A cada dia que passa cresce o número de mulheres
escritoras que estão dominando os top lists literários. Prova de que a mulher
está se saindo muito bem neste setor, escrevendo enredos que em pouco tempo
acabam se transformando em verdadeiros best-sellers. Mas não é de hoje que elas
marcam presença no mercado literário. Isto já é ‘coisa’ antiga. Basta voltarmos
décadas no tempo para vermos verdadeiras obras primas escritas por mulheres.
Escritoras contemporâneas como Chimamanda Ngozi
Adichie, Jojo Moyes, Jenny Han e outras seguiram o legado de Jane Austen, Emily
Bronthe e Clarice Lispector que no passado escreveram obras consagradas e que
venderam milhares de exemplares. Cada uma com o seu estilo: clássico ou popular,
não importa, o que interessa é que elas conquistaram e ainda conquistam uma
legião de fãs ávidos por uma boa história.
Confiram dez livros escritos por mulheres e que se
tornaram verdadeiros best-sellers. Obras que não podem faltar em sua estante.
01
– O Morro dos Ventos Uivantes (Emily Bronthe)
Abrimos a nossa top list com esse romance clássico
escrito por Emily Bronthe em 1847. Foi o único livro da escritora britânica.
No enredo criado por Bronthe, sai de cena a mocinha
frágil e amorosa, e em seu lugar, entra a mocinha forte e com personalidade
indomável, inclusive no amor. O galã atencioso, conquistador e de bom coração é
descartado para ceder espaço ao amante bruto e vingativo.
Por tudo isso, O Morro dos Ventos Uivantes não foi bem aceito numa época acostumada a
histórias de amor convencionais e estereotipadas. Bronthë rompeu todos esses
arquétipos, mandando-os para a PQP. Infelizmente, a sua obra só começaria a
conquistar o respeito merecido após a sua morte. Pena que a escritora britânica morreu ainda
jovem, aos 30 anos (1818-1848), e assim, não pode ver o sucesso de sua criação,
nem teve tempo de escrever novos livros.
A história é muito densa e tensa, recheada de
vinganças, amores mal resolvidos, raiva, cólera, ofensas, xingamentos, seres
humanos destruídos em seu amor próprio, mortes e etc. Não há como negar que Heathcliff
e Catherine Earnshaw formam um casal romântico completamente diferente de todos
aqueles que você já viu nos livros de romance.
02
– Americanah (Chimamanda Ngozi Adichie)
Chimamanda Ngozi Adichie é uma das autoras mais
celebradas atualmente. Nasceu em Enugu, na Nigéria, em 1977, e vive entre seu
país natal e os Estados Unidos. Escreveu os romances Meio sol amarelo, que ganhou o National Book Critics Circle Award e
o Orange Prize de ficção em 2007, Hibisco
roxo, e o hiper elogiado Americanah
escrito em 2013.
Em Americanah
podemos acompanhar a trajetória de Ifemelu, uma jovem nigeriana que vive o
idílio do primeiro amor com Obinze. O romance do casal sobrevive ao tempo, ao
silêncio e aos deslocamentos.
Enquanto Ifemelu e Obinze vivem essa paixão, a Nigéria
enfrenta tempos sombrios sob um governo militar. Em busca de alternativas às
universidades nacionais, paralisadas por sucessivas greves, a jovem Ifemelu
muda-se para os Estados Unidos. Ao mesmo tempo que se destaca no meio
acadêmico, ela depara pela primeira vez com a questão racial e com as agruras
da vida de imigrante, mulher e negra.
Quinze anos mais tarde, Ifemelu é uma blogueira
aclamada nos Estados Unidos, mas o tempo e o sucesso não atenuaram o apego à
sua terra natal, tampouco anularam sua ligação com Obinze. Quando ela volta
para a Nigéria, terá de encontrar seu lugar num país muito diferente do que
deixou e na vida de seu companheiro de adolescência.
Apesar de ter crescido em uma família nigeriana
conservadora, Ifem (como é carinhosamente apelidada) recusa esse lugar esperado
às mulheres. Ela não se prende aos padrões de feminilidade, apresenta opiniões
fortes e demonstra desconforto com as relações familiares fincadas no
patriarcado.
Um livro muito elogiado pelos leitores e também pela
crítica.
