Conan – O Bárbaro (Livro III)

03 novembro 2020

Atrasei um pouco né galera? Na verdade, deveria ter publicado este post há uma semana, isso se quisesse respeitar o cronograma de postagens do blog que é o de publicar pelo menos dois assuntos semanais. Olha, querer eu queria, mas com esse lance de migração de emissoras de rádios AM para FM, confesso que estou ficando louco de pedra. 

Estou planejando a nova grade de jornalismo da emissora onde trabalho e agora como ficamos sem um funcionário, por motivo de doença, tive que assumir também as suas funções. Dessa maneira, acabou sobrando para o blog. Como estou chegando em casa tarde e cansado, às vezes não tenho pique para escrever uma postagem por mais curta que seja. Com essa correria, o encontro diário com os meus livros também foi prejudicado. O sono e a fadiga fizeram com que eu desacelerasse o ritmo de leitura. Resultado: continuo devorando as minhas obras, mas em sistema de dieta. Acredito que já no início de dezembro essa correria terá terminando e então, poderei voltar ao meu ritmo normal tanto no blog quanto nas leituras dos meus livros.

Mas vamos ao que interessa. Terminei de ler, na semana passada, o volume 3 de Conan, O Bárbaro e assim conclui a leitura da trilogia do Cimério lançada pela Pipoca & Nanquim. Fodasticamente fodástica. Que trilogia! Para quem curte aventura, essa saga é obrigatória. Já para aqueles que são fãs do gênero ‘espada e feitiçaria’, a leitura da trilogia torna-se mais do que uma obrigação, passando a ser uma convocação.

A exemplo do que aconteceu com os dois primeiros volumes (confira as resenhas aqui e aqui) as histórias me prenderam tanto que nem vi o tem passar. Terminei as mais de 500 páginas desse terceiro volume em poucos dias.

Conan, o Bárbaro pode ser considerado a obra máxima do escritor Robert E. Howard, um dos mais consagrados romancistas da sua geração, criador do subgênero Espada & Feitiçaria e principal inspiração para autores de renome indiscutível como George R.R. Martin e Michael Moorcock. Os três livros trazem as histórias originais do personagem, que bem depois deram origem a todos os seus filmes, quadrinhos e games.

Este terceiro livro continua seguindo a ordem original de publicação das aventuras e contém os sete últimos contos do Cimério, incluindo o épico A Hora do Dragão, conto com proporções de romance que também é o seu mais celebrado, além de diversos extras e conteúdo inédito no Brasil.

A saga ainda tem uma galeria de capas da clássica revista Weird Tales, na qual as aventuras foram publicadas nos anos 1930, ilustrações e posfácios dos artistas Mark Schultz (Xenozoic Tales), Gregory Manchess (Above the Timberline) e Gary Gianni (O Cavaleiro dos Sete Reinos), capa dura ilustrada pelo mestre Frank Frazetta, e acabamento de luxo com sobrecapa de acetato e fitilho de tecido. Quer mais? Ok, lá vai: marcador de páginas que acompanha cada um dos volumes da coleção; dessa vez no formato da espada da guerreira Valéria, do filme de 1982 estrelado por Arnold Schwarzenegger.

A sensação que tive ao ler a saga foi a de estar no meio de uma matinê de cinema socando o ar e torcendo para um gigante bárbaro nascido na Ciméria. Arnold Schwarzenegger que interpretou o herói em duas produções cinematográficas definiu bem porque gostamos tanto de Conan: “Ele é o herói perfeito porque não é totalmente perfeito. Assim as pessoas conseguem se identificar com ele, pois ele comete erros; ele é mau de certo modo. Ele não é como Superman que é bonzinho o tempo todo”. Está certíssimo Schwarzenegger. Conan é um cara como nós, por isso, conseguimos criar essa identidade com ele.

