Atrasei um pouco né galera? Na verdade, deveria ter publicado este post há uma semana, isso se quisesse respeitar o cronograma de postagens do blog que é o de publicar pelo menos dois assuntos semanais. Olha, querer eu queria, mas com esse lance de migração de emissoras de rádios AM para FM, confesso que estou ficando louco de pedra.
Estou planejando a nova grade de jornalismo da
emissora onde trabalho e agora como ficamos sem um funcionário, por motivo de
doença, tive que assumir também as suas funções. Dessa maneira, acabou sobrando
para o blog. Como estou chegando em casa tarde e cansado, às vezes não tenho pique
para escrever uma postagem por mais curta que seja. Com essa correria, o
encontro diário com os meus livros também foi prejudicado. O sono e a fadiga
fizeram com que eu desacelerasse o ritmo de leitura. Resultado: continuo
devorando as minhas obras, mas em sistema de dieta. Acredito que já no início
de dezembro essa correria terá terminando e então, poderei voltar ao meu ritmo
normal tanto no blog quanto nas leituras dos meus livros.
Mas vamos ao que interessa. Terminei de ler, na semana
passada, o volume 3 de Conan, O Bárbaro
e assim conclui a leitura da trilogia do Cimério lançada pela Pipoca &
Nanquim. Fodasticamente fodástica. Que trilogia! Para quem curte aventura, essa
saga é obrigatória. Já para aqueles que são fãs do gênero ‘espada e
feitiçaria’, a leitura da trilogia torna-se mais do que uma obrigação, passando
a ser uma convocação.
A exemplo do que aconteceu com os dois primeiros volumes (confira as resenhas aqui e aqui) as histórias me prenderam tanto que nem vi o tem passar. Terminei as mais de 500 páginas desse terceiro volume em poucos dias.
Conan, o Bárbaro pode
ser considerado a obra máxima do escritor Robert E. Howard, um dos mais
consagrados romancistas da sua geração, criador do subgênero Espada &
Feitiçaria e principal inspiração para autores de renome indiscutível como
George R.R. Martin e Michael Moorcock. Os três livros trazem as histórias originais
do personagem, que bem depois deram origem a todos os seus filmes, quadrinhos e
games.
Este terceiro livro continua seguindo a ordem original
de publicação das aventuras e contém os sete últimos contos do Cimério,
incluindo o épico A Hora do Dragão,
conto com proporções de romance que também é o seu mais celebrado, além de
diversos extras e conteúdo inédito no Brasil.
A saga ainda tem uma galeria de capas da clássica revista Weird Tales, na qual as aventuras foram publicadas nos anos 1930, ilustrações e posfácios dos artistas Mark Schultz (Xenozoic Tales), Gregory Manchess (Above the Timberline) e Gary Gianni (O Cavaleiro dos Sete Reinos), capa dura ilustrada pelo mestre Frank Frazetta, e acabamento de luxo com sobrecapa de acetato e fitilho de tecido. Quer mais? Ok, lá vai: marcador de páginas que acompanha cada um dos volumes da coleção; dessa vez no formato da espada da guerreira Valéria, do filme de 1982 estrelado por Arnold Schwarzenegger.
A sensação que tive ao ler a saga foi a de estar no
meio de uma matinê de cinema socando o ar e torcendo para um gigante bárbaro
nascido na Ciméria. Arnold Schwarzenegger que interpretou o herói em duas
produções cinematográficas definiu bem porque gostamos tanto de Conan: “Ele é o
herói perfeito porque não é totalmente perfeito. Assim as pessoas conseguem se
identificar com ele, pois ele comete erros; ele é mau de certo modo. Ele não é como
Superman que é bonzinho o tempo todo”. Está certíssimo Schwarzenegger. Conan é
um cara como nós, por isso, conseguimos criar essa identidade com ele.