03
– Como Eu Era Antes de Você (Jojo Moyes)
Antes que alguns torçam o nariz para essa escolha ou
digam como Jojo Moyes pode estar numa lista com nomes consagrados como Jane
Austen, Emily Bronthe, Mary Shelley e outras, basta dizer que a escritora
britânica foi uma das poucas autoras que ganharam o Prémio de Romance do Ano da
Associação de Romancistas duas vezes. Ela ganhou o prêmio em 2004, por A Casa das Marés e, em 2011, por A Última Carta de Amor. E olha que temos
muitos ‘monstros sagrados’ da literatura que ainda não conseguiram papar esse
importante prêmio.
Além do mais, Moyes que também é jornalista já foi a
autora mais vendida no Brasil e dois de seus livros (Como Eu Era Antes de Você e A
Última carta de Amor) ganharam adaptação para os cinemas tamanho o sucesso
de suas obras. O filme decorrente de uma de suas narrativas (Como Eu Era Antes de Você) foi sucesso
de bilheteria, consagrando a história como best-seller e sucesso nas telas. Por
isso escolhi esse livro – que considero o seu maior sucesso – para fazer parte dessa top list.
Como
Eu Era Antes de Você fez tanto sucesso que acabou virando uma
trilogia – os outros dois livros são: Depois
de Você e Ainda Sou. A excêntrica
personagem Lou Clark conquistou milhares de corações, inclusive o meu. Ela vive
vive no interior da Inglaterra e de repente se depara com um grande desafio:
ser cuidadora e acompanhante de Will Traynor depois que ele sofreu um acidente
que o deixou preso à uma cadeira de rodas. Will, que tem tudo o que o dinheiro
pode comprar, parece ter desistido da vida. Isto é... até Lou se determinar a
convencê-lo de que a vida vale muito a pena ser vivida.
Juntos em uma série de aventuras, tanto Lou quanto
Will acabam conquistando muito mais do que esperavam em suas vidas.
04
– O Conto da Aia (Margaret Atwood)
Nesta obra lançada em 1985 e que ‘volta e meia’
retorna às listas de livros mais vendidos, foi adaptado para uma bem-sucedida
série de televisão. O Conto da Aia da
escritora canadense Margaret Atwood é uma distopia em que as mulheres perdem
totalmente seus direitos e se tornam propriedades dos homens.
Na época da sua primeira publicação, o livro refletiu
a aderência americana ao conservadorismo com a eleição de Ronald Reagan como
presidente, assim como o crescente aumento da direita cristã e suas
organizações lobistas poderosas, como Maioridade Moral, Foco na Família e a
Coalizão Cristã - sem mencionar o aumento do televangelismo (o uso da televisão
para transmitir a fé cristã).
A personagem de Serena Joy em O Conto da Aia é uma
ex-televangelista que sugeriu políticas teocráticas que agora a obrigam, assim
como todas as mulheres, a uma vida dedicada inteiramente ao lar.
Como escrevi, O
Conto da Aia fez tanto sucesso ao longo dos anos que mesmo após três
décadas e meia ainda continua despertando o interesse dos leitores.
05
– Zorro: Começa a Lenda (Isabel Allende)
Eu já conhecia Isabel Allende dos livros Eva Luna, Meu País Inventado e A Casa dos Espíritos; obras fortes que eu li há vários anos e que me marcaram
muito. Obras dramáticas, introspectivas e até mesmo um pouco filosóficas. Então
eu parei para pensar. Espera aí?! Uma autora acostumada a escrever livros com
essas características, de repente resolve reescrever uma obra prima do gênero
capa e espada?! Não vai dar certo. Mas o menino, aqui, estava completamente
enganado porque a escritora chilena criou um livro antológico que explica as
origens do personagem mais famoso do gênero capa e espada.
Por essa ousadia de Allende, eu preferi escolher Zorro: Começa A Lenda para fazer parte
dessa top list em detrimento de A Casa
dos Espíritos considerada uma das sagas mais respeitadas da literatura
mundial.
Li e amei a versão de Allende que foge totalmente da
história original A Marca do Zorro
escrita na década de 20 por Johnston MacCulley.
O livro de MacCulley, apesar de muito bem escrito foca
apenas nas aventuras do herói mascarado e de seu alter-ego Don Diego De La
Vega. Já o de Allende explora a fundo a origem do Zorro, desde o seu
nascimento, passando pela sua infância e adolescência, chegando até o momento
em que ele decidiu usar a famosa capa e máscara preta.
