O
Sorriso da Hiena de Gustavo Ávila não tem o poder de curar
o leitor de uma ressaca literária, mas é um bom livro; excetuando o final. Pode
ser que até grande parte dos leitores tenha gostado da conclusão da história,
mas no meu caso, por não apreciar finais abertos ou semi-abertos, simplesmente
me decepcionou. Não quero entrar em detalhes ou então liberar os tais malditos
spoillers que estão escancaradamente presentes na contracapa do livro – aliás,
deixe-me fazer um alerta para aqueles que pretendem ler a obra: ignorem a
sobrecapa e a contracapa que trazem spoilers cavalares do enredo – mas o final
envolvendo um dos vilões quebrou todo o clima do antefinal da narrativa; sim,
porque o livros tem mais de um vilão – um acentuadamente vilão, o outro vilão
por tabela e o terceiro, vilão por contingência do destino.
Adorei o “The End” envolvendo um desses vilões. Cara,
o autor foi muito feliz! Que final inteligente! Quando o leitor acredita que o
crime já caiu no esquecimento e que um dos envolvidos conseguiu escapar impune,
eis que acontece um fato completamente inesperado e o detetive Artur Veiga (adorei esse cara) crau! Dá o bote. O problema
maior se resume ao final dos outros dois vilões que achei muito mal resolvido:
um, rápido demais, do tipo vapt-vupt, e o outro final, em aberto. Sinceramente
não gostei.
Quanto a narrativa, como já ‘disse’ no início do post
é boa mas não para lhe tirar de uma ressaca ou Depressão Pós Livro (DPL). Se
você estiver passando por isso, indico outras obras, como essas aqui. Mas
independentemente disso, O Sorriso da
Hiena cumpre o seu papel; e excetuando os finais a que me referi, é uma
leitura agradável e fluída. Do tipo para ler, curtir e depois esquecer.
Além da fluidez do texto, outro ponto positivo da obra
é o detetive Artur Veiga criado por Gustavo Ávila. Que personagem! O autor foi muito
feliz na composição do policial que trava um duelo de inteligência com os
vilões, principalmente o vilão principal que utiliza um método cruel para
mutilar as suas vítimas ainda com vida. Arghhhhh Só em pensar me dá calafrios.
Ávila saiu da mesmice ao elaborar Artur Veiga. O
detetive é um personagem com um transtorno neurológico conhecido por Síndrome
de Asperger, um tipo de autismo que não causa nenhum atraso no desenvolvimento
intelectual, mas molda a pessoa com certas peculiaridades. As características
mais comuns são uma grande dificuldade em interagir com os outros e de entender
emoções não verbais, além de movimentos desajeitados. Mas por outro lado, o
personagem tem uma habilidade de lógica acima da média, além da tendência de
falar sempre o que pensa. Artur Veiga é considerado o melhor detetive da
Divisão de Homicídios da cidade, capaz de resolver os casos mais complicados.
Me diverti muito com as suas “tiradas”. Por não perceber emoções que não sejam
verbais e por sempre falar o que pensa - sendo sincero além da conta - ele
acaba vivendo situações engraçadas e também inusitadas. Fiquei super fã do
personagem.
Agora, sem spoilers: a narrativa é sobre um serial
killer que mutila as suas vítimas ainda vivas – uma mutilação, como já tive,
horrível e cruel. Depois de eliminá-las, some com os corpos. Ele faz isso por
causa de um trauma que sofreu na infância e agora quer que os outros também
sintam na pele o que ele sentiu.
Bem, é isso. Se revelar mais algum detalhe vou acabar soltando
spoilers como fez a contracapa do livro. Aiii que raiva!! Depois que li a
apresentação da obra na sobrecapa e a sinopse da editora na contracapa, comecei
o livro sabendo “uns” 40% da trama.
Valeu galera!
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