Costumo usar o termo antológico quando preciso
classificar algo muito importante: um livro, um filme, uma série; qualquer
coisa que mereça ser lembrada e guardada para a posteridade. Algo por demais
importante. Na postagem de hoje quero classificar dez sagas literárias que
merecem, tranquilamente e justamente, o “selo” de antológicas.
Sabemos que para maratonar os livros de uma saga é
preciso além de muita disposição, contar também com uma ajudazinha da própria
saga, ou seja, ela deve ter um conteúdo de qualidade capaz de prender a nossa
atenção, afinal iremos ficar preso numa trama durante um tempão. Um tempão que
pode ser resumido em vários meses já que algumas sagas chegam a ter oito ou dez
livros no total. Portanto, elas devem ser por demais boas; antológicas, de
fato.
Classifiquei no post, oito sagas que li e me
apaixonei. Na minha opinião, elas merecem e muito, o título de antológicas.
Vamos nessa.
01
– O Senhor dos Anéis (J.R.R. Tolkien)
Não há uma saga melhor para abrir a nossa toplist do
que O Senhor dos Anéis. A maioria dos
leitores e críticos literários classificam a trilogia: A Sociedade do Anel, As Duas Torres e O Retorno do Rei como os
melhores livros já escritos até agora e consequentemente a melhor saga
literária de todos os tempos. Aqui vale um adendo porque, na minha opinião, O Hobbit também deveria fazer parte
dessa saga que assim passaria a ser uma quadrilogia e não uma trilogia, mas nem
todos entendem dessa forma e tratam aquele livro como uma obra independente da coletânea.
Mas tudo bem, trilogia ou quadrilogia, não importa, a
saga O Senhor dos Anéis é viciante.
Você, simplesmente não consegue parar de ler.
Tolkien escreveu a sua obra máxima entre 1937 e 1949,
com muitas partes criadas durante a Segunda Guerra Mundial, a saga é uma
continuação de O Hobbit que foi
escrito em 1937.
Ainda hoje o Senhor
dos Anéis influencia muito da produção editorial em todo o mundo. O exemplo
mais recente é a série Ciclo da Herança
de Christopher Paolini, onde temos um enredo que se passa em uma terra que em
muito lembra aquela descrita por Tolkien. Além de Paolini, há influência de
Tolkien em muitas outras obras, como a Trilogia
Fronteiras do Universo, de Philip Pullman; As Crônicas de Gelo e Fogo de George R. R. Martin que já assumiu
publicamente que é fã da obra de Tolkien e até mesmo, segundo alguns críticos, Harry Potter, de J.K.Rowling.
02
– Os Três Mosqueteiros (Alexandre Dumas)
A-n-t-o-l-ó-g-i-c-a. Não há outra maneira de anunciar
essa saga idealizada por Alexandre Dumas. Uma narrativa que entrou para a
história. Prova disso é que apesar de já ter passado aproximadamente um século
e meio – para ser mais exato: 175 anos – desde a publicação do último livro, a
obra de Dumas é exaltada até nos dias de hoje. ‘Volta e meia’ tem alguma
editora relançando os livros como fez, recentemente, a Zahar numa edição
luxuosa que recebeu muitos elogios.
A saga dos mosqueteiros que começou a ser escrita por
Dumas em 1844 é composta pelos livros: Os
Três Mosqueteiros (aqui e aqui), Vinte Anos Depois
e O Visconde de Bragelonne (aqui e também aqui). O
problema que vem tirando o sono dos aficionados das aventuras de D’Artagnan,
Athos, Porthos e Aramis é que a história de O
Visconde de Bragelonne foi publicada por Dumas no formato de folhetim –
como fez com O Conde de Monte Cristo – e por isso, décadas depois, quando foi
lançada no formato de livro chegou a ter 10 volumes com aproximadamente 300
páginas cada.
Que eu saiba, a última edição dessa saga aconteceu nos
anos de 1960 pela editora Saraiva que colocou no mercado 6 volumes. Antes
tivemos publicações da editora Lello, se não me falhe a memória em sete volumes,
e ‘mais antes ainda’, lá pelos anos 50, a Livraria Fittipaldi Editora publicou
a história em dez partes. Além dessas edições temos ainda um ‘resumão’ de
apenas 149 páginas, direcionando ao público infantojuvenil lançado pela editora
Melhoramentos em 1964. Depois, nenhuma outra editora ousou publicar a última
parte da
saga ao contrário do que aconteceu com Os
Três Mosqueteiros e Vinte Anos Depois
que já ganharam várias edições atualizadas. Mas esperança é a última que morre;
não é mesmo Zahar?
