Como eu era antes de você

17 julho 2016
Olha, sinceramente? Eu deveria ter lido “Como eu era antes de você”, antes da obra de Jojo Moyes ter ficado famosa e conquistado milhares de leitores no Brasil. Deveria ter sido um dos primeiros a agarrar o livro logo quando o danadão entrou em pré-venda, mas o tonto aqui, esperou uma eternidade para adquiri-lo. Resultado: O final da história já estava sendo propalado aos quatro ventos pelas redes sociais. PQP!! Então, pra f... de vez, a editora Intrínseca lança “Depois de Você” (a sequência da história), sem se dar ao trabalho de ocultar qual foi o destino de Will Trynor e Louisa Clark. PQP, novamente! A sinopse da editora escancara, descaradamente, o que aconteceu com o pobre coitado, infeliz, azarado, seja lá o que for do personagem. Quanto a Louisa, simplesmente revelou que ela... Cara, quer um conselho? Se você, por algum milagre, ainda desconhece o destino do casal, não leia em hipótese alguma a sobrecapa de “Depois de você” e muito menos o release promocional que a editora distribuiu para as livrarias virtuais.
Não faça como o inocente, aqui, que leu o livro sabendo, por tabela, tudinho o que rolou com Will, Lou e companhia limitada.
Mas apesar desse fiasco, percebi que o livro é bom. Porque mesmo com o festival de spoilers que literalmente me derrubou, consegui me emocionar. E muito. Ah! Ri bastante, também. Caramba! Como me surpreendi com a qualidade de escrita de Moyes, principalmente na composição dos diálogos. Conheço autores que são verdadeiros desastres na hora de ‘colocar palavras’ na boca de seus personagens. Tanto é que eles evitam ao máximo escreverem diálogos longos, optando mais pela descrição. E quando se arriscam a criar alguma ‘coisa’ mais comprida... Ohohohohoh!! A cobra fuma! Alguns passam verdadeiros vexames. E olha que tem gente famosa que tinha grandes dificuldades em escrever diálogos. Quer um exemplo? Ok, se segura aí na cadeira men: H.P. Lovecraft foi um deles. Verdade! Este escritor considerado uma verdadeira lenda se enrolava todo em seus diálogos. Antes que me esculhambar, já aviso que o dono dessa afirmação foi o mestre do terror, Stephen King, e não eu.
Pois é, Moyes é por demais competente na formação de diálogos. Eles são perfeitos. Ela demonstra muita segurança ao escrever páginas inteiras somente com trocas de palavras entre os personagens de seu romance.
Quanto ao enredo de “Como eu era antes de você”, mesmo sendo água com açúcar – aliás, qual história de amor não é? – agradou-me muito.
Nem mesmo os spoilers que tomei conhecimento antes de ler o livro, me impediram de se emocionar com a história de Lou e Will. A autora consegue fazer isso, graças aos diálogos perfeitos. É como se você estivesse, de maneira invisível, ao lado dos personagens presenciando as suas interações.
Não  cheguei a chorar como fiz ao ler as páginas finais de “Marina” do grande escritor espanhol Carlos Ruiz Zafón, mas garanto que me emocionei, sim.
Moyes conta a história de Louisa Clark, ou simplesmente Lou, uma garota de 26 anos sem muitas ambições. Ela mora com ao pais, a irmã solteira, o sobrinho pequeno e um avô que precisa de cuidados constantes desde que sofreu um derrame. Sua vidinha ainda inclui o trabalho como garçonete num café de sua pequena cidade – um emprego que não paga muito, mas ajuda com as despesas – e o namoro com um cara chato e arrogante ‘pra mais de metro’ chamado Patrick, um triatleta que não parece muito interessado nela. Não que ela se importe.
Quando o café fecha as portas, Lou é obrigada a procurar emprego. Sem muitas qualificações, consegue trabalho como cuidadora de um tetraplégico. Will Traynor tem 35 anos, é inteligente, rico e mal-humorado. Preso a uma cadeira de rodas depois de ter sido atropelado por uma moto, o antes ativo e esportista Will agora desconta toda a sua amargura em quem estiver por perto. Sua vida parece sem sentido e dolorosa demais para ser levada adiante. Obstinado, ele planeja com cuidado uma forma de acabar com esse sofrimento. Só não esperava que Lou aparecesse em sua vida. Entonce...
Recomendo a leitura. Muuuuito melhor do que “A Culpa é das Estrelas” e outras histórias de amor genéricas.

Inté!

2 comentários

  1. Li recentemente, concordo que os diálogos são bons, mas não considerei uma "história de amor" e nem me emocionei. Achei que foi muito mais uma jornada de autodescoberta e libertação, tanto da Lou como seus pai, sua irmã e os pais do Will, todos tinham algo que os incomodava e precisavam mudar.Também achei um pouco clichê o casal (apesar da paralisia).

    www.leiturudos.wix.com/blog

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  2. Isabelle, me emocionei um pouco sim, principalmente no derradeiro encontro entre Lou e Will na Suíça e durante a leitura da carta no final do romance. Mas isso é normal, cada leitor reage de maneiras diferentes quando leêm a mesma história. Concordo com você quando diz que o enredo de Jojo Moyes funciona como uma jornada de autodescoberta e libertação dos personagens principais, mas tbém acredito que funcione como uma história de amor.
    Obrigado pela sua interação.
    Volte sempre que puder. Será um prazer!
    Abcs!

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