Oito sagas literárias que merecem o título de antológicas

14 outubro 2022

Costumo usar o termo antológico quando preciso classificar algo muito importante: um livro, um filme, uma série; qualquer coisa que mereça ser lembrada e guardada para a posteridade. Algo por demais importante. Na postagem de hoje quero classificar dez sagas literárias que merecem, tranquilamente e justamente, o “selo” de antológicas.

Sabemos que para maratonar os livros de uma saga é preciso além de muita disposição, contar também com uma ajudazinha da própria saga, ou seja, ela deve ter um conteúdo de qualidade capaz de prender a nossa atenção, afinal iremos ficar preso numa trama durante um tempão. Um tempão que pode ser resumido em vários meses já que algumas sagas chegam a ter oito ou dez livros no total. Portanto, elas devem ser por demais boas; antológicas, de fato.

Classifiquei no post, oito sagas que li e me apaixonei. Na minha opinião, elas merecem e muito, o título de antológicas. Vamos nessa.

01 – O Senhor dos Anéis (J.R.R. Tolkien)

Não há uma saga melhor para abrir a nossa toplist do que O Senhor dos Anéis. A maioria dos leitores e críticos literários classificam a trilogia: A Sociedade do Anel, As Duas Torres e O Retorno do Rei como os melhores livros já escritos até agora e consequentemente a melhor saga literária de todos os tempos. Aqui vale um adendo porque, na minha opinião, O Hobbit também deveria fazer parte dessa saga que assim passaria a ser uma quadrilogia e não uma trilogia, mas nem todos entendem dessa forma e tratam aquele livro como uma obra independente da coletânea.

Mas tudo bem, trilogia ou quadrilogia, não importa, a saga O Senhor dos Anéis é viciante. Você, simplesmente não consegue parar de ler. 

Tolkien escreveu a sua obra máxima entre 1937 e 1949, com muitas partes criadas durante a Segunda Guerra Mundial, a saga é uma continuação de O Hobbit que foi escrito em 1937.

Ainda hoje o Senhor dos Anéis influencia muito da produção editorial em todo o mundo. O exemplo mais recente é a série Ciclo da Herança de Christopher Paolini, onde temos um enredo que se passa em uma terra que em muito lembra aquela descrita por Tolkien. Além de Paolini, há influência de Tolkien em muitas outras obras, como a Trilogia Fronteiras do Universo, de Philip Pullman; As Crônicas de Gelo e Fogo de George R. R. Martin que já assumiu publicamente que é fã da obra de Tolkien e até mesmo, segundo alguns críticos, Harry Potter, de J.K.Rowling.

02 – Os Três Mosqueteiros (Alexandre Dumas)

A-n-t-o-l-ó-g-i-c-a. Não há outra maneira de anunciar essa saga idealizada por Alexandre Dumas. Uma narrativa que entrou para a história. Prova disso é que apesar de já ter passado aproximadamente um século e meio – para ser mais exato: 175 anos – desde a publicação do último livro, a obra de Dumas é exaltada até nos dias de hoje. ‘Volta e meia’ tem alguma editora relançando os livros como fez, recentemente, a Zahar numa edição luxuosa que recebeu muitos elogios.

A saga dos mosqueteiros que começou a ser escrita por Dumas em 1844 é composta pelos livros: Os Três Mosqueteiros (aqui e aqui), Vinte Anos Depois e O Visconde de Bragelonne (aqui e também aqui). O problema que vem tirando o sono dos aficionados das aventuras de D’Artagnan, Athos, Porthos e Aramis é que a história de O Visconde de Bragelonne foi publicada por Dumas no formato de folhetim – como fez com O Conde de Monte Cristo – e por isso, décadas depois, quando foi lançada no formato de livro chegou a ter 10 volumes com aproximadamente 300 páginas cada.

Que eu saiba, a última edição dessa saga aconteceu nos anos de 1960 pela editora Saraiva que colocou no mercado 6 volumes. Antes tivemos publicações da editora Lello, se não me falhe a memória em sete volumes, e ‘mais antes ainda’, lá pelos anos 50, a Livraria Fittipaldi Editora publicou a história em dez partes. Além dessas edições temos ainda um ‘resumão’ de apenas 149 páginas, direcionando ao público infantojuvenil lançado pela editora Melhoramentos em 1964. Depois, nenhuma outra editora ousou publicar a última parte da saga ao contrário do que aconteceu com Os Três Mosqueteiros e Vinte Anos Depois que já ganharam várias edições atualizadas. Mas esperança é a última que morre; não é mesmo Zahar?

