Oito livros que adorei neste ano e por isso indico as suas leituras para 2021

25 dezembro 2020

Antes de tudo, um feliz Natal!!! Obrigado a todos vocês que estiveram comigo, juntos, aqui no Livros e Opinião, lendo e comentando as postagens que fiz neste ano. Valeu, mesmo, galera. Obrigadão! Como já disse em posts anteriores, aos poucos, estou voltando com o ritmo normal das publicações. Ufaaaa! O sufoco profissional - e que sufoco! - está indo embora. Graças a Deus! Com certeza, a partir de agora, voltarei a ter mais tempo para cuidar do blog.

Sabemos que nesta época do ano, os blogs literários exploram temas semelhantes, mas com matizes diferentes. Geralmente são listas de melhores leituras do ano, livros que serão lidos ou lançados no ano vindouro e por aí afora. Como já escrevi sobre os lançamentos que estarão bombando nas livrarias brasileiras em 2021 (ver aqui), no post de hoje gostaria de compartilhar a experiência que tive ao ler, neste ano que já chegando ao fim, obras que achei o máximo e por isso gostaria de indica-las para a galera que sempre passa por aqui para dar uma zapeada nos textos que escrevo. Vamos a elas.

01 – Um Paciente Chamado Brasil (Luiz Henrique Mandetta)

Este foi um dos últimos livros que li em 2020 e recomendo muito. Um prato cheio para os leitores que querem conhecer os bastidores da luta contra o coronavírus, aqui, no Brasil, principalmente o embate e as divergências de opiniões entre Ministério da Saúde e Governo Federal. Tudo o que rolou entre quatro paredes envolvendo o avanço da doença no País estão nesse livro. De um lado o ex-ministro Luiz Henrique Mandeta e a sua luta para controlar o aumento do número de casos que começava explodir no País e do outro lado, o negacionismo do presidente Jair Bolsonaro.

Achei Um Paciente Chamado Brasil completo porque o autor vai muito além do epicentro da crise envolvendo a sua saída do Ministério da Saúde. Ele aborda detalhadamente como se deu a formação de sua equipe técnica; o que o levou a escolher o enfermeiro epidemiologista Wanderson Oliveira e o especialista em saúde publica, João Gabardo dos Reis para serem os seus “braços direitos” no Ministério. Ele também abre o jogo com os leitores, dando detalhes dos bastidores das reuniões que aconteciam na pasta com os seus assessores, principalmente as divergências com Wanderson envolvendo alguns pontos no combate à epidemia.

Mandeta também explica como era desenvolvida a logística dos sistemas de saúde de estados e municípios no enfrentamento ao vírus; as decisões certas e erradas de alguns prefeitos e secretários de saúde; os motivos da demora da Organização Mundial de Saúde (OMS) em reconhecer a letalidade do vírus; a corrida da pasta na identificação dos primeiros casos de Covid-19 e a elaboração de um esquema que evitasse o contágio de outras pessoas.

Enfim, um livraço que merece ser lido

02 – O Conde de Monte Cristo (Alexandre Dumas)

Já havia lido, há algum tempo, a versão resumida da história de Alexandre Dumas, mas ao ver o box luxuoso da Zahar não resisti e acabei decidindo encarar as quase 1.400 páginas do texto original. Cara, adorei! Sinceramente não se compara com a versão reduzida que corta praticamente 90 por cento dos diálogos dos personagens.

Aliás, o texto integral da saga do marujo Edmond Dantes é para aqueles leitores que amam ler diálogos e mais diálogos entre os personagens.

Posso dizer que no livro de Dumas, os personagens conversam à vontade, sem nenhuma vergonha. E isso deixa evidente o quanto o autor era bom; um verdadeiro gênio, porque escrever um enredo com mais de 1.376 páginas recheadas de diálogos não é para qualquer um.

Dumas constrói diálogos marcantes. Emocionei-me com as conversas entre Valentine e seu amor secreto, Maximilien Morrell, além do seu avó Nortier; queria voar nas gargantas de Mondego, Danglars e Caderousse no momento em que conversaram, ardilosamente, preparando a armadilha que levaria Edmond Dantès à prisão no Castelo de If; me diverti demais com as peripécias de Luigi Vampa, Peppino e o todo o seu núcleo de bandidos; me apaixonei por Haydée, putz que personagem... e, finalmente, fiquei comovido com a amizade entre Dantès e o abade Faria. Ah! Quanto a Mercedes, a noiva de Dantès, vivi uma tempestade de sentimentos: raiva, carinho, decepção, pena, tudo misturado.

