Li “E O Vento Levou” de Margareth Mitchell há quase
10 anos, mas achei a história tão impactante que mesmo após muito tempo, ela
ainda continua guardada em minha memória.
Na época, eu nem sonhava em ter uma estante cheia de
livros, por isso matava a minha fome de leitor na biblioteca municipal de minha
cidade. Enquanto os meus colegas de trabalho faziam os seus ‘happy hours’ nos
bares ou lanchonetes nos finais de tarde; lá estava eu, selecionando alguns
livros na biblioteca. Ainda me lembro que uma das obras escolhidas foi “E O
Vento Levou”. Cara, assustei-me com o número de páginas: quase mil! A
bibliotecária que já havia se tornado uma colega, disse para que eu não se
preocupasse e ficasse com a obra até ter concluído a leitura.
Consegui terminar o livro antes do esperado, aliás,
bem antes. Através de uma linguagem fluida e fácil, a autora introduz os leitores
num dos períodos mais importantes da história americana: a Guerra Civil também
conhecida como Guerra de Secessão.
O conflito que durou de 1861 a 1865 e envolveu os
estados do Sul (Confederados), de um lado, e os estados do Norte (União), do
outro; provocou a morte de aproximadamente 600 mil pessoas. Os estados do Sul
tinham uma economia baseada no latifúndio escravista e na produção,
principalmente de algodão, voltada para a exportação. Enquanto isso, os estados
do Norte defendiam a abolição da escravidão e possuíam suas economias baseadas
na indústria. Esta diferença de interesses deflagrou o conflito.
Os estados do norte, mais ricos e preparados
militarmente, venceram e impuseram seus interesses sobre o país. Com a vitória
nortista, a escravidão foi abolida e deu-se início ao processo de expansão de
industrialização, gerando mais riqueza na região. Por outro lado, o sul que
tinha a sua economia baseada no latifúndio escravista e na produção,
principalmente de algodão, voltada para a exportação passou a enfrentar uma
enorme crise, perdendo influencia política e principalmente as suas terras.
Mitchell conta em seu livro o drama dos perdedores,
ou seja, dos sulistas, algo que não temos a oportunidade de ver nos livros de
história que dão ao tema uma abrangência mais genérica. O leitor fica sabendo
como ficou a situação dos latifundiários e aristocratas que após terem perdido
a guerra viram as suas economias ruírem. Eles eram um povo rico e próspero que
dependiam da terra para o seu sustento e confiantes em seu poder acabaram desencadeando
uma guerra por orgulho, a qual perderam, provocando a falência quase total
dessas famílias.
É dentro desse clima que passamos a conhecer a
família O’Hara e consequentemente a principal personagem da história: Scarlett
O’Hara, a corajosa e determinada dama sulista que perde tudo no conflito e é
obrigada a lutar muito para resistir à pobreza e à fome que se seguiu ao
conflito.
Na minha opinião, Scarlet é uma das anti-heroínas
mais admiráveis da literatura mundial. Ela é ao mesmo tempo detestável e encantadora,
amada e odiada. Se no início queremos que ela sofra; com o desenrolar dos fatos
narrados pela autora, passamos a torcer desesperadamente por ela.
Mitchell narra de maneira espontânea a transformação
de Scarlet de jovem mimada, egoísta e mesquinha em uma mulher prática e
disposta a lutar pela sobrevivência.
Um dos grandes responsáveis por essa transformação
em, Scarlett, além do próprio conflito entre os Confederados e a União, foi o
personagem Rhett Butler, o único homem com coragem para enfrentá-la. Aliás,
considero Scarlet e Rhett como um dos casais mais icônicos tanto da literatura
quanto dos cinemas. Mas “E O vento levou” não se resumo a saga amorosa de um
casal; a obra tem muitos outros personagens marcantes: Ashley, Melaine, Prissy
e tantos mais.
O livro escrito por Mitchell ganhou o prêmio
Pulitzer de 1937 e foi adaptado com sucesso para o cinema em 1939, sendo
indicado para 13 Oscars, dos quais ganhou oito, inclusive o de melhor filme e
de melhor atriz para a inesquecível performance de Vivien Leigh.
Gostei muito da obra e recomendo a sua leitura.
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