Volta e meia lá estou eu com a minha nostalgia. Ela
chega assim, meio que... sem avisar.
Nostalgia dos filmes que assistia no cinema em minha cidade e que hoje está
fechado; nostalgia das peraltices que vivia com os meus amigos de infância;
nostalgia das brincadeiras dançantes à base dos saudosos vitrolões e por aí
afora. Neste final de semana bateu uma nostalgia danada dos meus tempos de
infância quando frequentava o antigo Primeiro Grau. Assim, acabei me lembrando
dos saudosos boletins em papel; daqueles em cartolina onde os professores
colocavam as nossas notas em azul (ufa!!) ou em vermelho (vichiii!!) para que
levássemos para casa com a promessa de mostrarmos aos nossos pais.
Pois é, mas a nostalgia maior que bateu fundo foi
aquela relacionada com os livros e cartilhas didáticas daquele tempo, ou seja,
dos anos 60 e 70. Inclusive, já escrevi, no passado, uma postagem sobre elas
(ver aqui), mas hoje quero postar algo mais seletivo, abordando apenas os
materiais didáticos referentes à Língua Portuguesa, História e Geografia. Tive a
ideia porque eu era um péssimo aluno em matemática, mas por outro lado, adorava
Português, Geografia e História, fosse ela Geral ou do Brasil. Daí, a minha
opção em fazer esse post direcionado apenas para esses livros.
E aí? Preparados para ingressar em nossa máquina do
tempo? Então, se você viveu a sua infância ou adolescência nos anos 70 e
adorava os livros didáticos daquela época, com certeza, irá adorar essa viagem.
01
- Método ABC– Ensino prático para aprender a ler
Começo a nossa lista com esta cartilha que deixou
saudades em grande partes dos cinquentões ou sessentões de hoje. Método ABC – Ensino prático para aprender a
ler foi uma cartilha destinada tanto às crianças, quanto aos adultos
“analfabetos”, era um material de leitura, como o próprio nome esclarece, em
que os alunos eram levados a decorar o alfabeto e cada página da cartilha, que
era constantemente “tomada”, de acordo com uma sistematizada rotina.
A obra, apesar de compacta, com apenas 16 páginas,
buscava levar os alfabetizandos à memorização do alfabeto, de sílabas e de
algumas palavras. Era um material introdutório ou utilizado paralelamente a
outros livros nas salas de alfabetização e propunha o ensino prático para o aprendizado
da leitura.
Estava baseado no método alfabético, isto é,
iniciava-se das partes menores (as letras), até se chegar às palavras. Desse
modo, a obra era dividida em nove cartas que apresentavam uma sequência,
supostamente, linear, inicialmente com reflexões simples, que tornavam-se mais
complexas com o decorrer das lições. No entanto, antes de iniciar a primeira
carta, as quatro páginas iniciais apresentavam o alfabeto em letra de imprensa
maiúscula e em letra cursiva, as vogais e as consoantes minúsculas.
02
– Caminho Suave
Esta cartilha pode ser considerada antológica. Caminho Suave fez a cabeça de uma
geração de professores e alunos dos anos 60 e comecinho da década de 70.
Aprovado pela Comissão do Livro Didático do
Departamento de Educação do Estado de São Paulo. A cartilha de Leitura era
usada, geralmente, a partir do segundo ano primário. Aprovado pela Comissão
Nacional do Livro didático. Caminho Suave
foi um fenômeno de vendas no Brasil: calcula-se que todas edições, até a década
de 1990, venderam 40 milhões de exemplares. Há um exemplar de edição bem
posterior, dos anos de 1980, quando a cartilha foi modificada e vários
exercícios foram incluídos.
Apesar de não ser mais o método "oficial" de
alfabetização dos brasileiros, a cartilha idealizada pela educadora Branca
Alves de Lima virou uma verdadeira coqueluche no ambiente escolar dos anos 60 e
70.