Isabel que nasceu no Peru, mas tem nacionalidade
chilena, é considerada uma das principais revelações da literatura
latino-americana da década de 1980. É filha de Tomás Allende, funcionário
diplomático e primo-irmão de Salvador Allende que foi presidente do Chile no
período de 1970 a 1973.
06
– A Hora da Estrela (Clarice Lispector)
Clarice Lispector é um dos grandes ícones da
literatura brasileira. A escritora chegou ao Brasil nos braços dos pais em
1922, fugindo da perseguição aos judeus na Ucrânia. Clarice dizia não ter
nenhuma ligação com a Ucrânia - "Naquela terra eu literalmente nunca
pisei: fui carregada de colo" - e que sua verdadeira pátria era o Brasil.
Apesar de seus pais terem desembarcado em Maceió, a
escritora considerava como sua cidade natal o Recife, onde morou dos 4 aos 15
anos.
Sua obra está repleta de mergulhos psicológicos
profundos a partir de cenas do cotidiano. Além de romances, escreveu uma série
de contos e crônicas e passou pelas redações de jornais como A Noite e Correio
da Manhã.
A
Hora da Estrela lançado pouco antes do falecimento da
escritora em 1977 é um de seus livros mais conhecidos. O romance narra a
história da datilógrafa alagoana, Macabéa, que migra para o Rio de Janeiro,
tendo sua rotina narrada por um escritor fictício chamado Rodrigo S.M.
Desprovida de atrativos, Macabéa passa as horas vagas ouvindo o rádio e namora
o metalúrgico nordestino Olímpico, que acaba a deixando para ficar com Glória.
A protagonista continua sozinha até que um dia, seguindo uma recomendação de
Glória, visita uma cartomante que revela toda a inutilidade de sua vida, mas
também prevê o casamento com um estrangeiro rico.
É talvez o seu romance mais famoso, por trazer uma
narrativa diferenciada da que costuma apresentar em suas obras, muitas vezes
considerada hermética e intimista ao extremo. A Hora da Estrela ainda traz consigo as questões filosóficas e
existenciais que dão o tom característico da autora no romance. Foi adaptada
para o cinema com o mesmo título por Suzana Amaral em 1985.
07
– Assassinato no Expresso Oriente (Agatha Christie)
Segundo o Guiness Book, Christie é a romancista mais
bem sucedida da história da literatura popular mundial em número total de
livros vendidos, uma vez que suas obras, juntas, atingiram a marca de quatro
bilhões de cópias ao longo dos séculos XX e XXI. Esses números totais só ficam
atrás das obras vendidas do dramaturgo e poeta William Shakespeare e da Bíblia.
É claro que uma escritora com esses atributos jamais
poderia ficar fora dessa lista. Assassinatono Expresso Oriente foi o livro da autora que escolhi para integrar esse
top list. Na minha opinião, a melhor história protagonizada pelo famoso
detetive Hercule Poirot criado pela ‘Rainha do Crime’.
No enredo, em meio a uma viagem, Hercule Poirot é
surpreendido por um telegrama solicitando seu retorno a Londres. Então, o
famoso detetive belga embarca no Expresso do Oriente, que está inesperadamente
cheio para aquela época do ano. Pouco tempo após a meia-noite, o excesso de
neve nos trilhos obriga o trem a parar. Na manhã seguinte, o corpo de um dos
passageiros é encontrado, golpeado por múltiplas facadas. Com os passageiros isolados
por conta da neve, e tendo um assassino entre eles, a única solução é que
Poirot inicie uma investigação para descobrir quem é o criminoso ― antes que se
faça mais uma vítima.
O livro foi publicado pela primeira vez no Reino Unido
em janeiro de 1934 e ganhou ao longo dos anos traduções na maioria dos países.
08
– Orgulho e Preconceito (Jane Austen)
Orgulho
e Preconceito, publicado originalmente em 1813, é a
obra prima da escritora inglesa Jane Austen. Apesar de um grande número de
leitores acreditarem que esse posto pertence ao livro Razão e Sensibilidade, na verdade, foi Orgulho e Preconceito que fez de Fitzwilliam Darcy ou simplesmente
“Sr. Darcy” um dos personagens masculinos da literatura mais conhecidos no
mundo.
