O Sorriso da Hiena

31 outubro 2022

O Sorriso da Hiena de Gustavo Ávila não tem o poder de curar o leitor de uma ressaca literária, mas é um bom livro; excetuando o final. Pode ser que até grande parte dos leitores tenha gostado da conclusão da história, mas no meu caso, por não apreciar finais abertos ou semi-abertos, simplesmente me decepcionou. Não quero entrar em detalhes ou então liberar os tais malditos spoillers que estão escancaradamente presentes na contracapa do livro – aliás, deixe-me fazer um alerta para aqueles que pretendem ler a obra: ignorem a sobrecapa e a contracapa que trazem spoilers cavalares do enredo – mas o final envolvendo um dos vilões quebrou todo o clima do antefinal da narrativa; sim, porque o livros tem mais de um vilão – um acentuadamente vilão, o outro vilão por tabela e o terceiro, vilão por contingência do destino.

Adorei o “The End” envolvendo um desses vilões. Cara, o autor foi muito feliz! Que final inteligente! Quando o leitor acredita que o crime já caiu no esquecimento e que um dos envolvidos conseguiu escapar impune, eis que acontece um fato completamente inesperado e o detetive Artur Veiga  (adorei esse cara) crau! Dá o bote. O problema maior se resume ao final dos outros dois vilões que achei muito mal resolvido: um, rápido demais, do tipo vapt-vupt, e o outro final, em aberto. Sinceramente não gostei.

Quanto a narrativa, como já ‘disse’ no início do post é boa mas não para lhe tirar de uma ressaca ou Depressão Pós Livro (DPL). Se você estiver passando por isso, indico outras obras, como essas aqui. Mas independentemente disso, O Sorriso da Hiena cumpre o seu papel; e excetuando os finais a que me referi, é uma leitura agradável e fluída. Do tipo para ler, curtir e depois esquecer.

Além da fluidez do texto, outro ponto positivo da obra é o detetive Artur Veiga criado por Gustavo Ávila. Que personagem! O autor foi muito feliz na composição do policial que trava um duelo de inteligência com os vilões, principalmente o vilão principal que utiliza um método cruel para mutilar as suas vítimas ainda com vida. Arghhhhh Só em pensar me dá calafrios.

Ávila saiu da mesmice ao elaborar Artur Veiga. O detetive é um personagem com um transtorno neurológico conhecido por Síndrome de Asperger, um tipo de autismo que não causa nenhum atraso no desenvolvimento intelectual, mas molda a pessoa com certas peculiaridades. As características mais comuns são uma grande dificuldade em interagir com os outros e de entender emoções não verbais, além de movimentos desajeitados. Mas por outro lado, o personagem tem uma habilidade de lógica acima da média, além da tendência de falar sempre o que pensa. Artur Veiga é considerado o melhor detetive da Divisão de Homicídios da cidade, capaz de resolver os casos mais complicados. Me diverti muito com as suas “tiradas”. Por não perceber emoções que não sejam verbais e por sempre falar o que pensa - sendo sincero além da conta - ele acaba vivendo situações engraçadas e também inusitadas. Fiquei super fã do personagem.

Agora, sem spoilers: a narrativa é sobre um serial killer que mutila as suas vítimas ainda vivas – uma mutilação, como já tive, horrível e cruel. Depois de eliminá-las, some com os corpos. Ele faz isso por causa de um trauma que sofreu na infância e agora quer que os outros também sintam na pele o que ele sentiu.

Bem, é isso. Se revelar mais algum detalhe vou acabar soltando spoilers como fez a contracapa do livro. Aiii que raiva!! Depois que li a apresentação da obra na sobrecapa e a sinopse da editora na contracapa, comecei o livro sabendo “uns” 40% da trama.

Valeu galera!

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