Seis livros didáticos antigos de Português, História e Geografia que deixaram saudades

13 fevereiro 2022

Volta e meia lá estou eu com a minha nostalgia. Ela chega assim, meio que...  sem avisar. Nostalgia dos filmes que assistia no cinema em minha cidade e que hoje está fechado; nostalgia das peraltices que vivia com os meus amigos de infância; nostalgia das brincadeiras dançantes à base dos saudosos vitrolões e por aí afora. Neste final de semana bateu uma nostalgia danada dos meus tempos de infância quando frequentava o antigo Primeiro Grau. Assim, acabei me lembrando dos saudosos boletins em papel; daqueles em cartolina onde os professores colocavam as nossas notas em azul (ufa!!) ou em vermelho (vichiii!!) para que levássemos para casa com a promessa de mostrarmos aos nossos pais. 

Pois é, mas a nostalgia maior que bateu fundo foi aquela relacionada com os livros e cartilhas didáticas daquele tempo, ou seja, dos anos 60 e 70. Inclusive, já escrevi, no passado, uma postagem sobre elas (ver aqui), mas hoje quero postar algo mais seletivo, abordando apenas os materiais didáticos referentes à Língua Portuguesa, História e Geografia. Tive a ideia porque eu era um péssimo aluno em matemática, mas por outro lado, adorava Português, Geografia e História, fosse ela Geral ou do Brasil. Daí, a minha opção em fazer esse post direcionado apenas para esses livros.

E aí? Preparados para ingressar em nossa máquina do tempo? Então, se você viveu a sua infância ou adolescência nos anos 70 e adorava os livros didáticos daquela época, com certeza, irá adorar essa viagem.

01 - Método ABC– Ensino prático para aprender a ler

Começo a nossa lista com esta cartilha que deixou saudades em grande partes dos cinquentões ou sessentões de hoje. Método ABC – Ensino prático para aprender a ler foi uma cartilha destinada tanto às crianças, quanto aos adultos “analfabetos”, era um material de leitura, como o próprio nome esclarece, em que os alunos eram levados a decorar o alfabeto e cada página da cartilha, que era constantemente “tomada”, de acordo com uma sistematizada rotina.

A obra, apesar de compacta, com apenas 16 páginas, buscava levar os alfabetizandos à memorização do alfabeto, de sílabas e de algumas palavras. Era um material introdutório ou utilizado paralelamente a outros livros nas salas de alfabetização e propunha o ensino prático para o aprendizado da leitura.

Estava baseado no método alfabético, isto é, iniciava-se das partes menores (as letras), até se chegar às palavras. Desse modo, a obra era dividida em nove cartas que apresentavam uma sequência, supostamente, linear, inicialmente com reflexões simples, que tornavam-se mais complexas com o decorrer das lições. No entanto, antes de iniciar a primeira carta, as quatro páginas iniciais apresentavam o alfabeto em letra de imprensa maiúscula e em letra cursiva, as vogais e as consoantes minúsculas.

02 – Caminho Suave

Esta cartilha pode ser considerada antológica. Caminho Suave fez a cabeça de uma geração de professores e alunos dos anos 60 e comecinho da década de 70. 

Aprovado pela Comissão do Livro Didático do Departamento de Educação do Estado de São Paulo. A cartilha de Leitura era usada, geralmente, a partir do segundo ano primário. Aprovado pela Comissão Nacional do Livro didático. Caminho Suave foi um fenômeno de vendas no Brasil: calcula-se que todas edições, até a década de 1990, venderam 40 milhões de exemplares. Há um exemplar de edição bem posterior, dos anos de 1980, quando a cartilha foi modificada e vários exercícios foram incluídos.

Apesar de não ser mais o método "oficial" de alfabetização dos brasileiros, a cartilha idealizada pela educadora Branca Alves de Lima virou uma verdadeira coqueluche no ambiente escolar dos anos 60 e 70.

