10 livros de contos de terror que não podem faltar em sua estante

07 abril 2019

Sempre fui fissurado pelos livros de contos de terror. Definitivamente, eles não podem faltar em minha estante. No meu caso, essas coletâneas são indispensáveis porque nem sempre tenho tempo para encarar uma obra do gênero com mais de 400 páginas. Então, nesses momentos, saco da prateleira um livro de contos e mando ver. Sempre falo para os meus amigos que os contos são romances com poucas páginas onde o autor deixa de lado um monte de descrições para ir direto ao que interessa, afinal, ele tem poucas páginas para contar a sua história.
No post de hoje, selecionei 10 coletâneas de terror que eu já li, gostei e aprovei. Vamos ao nosso toplist.
01 – Beijo (Roald Dahl)
Abro a nossa galeria com “Beijo” de Roald Dhal, lançado originalmente em 1960. Um dos motivos que me prendeu ao livro - não o soltando por nada – foi o caos intermitente presente das histórias, ou seja, você começa a ler e quando tudo parece seguir para um determinado caminho que o leitor espera; pronto; a história dá uma reviravolta que lhe deixa de queixo caído.
Ler os 11 contos de “Beijo” é como andar por uma estrada de madrugada, sem luar e na completa escuridão, não sabendo se o caminho que você segue lhe reserva uma curva, um buraco ou pedras. A surpresa sempre está presente, como no conto “Willian e Mary”, sobre uma mulher fumante que sempre é censurada pelo marido ao pegar um cigarro; até o dia em que ele morre e um amigo cientista opta por guardar o seu cérebro vivo em um pote. É a hora da reprimida viúva dar o troco.
Há outros contos deliciosos tendo sempre por base o humor e a surpresa, alguns recheados com muito terror, mas um terror sutil. Em “Geléia Real”, um bebê se recusa a amamentar e por isso os pais passam a alimentá-lo com a geléia que é o título do conto, um produto nutritivo de origem das abelhas que substitui o leite materno. Cara! O final é surpreendente!
Os outros nove contos que também misturam literatura fantástica com terror são fantásticos.
02 – Tripulação de esqueletos (Stephen King)
Na minha opinião, “Tripulação de Esqueletos” pode ser considerado o melhor livro de contos escritos por Stephen King. Um livraço!
Admito que não sou de ficar impressionado, por várias semanas, por causa de um conto de terror - dois ou três dias sim, não mais que isso – mas “Tripulação de Esqueletos” conseguiu quebrar esse paradigma particular. Fiquei muito impressionado com alguns contos do livro que provocaram aquele friozinho chato na espinha. O conto “Sobrevivente” foi um deles. Caraca, que história macabra. Brrrrr!! “O Nevoeiro” é outro clássico dessa coletânea que impressiona. A história, inclusive, foi adaptada para os cinemas e TV. “A Balsa” é outra pedrada na alma. Tremi na base com o drama de um grupo de jovens estudantes que ficam presos numa balsa abandonada no meio de um lago, cercados por um ser monstruoso, sempre na espreita, escondido embaixo da embarcação, esperando para devorar os banhistas.
O livro escrito em 1985 tem 22 contos, a maioria deles bem assustadores. A obra ficou esgotada nas livrarias por um bom tempo, mas agora já pode ser encontrada à preços normais.
03 – Sete ossos e uma maldição (Rosa Amanda Strausz)
Quatro dos dez contos escritos pela jornalista carioca Rosa Amanda Strausz já valem a compra de “Sete ossos e uma maldição”. “Crianças à venda. Tratar aqui”, “Dentes tão brancos”, “O fruto da figueira” e “Morte na estrada” – são verdadeiras obras primas do gênero terror. Eles arranham, machucam, enfim, deixam o leitor incomodado com aquele calafrio que começa na nuca e termina na base da espinha.
