Incrível! Fantástico! Extraordinário! Outros Casos Verídicos de Terror e Assombração

08 agosto 2014


Desde criança sempre fui chegado em histórias e filmes de terror, alguns considerados verdadeiros ‘trucões pesados’ do gênero. Essa mania ainda continua na fase balzaquiana, mas agora bem mais moderada, já que abri o meu leque de opções para outros estilos literários. É assim mesmo, nas portas da velhice sempre criamos juízo (rs). Brincadeiras à parte, é importante lembrar que histórias fantásticas e inexplicáveis eram a bola da vez na minha fase de calças curtas, kichute e cabelos desgrenhados.
Tenho muitas saudades da época em que me sentava na frente da TV em preto e branco na sala da casa de meus pais e ouvia hipnotizado essa abertura: “Há uma quinta dimensão além daquelas conhecidas pelo Homem. É uma dimensão tão vasta quanto o espaço e tão desprovida de tempo quanto o infinito. É o espaço intermediário entre a luz e a sombra, entre a ciência e a superstição; e se encontra entre o abismo dos temores do homem e o cume dos seus conhecimentos. É a dimensão da fantasia. Uma região Além da Imaginação”. Esta produção televisiva que atingiu o recorde de cinco temporadas era a minha favorita e talvez tenha influenciado – e muito! – as minhas preferências literárias, tanto é que foi a partir desse seriado antológico que passei a criar o hábito pela leitura de contos de terror. Isso mesmo, “Além da Imaginação” estimulou-me a ler histórias curtas de terror. A partir daí vieram as Kriptas e os Creepshows da vida e mais recentemente, um livro que comprei após ter tido um insight. Estava garimpando alguns títulos num sebo de uma cidade vizinha à minha, quando comecei a folhear “Incrível! Fantástico! Extraordinário! Após ler dois ou três contos do livro me vi viajando no tempo e novamente sentado na sala da casa dos meus pais na década de 60, assistindo na manjada TV em preto e branco o seriado criado por Rod Sterling. Na mesma hora exclamei: - “Esse livro é um “Além da Imaginação tupiniquim!” Não pensei duas vezes e pimba!Comprei as histórias narradas pelo Almirante e juro que não me arrependi. Elas são realmente incríveis, fantásticas e extraordinárias e bem ao estilo cultural do povo brasileiro, ou seja, nada de ficção científica misturada com terror; shows de lobisomens e vampiros; monstros estelares; feiticeiros que voam; enfim, nada de americanismos. Os contos do Almirante são de assombração mesmo! Pessoas que morrem e voltam para assombrar a turma terrena ou então simples animais que fogem dos padrões comuns - alicerçados apenas em seus instintos - e passam a agir como se tivessem consciência, como os casos de um urubu que após ter sido cruelmente castigado por um fazendeiro decide voltar para se vingar e uma pomba que toma uma atitude sobre-humana durante o enterro de uma mulher. Cara, os contos do Almirante são fóda! Oops! Me empolguei (rs).
Apesar do livro ser uma miscelânea de histórias de assombração, há algumas poucas exceções sobrenaturais como por exemplo em “Três Gotas de Sangue”, onde um cara após invocar o diabo por brincadeira acaba tendo uma terrível surpresa ou “O Castigo” em que um grupo de pessoas acaba recebendo uma visita inesperada e indesejada após zombarem dos sacramentos da Igreja. Mas a maioria dos 44 contos é, de fato, de assombração.
Mas vocês devem estar se perguntando: - “Quem é esse tal Almirante?” Bem galera, vamos lá. Para início de conversa, Almirante era apenas o apelido desse radialista. O seu nome verdadeiro era Henrique Foreis Domingues. Em 1947, ele iniciou um programa totalmente inédito no rádio brasileiro: o “Incrível! Fantástico! Extraordinário!”, que se propunha relatar todo tipo de experiências inexplicáveis ocorridas com pessoas das mais diversas partes do país. Para isso, Almirante se muniu de uma equipe que cuidava de verificar (às vezes até mesmo indo até o lugar em que o fenômeno teria ocorrido) a verdade do relato. Cartas eram checadas, nomes completos exigidos e testemunhas solicitadas. Daí o encanto do programa que fazia famílias inteiras se reunirem em torno do rádio para ouvir os “causos” levados ao ar pela Rádio Tupi.
Em 1951, Almirante transferiu para o livro, 70 casos narrados no rádio. Essa publicação, há muito esgotada, levou a editora Francisco Alves à relançar o livro em 1980, mas com um número menor de contos, apenas 44.
Além dos “causos” interessantes, outro ponto à favor da obra é a sua leitura fluida e dinâmica. Nada é mais irritante do que aqueles contos quilômetrométricos onde o autor ‘enrola-enrola’ e não diz nada. Nestes casos costumo dizer que as páginas lidas são em vão; já os contos de “Incrível! Fantástico! Extraordinário!” são bem sucintos, não chegando a ultrapassar duas páginas. Para que vocês tenham uma idéia da objetividade dos contos do Almirante, basta dizer que há histórias de apenas meia página e mesmo assim, ultra-interessantes.
O livro traz ainda algumas fotos do saudoso Almirante, além de scripts de rádio com os causos que eram narrados.
Sem dúvida alguma vale a leitura!

Um comentário

  1. Eu tenho esse livro, era do meu avô! É sensacional! Desde pequena, quando aprendi a ler, sempre gostei desses contos. Inclusive estou lendo novamente! É como voltar no tempo! E com o Google hoje em dia, digito o endereço que aparece no final de cada história pra ver o local onde se passou. É incrível!

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