Foi observando a dificuldade de seus alunos, a maioria oriundos da zona rural, que a autora criou o método que ela própria denominou "alfabetização pela imagem". A letra "a" está inserida no corpo de uma abelha, a letra "b", na barriga de um bebê, o "f" fica instalado no corpo de uma faca, a letra "o", dentro de um ovo e assim por diante.

03 – Cartilha Sodré

A Cartilha de Alfabetização Sodré, criada por Benedicta Sthal Sodré, chegou a vender mais de 6 milhões de exemplares em suas 273 edições e, à exemplo de Caminho Suave, marcou uma geração de ‘leitores-estudantes’. 

Posso imaginar a nostalgia que todos aqueles que estão lendo essa postagem estão sentindo nesse momento. Principalmente você que teve a oportunidade de utilizar tal cartilha memorável que hoje em dia passou a valer muitos reais nos sebos.

A Cartilha Sodré era meio quadrada, mais curta e mais larga do que um livro-padrão. Na capa fosca e esverdeada, uma menina de tranças sorria pra gente e nos convidava à ventura das primeiras letras. Com poucas páginas, tinha o tamanho parecido ao das cadernetas que os donos de armazém marcavam as compras feitas no fiado pelos nossos pais ou então daqueles conhecidos almanaques de farmácia.

A autora, Benedicta Stahl Sodré, aparecia com letras miúdas na capa. Essa cartilha alcançou quase 300 edições e milhares de exemplares vendidos.

04 – Geografia do Brasil

A década de 60 foi marcada por uma forte presença dos livros de Aroldo  de Azevedo  produzidos  pela  companhia  Editora  Nacional.  Esse autor foi o responsável  por  uma  vasta  obra  didática de geografia, publicando  livros  pelas  décadas de  1940  1950  e  1960. Alguns desses livros foram considerados tão importantes que continuaram fazendo parte do currículo escolar na década de 70. Várias de suas obras didáticas, como Geografia do Brasil, chegaram à centésima edição.

O geografo Aroldo de Azevedo (1910-174) se formou pela Faculdade de Filosofia Ciências e Letras da USP. Ele foi um dos primeiros professores de Geografia em nosso País, além de renomado autor de livros didáticos.

05 – História do Brasil

Este livro escrito por Roberto Jorge Haddock Lobo fez parte da vida escolar de muitos alunos que cursaram o antigo ginasial no início dos anos 60. Há algum tempo atrás, fuçando uma velha estante que pertencia ao meu irmão mais velho descobri a publicação História do Brasil que traz a foto de um personagem histórico. 

A grande produção didática de Haddock Lobo pode ser explicada pela sua atuação como professor, tendo em vista que ele lecionou em faculdades particulares como o Mackenzie e foi, também, um dos fundadores da Faculdade de Economia, Finanças e Administração de São Paulo.

06 – Geografia Ativa – Estudos Sociais

Cara, que saudades dessa época. Eram os anos 70 quando eu cursava o antigo Primeiro Grau na saudosa Escola Industrial. Putz que saudades! Este livro didático fazia parte da grade curricular de Geografia com a professora Maria Ângela. Apesar do tempo, ainda me lembro muito bem.

O livro trazia impresso na capa o desenho de três garotos sobre uma espécie de plataforma - que na realidade, é o Palácio do Planalto - e que sobrevoava uma região do Brasil onde algumas máquinas trabalhavam na abertura de uma estrada. Esta obra escrita pela educadora Zoraide Victorello Beltrame  era uma das minhas preferidas.

A autora escreveu ainda em 1982, outro livro para o 2º Grau com os mesmos personagens chamado Geografia Ativa – As Regiões Brasileiras, mas o que marcou época, pelo menos pra mim, foi o livro do 1º Grau.

Taí pessoal; espero que essa viagem no tempo tenha agradado a todos os leitores que tiveram a felicidade de ter em mãos – nos seus tempos de estudantes – qualquer um desses livros didáticos.

 


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