“Crianças à venda. Tratar aqui’ é fodástico. É um daqueles contos de terror  que provocam medo e mal estar. O final, então. Brrrrrrrrrrrr. Caraca, me coloquei no lugar da irmã do ‘Fabiojunio’ (é assim mesmo que escreve) e juro que quase borrei as calças. Strausz conta a história de uma mãe oportunista que, por viver na miséria, decide colocar à venda os seus filhos, em busca de melhoria de vida para as crianças, mas principalmente para ela. Cada um dos menores foi sendo comprado por famílias ricas até que sobrou somente um, o tal do ‘Fabiojunio’ que acabou vendido para um casal muito estranho. A irmã do garoto decide investigar mais a fundo os novos pais e descobre algo aterrorizante. Cara, esse conto foi fatal, arrepiou todos os cabelos do meu corpo, até mesmo os mais escondidos.
04 – Os melhores contos de H.P. Lovecraft (H.P. Lovecraft)
Trata-se de um livraço, mas desde que você o saiba ler. Explico melhor. H.P. Lovecraft é um autor inteiramente e visceralmente descritivo; diálogos, com certeza, não fazem parte do seu menu. Resultado: você vai ter pela frente um livro com 741 páginas todo descritivo e praticamente sem nenhuma interação direta entre os personagens, ou seja, sem aquele bate papo gostoso entre mocinhos, heróis e vilões, recheado de travessões ou aspas. Para não ser tão pessimista, talvez nos 19 contos do livro você consiga pescar dois ou três diálogos e só.
Por isso, o leitor não pode mergulhar de cabeça na leitura de “Os melhores contos de H.P. Lovecraft”, dedicando-se exclusivamente à sua leitura. Se agir dessa maneira, o livro acaba ficando cansativo. O ideal é mesclar a leitura desses contos com outras  obras menos descritivas escritos por autores diferentes. Aí sim, você aproveitará ao máximo a sua leitura.
As 19 histórias que fazem parte da publicação da editora Hedra, lançada em 2013, foram publicadas em ordem cronológica, seguindo as datas de seus lançamentos originais.
O leitor irá encontrar verdadeiras obras primas como: “O modelo de Pickman”, “A cor que caiu do céu”, “O caso de Charles DexterWard”, “O horror de Dunwich”, “Ar frio”, “Um sussurro nas trevas”, “O chamado de Cthulhu” e “A sombra de Innsmouth”.  Os personagens desses enredos foram meus companheiros durante várias noites. Achei a maioria deles sinistros e aterradores, fazendo jus ao estilo que consagrou Lovecraft.
05 – Visões da noite – Histórias de terror sarcástico (Ambrose Bierce)
Os 14 contos de "Visões da Noite – Histórias de terror sarcástico” escritos por Ambrose Bierce e organizados e traduzidos pela escritora e jornalista Heloísa Seixas são ótimos. Acredito que ela deva ter escolhido o melhor de do enigmático autor. Todas as 14 histórias são de qualidade e conseguem prender a atenção da galera com direito a arrepios e calafrios. E sabemos, que essa virtude é muito rara num livro de contos. Outro detalhe que achei interessante é que Seixas deu preferência para as antologias, que apesar de gelar a espinha do leitor, também apresentam um enredo ou final sarcástico com Bierce muitas vezes zombando ou rindo de situações tétricas e horripilantes. Isto explica o subtítulo da obra: “Histórias de terror sarcástico”.
Bierce é considerado um autor enigmático porque desapareceu da face da terra sem deixar rastros. Verdade! Aliás, o seu corpo nunca foi encontrado. Estranho, não?!
A impressão que temos após lermos os contos é que Bierce pregou uma enorme peça em nós, leitores, já que na maioria das histórias, os personagens somem sem deixar nenhum tipo de rastro. Acho que ele já estava tramando tudo, tudinho antes de sumir por esse mundão afora; coisa do tipo: “Quero só ver a cara deles quando acabarem de ler esse conto!”
06 – Eu sou a lenda (Richard Matheson)
Logo nos primórdios do blog, em 2011, escrevi um post específico sobre os dez contos que fazem parte do livro “Eu sou a lenda”, lançado pela Novo Século em 2007 (ver aqui). Apenas para os leitores interessados se situarem, essa obra que está esgotada nas livrarias, mas por enquanto pode ser encontrada nos sebos a preços módicos, traz na capa uma cena do filme protagonizado por Will Smith e Alice Braga em 2008. Tanto a história principal, “Eu sou a lenda” quanto os outros 10 contos que completam a obra são de autoria do gênio Richard Matheson que escreveu “A Casa Infernal” e “O Incrível homem que encolheu”, entre outros clássicos do terror e da ficção científica.