Foi observando a dificuldade de seus alunos, a maioria
oriundos da zona rural, que a autora criou o método que ela própria denominou
"alfabetização pela imagem". A letra "a" está inserida no
corpo de uma abelha, a letra "b", na barriga de um bebê, o
"f" fica instalado no corpo de uma faca, a letra "o",
dentro de um ovo e assim por diante.
03
– Cartilha Sodré
A Cartilha de
Alfabetização Sodré, criada por Benedicta Sthal Sodré, chegou a vender mais
de 6 milhões de exemplares em suas 273 edições e, à exemplo de Caminho Suave, marcou uma geração de
‘leitores-estudantes’.
Posso imaginar a nostalgia que todos aqueles que estão
lendo essa postagem estão sentindo nesse momento. Principalmente você que teve
a oportunidade de utilizar tal cartilha memorável que hoje em dia passou a
valer muitos reais nos sebos.
A Cartilha Sodré
era meio quadrada, mais curta e mais larga do que um livro-padrão. Na capa
fosca e esverdeada, uma menina de tranças sorria pra gente e nos convidava à
ventura das primeiras letras. Com poucas páginas, tinha o tamanho parecido ao
das cadernetas que os donos de armazém marcavam as compras feitas no fiado
pelos nossos pais ou então daqueles conhecidos almanaques de farmácia.
A autora, Benedicta Stahl Sodré, aparecia com letras
miúdas na capa. Essa cartilha alcançou quase 300 edições e milhares de
exemplares vendidos.
04
– Geografia do Brasil
A década de 60 foi marcada por uma forte presença dos
livros de Aroldo de Azevedo produzidos
pela companhia Editora
Nacional. Esse autor foi o responsável por
uma vasta obra
didática de geografia, publicando
livros pelas décadas de
1940 1950 e
1960. Alguns desses livros foram considerados tão importantes que
continuaram fazendo parte do currículo escolar na década de 70. Várias de suas
obras didáticas, como Geografia do Brasil,
chegaram à centésima edição.
O geografo Aroldo de Azevedo (1910-174) se formou pela
Faculdade de Filosofia Ciências e Letras da USP. Ele foi um dos primeiros
professores de Geografia em nosso País, além de renomado autor de livros
didáticos.
05
– História do Brasil
Este livro escrito por Roberto Jorge Haddock Lobo fez
parte da vida escolar de muitos alunos que cursaram o antigo ginasial no início
dos anos 60. Há algum tempo atrás, fuçando uma velha estante que pertencia ao
meu irmão mais velho descobri a publicação História
do Brasil que traz a foto de um personagem histórico.
A grande produção didática de Haddock Lobo pode ser
explicada pela sua atuação como professor, tendo em vista que ele lecionou em
faculdades particulares como o Mackenzie e foi, também, um dos fundadores da
Faculdade de Economia, Finanças e Administração de São Paulo.
06
– Geografia Ativa – Estudos Sociais
Cara, que saudades dessa época. Eram os anos 70 quando
eu cursava o antigo Primeiro Grau na saudosa Escola Industrial. Putz que
saudades! Este livro didático fazia parte da grade curricular de Geografia com
a professora Maria Ângela. Apesar do tempo, ainda me lembro muito bem.
O livro trazia impresso na capa o desenho de três
garotos sobre uma espécie de plataforma - que na realidade, é o Palácio do Planalto - e que sobrevoava uma região do Brasil
onde algumas máquinas trabalhavam na abertura de uma estrada. Esta obra escrita
pela educadora Zoraide Victorello Beltrame
era uma das minhas preferidas.
A autora escreveu ainda em 1982, outro livro para o 2º
Grau com os mesmos personagens chamado Geografia
Ativa – As Regiões Brasileiras, mas o que marcou época, pelo menos pra mim,
foi o livro do 1º Grau.
Taí pessoal; espero que essa viagem no tempo tenha
agradado a todos os leitores que tiveram a felicidade de ter em mãos – nos seus
tempos de estudantes – qualquer um desses livros didáticos.
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