03 – As Crônicas de Nárnia (C.S. Lewis)

 

 O livro de C.S. Lewis é bárbaro! Deixando de lado as questões religiosas e filosóficas que dizem estarem arraigadas em seu contexto, As Crônicas de Nárnia tem o poder de transportar o leitor para o interior de suas páginas. Com certeza, adultos e crianças viajaram com as peripécias de Pedro, Susana, Edmundo e Lúcia que certo dia foram parar no reino de Nárnia. Lá deixaram de ser crianças comuns para se tornarem reis e princesas de uma terra mágica. Quem não se encantou com o enigmático e justo leão Aslan; com o valente príncipe Caspian ou então torceu pela queda da maldosa feiticeira?

Todos os sete volumes de As Crônicas de Nárnia foram escritos entre 1949 e 1954, tendo sido publicados originalmente no Reino Unido pela editora Harper Collins entre 1950 e 1956.

A editora Martins Fontes lançou em 2009 uma edição especial confira aqui) que reúne  todos os sete volumes de As Crônicas de Nárnia. Li a obra em poucos dias e graças a ela perdi madrugadas de sono, já que os sete livros de Lewis são viciantes.

04 – Fundação (Isaac Asimov)

Claro que não poderia faltar uma saga de ficção científica em nossa lista. A minha escolha vai para um clássico que merece ser chamado de antológico:  “Fundação” de Isaac Asimov. O livro é uma referência para o gênero de ficção científica e possui uma grande comunidade de fãs ao redor do mundo.

De acordo com o autor, a premissa da história foi baseada em ideias encontradas no livro História do Declínio e Queda do Império Romano, de Edward Gibbon. No universo de Asimov, a sociedade está em processo de regressão e um grupo de cientistas tenta preservar o conhecimento da humanidade.

Em ordem cronológica, a saga conta com os romances: Prelúdio à Fundação, Origens da Fundação, Crônicas da Fundação, Fundação, Fundação e Império, Segunda Fundação, Limites da Fundação e Fundação e Terra.

Fundação é o melhor ponto de entrada a todos que desejam explorar o universo criado por Isaac Asimov, pois além de ser a obra máxima do autor, é a partir dela que vemos elementos recorrentes em sua narrativa – como a teoria do caos – e as bases que pavimentaram a existência de suas outras sagas, como a Série dos Robôs e a Série Império.

05 –Hannibal (Thomas Harris)

Será que vou comprar brigar? Acho que sim (rs). Nem todos concordarão comigo, mas não posso negar que amei essa saga. Gostei tanto que fiz questão de incluí-la nessa lista. Reconheço que o último livro da saga (Hannibal: A Origem do Mal) esteve bem abaixo dos outros três, mas mesmo assim, a narrativa de Thomas Harris consegue fisgar o leitor.

A coeltânea foi dividida em quatro livros – Dragão Vermelho (1981), O Silêncio dos Inocentes (1988), Hannibal (1999) e Hannibal: A Origem do Mal (2006). Cada um deles com sua história em particular, contudo, todas envolvendo Hannibal Lecter, um psicopata extremamente inteligente.

Os livros fizeram tanto sucesso que todos eles foram parar nos cinemas o que ajudou a imortalizar o Dr. Hannibal Lecter como um dos personagens literários e cinematográficos mais famosos de todos os tempos.

Ainda na área das adaptações, os livros ganharam uma versão para a televisão durante três temporadas, com produção da NBC e com o ator Mads Mikkelsen dando vida à Hannibal.

Ao todo, cinco atores interpretaram Hannibal, sendo quatro no cinema e um na televisão. São eles: Brian Cox, Anthony Hopkins, Aaaran Thomas, Gaspard Uliel e Mads Mikkelsen, mas, certamente, aquele que conseguiu transformar o Dr. Lecter no serial killer mais famoso das telonas foi Anthony Hopkins nos filmes: “O Silêncio dos Inocentes” (1991), Hannibal (2001) e “Dragão Vermelho” (2002).

