Ficar a maior parte do tempo em casa em isolamento
social por causa do tal coronavírus é complicado, mas muito necessário. Nestes
momentos, nós leitores, temos os livros como companhia e aproveitamos para
colocar em dia a nossa listinha de leituras. O problema é quando terminamos a
lista e não temos nenhuma sugestão de livros para devorarmos nesse período de quarentena.
Foi pensando nestes leitores que resolvi escrever um
post com algumas indicações literárias para serem devoradas durante a
quarentena da Covid-19; e como acredito que o gênero Thriller Policial é quase
uma unanimidade entre todos nós, tive a ideia de selecionar dez obras
literárias do gênero que li e adorei. Vamos a elas!
Trata-se de um livro arrebatador. Lembro que na
época em que li, não conseguia parar um minuto sequer. Levava Os Sete Minutos para todo lugar que ia,
até mesmo em filas de banco, de caixas de supermercados, etc. No enredo, quando
você descobre o segredo que determinado personagem guarda a sete chaves, a sua
cabeça dá um verdadeiro looping. Com certeza, o leitor ficará pasmado com essa
revelação.
Irving Wallace fala de um misterioso escritor
chamado J.J. Jadway que escreveu “Os Sete Minutos” considerado o romance mais
injuriado e polêmico de todos os tempos.
Por causa da obra polêmica, há três décadas e meia,
Jadway acabou sendo expatriado e a partir desse momento ninguém nunca mais
souber informar o seu paradeiro: se ele estava vivo ou morto. O lendário
escritor que havia revolucionado a linguagem dos romances convencionais, após
cair em desgraça por causa de sua obra, simplesmente desapareceu, mas “Os Sete
Minutos” continuaria causando furor.
Decorrido todo esse tempo, uma editora resolve
relançar o polêmico romance, mas um ambicioso e retrógrado promotor de uma
pequena cidade americana, ainda entendia que o livro se tratava de uma obra
obscena. Por isso, o magistrado acaba prendendo um pacato livreiro que vendia
exemplares de “Os Sete Minutos” em sua loja. De acordo com o código penal da
Califórnia, em seu artigo 31, a venda de material obsceno é crime passível de
prisão. Para complicar ainda mais a vida do pobre livreiro, a obra teria sido a
causa de um estupro brutal seguido de homicídio. Um adolescente afirma que após
ler o livro de Jadway, teria perdido o controle, vindo a estuprar e matar uma
jovem.
É a partir desse momento que a história escrita por Wallace
pega fogo e faz com que o leitor atravesse a madrugada devorando as suas
páginas. Não há como ficar imune a emocionante batalha judicial travada por
causa da publicação do misterioso Jadway; e quando acontece a revelação
bambástica... sai de baixo.
02
– Não Conte a Ninguém (Harlan Coben)
Não Conte a Ninguém não
é aquele livro que você vai lendo, vai lendo, mas pensando apenas na chegada do
plot twist final que se encontra no último capítulo. Pelo contrário, a obra de
Coben tem várias reviravoltas ao longo da trama que vão preparando o leitor
para o grand finale. E quando chega esse grand finale, Coben em menos de meia
página, arremata a história de uma maneira que deixa qualquer um de queixo
caído. Este plot twist “miserável” (no bom sentido) muda grande parte do que
você já tinha lido, além de alterar algumas reviravoltas anteriores. Costumo
dizer que essa última meia página é o plot twist dos plot twists que você havia
lido anteriormente no livro porque modifica quase tudo.
Coben começa desenhar essa tremenda
reviravolta final logo no início de seu romance quando o Dr. David Beck e sua
esposa, Elizabeth se encontram num lago comemorando o aniversário de seu
primeiro beijo. Ainda no começo da história, acho que na terceira página, Beck
decide contar um importante segredo para Elizabeth, mas no exato momento em que
vai fazer a revelação acontece o rapto de sua mulher. Esta interrupção deixa os
leitores sem pai, nem mãe, morrendo de curiosidade. Por outro lado, as
reviravoltas que ocorrem ao longo da trama são tantas que fazem com que esse
segredinho acabe caindo no torpor, quero dizer... até a chegada da famosa
última meia página.
Garanto que Não
Conte a Ninguém será um grande companheiro neste período de isolamento.