Acredito que todo esse rol de emoções só foi possível graças aos diálogos perfeitos entre os personagens envolvidos na ação.

Quanto ao box da Zahar, só posso dizer que é estonteantemente maravilhoso. Dois volumes em capa dura, projeto gráfico de última geração, história toda ilustrada, enfim, uma obra obrigatória para leitores e colecionadores de bom gosto.

03 – Doutor Sono (Stephen King)

E você ainda achava que eu não iria indicar nenhum livro de Stephen King para você ler em 2021? Pois é, “achou” errado. Indico mil vezes Doutor Sono. Pode ler, sem receio, porque o enredo consegue prender muito a atenção.

Juro que no início fiquei com receio de comprar o livro por causa da minha experiência nada agradável com a maioria das sequencias literárias de grandes clássicos que já havia lido. Odiei as continuações de O Chefão, E O Vento Levou e O Reverso da Medalha. A Voltado Poderoso Chefão, Scarlett e A Senhora do Jogo acabaram fazendo com que eu ficasse com um pé atrás quando King lançou Doutor Sono que é a sequência direta de O Iluminado. Demorei bastante para adquirir o livro, até que criei coragem e fui à luta.

Doutor Sono conseguiu acabar com o meu receio de ler sequências de grandes obras. King foi muito feliz no fechamento de seu clássico, amarrando todos os fios que ainda estavam soltos. Um final que me satisfez.

Ao escrever Doutor Sono, King criou uma história que não precisa usar O Iluminado como muletas. Doutor Sono é um outro livro, uma outra história que narra a saga de Danny, agora adulto, depois do terrível acidente envolvendo o Overlook Hotel, ou seja, King não tenta mexer, mudar ou criar teorias e suposições no enredo de O Iluminado.

Os acontecimentos de Doutor Sono rolam trinta anos depois da terrível experiência vivida por Danny no Overlook Hotel. King dá continuidade a essa história contando a vida de Dan, agora um homem de meia-idade, e Abra Stone, uma menina de doze anos com um grande poder. A vida desses dois personagens se cruzam com uma tribo de nômades misteriosa e maléfica, e aí... já viu né.

Leitura mais do que prazerosa.

04 – Eles Merecem a Morte (Peter Swanson)

Li o livro de Peter Swanson, pela primeira vez, em janeiro de 2019. Gostei tanto que resolvi relê-lo neste ano, mesmo já tendo conhecimento da maioria dos plot Twists. Cara, o enredo do marido traído que resolve matar a esposa contando com a ajuda de uma misteriosa mulher é viciante. Devorei a história em pouco tempo. Se bobear, você acaba lendo as 300 páginas de Eles Merecem a Morte em apenas um dia.

O livro tem porradas para nocautear qualquer leitor. Quando digo ‘porradas’ estou me referindo as reviravoltas na trama. E as três porradas de Eles Merecem a Morte, com certeza, vão deixar o leitor completamente desorientado e de queixo caído.

Swanson, no início de seu enredo, nos conduz para um desfecho dentro da normalidade, ‘entonce’, a partir da página 136, de sopetão, vem a primeira pancada. Esta primeira reviravolta mexe com toda a trama e modifica o chamado ‘modus operandi’ de alguns personagens. Também é nesta parte do romance que você conhece... bem vou ficar na minha, para não liberar spoilers - por mínimos que sejam - para não estragar a história. Basta dizer que fiquei impactado.

As duas outras porradas no decorrer do romance não tiram o chão do leitor, como a primeira, mas também são ‘trucões pesados’ e desnorteiam. O autor faz você pensar que vai acontecer algo, mas esse algo não acontece. Então, você para e diz: “ué, cadê?!” Quando se recupera dessa surpresa e prossegue com a leitura, chega o ‘golpaço’ inesperado.

Pensou que acabou? O enredo traz muitas outras surpresas. Agora me diga como não indicar um livro desses para a sua lista de leituras em 2021?