As histórias são ótimas e a impressão que tive é que estava assistindo um seriado do tipo “Além da Imaginação” ou “Galeria do Terror” que fizeram muito sucesso nos anos 60 e 70.
Os contos que mais me agradaram foram: “O Quase Defunto”, “Presa”, “Guerra de Bruxa”, “Dança dos Mortos”, “Casa Louca” e “O Funeral”. Tem ainda o conto de uma boneca assassina que Deus me livre! Assusta muito.
De todos os contos que fazem parte do livro “Eu sou a lenda”; “Casa Louca” foi aquele que achei mais perturbador. É a história de um homem com uma raiva incontrolável, melhor dizendo, uma fúria incontrolável, capaz até mesmo de se auto-mutilar. Uma ponta de lápis que se quebra ou um garfo que cai no chão já é o suficiente para desencadear um ataque de fúria no personagem. Matheson narra com uma perfeição impressionante como esse temperamento destrutivo vai influenciando todo o ambiente em que o pobre homem vive. O final é surpreendente.
Um grande livro de contos de terror. Com certeza não pode faltar em sua estante.
07 – Obras primas do conto fantástico (Vários autores)
Putz, as lendas urbanas da Junia e do Marquinhos ao redor de uma fogueira...  Putz! Que cagaço naquela noite escura há mais de 20 anos. Todos nós reunidos em torno de uma fogueira e contando ‘causos’. O assassino do gancho, o monstro devorador de gente que se escondia debaixo da cama... Putz, putz e mais putz! Se você não está entendendo nada dessas minhas divagações, leia esse post aqui.
Resumindo o mesmo medo e incômodo que senti naquela noite de muitos anos atrás, tive, novamente, ao ler a antologia de “Obras primas do conto fantástico”. No dia em que tive contato com as 27 histórias curtas de terror de feras como Edgar Allan Poe, Maupassant, H.G. Wells e pasmem Monteiro Lobato! Isso mesmo, Monteiro Lobato, escrevendo histórias de terror, entre outros; foi como se tivesse entrado numa máquina do tempo e voltado há aproximadamente duas décadas naquele acampamento, à noite, com os meus amigos, sentados ao lado de uma fogueira, ouvindo aquelas historinhas macabras.
Não que a coletânea de contos, brilhantemente organizada por Jacob Penteado, traga apenas em seu contexto lendas urbanas; há histórias de terror de todos os tipos, do gótico ao fantástico, passando por seres fantasmagóricos. Ocorre que as histórias metem medo, de fato, podendo ser consideradas verdadeiras obras primas do gênero, fazendo jus ao título do livro.
Cara, e já que falei de Monteiro Lobato no início desse texto, o conto “Bugio moqueado”... ecaaa! Juro que o meu estômago revirou, caraca! O que é aquilo?!! Imaginei-me no lugar daquele convidado infeliz sentado na mesa de uma cozinha e... bem melhor deixar pra lá.
Um livro incrível e que mete muito medo.
08 – Contos de horror do século XIX (vários autores)
"Contos de horror fantásticos do século XIX" é outra antologia de terror que recomendo, tanto é verdade que de tempos em tempos lá estou eu, retirando o livro da minha estante e relendo alguns contos. Os enredos são ótimos e conseguem segurar os leitores que adoram sentir aquele friozinho na espinha.
O cenário onde acontecem as histórias são dos mais variados; desde igrejas em ruínas, subsolos pútridos, jardins abandonados, espelhos encantados à criaturas invisíveis.
Logo na introdução da obra, o organizador da coletânea, Alberto Manguel dá detalhes de como foi criado o gênero terror, além de uma explicação do que vem a ser terror e horror. Ele ainda nos brinda com informações sobre o conto e o autor, além da época em foi escrito. Dessa forma, cada hitória tem uma introdução detalhando o mesmo.
Manguel editou uma dúzia de antologias de contos sobre temas que vão do fantástico à literatura erótica. Autor de livros de ficção e não-ficção, também contribui regularmente para jornais e revistas do mundo inteiro. Uma curiosidade interessante é que cada conto tem um tradutor diferente. E que tradutores! De Rubem Fonseca a Moacyr Scliar; preciso dizer mais? Cara, tem até um conto de horror de Eça de Queiróz!