Howars, aliás, tinha essa capacidade de construir
personagens, incluindo vilões, nada caricatos, com o poder de mexer com os
nossos sentimentos. Prova disso é o gigante negro do conto As Negras Noites de Zamboula que enfrenta o bárbaro. Baal-Pteor é
puro músculos, mais alto e mais forte do que Conan. Além disso suas mãos são
desproporcionalmente grandes. Dedes criança, ele foi treinado para estrangular
homens – por mais fortes que fossem – além de mulheres, crianças, guerreiros,
enfim qualquer um. Ele não temia ninguém, pois todos os guerreiros que cruzaram
o seu caminho foram estrangulados como um frango. Por isso mesmo, Pteor tinha
uma arrogância e autoconfiança enormes, bem... até o dia em que Conan cruzou o
seu caminho.
Quando o brutamontes começa a estrangular alguém, a
primeira atitude da vítima é tentar retirar as mãos Baal-Pteor de seu pescoço. Agora,
no caso de Conan, adivinhe qual foi a sua primeira reação? Ao invés de proteger
o pescoço, Conan, na mesma nora, também gruda no pescoço do estrangulador.
Então, os papéis se invertem e o arrogante Pteor é quem desesperadamente se
livrar das mãos de Conan!! Veja só se é possível não vibrar ao ler um trecho
desses: “Os olhos de Baal-Pteor estavam dilatados, e dentro deles, crescia uma
expressão terrível de surpresa e medo.... seu rosto começou a ficar roxo. Medo
inundou o seu olhar. Os músculos poderosos do Cimério não vacilavam; eram como
uma massa de cabos de ferro sob os dedos desesperados do gigante que tentava
retirá-los de seu pescoço. Então quando Conan pronuncia essas palavras: “Acho
que você nunca tinha visto um homem do oeste. Você se achava forte porque
torcia o pescoço de homens civilizados, pobres-diabos com músculos feito cordas
podres? Maldito! Quebre o pescoço de um touro selvagem da Ciméria antes de
chamar a si mesmo de forte. Foi o que fiz antes de me tornar um homem adulto…
assim!” Cara, quando li esse
trecho pensei na matinê do meu cinema imaginário vindo abaixo com os pés da
garotada batendo freneticamente no chão, sacos de pipocas voando, socos no ar,
gritos e o escambau a quatro.
O terceiro volume da saga
tem sete contos, incluindo, como escrevi no inívio, o clássico A Hora do
Dragão, considerado pela maioria dos críticos literários como a história
mais emblemática do herói. Vamos para um breve resumo dos enredos.
01 – Uma bruxa nascerá
Nesta história publicada em dezembro de 1934 na revista pulp Weird Tales, uma bruxa perversa chamada Salomé tenta usurpar o trono de sua irmã gêmea Taramis. Para conseguir o seu objetivo, ela prende a irmã numa masmorra e assume a sua identidade, enganando praticamente todo o reino, exceto um capitão da guarda chamado Conan.
Gostei muito do conto. O
bárbaro passa por muitas dificuldades, sendo até mesmo pregado numa cruz, mas
consegue reverter a situação e então parte para a vingança. Então já viu né...
coitados dos seus inimigos. Conan não perdoa. A batalha final é fantástica.
02 – Os servos de Bit-Yakin
Neste conto vamos acompanhar a busca de Conan pelos Dentes de Gwahlur, lendário tesouro da cidade perdida de Alkmeenon. O Cimério, parte, então, para Alkmeenon e acaba encontrando um antigo palácio em meio a uma densa floresta rodeada por gigantescas montanhas onde habitam estranhas criaturas selvagens que são os guardiões do valioso tesouro.
Os Servos de Bit-Yakin é uma história mais calcada no mistério do que na
ação. Lutas e traições, que são elementos essenciais nos contos de Conan,
também estão presentes aqui mas a atmosfera sobrenatural rouba a cena.
03 – Além do Rio Negro
Além do Rio Negro foi escrita por Howard em 1935 no formato original de conto, mas acabou sendo adaptada para os quadrinhos pela primeira vez na Marvel em A Espada Selvagem de Conan Vol.1 #26 em 1978 pelas feras Roy Tomas (roteiro) e John Buscema (arte).
Neste conto, Conan é contratado
para patrulhar, como batedor, na violenta fronteira entre os reinos da
Aquilônia e Pict. O Cimério enfrenta toda a selvageria do mais primitivo dos
povos da Era Hiboriana do qual faz parte um terrível Xamã e suas bestas feras,
incluindo uma serpente gigante e mortal. A perigosa missão do guerreiro é adentrar
na zona inimiga com alguns homens, e capturar o Xamã que tem o dom de comandar
feras e demônios da floresta nunca visto por civilizados!