05 – Não Conte a Ninguém (Harlan Coben)

Não Conte a Ninguém de Harlan Coben é outro livro impactante; bem ao estilo de Eles Merecem a Morte. Como gostei muito da história, indico de olhos fechados para a galera que quer começar 2021 com uma leitura de qualidade.

A obra de Coben tem várias reviravoltas ao longo da trama que vão preparando o leitor para o grand finale. E quando esse grand finale chega, Coben em menos de meia página, arremata a história de uma maneira que deixa qualquer leitor de queixo caído. Este plot twist “miserável” (no bom sentido) muda grande parte do que você já tinha lido, além de alterar algumas reviravoltas anteriores. Costumo dizer que essa última meia página é o plot twist dos plot twists que você havia lido na história anteriormente porque modifica quase tudo.

Não Conte a Ninguém narra a saga de um médico chamado Dr. David Beck e sua esposa Elizabeth. Há oito anos, enquanto comemoravam o aniversário de seu primeiro beijo, o casal sofre um terrível ataque. Beck é golpeado na cabeça e cai no lago, inconsciente. Elizabeth é raptada e brutalmente assassinada por um serial killer.

O caso volta à tona quando a polícia encontra dois corpos enterrados perto do local do crime, junto com o taco de beisebol usado para nocautear David. Ao mesmo tempo, o médico recebe um misterioso e-mail, que, aparentemente, só pode ter sido enviado por sua esposa. Esses novos fatos fazem ressurgir inúmeras perguntas sem respostas: Como David conseguiu sair do lago? Elizabeth está viva? E, se estiver, de quem era o corpo enterrado oito anos antes? Por que ela demorou tanto para entrar em contato com o marido?

Cada um desses mistérios desvendados revela uma surpresa bombástica para os leitores.

06 – O Escravo de Capela (Marcos DeBrito)

Taí outra indicação literária para a galera devorar em 2021. O autor brasileiro Marcos DeBrito caprichou neste romance que desmistifica a história do conhecido Saci Pererê e da Mula sem Cabeça, dois personagens icônicos do folclore brasileiro.

DeBrito, conseguiu compor personagens complexos que guardam segredos que provocam reviravoltas surpreendentes e importantes na trama. Desde o núcleo composto pelos poderosos personagens que vivem no conforto da casa grande da Fazenda Capela até os sofridos escravos que derramam o seu sangue e suor na senzala e no pelourinho da vasta propriedade.

O carisma tanto de vilões quanto da chamada ‘tchurma’ do bem propicia à excelente trama o tempero certo, nem tão salgado, nem tão insosso. Nem mesmo o sadismo e maldade extrema do feitor Antônio Segundo, filho do proprietário da Fazenda Capela, que trata os escravos na ponta do chicote e no fio da peixeira caem na chatice da caricatura.

Cada um desses personagens tem as suas particularidades que prendem a atenção dos leitores: Antônio Batista Vasconcelos, Damiana, Inácio, Sabola e claro Akili. Particularidades que vão sendo desvendadas aos poucos e surpreendendo a galera.

Ah! Um detalhe para os menos avisados: esqueça o Saci peralta e ‘boa gente’ do Sítio do Pica-Pau Amarelo. O personagem de O Escravo da Capela é vingativo, sanguinário e violento, mas nem por isso, deixamos de torcer por ele durante boa parte da trama.

07 – Assassinato no Expresso do Oriente (Agatha Christie)

Assassinato no Expresso do Oriente foi outro livro fantástico que reli em 2020 e, claro, indico sem medo de errar. Aliás já reli a obra de Agatha Christie várias vezes, “umas” três ou quatro, eu acho. Como não se apaixonar pela mente dedutiva de Hercule Poirot?

Em Assassinato no Expresso do Oriente, a ‘Rainha do Crime’ dá uma verdadeira lição de como se escreve um thriller policial investigativo. O leitor fica ansioso para descobrir quem é o assassino no tal Expresso e com isso as páginas vão sendo devoradas uma atrás da outra. Caráculas, e quando chegam as páginas finais, mestre Poirot - com toda a sua inteligência - arrebenta e brinda os leitores com final inimaginável.