Com certeza, aqueles que apreciam uma boa história de terror irão adorar.
09 – Incrível! Fantástico! Extraordinário! Outros casos verídicos de terror e assombração (Almirante)
Comprei as histórias narradas pelo Almirante e não me arrependi. Elas são incríveis, fantásticas e extraordinárias e bem ao estilo cultural do povo brasileiro, ou seja, nada de ficção científica misturada com terror; shows de lobisomens e vampiros; monstros estelares; feiticeiros que voam; enfim, nada de americanismos. Os contos de "Incrível! Fantástico! Extraordinário! Outros casos verídicos de terror e assombração" são de assombração mesmo! E assombrações brasileiríssimas. Pessoas que morrem e voltam para assombrar a turma terrena ou então simples animais que fogem dos padrões comuns - alicerçados apenas em seus instintos - e passam a agir como se tivessem consciência, como os casos de um urubu que após ter sido cruelmente castigado por um fazendeiro decide voltar para se vingar e uma pomba que toma uma atitude sobre-humana durante o enterro de uma mulher. Cara, os contos do Almirante são fóda! Oops! Me empolguei (rs).
Apesar do livro ser uma miscelânea de histórias de assombração, há algumas poucas exceções sobrenaturais como por exemplo em “Três Gotas de Sangue”, onde um cara após invocar o diabo por brincadeira acaba tendo uma terrível surpresa ou ainda, “O Castigo” em que um grupo de pessoas acaba recebendo uma visita inesperada e indesejada após zombarem dos sacramentos da Igreja. Mas a maioria dos 44 contos é, de fato, sobre  assombrações.
Mas vocês devem estar se perguntando: - “Quem é esse tal Almirante?” Bem galera, vamos lá. Para início de conversa, Almirante era apenas o apelido desse radialista. O seu nome verdadeiro era Henrique Foreis Domingues. Em 1947, ele iniciou um programa totalmente inédito no rádio brasileiro: o “Incrível! Fantástico! Extraordinário!”, que se propunha relatar todo tipo de experiências inexplicáveis ocorridas com pessoas das mais diversas partes do país. Para isso, Almirante se muniu de uma equipe que cuidava de verificar (às vezes até mesmo indo até o lugar em que o fenômeno teria ocorrido) a verdade do relato. Cartas eram checadas, nomes completos exigidos e testemunhas solicitadas. Daí o encanto do programa que fazia famílias inteiras se reunirem em torno do rádio para ouvir os “causos” levados ao ar pela Rádio Tupi.
Na realidade, os contos do livro é um resumo das histórias que o Almirante narrava em seu programa de rádio.
10 – Sombras da Noite (Stephen King)
Ok, me desculpem, mas tenho que repetir um autor nessa toplist, afinal ele é considerado o mestre do terror. Considero “Sombras da Noite” no mesmo patamar de “Tripulação de Esqueletos. As duas coletâneas são “The Best”.
Galera, King brinda os seus leitores com 20 histórias de terror incríveis, daquelas que ficam gravadas na memória.
“Sombras da Noite”, simplesmente, não tem contos decepcionantes, todos eles satisfazem a nossa vontade meio que masoquista – convenhamos – de sentir medo e calafrios numa noite escura, abandonados em nossos lares. Ok, prá você não ficar pensando que estou sendo exageradamente otimista, vou dizer que dos 20 contos, achei apenas dois medianos, mas mesmo assim, não desagradam.
Para que vocês tenham uma idéia da qualidade da obra, basta citar que dos 20 contos, nove deles foram adaptados para o cinema: “O Ressalto” e “Ex-Fumantes Ltda, que fizeram parte do filme “Olhos de Gato” (1985), de 1985;  “As Vezes Eles Voltam (1991), A Criatura do Cemitério (1990); O Passageiro do Futuro” (1992); Colheita Maldita (1984), adaptação do conto “As Crianças do Milharal”; Mangler – O Grito de Terror (1995); “Campo de Batalha” (na minissérie Nightmares & Dreamscapes – 2006) e Trucks – Comboio do Terror (1997).
Beleza? Portanto, podem adquiri-lo sem receios. Os arrepios e calafrios estarão garantidos.
Galera, por hoje é só.

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