03
– Eles Merecem a Morte (Peter Swanson)
ElesMerecem a Morte é o tipo do livro considerado ideal
para ler neste período de isolamento porque é recheado de plot twist
explosivos. Resultado: você nem vai perceber as horas passarem. A obra tem
porradas para nocautear qualquer leitor. Quando digo ‘porradas’ estou me
referindo as reviravoltas na trama. E essas três porradas de “Eles Merecem a
Morte”, irão deixar o leitor completamente pasmado. Peter Swanson, no início de
seu enredo, nos conduz para um desfecho dentro da normalidade, ‘entonce’, a
partir da página 136, de sopetão, vem a primeira pancada. Esta primeira
reviravolta mexe com toda a trama e modifica o chamado ‘modus operandi’ de
alguns personagens. Também é nesta parte do romance que você leva outra
chumbada.
As duas outras porradas no decorrer da história não
tiram o chão do leitor, como a primeira, mas também são ‘trucões pesados’ e
desnorteiam. O autor faz você pensar que vai acontecer algo, mas esse algo não
acontece. Então, você para e diz: “ué, cadê?!” Quando se recupera dessa
surpresa e prossegue com a leitura, chega o ‘golpaço’ inesperado.
No livro, em um voo atrasado de Londres para Boston,
Ted Severson conhece a bela e misteriosa Lily Kintner. Depois de vários
martinis, os dois estranhos decidem fazer um jogo: cada um deve contar os seus
segredos mais íntimos a respeito de si mesmo. Ted revela, então, que está sendo
traído por sua esposa, Miranda. Porém, o que começa apenas como uma brincadeira
inocente entre dois desconhecidos acaba tomando proporções perigosas quando Ted
sugere que sente vontade de matar a sua mulher, e Lily surpreendentemente
decide ajuda-lo. Se contar mais do que isso, corro o risco de revelar spoilers.
Portanto, apenas leiam. Vocês não irão se arrepender.
04
– O Colecionador de Ossos (Jeffery Deaver)
Tenho um carinho muito especial com este livro
porque foi um dos primeiros que ‘invadiu’ a minha estante quando resolvi montar
uma humilde sala de leitura.
Ainda me lembro que devorei avidamente as suas
páginas até altas horas da madrugada. O thriller policial envolvendo a novata
policial Amelia Sachs e o brilhante criminologista Lincoln Rhyme - que correm
contra o tempo para prender um perigoso serial killer que trucida as suas
vítimas de uma maneira cruel, deixando, propositadamente, pistas espalhadas
pelo caminho – é de prender o fôlego do mais frio dos leitores.
Em O Colecionador de Ossos, Jeffery Deaver conta a história de Rhyme, um
criminologista brilhante, considerado um dos melhores da área. O cérebro do
sujeito é uma verdadeira máquina, capaz de fazer deduções fantásticas,
esclarecendo crimes considerados impossíveis. Quando o negócio aperta no
Departamento de Polícia, o pessoal já grita socorro para Rhyme.
Ele é uma verdadeira sumidade no meio policial
americano, mas a sua carreira acaba interrompida por um acidente que o deixa
tetraplégico, preso a uma cama, justamente quando surge um assassino tão
inteligente quanto Rhyme e que começa a agir de maneira meticulosa e cruel,
retalhando as suas vítimas.
Denzel Washington e Angelina Jolie como Lincoln Rhyme e Amelia Sachs |
O assassino dá um nó na cabeça dos investigadores
mais experientes do departamento de polícia. É neste exato momento que o chefe
do famoso ex-criminologista entra em seu quarto e ‘suplica’ para que ele aceite
trabalhar no caso, traçando o perfil psicológico do assassino.
Rhyme passa, então, a cooperar com Amélia, uma
policial inexperiente que será os braços, pernas, enfim o corpo do
criminologista na caça ao assassino.
O livro foi adaptado para os cinemas no ano 2000 e
teve nos papéis principais Denzel Washington (Lincoln Rhyme) e Angelina Jolie
(Amélia Sachs).
05
– O Perfume – A História de Um Assassino (Patrick Suskind)
A história que tem como cenário a Paris do século
XVIII gira em torno de Jean-Baptiste Grenouille, um garoto francês que
viveu num orfanato com regras rígidas. Sua infância foi catastrófica e logo ao
nascer foi abandonado pela mãe que não o queria de maneira alguma. Ele veio ao
mundo no meio do fedor de um mercado de peixe, onde sua mãe trabalhava como
vendedora. Ao dar a luz, ela pegou o bebê e o jogou no meio das
vísceras que os limpadores extraiam dos peixes e amontoavam num canto do
mercado: um verdadeiro lixão com uma fedentina insuportável. O nosso
futuro serial killer foi entregue aos cuidados de uma madame que tinha o péssimo
hábito de explorar crianças órfãs. Concordam que o sujeito teve toda a
colaboração para se tornar um assassino? Pois é.
