Confesso que ao saber que o espólio de Michael
Crichton tinha lançado um novo livro póstumo em parceria com um outro escritor fiquei
muito animado, mas animadíssimo, de fato. Os motivos dessa animação mesclada à
expectativa – e uma boa expectativa – eram dois. Primeiro: sou ‘fanzaço’
confesso do autor e segundo: a minha última experiência envolvendo um livro
póstumo de Crichton concluído por um outro escritor foi fantástica. Adorei Micro que foi finalizado por Richard Preston.
Cara, que livraço! Amei! Amei!
Por “culpa” de toda essa empolgação fui ‘babando’ em
busca de Erupção, enredo iniciado por
Crichton que faleceu antes de concluí-lo. Dessa forma, a sua esposa Sherri Crichton
que cuida do espólio do autor decidiu chamar James Patterson para concluir a
história.
Comecei a ler Erupção
com a certeza de que iria “topar” com uma narrativa envolvente e viciante, além
de personagens carismáticos, duas características importantes na composição de
um enredo e que fizeram com que eu devorasse Micro em poucos dias. Mas, então, veio a decepção, já que não
encontrei nada disso.
A narrativa é lenta e arrastada até mesmo durante os
momentos de ação; e os personagens não convencem nem um pouco porque além de serem
chatos pra caramba, ainda carecem de desenvolvimento. A impressão que tive é
que vários deles foram simplesmente jogados na narrativa deixando os leitores
perdidos já que não tinham nenhuma informação adicional sobre esses personagens.
Perceberam que eu citei, acima, vários personagens?
Pois é, de fato, são muitos personagens; uma miscelânea deles. Tantos que os
leitores até se perdem durante a leitura, esquecendo alguns nomes. E sabemos
que a partir do momento que um autor opta por incluir em sua trama literária
muitos personagens, ele corre o risco de queimar alguns deles. O que estou tentando
explicar é que nem todos os personagens ganham o desenvolvimento que merecem,
ficando ali, simplesmente, jogados aleatoriamente no enredo ou então esquecidos.
E foi, exatamente, isso que aconteceu com Erupção.
Por exemplo, a personagem Drª Rachel Sherrill, uma botânica muito conceituada,
responsável pelo Jardim Botânico de Hilo, no Havaí, que logo no início da trama
descobre algo que “nada mais é” do que o plot principal da trama só aparece no
prólogo; depois no decorrer da trama, seu nome é citado apenas uma ou duas
vezes, e acrescente-se a isso, uma única aparição relâmpago da personagem no
meio do livro. Na minha opinião, a Drª Rachel Serrill poderia ser muito mais
aproveitada.
Quanto ao personagem principal da história, John Mac
Gregor, além de não ter nenhum carisma, é chato de doer: mal humorado, sabichão
das coisas, sem educação e teimoso. Dois outros personagens importantes pertencentes
ao Exército dos Estados Unidos, não ficam atrás de Mac Gregor. Quanto a uma outra
personagem que poderia contrabalancear esse lado chato de Mac Gregor e dos dois
comandantes acabou morrendo no meio da trama. Já com relação aos outros muitos personagens
“jogados” na história não há muito o que acrescentar.
A trama, também não me prendeu, nem mesmo nos momentos
de ação perto das páginas finais. As explicações técnicas sobre vulcões quebram
o ritmo já arrastado da narrativa. A obra trabalha com dois plots: a erupção do
Mauna Loa, considerado o maior vulcão ativo do mundo situado no Havaí e um
segredo terrível que o Exército americano guarda a sete chaves numa caverna
localizada nas imediações desse vulcão. Quando o Mauna Loa entra em erupção, a
lava expelida por ele pode destruir não só o Havaí, mas todo o planeta se atingir
o tal segredo guardado pelo Exército americano. É aí que entra o chato do Dr.
John Mac Gregor e outros personagens para tentar salvar o mundo.
Terminei Erupção
no osso ou como costumo dizer: em “primeira marcha”. Se quiserem ler uma
obra póstuma de Crichton, recomendo Micro;
esse sim, vale a pena.
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