Hannibal

29 setembro 2013


Duas horas e 40 minutos!!! E da madruga!! Meu amigo, confesso que não sei se terei condições físicas, psicológicas e neuronais... Pera aí... neuronais??? Putz, ta vendo só, como já não estou concatenando os pensamentos de maneira, pelo menos, satisfatória. Afinal, o que vem a ser neuronais? Melhor deixar pra lá. Este é o horário exato, no qual acabei de concluir uma reportagem sobre algo que detesto, mas sou obrigado a fazer por força da minha profissão: entrevistar uma classe de .... de.... Cê sabe né... aqueles caras que vivem prometendo, prometendo e... . Para vai! Deixe-me ficar ‘caladinho da Silva” para não levar bronca no meu serviço depois. Tá vendo só o que o sono e o cansaço fazem com a gente? Se descuidarmos, acabam soltando a língua, a boca, as bochechas, os dentes! Emfim, tudo! Você confessa o que deve e também o que não deve; por isso, vou me restringir apenas ao assunto do post que é o livro “Hannibal”, de Thomas Harris.
Decidi sair no tapa com Morfeu pela madrugada afora, porque já deveria ter publicado esse post há alguns dias, como havia prometido no ‘Face” do Livros e Opinião. Então, mesmo com os ‘faróis’ baixos, vamos ao que interessa e desde já me desculpe por alguns erros que certamente deverão ‘brotar’ no texto. Culpa de Morfeu.
Gente, já vou dizendo escrevendo logo de cara: “Hannibal” é o pior livro da saga do Dr. Lecter. Não se iludam, este livro - considerado pela ordem cronológica, o último da série – não chega aos pés dos outros três (“Hannibal, A Origem do Mal”, “Dragão Vermelho” e “O Silêncio dos Inocentes”).  Mas vejam bem, nem por isso, eu vou ficar malhando a obra de Harris, porque ela tem algumas qualidades; bem poucas, mas tem.  O problema é que essas virtudes acabam sendo engolidas pelos defeitos que são ‘exageradamente muitos’. E o maior deles é a liberdade de Hannibal Lecter. Mêo, o Lecter  preso é um cara, aliás é “o cara”; já o Lecter solto, fica totalmente descaracterizado. Mas aí você pode me encarar e dizer: “Em Hannibal – A Origem do Mal”, o Lecter também está solto”. Acontece que as situações são bem distintas. No livro mais recente de Harris, ele relata a origem do personagem, ou seja, sua infância, juventude e mocidade. Revela também os motivos que levaram uma criança inocente a se transformar num dos mais temidos serial-killers da literatura policial. Portanto, não há como comparar as duas obras.
Bem, retomando, à partir do momento que o autor retirou o psiquiatra canibal de trás das grades, evaporou-se aquela aura mística de perigo, suspense e até mesmo terror da história. Em “Dragão Vermelho” e “O Silencio dos Inocentes”, para que policiais, médicos, agentes e outras pessoasas pudessem se aproximar de Lecter, tinham de seguir todo um ritual. Mesmo atrás das grades, ele era perigoso, pois podia matar uma pessoa utilizando apenas as palavras que saiam de sua boca, como fez com um vizinho de cela que desrespeitou a agente Starling em “O Silencio dos Inocentes”. Após o ocorrido, Lecter cochichou algumas coisinhas no ouvido do infeliz, induzindo-o ao suicídio.
Lecter era um perigoso predador que não podia ficar solto de maneira nenhuma, pois apesar de imobilizado com uma camisa de força e usando a sua emblemática focinheira exalava um clima do mais puro terror. Reportando, mais uma vez, ao livro “O Silencio dos Inocentes”, será que o leitor se lembra do que o psiquiatra canibal fez com uma enfermeira do manicômio onde estava preso? Para aqueles que não se recordam, basta dizer que ele, simplesmente, devorou parte do rosto da vítima que se abaixou para colocar alguns elétrodos em seu peito para fazer um eletrocardiograma, creio eu. E olha que Lecter estava bem amarradinho na maca, mas sem a focinheira.