Jean-Baptiste cresceu e logo descobriu que possuía
um dom incomum: a capacidade de diferenciar os mais diversos odores à sua
volta. Um detalhe: ele mesmo não tem odor nenhum: nem ruim, nem bom,
simplesmente nasceu sem cheiro. Ele também não possui sentimentos. Amor, ódio,
paixão, tristeza ou alegria.
Cena do filme "O Perfume - A História de um Assassino" |
Depois de algum tempo, já adulto, o rapaz
demonstra vontade de conhecer todos os odores existentes, então ele passa a
tentar capturar o odor dos próprios seres humanos, nem que seja por meio de
assassinatos em série. Sua intenção é criar - através dos odores de
suas vítimas - um perfume que faça dele uma pessoa atraente, capaz de ser
notada e amada por toda a sociedade.
O
Perfume - História de um Assassino de Patrick Suskind também foi parar nas telonas em
2006 e agradou público e críticos.
06
– Instinto Assassino (William Randolph Stevens)
Instinto Assassino conta uma história real. Trata-se de uma obra
densa, pesada e que exige do leitor muito sangue frio. O enredo do livro nos dá
uma noção exata da complexidade da mente e do modus operandi de um psicopata.
Juro que fiquei impressionado demais após a leitura
da obra de Stevens. Impressionado, porque você chega à conclusão que pode estar
convivendo, normalmente, ao lado de um psicopata já que a maioria deles
camuflam muito bem os seus desvios psicológicos. Às vezes o psicopata pode ser
aquele juiz sério e acima de qualquer suspeita em sua cidade, ou aquele
filantropo sempre disposto a ajudar as pessoas necessitadas, ou então, como no
caso do livro Instinto Assassino, o
médico amado e querido de uma pequena cidade; um verdadeiro anjo em terra.
Na obra de William Randolph Stevens que também foi o
promotor do caso e depois resolveu escrever um livro sobre o assunto, Cristina
Henry narra os momentos de terror que passou ao lado de seu marido, o
proeminente médico americano, Dr. Patrick Henry com quem chegou ter um filho.
O livro de Stevens foi adaptado em minissérie para a TV nos anos 90 |
Ela conviveu durante quase sete anos ao lado de um
perigoso psicopata sem perceber nada de anormal, já que o médico insano
escondia com perfeição a sua personalidade doentia. Durante todo esse período,
Cristina enfrentou várias situações de risco extremo, com a sua vida ficando
presa por um fio.
O passatempo predileto de seu esposo era preparar
armadilhas para matá-la ou então fazê-la sofrer, sem que ela nada percebesse.
Aqui vai uma curiosidade: Instinto Assassino foi transformado numa minissérie de muito
sucesso na Rede Globo no início dos anos 90.
07
– A Verdade Sobre o Caso Harry Quebert (Joel Dicker)
A Verdade Sobre o Caso Harry Quebert tem muitas
reviravoltas, mas não é só isso, a obra num todo também é excelente. O jovem
escritor suíço, Joel Dicker, caprichou em seu primeiro livro. Ele conseguiu
criar uma história policial com inúmeros plot twists, tendo como pano de fundo
uma linda história de amor.
A propósito, ler A
Verdade Sobre o Caso Harry Quebert é como participar de uma luta de boxe,
enfrentando um campeão mundial que estivesse nos cobrindo de porradas. A
primeira dessas porradas – aquela na qual irá se basear todos os mistérios do
enredo – acontece logo de cara no segundo capítulo. Depois, aos poucos, vão
chegando os outros plot twist que tornam-se cada vez mais surpreendentes com o
virar das páginas, incluindo o final que derruba o leitor de cara no chão.
Dicker conta a história do desaparecimento
misterioso de Nola Kellergan, uma adolescente de quinze anos, que é vista pela
última vez sendo perseguida na floresta que margeia a pequena cidade de Aurora,
em New Hampshire. Ela nunca mais é encontrada. O fato mexe com todos os
moradores do pacato lugar.
Trinta e três anos depois, Marcus Goldman, um jovem
escritor de sucesso, deixa Nova York para ir a Aurora encontrar seu amigo e
professor, o respeitado romancista Harry Quebert, na esperança de conseguir se
livrar de um bloqueio criativo. Neste período em que fica em Aurora, um fato
inusitado, faz com que Marcus se veja obrigado a começar uma investigação, por
conta própria, sobre o estranho desaparecimento de Nola. A partir desse
instante, uma teia de segredos vai emergindo, surpreendendo Goldman e também a
nós, leitores.
08
– A Firma (John Grisham)
O livro é fantástico! Coloca o filme de Sidney
Pollack, de 1993, no bolso. E olha que a produção cinematográfica com o Tom
Cruise, ainda garotão, é excelente. O final romântico, onde tudo se
ajeita, bem ao estilo do ‘cinemão hollywoodiano’ não se aplica ao livro, onde
Grisham optou por um ‘The End’ mais realista e compatível com o enredo
desenvolvido por ele.