Howars, aliás, tinha essa capacidade de construir personagens, incluindo vilões, nada caricatos, com o poder de mexer com os nossos sentimentos. Prova disso é o gigante negro do conto As Negras Noites de Zamboula que enfrenta o bárbaro. Baal-Pteor é puro músculos, mais alto e mais forte do que Conan. Além disso suas mãos são desproporcionalmente grandes. Dedes  criança, ele foi treinado para estrangular homens – por mais fortes que fossem – além de mulheres, crianças, guerreiros, enfim qualquer um. Ele não temia ninguém, pois todos os guerreiros que cruzaram o seu caminho foram estrangulados como um frango. Por isso mesmo, Pteor tinha uma arrogância e autoconfiança enormes, bem... até o dia em que Conan cruzou o seu caminho.

Quando o brutamontes começa a estrangular alguém, a primeira atitude da vítima é tentar retirar as mãos Baal-Pteor de seu pescoço. Agora, no caso de Conan, adivinhe qual foi a sua primeira reação? Ao invés de proteger o pescoço, Conan, na mesma nora, também gruda no pescoço do estrangulador. Então, os papéis se invertem e o arrogante Pteor é quem desesperadamente se livrar das mãos de Conan!! Veja só se é possível não vibrar ao ler um trecho desses: “Os olhos de Baal-Pteor estavam dilatados, e dentro deles, crescia uma expressão terrível de surpresa e medo.... seu rosto começou a ficar roxo. Medo inundou o seu olhar. Os músculos poderosos do Cimério não vacilavam; eram como uma massa de cabos de ferro sob os dedos desesperados do gigante que tentava retirá-los de seu pescoço. Então quando Conan pronuncia essas palavras: “Acho que você nunca tinha visto um homem do oeste. Você se achava forte porque torcia o pescoço de homens civilizados, pobres-diabos com músculos feito cordas podres? Maldito! Quebre o pescoço de um touro selvagem da Ciméria antes de chamar a si mesmo de forte. Foi o que fiz antes de me tornar um homem adulto… assim!” Cara, quando li esse trecho pensei na matinê do meu cinema imaginário vindo abaixo com os pés da garotada batendo freneticamente no chão, sacos de pipocas voando, socos no ar, gritos e o escambau a quatro.

O terceiro volume da saga tem sete contos, incluindo, como escrevi no inívio, o clássico A Hora do Dragão, considerado pela maioria dos críticos literários como a história mais emblemática do herói. Vamos para um breve resumo dos enredos.

01 – Uma bruxa nascerá 


Nesta história publicada em dezembro de 1934 na revista pulp Weird Tales, uma bruxa perversa chamada Salomé tenta usurpar o trono de sua irmã gêmea Taramis. Para conseguir o seu objetivo, ela prende a irmã numa masmorra e assume a sua identidade, enganando praticamente todo o reino, exceto um capitão da guarda chamado Conan.

Gostei muito do conto. O bárbaro passa por muitas dificuldades, sendo até mesmo pregado numa cruz, mas consegue reverter a situação e então parte para a vingança. Então já viu né... coitados dos seus inimigos. Conan não perdoa. A batalha final é fantástica.

02 – Os servos de Bit-Yakin


Neste conto vamos acompanhar a busca de Conan pelos Dentes de Gwahlur, lendário tesouro da cidade perdida de Alkmeenon. O Cimério, parte, então, para Alkmeenon e acaba encontrando um antigo palácio em meio a uma densa floresta rodeada por gigantescas montanhas onde habitam estranhas criaturas selvagens que são os guardiões do valioso tesouro.

Os Servos de Bit-Yakin é uma história mais calcada no mistério do que na ação. Lutas e traições, que são elementos essenciais nos contos de Conan, também estão presentes aqui mas a atmosfera sobrenatural rouba a cena.

03 – Além do Rio Negro

Além do Rio Negro foi escrita por Howard em 1935 no formato original de conto, mas acabou sendo adaptada para os quadrinhos pela primeira vez na Marvel em A Espada Selvagem de Conan Vol.1 #26 em 1978 pelas feras Roy Tomas (roteiro) e John Buscema (arte).

