“Os Três Mosqueteiros”: uma releitura com novas nuances

04 julho 2022

Algumas pessoas acham que releituras de obras literárias não valem a pena porque estamos perdendo tempo com histórias que já conhecemos; tempo que poderíamos dedicar a novos livros. Olha galera, nunca ouvi ou li bobagem tão grande. Pelo menos, essa é a minha opinião. Não vá me dizer que não sente saudades de alguns personagens que conviveram com você durante uma ‘viagem literária’? No meu caso, sinto muitas saudades de uma galera que, certamente, desejo reencontrar. Outro bom motivo para uma releitura é que você tem a oportunidade de ver o contexto da obra sob um outro ponto de vista, ou seja, pode ser que na primeira vez que você teve contato com o enredo do autor, não entendeu ou aceitou certas atitudes de determinados personagens, mas hoje, como mudou alguns de seus conceitos no seu dia a dia, passou a entender o que não aceitava no passado.

Sei lá, galera, são “N” motivos para você reler um romance e sentir prazer nessa releitura. Por isso, resolvi reler algumas obras, como explico nessa postagem (ver aqui).

A minha primeira releitura neste ano foi Os Três Mosqueteiros, obra clássica de Alexandre Dumas. Tinha lido o livro em 2011 – nos primórdios do blog – portanto há mais de 11 anos (confira aqui). Naquela época devorei a história  em poucos dias, mas agora, no presente... bom, a leitura acabou sendo mais arrastada. Em 2011 li a edição da Nova Cultural, lançada em 1996, que fazia parte da coleção “Imortais da Literatura Universal”, muito conhecida na época. A tradução dessa publicação é tão boa quanto a da edição da Zahar, lançada em 2010. A diferença são as notas de rodapé que fazem parte do lançamento da Zahar, nas quais os premiados tradutores André Telles e Rodrigo Lacerda capricharam e, muito.

Como já escrevi acima, a leitura dessa vez foi arrastada. No início, as notas de rodapé – algumas bem longas – me assustaram e acabaram atrapalhando um pouco a fluidez da leitura. Como tinha optado por ler o enredo paralelamente com as notas de rodapé, a leitura do romance acabava perdendo o ritmo. Por isso, no início foi uma leitura quebrada, empacada. Para resolver esse problema, mudei a forma de ‘encarar’ o livro. Passei a ler essas notas explicativas apenas quando me interessavam. A partir daí a leitura passou a render um pouco mais.

Nesta releitura, achei os diálogos desenvolvidos por Dumas muuuuito longos e consequentemente cansativos. Existem personagens que tem diálogos que chegam a quase duas páginas! Verdade, só com esse personagem “falando”. Quando acontecia isso e a “fala” do personagem não me interessava, eu acelerava a leitura ou simplesmente passava para a frente.

O enredo é ruim? De jeito nenhum; tanto é verdade que na primeira vez que li esse clássico, me apaixonei, mas agora, após mais de 11 anos, o enxergo de uma maneira diferente. Não sei... talvez, naquela época eu amava os clássicos da literatura mundial, enquanto hoje, esse gênero não me interessa tanto.

Nesta releitura de Os Três Mosqueteiros, só comecei a devorar, de fato, a história quando a personagem Milady de Winter colocou as suas garras de fora. Nos capítulos perto do final, dedicados à vilã, ‘o bicho pega’. Não há como negar que Dumas criou uma de suas melhores personagens, capaz de mexer com o íntimo de qualquer leitor, por mais insensível que seja. Juro que eu não via a hora daquela víbora pagar por todos os seus crimes.

Milady mexeu tanto comigo que após esse texto, estarei escrevendo um post inteiramente dedicado a ela. O curioso foi que na primeira vez em que li o livro, em 2011, essa personagem não me chamou tanto a atenção, mas agora, na releitura, mudei o foco e passei a me interessar por ela, chegando ao ponto de considera-la a vilã mais vil, perigosa e odiosa da literatura.

É isso aí galera, Os Três Mosqueteiros foi um livro que amei no passado, mas hoje, achei apenas razoável, com exceção de Milady.

Inté!

2 comentários

  1. Continuo amando muito esse livro. ❤
    Li a versão digital e comprei a versão física recentemente em uma feira do livro, e estou lendo as poucos, não porque a leitura é "arrastada", mas porque não possuo mais tempo livre como outrora.

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    1. Olá Sammy,
      No meu caso, amei a leitura, já a releitura deu uma travadinha até chegar nos capítulos finais relacionados a Milady de Winter. A partir daí, não li, mas devorei a história.
      Abraços!

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