03
– As Crônicas de Nárnia (C.S. Lewis)
O livro de C.S.
Lewis é bárbaro! Deixando de lado as questões religiosas e filosóficas que
dizem estarem arraigadas em seu contexto, As
Crônicas de Nárnia tem o poder de transportar o leitor para o interior de
suas páginas. Com certeza, adultos e crianças viajaram com as peripécias de
Pedro, Susana, Edmundo e Lúcia que certo dia foram parar no reino de Nárnia. Lá
deixaram de ser crianças comuns para se tornarem reis e princesas de uma terra
mágica. Quem não se encantou com o enigmático e justo leão Aslan; com o valente
príncipe Caspian ou então torceu pela queda da maldosa feiticeira?
Todos os sete volumes de As Crônicas de Nárnia foram escritos entre 1949 e 1954, tendo sido
publicados originalmente no Reino Unido pela editora Harper Collins entre 1950
e 1956.
A editora Martins Fontes lançou em 2009 uma edição
especial confira aqui) que reúne todos os sete volumes
de As Crônicas de Nárnia. Li a obra
em poucos dias e graças a ela perdi madrugadas de sono, já que os sete livros
de Lewis são viciantes.
04
– Fundação (Isaac Asimov)
Claro que não poderia faltar uma saga de ficção
científica em nossa lista. A minha escolha vai para um clássico que merece ser
chamado de antológico: “Fundação” de
Isaac Asimov. O livro é uma referência para o gênero de ficção científica e
possui uma grande comunidade de fãs ao redor do mundo.
De acordo com o autor, a premissa da história foi
baseada em ideias encontradas no livro História
do Declínio e Queda do Império Romano, de Edward Gibbon. No universo de
Asimov, a sociedade está em processo de regressão e um grupo de cientistas
tenta preservar o conhecimento da humanidade.
Em ordem cronológica, a saga conta com os romances: Prelúdio à Fundação, Origens da Fundação, Crônicas da Fundação, Fundação, Fundação e Império, Segunda
Fundação, Limites da Fundação e Fundação e Terra.
Fundação
é o melhor ponto de entrada a todos que desejam explorar o universo criado por
Isaac Asimov, pois além de ser a obra máxima do autor, é a partir dela que
vemos elementos recorrentes em sua narrativa – como a teoria do caos – e as
bases que pavimentaram a existência de suas outras sagas, como a Série dos
Robôs e a Série Império.
05
–Hannibal (Thomas Harris)
Será que vou comprar brigar? Acho que sim (rs). Nem
todos concordarão comigo, mas não posso negar que amei essa saga. Gostei tanto
que fiz questão de incluí-la nessa lista. Reconheço que o último livro da saga
(Hannibal: A Origem do Mal) esteve
bem abaixo dos outros três, mas mesmo assim, a narrativa de Thomas Harris
consegue fisgar o leitor.
A coeltânea foi dividida em quatro livros – Dragão Vermelho (1981), O Silêncio dos Inocentes (1988), Hannibal (1999) e Hannibal: A Origem do Mal (2006). Cada um deles com sua história em
particular, contudo, todas envolvendo Hannibal Lecter, um psicopata
extremamente inteligente.
Os livros fizeram tanto sucesso que todos eles foram
parar nos cinemas o que ajudou a imortalizar o Dr. Hannibal Lecter como um dos
personagens literários e cinematográficos mais famosos de todos os tempos.
Ainda na área das adaptações, os livros ganharam uma
versão para a televisão durante três temporadas, com produção da NBC e com o
ator Mads Mikkelsen dando vida à Hannibal.
Ao todo, cinco atores interpretaram Hannibal, sendo
quatro no cinema e um na televisão. São eles: Brian Cox, Anthony Hopkins,
Aaaran Thomas, Gaspard Uliel e Mads Mikkelsen, mas, certamente, aquele que
conseguiu transformar o Dr. Lecter no serial killer mais famoso das telonas foi
Anthony Hopkins nos filmes: “O Silêncio dos Inocentes” (1991), Hannibal (2001)
e “Dragão Vermelho” (2002).
