Amigo Imaginário

17 fevereiro 2022

Antes de tudo, é um absurdo comparar o livro de Stepehn Chbosky com It de Stephen King. O motivo é bem simples: enquanto você devora com avidez as mais de 1.000 páginas de It, em Amigo Imaginário, você empaca e se não for persistente, acaba desistindo da leitura.

De fato, é uma pena, porque o plot da obra de Chobosky é muito bom. Expondo de uma maneira bem resumida, é a história de uma criança que tem o poder de vagar entre o mundo real e o mundo imaginário. Neste último, ele acaba encontrando um amigo – o tal ‘amigo imaginário’ - que o alerta de uma grande catástrofe que poderá ocorrer no mundo real caso, o garoto, não consiga impedir uma trama diabólica que vem sendo engendrada por uma entidade maligna que vive no mundo imaginário.

O problema é que o autor enche o enredo de linguiça; enrola muito, mas muito mesmo. Na minha opinião, se ele tivesse reduzido as mais de 750 para 350 ou 400, teria em mãos uma história incrível, perto da unanimidade e não um divisor de águas com uma parte dos leitores detestando e a outra adorando.

Além da história excessivamente longa, um outro problema ao qual ‘batizei’ de “poda de narrativa” contribui para deixar o enredo ainda mais cansativo, além de fazer com que o leitor vá perdendo, aos poucos, a paciência. “Poda de narrativa” – termo criado por mim – é aquele momento em que o enredo está perto do clímax e o autor opta por cortar abruptamente esse clímax pulando para um novo capítulo, diga-se de passagem, um capítulo bem morno. Esse capítulo do clímax que acendeu a curiosidade do leitor só volta depois de ‘uns’ três ou quatro capítulos desinteressantes, isso por causa da grande quantidade de personagens que fazem parte do enredo. Agora imagine só enfrentar toda essa agonia em mais de 750 páginas. Aliás, o enredo tem tantos desses capítulos anti-climax que a leitura entra numa espiral desgastante. 

É uma pena que o excesso de páginas de Amigo Imaginário matou a narrativa que tinha todos os elementos necessários para compor um plot fantástico, ou seja: ‘enredo-raiz’ e personagens muito bons, recheados com reviravoltas interessantes. Na minha opinião, até mesmo as referências religiosas que fazem parte da narrativa e que incomodaram alguns leitores, acabaram dando um toque especial ao livro. A reviravolta, perto do final, envolvendo um personagem importante do mundo imaginário é a prova disso.

Chbosky, poxa vida, bem que você poderia ter optado por uma narrativa mais enxuta.

 


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