Neste conto, Conan é contratado para patrulhar, como batedor, na violenta fronteira entre os reinos da Aquilônia e Pict. O Cimério enfrenta toda a selvageria do mais primitivo dos povos da Era Hiboriana do qual faz parte um terrível Xamã e suas bestas feras, incluindo uma serpente gigante e mortal. A perigosa missão do guerreiro é adentrar na zona inimiga com alguns homens, e capturar o Xamã que tem o dom de comandar feras e demônios da floresta nunca visto por civilizados!

Cara, me amarrei nesse conto. Tenso pra caramba. Conan mais uma vez arrebenta com a sua espada.

04 – As Negras Noites de Zamboula

Esta história é a do gigante metido a estrangulador. Todos guerreiros e guerreiras que cruzaram o seu caminho se deram mal, morrendo estrangulados, até o dia em que Conan cruzou o seu caminho, então, o brutamontes sentiu na pele ou melhor, no próprio pescoço, como é a sensação de morrer enforcado.

Com apenas 36 páginas, trata-se do conto mais curto do livro com exceção do extra O Vale das Mulheres Perdidas que tem parcas 18 páginas. Zamboula é uma estranha cidade. Tão logo o sol se põe, ninguém mais é visto em suas ruas, gritos de horror se espalham até os confins do deserto e, a cada noite que passa, aumenta o número de pessoas que desaparecem misteriosamente. No entanto, tudo se modifica no momento em que Conan resolve pernoitar em uma de suas estalagens, causando a mais sanguinária noite da história dessa cidade.

05 – A Hora do Dragão

Sem dúvida nenhuma, A Hora do Dragão é o melhor conto de toda a trilogia lançada pela Pipoca &Nanquim. Nele vemos um Conan que já se tornou rei da Aquilônia. Em suas mais de 200 páginas, o leitor viajará numa aventura fantástica; daquelas que fazem a gente ficar grudado no livro.

Ao longo de seu reinado na poderosa Aquilônia, Conan foi obrigado a combater inúmeras ameaças, mas nenhuma delas, porém, revelou-se mais mortífera do que uma profana aliança amparada no ressuscitado Xaltotun, um feiticeiro ancestral dotado de poder suficiente para despedaçar montanhas. Após ter sido atraiçoado e destronado, ao Cimério só restavam duas alternativas: aceitar sua avassaladora sina, esperando apenas para morrer impotente em um aterrador calabouço ou tentar escapar milagrosamente e empreender sozinho uma quase impossível cruzada até reconquistar seu reino. Evidentemente, Conan escolheu a segunda opção.

06 – Pregos Vermelhos

Pregos Vermelhos é um exemplo de como se escreve um conto maravilhoso em poucas páginas, apenas 84. Howard não deixa nenhuma aresta sem ser aparada.

No conto escrito em 1936, Conan se encontra com a bela pirata Valéria da Irmandade Vermelha. Após se livrarem de uma monstruosa criatura, os dois se refugiam numa cidadela perdida no deserto, cujos sobreviventes juraram destruição mútua. Tomando partido de um desses povos sobreviventes, a destruição dos adversários é inevitável. Entretanto, o líder do povo vitorioso paga com ingratidão a ajuda de seus salvadores e tem planos sinistros para Conan e Valéria.

07 – O Vale das Mulheres Perdidas

Conan ajuda uma mulher branca sequestrada, pela tribo Bakalah mas é forçado a persegui-la em um vale misterioso povoado por mulheres sinistras e um demônio voador. O Vale das Mulheres Perdidas foi publicado pela primeira vez em The Magazine of Horror (Primavera de 1967).

Apesar de possuir apenas 17 páginas, O Vale das Mulheres Perdidas tem um enredo fantástico. Howard provou ser capaz de escrever histórias encantadoras em pouquíssimas páginas.

Taí galera, recomendo essa trilogia der montão. Uma saga que me deixou com uma baita ressaca literária.

3 comentários

  1. Traz a resenha de Bran Mak Morn também!! Gosto das suas resenhas, sucesso!!

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Obrigado Athus. Feliz por você gostar das resenhas. Valeu, mesmo!
      Quanto ao "Ultimo Rei dos Pictos" pretendo ler, sim. Estou esperando, apenas, dar uma desafogada na minha lista de leitura.
      Um grande abraço!

      Excluir

Instagram