06
– As Crônicas de Artur (Bernard Cornwell)
Publicada originalmente entre 1995 e 1997, esta
trilogia, escrita pelo britânico Bernard Cornwell, dá uma visão mais realista
para a lenda arturiana. A série desmistifica toda a história como nós
aprendemos a conhecer em nossa infância ou adolescência.
Esqueça a Távola Redonda, Camelot, espada encantada,
donzelas suaves, Santo Graal e um Merlin com poderes mágicos. Se prepare para
ver um Lancelot covarde, um Artur sem coroa, um Mordred aleijado e um Merlin
malandro e charlatão, mas muito inteligente e perspicaz. Você deve estar se
perguntando: “Caramba! O autor arrebentou a história de Artur!!” Aqueles que
pensam dessa maneira, se enganam redondamente. Pelo contrário, Cornwell
reescreveu a história de Artur... do verdadeiro Artur, sem damas do lago,
monstros que propõem soluções de enigmas, cavaleiros galantes e espada encantada
que num passe de mágica sai do meio de uma rocha.
Todo o enredo dos três livros que compõem a As Crônicas de Artur (ver aqui, aqui e aqui) foi escrito baseado
em pesquisas arqueológicas e documentos importantes resgatados das décadas de
540 e 600 d.C. Por isso, aqueles que lêem os livros passam a ter uma idéia mais
realista de quem foi esse grande comandante guerreiro que viveu nos séculos V e
VI e que enfrentou os saxões defendendo a Grã-Bretanha de uma invasão. Como já
disse, uma visão realista da história de Artur, sem fantasia e contos de fadas.
Acredito que seja por isso, que As
Crônicas de Artur seja uma das sagas mais encantadoras do universo
literário.
07-
As Crônicas de Gelo e Fogo (George R.R. Martin)
Taí uma história que não pode faltar na lista das
melhores sagas de todos os tempos! George R.R. Martin começou a desenvolver As Crônicas de Gelo e Fogo em 1991 e o
primeiro volume foi lançado em 1996. Originalmente concebida para ser uma
trilogia, a narrativa agora consiste em cinco volumes publicados, com mais dois
planejados. Há também três contos derivados e algumas novelas que consistem de
resumos dos romances principais.
A saga é composta pelos seguintes livros: A Guerra dos Tronos, A Fúria dos Reis, A Tormenta de Espadas, O
Festim dos Corvos, A Dança dos
Dragões e Os Ventos do Inverno
(ainda não lançado).
Martin chegou a ser conhecido como o “Tolkien
americano” após lançar o quarto volume da série em 2005 (O Festim dos Corvos) que se tornou best-seller no The New York
Times e The Wall Street Journal..
Os fãs dos livros seguem esperando ansiosamente (e impacientemente)
pelo lançamento de Os Ventos do Inverno
que ainda não tem data definida,
Para finalizar, não poderia esquecer de citar a épica
série de TV “Game of Thrones” inspirada nos livros de Martin que estreou na HBO
Max em 2011 e se encerrou após oito anos, em 2019. O aclamado programa ganhou inúmeros prêmios e
bateu muitos recordes.
08
– Harry Potter J.K. Rowling)
Fecho a nossa toplist com uma história que continua
encantando gerações e que merece o “carimbo” de antológica. Há 25 anos, J.K.
Rowling lançou Harry Potter e a PedraFilosofal. A estreia da autora no mercado editorial marcou o início de uma
saga extremamente sucedida na literatura, nos cinemas, nos games e em diversas
outras mídias, e bem recebida por uma multidão voraz de leitores, que
apadrinharam a franquia como a nova representante da fantasia moderna.
Os últimos cinco livros – Harry Potter e o Cálice de Fogo, Harry Potter e
A
Ordem da Fênix, Harry Potter e o Enigma do Príncipe e Harry
Potter e as Relíquias da Morte - consecutivamente foram considerados os
mais vendidos da história, sendo que o último livro (Harry Potter e as Relíquias da Morte) vendeu cerca de 11 milhões de
cópias nos Estados Unidos nas primeiras 24 horas após o seu lançamento.
A adaptação para uma série composta por oito filmes
feita pela Warner Bros Pictures se tornou a série cinematográfica mais
assistida da história. Tamanho sucesso fez com que a marca Harry Potter
chegasse ao valor de 15 bilhões de dólares.
Se uma saga com toda essa força e energia não puder
ser classificada como antológica, creio que alguma coisa esteja errada.
Por hoje é só.
Valeu galera!
Postar um comentário