06 – As Crônicas de Artur (Bernard Cornwell)

Publicada originalmente entre 1995 e 1997, esta trilogia, escrita pelo britânico Bernard Cornwell, dá uma visão mais realista para a lenda arturiana. A série desmistifica toda a história como nós aprendemos a conhecer em nossa infância ou adolescência.

Esqueça a Távola Redonda, Camelot, espada encantada, donzelas suaves, Santo Graal e um Merlin com poderes mágicos. Se prepare para ver um Lancelot covarde, um Artur sem coroa, um Mordred aleijado e um Merlin malandro e charlatão, mas muito inteligente e perspicaz. Você deve estar se perguntando: “Caramba! O autor arrebentou a história de Artur!!” Aqueles que pensam dessa maneira, se enganam redondamente. Pelo contrário, Cornwell reescreveu a história de Artur... do verdadeiro Artur, sem damas do lago, monstros que propõem soluções de enigmas, cavaleiros galantes e espada encantada que num passe de mágica sai do meio de uma rocha.

Todo o enredo dos três livros que compõem a As Crônicas de Artur (ver aqui, aqui e aqui) foi escrito baseado em pesquisas arqueológicas e documentos importantes resgatados das décadas de 540 e 600 d.C. Por isso, aqueles que lêem os livros passam a ter uma idéia mais realista de quem foi esse grande comandante guerreiro que viveu nos séculos V e VI e que enfrentou os saxões defendendo a Grã-Bretanha de uma invasão. Como já disse, uma visão realista da história de Artur, sem fantasia e contos de fadas. Acredito que seja por isso, que As Crônicas de Artur seja uma das sagas mais encantadoras do universo literário.

07- As Crônicas de Gelo e Fogo (George R.R. Martin)

Taí uma história que não pode faltar na lista das melhores sagas de todos os tempos! George R.R. Martin começou a desenvolver As Crônicas de Gelo e Fogo em 1991 e o primeiro volume foi lançado em 1996. Originalmente concebida para ser uma trilogia, a narrativa agora consiste em cinco volumes publicados, com mais dois planejados. Há também três contos derivados e algumas novelas que consistem de resumos dos romances principais.

A saga é composta pelos seguintes livros: A Guerra dos Tronos, A Fúria dos Reis, A Tormenta de Espadas, O Festim dos Corvos, A Dança dos Dragões e Os Ventos do Inverno (ainda não lançado).

Martin chegou a ser conhecido como o “Tolkien americano” após lançar o quarto volume da série em 2005 (O Festim dos Corvos) que se tornou best-seller no The New York Times e The Wall Street Journal..

Os fãs dos livros seguem esperando ansiosamente (e impacientemente) pelo lançamento de Os Ventos do Inverno que ainda não tem data definida,

Para finalizar, não poderia esquecer de citar a épica série de TV “Game of Thrones” inspirada nos livros de Martin que estreou na HBO Max em 2011 e se encerrou após oito anos, em 2019.  O aclamado programa ganhou inúmeros prêmios e bateu muitos recordes.

08 – Harry Potter J.K. Rowling)

Fecho a nossa toplist com uma história que continua encantando gerações e que merece o “carimbo” de antológica. Há 25 anos, J.K. Rowling lançou Harry Potter e a PedraFilosofal. A estreia da autora no mercado editorial marcou o início de uma saga extremamente sucedida na literatura, nos cinemas, nos games e em diversas outras mídias, e bem recebida por uma multidão voraz de leitores, que apadrinharam a franquia como a nova representante da fantasia moderna.

Os últimos cinco livros – Harry Potter e o Cálice de Fogo, Harry Potter e

A Ordem da Fênix, Harry Potter e o Enigma do Príncipe e Harry Potter e as Relíquias da Morte - consecutivamente foram considerados os mais vendidos da história, sendo que o último livro (Harry Potter e as Relíquias da Morte) vendeu cerca de 11 milhões de cópias nos Estados Unidos nas primeiras 24 horas após o seu lançamento.

A adaptação para uma série composta por oito filmes feita pela Warner Bros Pictures se tornou a série cinematográfica mais assistida da história. Tamanho sucesso fez com que a marca Harry Potter chegasse ao valor de 15 bilhões de dólares.

Se uma saga com toda essa força e energia não puder ser classificada como antológica, creio que alguma coisa esteja errada.

Por hoje é só.

Valeu galera!

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