças a cilada preparada por essas três pessoas,
Edmond Dantés vai para a temível prisão do castelo d’If, onde é condenado a
ficar encarcerado até os últimos anos de sua vida. Após muito tempo, ele
consegue fugir com a ajuda de um abade, vizinho de cela, com o qual passou a
nutrir uma sólida amizade nos anos em que esteve preso. O abade Faria, um preso
político, lhe indica o local onde está escondido o tesouro do Cardeal Spada. O
abade ainda educa Dantes por vários anos sobre diversas artes e ciências
(química, esgrima, línguas e história em geral). Mesmo não acreditando muito,
Edmond investe na aventura e descobre, de fato,
o tesouro indicado pelo seu amigo de prisão, tornando-se milionário. A partir daí começa a vingança de Dantes que
engendra um plano inteligente e ao mesmo tempo maquiavélico. O ex-marinheiro passa
a assumir vários disfarces, entre os quais um poderoso e multimilionário conde,
um pirata e por aí afora. Todos esses
disfarces são utilizados em sua teia de vingança.
O livro tem passagens fortes e emocionantes, entre
as quais o encontro do Conde de Monte Cristo com a sua ex-noiva Mercedes que
agora está casada com o seu amigo traidor Fernand Mondego.
Apesar de ter a classificação de literatura
infanto-juvenil, “O Conde de Montecristo” tem passagens fortes e marcantes. Por
isso, posso classificá-lo de extremamente vigoroso. O enredo magnífico nos
prende como a teia de aranha tecida por Dantes para se vingar de seus inimigos.
Gostei tanto do livro que agora pretendo assistir ao
filme com Richard Chamberlain e Tony Curtis que passou nos cinemas em 1975 e ao
contrário da aberração de 2002, sem muito estardalhaço. Um amigo meu que
assistiu ao filme me garantiu que é muito fiel ao romance de Dumas. Vejamos.
Inté!
Um comentário
Só tem um detalhe.
ResponderExcluirMondego não é amigo de Dantes, é amigo de Mercedes, uma espécie de irmão de criação dela.
Tanto que Dantes só o conhece quando retorna de sua viagem e vai pedir Mercedes em casamento.
Também achei o filme de 2002 horrível e relutei muito em ler o livro por isso.
Mas quando comecei a ler, fiquei obcecado, não consegui largar enquanto não terminei, tanto que li a obra inteira em pouco mais de uma semana.
O que mais curti é que ele não armou arapuca para ninguém, apenas mexeu alguns pauzinhos e esperou, as pessoas é que se enforcaram sozinhas pelos seus próprios erros.
Na verdade, ele até deu muitas chances para que as pessoas se arrependessem e se endireitassem, mas elas rejeitaram.