Outro momento tenso do livro diz respeito ao primeiro encontro entre Starling e Lecter. Quando a agente do FBI entra num corredor lúgubre e mal iluminado com várias portas de aço sendo fechadas às suas costas e depois caminha tensa e insegura até a cela onde está o psicopata... caraca!! É de gelar o sangue!
É claro que não vou contar o final de “O Silencio dos Inocentes”, pois seria um grande ‘calhorda sonolento’ - Ehehehe... gostaram do ‘sonolento’? – mas o fechamento do enredo idealizado por Harris, foi fantástico, pois manteve aquela aura de suspense. Em minha opinião, não haveria a necessidade de mais um livro. A saga foi concluída com chave de ouro na obra anterior, mas então chega a massacrante indústria cinematográfica hollywoodiana ‘intimando’ a criação de um novo roteiro, uma nova sequencia para o personagem e lá vai o autor – seduzido pelos milhares de dólares a mais – inventar uma continuação meia boca e toda esfarrapada. Resultado: tanto livro quanto filme foram considerados grandes decepções, sendo malhados pela crítica e público.
Outra falha de “Hannibal” foram os personagens caricatos. No livro quem é bom é bom e quem é mau é mau ao extremo e ponto final. E pasmem! Os vilões são tão caricatos que conseguem, por sua vez, transformar Lecter em uma alma caridosa. O vilão principal do livro: Mason Verger é uma piada. O cara é tão desequilibrado que chega a beber lágrimas de crianças! Pô Harris! Menos né?! Gente, não tem como não torcer pelo Dr. Lecter na história.
Bem, o que sobra de bom no livro? Clarice Starling. O leitor irá conhecer novos detalhes da vida da agente do FBI, ou seja, em que ela se transformou após sete anos, que é a passagem de tempo entre “O Silêncio dos Inocentes” e “Hannibal”. Garanto que Starling mudou demais as suas convicções sobre o FBI.
Galera, palavra de honra que nem Lecter e nem Verger atraíram minha atenção no romance; esse papel coube à agente Starling.
Ah! Já ia me esquecendo do final do livro. Éca, éca, éca, éca e novamente éca!! E mil vezes novamente éca! Nojento e impressionante. Quando o Dr. Lecter decide abrir a.... Ehehhe... achou que eu ia contar? No e no, porque apesar de não ter gostado do livro, a minha opinião não pode ser considerada um supra-sumo, já que pelo que vi em algumas redes sócias, há um pessoal que idolatra o livro. Assim, seguramente, muitos irão ler a obra e estragar o final nojento seria uma calhordice desse ‘calhorda sonolento”.
“Hannibal” começa onde termina “O Silencio dos Inocentes”, com Hannibal Lecter foragido em um paraíso tropical que descobrimos ser o Brasil, terra de grandes cirurgiões plásticos. Com novo visual, ele distribui charme e cultura em Florença, onde passa a se dedicar a pesquisas históricas. No entanto, para conseguir um cargo importante, o psicopata  elimina a dentadas o antigo pesquisador. Mas o FBI não desistiu de pôr as mãos no Dr. Lecter e usa a agente Clarice Starling para atrair o canibal. O perigo maior para Lecter, porém, não são os agentes. Totalmente desfigurado, mas com muito dinheiro em caixa, Mason Verger, uma vítima de Lecter que conseguiu sobreviver, investe em uma mórbida vingança.
É isso aí galera! Quem quiser, fique à vontade para ler. Talvez, ao contrário do ‘menino’ aqui, vocês acabem gostando da história.
Dios! Consegui chegar ao fim do post! O café da Lulu até que conseguiu assustar um pouquinho o tal Morfeu.
Quem sabe, antes de encarar esses lençóis deliciosos e esta cama que me seduz, eu ainda leia mais um conto da nova coletânea do César Bravo, “Contos Além da Carne”. Este é para ler em doses homeopáticas; digamos que eles sejam... bem insanos, como diz o próprio autor. Brevemente escreverei sobre eles.
Inté galera!

Um comentário

  1. Se o final do livro tivesse se mantido no filme, o diretor teria sido muito macho.

    http://gatosmucky.blogspot.com.br/2013/03/destinos-do-canibal.html

    Abraço.

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