Em sua obra, Austen nos apresenta Elizabeth Bennet
como heroína irresistível e seu pretendente aristocrático, o sr. Darcy. Nesse
livro, aspectos diferentes são abordados: orgulho encontra preconceito,
ascendência social confronta desprezo social, equívocos e julgamentos
antecipados conduzem alguns personagens ao sofrimento e ao escândalo.
A personagem Elizabeth vive com sua mãe, pai e irmãs
no campo, na Inglaterra. Por ser a irmã mais velha, ela lida com diversos
problemas que estão relacionados à educação, cultura, moral e o casamento na
sociedade.
A personagem é a segunda de cinco filhas, seus pais
colocam uma pressão grande na mesma para que haja logo um casamento, mas ela
tem outros planos, como viajar o mundo, conhecer diversos lugares. Sendo assim,
casamento não é uma de suas prioridades.
As coisas começam a mudar quando Elizabeth é
apresentada ao rico Sr. Darcy. Embora seja perceptível a química que surge
entre eles, os objetivos de ambos e até mesmo o jeito reservado de Sr. Darcy é
algo que impede de se declararem.
09
– Ciranda de Pedra (Lygia Fagundes Telles)
Lygia Fagundes Telles ficou conhecida como "a
dama da literatura brasileira" e "a maior escritora brasileira viva”.
Lygia Fagundes Telles é considerada por acadêmicos, críticos e leitores uma das
mais importantes e notáveis escritoras brasileiras do século XX e da história
da literatura brasileira.
Lygia tem grande representação no pós-modernismo, e
suas obras retratam temas clássicos e universais como a morte, o amor, o medo e
a loucura, além da fantasia.
A obra lygiana já foi elogiada por renomados
escritores da literatura nacional e internacional, os quais se renderam à sua
elegante escrita. Clarice Lispector, Carlos Drummond de Andrade, Caio Fernando
Abreu, José J. Veiga, José Saramago, entre outros, já expuseram opiniões importantes
e fizeram parte do público de admiradores da obra da escritora.
Ciranda
de Pedra publicado pela primeira vez em 1954 é uma de suas
principais obras. O romance foi utilizado como base de duas telenovelas
homônimas da Rede Globo, em 1981 e em 2008. A história acontece aproximadamente
entre as décadas de 1940/1950, em São Paulo, e explora as características
psicológicas dos personagens.
No enredo, quando um casal de classe média se separa,
a caçula, Virgínia, é a única das três filhas que vai morar com a mãe. É do
ponto de vista dessa menina deslocada e solitária que se narram os dramas
ocultos sob a superfície polida da família. Loucura, traição e morte são as
forças perversas que animam esse singular romance de formação, que já na época
de seu lançamento, em 1954, chamou a atenção para o talento e a originalidade
da literatura da escritora.
Ciranda
de Pedra mantém-se há meio século como um dos livros mais
amados da autora.
10
– Frankenstein (Mary Shelley)
Fecho a nossa top list com esse clássico do gênero
terror escrito por Mary Shelley. Frankenstein
é considerada a primeira obra de ficção científica da história. O romance
relata a história de Victor Frankenstein, um estudante de ciências naturais que
constrói um monstro em seu laboratório. Shelley escreveu a história quando
tinha apenas 19 anos, entre 1816 e 1817.
O romance obteve grande sucesso e gerou todo um novo
gênero de horror, tendo grande influência na literatura e cultura popular
ocidental. O aclamado autor de literatura de terror Stephen King considerou Frankenstein um dos três grandes
clássicos do gênero, sendo os outros dois Drácula
e O estranho caso do Dr. Jekyll e Sr.
Hyde.
O romance foi primeiramente adaptado para o teatro, e
posteriormente para um grande número de mídias, incluindo rádio, televisão e
cinema, além de quadrinhos.
Agora, ao completar 203 anos da publicação, Frankenstein permanece como uma das
maiores obras literárias de que se tem notícia. Até hoje reverberam os trovões
da “noite pavorosa de novembro”, quando Victor Frankenstein concluiu seu
trabalho e, por meio de uma combinação entre matemática e alquimia, insuflou a
vida na remendada criatura que tinha diante de si (na versão revisada de 1831,
Mary Shelley alterou esse método para a eletricidade).
Um verdadeiro clássico da literatura mundial com
presença obrigatória em qualquer estante de livros.
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