No livro, pouco depois da meia-noite, uma tempestade de neve para o Expresso do Oriente nos trilhos. O luxuoso trem que segue da Turquia para a Iugoslávia está surpreendentemente cheio de passageiros, entre eles encontra-se o emblemático detetive belga. Na manhã seguinte, há um passageiro a menos. Um homem com muitos inimigos é brutalmente assassinado durante a madrugada. Ele é encontrado morto em sua cabine com doze facadas. Com o trem preso na neve, cabe à Poirot desvendar esse misterioso e conturbado crime, antes que o assassino volte a atacar ou então consiga fugir.

Você pode estar se perguntando: “Pô! Se ele já sabe o final porque reler tantas vezes o livro”? E eu lhe respondo que não é só o final que prende a atenção. Além disso, tem o carisma de Hercule Poirot. Adoro ver as lições de moral e as “chegadas de bota” que ela dá em alguns personagens convencidos. Tudo com a maior finesse.

Quem ainda não leu, o que acho difícil, leiam, com certeza, irão gostar.

08 – Trilogia Conan, O Bárbaro (Robert E. Howard)

Quando soube, no final de 2019, que a editora paulista Pipoca & Nanquim havia colocado no mercado três livros, em edição luxuosa, contendo na íntegra todas as aventuras de Conan, seguindo a ordem que foram publicadas na icônica revista pulp Weird Tales no período de 1932 a 1936, não pensei duas vezes e comprei os três volumes.

Os três livros (aqui, aqui e mais aqui) são todos em capa dura com acabamento de luxo, contendo ainda sobrecapa de acetato, ilustrações de artistas como Mark Schultz e Gary Gianni, acompanhando todas as aberturas e encerramentos de capítulos dos contos; artes de páginas inteiras ilustrando os momentos mais importantes da saga de Conan; abertura de todos os contos com um ‘espelho’ das clássicas capas da revista pulp Weird Tales, onde eles foram publicados originalmente; diversos extras e pela primeira vez no Brasil, as capas originais de Frank Frazetta.

Mas não é somente o projeto gráfico maravilhoso da trilogia que encanta os leitores. Os enredos escritos por Howard são sedutores demais. As aventuras de Conan são como aquelas matinês do passado que ficávamos contando nos dedos a chegada do domingo para irmos até o cinema para torcer pelo nosso herói preferido. Esses contos são puras matinês e da mais alta qualidade.

Nestas aventuras, vemos Conan enfrentando feiticeiros, monstros, guerreiros poderosos, além de inimigos ardilosos e traiçoeiros num clima fantástico que acaba arrastando os leitores para o interior de suas páginas. O Conan que vi nessa saga literária editada pela Pipoca & Nanquim é o cara, tanto é que ele faz os personagens vividos no cinema por Arnold Schwarzenegger e Jason Momoa parecerem duas criancinhas medrosas. Ele arrebenta em todos os sentidos, fazendo com que os leitores entrem imediatamente no clima de matinê, torcendo pelo seu herói.

Leitura obrigatória em 2021 para aqueles que apreciam o gênero aventura com ênfase para o subgênero “espada e feitiçaria”.

Prontinho galera! Espero que possa ter contribuído com essas indicações literárias para 2021. Com certeza, irão gostar.

 

2 comentários

  1. Gostei bastante de Doutor Sono também. Somente o King pra quebrar seu tabu de sequências decepcionantes...

    Assassinato No Expresso do Oriente foi o primeiro livro "de gente grande"que li na vida. Acho que tinha uns 11 ou 12 anos. Ótimo título pra começar, não?

    Jam, comprei os dois primeiros volumes da trilogia da Andrea Perron. Comprei em ebook mesmo - foi o jeito, pois as edições físicas importadas estão na casa dos $150. Em e-book, paguei $15.

    Ainda estou na metade do primeiro livro. por ser em inglês, estou demorando um pouco mais do que o normal.

    O livro é bem escrito, mas muito mal editado. Mesmo assim, a história em si, rapaaaaaaaazzzzzzzz... é daqueles de dar arrepio, principalmente se lido à noite. Ainda mais por se tratar de uma história real...

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Vi o vídeo em seu blog. Achei interessante, mesmo porque desmistifica muitos pontos do filme, incluindo alguns detalhes referentes ao casal de demonologistas, Ed e Lorraine Warren.
      Augusto, recomendo a leitura de "Eles Merecem a Morte". Um baita suspense policial. Nada a ver com terror, mas acho que irá gostar.
      Abcs!

      Excluir

Instagram