A Firma narra a história de um jovem e ambicioso advogado
chamado Mitch que acha ter ganho a sorte grande ao ser convidado para
trabalhar numa gigantesca empresa de advocacia que lhe dá diversas regalias e
um salário altíssimo. ‘Entonce’, ele percebe que a referida firma esconde
segredos sinistros.
Não há como o leitor ficar imune a saga de Mitch que
vai ficando cada vez mais paranóico e desesperado ao ir desvendando os segredos
diabólicos da empresa onde trabalha, como por exemplo: negócios ilícitos,
lavagem de dinheiro e até mesmo envolvimento com a máfia.
Tom Cruise contracenando com Gene Hackman no filme a Firma em 1993 |
A situação do
advogado ambicioso se complica quando ele passa a sofrer pressão de um agente
do FBI para ajudá-lo a desmascarar a empresa. Ocorre que a Firma sabe tudo sobre os seus funcionários, já que os diretores da misteriosa empresa tudo vêem, tudo descobrem, até o mais arraigado segredo daqueles que lhes são subordinados.
A pergunta que fica no ar para todos os leitores é a seguinte: "Como Mitich vai conseguir safar-se dessa sinuca de bico?
Livraço e ponto.
09
– O Poderoso Chefão (Mário Puzo)
Esta obra é uma indicação obrigatória em qualquer
lista de livros policiais. Uma verdadeira joia rara. Esqueça o filme fantástico
de Francis Ford Coppola, "O Poderoso Chefão", e se delicie
aprofundando-se nos personagens de Puzo. Quanto mais o autor os descreve, mais
você quer saber sobre eles. O romance é uma aula de narração e prende o leitor
ater mesmo nos momentos mais descritivos da história.
Outros detalhes que atraem em O Poderoso Chefão ou simplesmente O Chefão são as tramas secundárias que acontecem paralelamente ao
enredo principal da família Corleone. É impossível ficar indiferente a história
do famoso cantor Johnny Fontane, um dos protegidos do patriarca mafioso, Don
Vito Corleone. Ao contrário do filme, onde o personagem faz apenas uma pequena
ponta, logo no início, durante o casamento de Connie, no livro, o autor
‘escancara’ detalhes importantes sobre a vida do cantor.
Marlon Brando na inimitável interpretação como Don Vito Corleone |
Outro personagem
secundário muito importante e que infelizmente foi cortado do filme de Coppola
é Nino Valenti, que no enredo tem tudo para se tornar um talentoso cantor, mas
acaba sendo engolido pela bebida e o clima inebriante de Hollywood, quase
perdendo tudo o que ganhou.
O Poderoso Chefão foi publicado originalmente em
1969 e narra a saga de uma família de mafiosos: os Corleone. Por acaso, já
ouviram falar?
10
– Rios Vermelhos (Jean-Christophe Grangé)
Fecho a nossa lista com Rios Vermelhos do escritor
francês Jean-Christophe Grange que tem todos os elementos necessários que um thriller
policial necessita para se transformar num grande sucesso, num verdadeiro
bestseller. Além de um serial killer inteligente, violento e ao mesmo tempo
enigmático, o enredo da história é cheio de reviravoltas que provocam inúmeras
surpresas no leitor.
Como tempero extra no enredo cheio de mistérios e reviravoltas,
temos uma dupla de detetives impagável: um francês e outro árabe. Pierre
Niémans e Karim Abdouf são tão carismáticos, tão peculiares que até
ganharam um post exclusivo no blog (ver aqui).
Na trama, um serial killer mata um homem e deixa o
seu corpo nu e todo mutilado encravado na pedra de uma montanha numa
cidadezinha universitária francesa. Os indícios são os de que o assassino
mutila as suas vítimas ainda vivas, extraindo os seus olhos e cortando os seus
membros para só depois matá-las. Apenas crimes com requintes de crueldade ou
obra de uma seita satânica?
Cena da adaptação cinematográfica do ano 2000 |
Durante a investigação Niemans e Abdouf acabam
descobrindo que os assassinatos estão relacionados diretamente à um plano
sórdido envolvendo alguns moradores da pequena cidade.
O enredo criado por Christophe Grange também foi parar nos cinemas em 2000, ou seja, três anos depois do lançamento do livro. O filme, a exemplo da obra literária foi muito elogiado.
Taí galera, espero que estas sugestões sirvam para
matar o tempo neste período de isolamento por causa do coronavírus.
Até mais!
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