Cara, me amarrei nesse
conto. Tenso pra caramba. Conan mais uma vez arrebenta com a sua espada.
04 – As Negras Noites de Zamboula
Esta história é a do gigante metido a estrangulador. Todos guerreiros e guerreiras que cruzaram o seu caminho se deram mal, morrendo estrangulados, até o dia em que Conan cruzou o seu caminho, então, o brutamontes sentiu na pele ou melhor, no próprio pescoço, como é a sensação de morrer enforcado.
Com apenas 36 páginas,
trata-se do conto mais curto do livro com exceção do extra O Vale das
Mulheres Perdidas que tem parcas 18 páginas. Zamboula é uma estranha
cidade. Tão logo o sol se põe, ninguém mais é visto em suas ruas, gritos de
horror se espalham até os confins do deserto e, a cada noite que passa, aumenta
o número de pessoas que desaparecem misteriosamente. No entanto, tudo se
modifica no momento em que Conan resolve pernoitar em uma de suas estalagens,
causando a mais sanguinária noite da história dessa cidade.
05 – A Hora do Dragão
Sem dúvida nenhuma, A Hora do Dragão é o melhor conto de toda a trilogia lançada pela Pipoca &Nanquim. Nele vemos um Conan que já se tornou rei da Aquilônia. Em suas mais de 200 páginas, o leitor viajará numa aventura fantástica; daquelas que fazem a gente ficar grudado no livro.
Ao longo de seu reinado na
poderosa Aquilônia, Conan foi obrigado a combater inúmeras ameaças, mas nenhuma
delas, porém, revelou-se mais mortífera do que uma profana aliança amparada no
ressuscitado Xaltotun, um feiticeiro ancestral dotado de poder suficiente para
despedaçar montanhas. Após ter sido atraiçoado e destronado, ao Cimério só
restavam duas alternativas: aceitar sua avassaladora sina, esperando apenas
para morrer impotente em um aterrador calabouço ou tentar escapar
milagrosamente e empreender sozinho uma quase impossível cruzada até
reconquistar seu reino. Evidentemente, Conan escolheu a segunda opção.
06 – Pregos Vermelhos
Pregos Vermelhos é um exemplo de como se escreve um conto maravilhoso em poucas páginas, apenas 84. Howard não deixa nenhuma aresta sem ser aparada.
No conto escrito em 1936, Conan
se encontra com a bela pirata Valéria da Irmandade Vermelha. Após se livrarem
de uma monstruosa criatura, os dois se refugiam numa cidadela perdida no
deserto, cujos sobreviventes juraram destruição mútua. Tomando partido de um
desses povos sobreviventes, a destruição dos adversários é inevitável.
Entretanto, o líder do povo vitorioso paga com ingratidão a ajuda de seus
salvadores e tem planos sinistros para Conan e Valéria.
07 – O Vale das Mulheres Perdidas
Conan ajuda uma mulher branca sequestrada, pela tribo Bakalah mas é forçado a persegui-la em um vale misterioso povoado por mulheres sinistras e um demônio voador. O Vale das Mulheres Perdidas foi publicado pela primeira vez em The Magazine of Horror (Primavera de 1967).
Apesar de possuir apenas 17
páginas, O Vale das Mulheres Perdidas tem um enredo fantástico. Howard
provou ser capaz de escrever histórias encantadoras em pouquíssimas páginas.
Taí galera, recomendo essa
trilogia der montão. Uma saga que me deixou com uma baita ressaca literária.
3 comentários
Traz a resenha de Bran Mak Morn também!! Gosto das suas resenhas, sucesso!!
ResponderExcluirObrigado Athus. Feliz por você gostar das resenhas. Valeu, mesmo!
ExcluirQuanto ao "Ultimo Rei dos Pictos" pretendo ler, sim. Estou esperando, apenas, dar uma desafogada na minha lista de leitura.
Um grande abraço!
Grande Abraço, obrigado!!
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