Conhecem aquele filme famoso com o Bruce Willis e o
Samuel L. Jackson? Corpo Fechado? Nele, o personagem David Dunn, por algum
motivo misterioso, nasceu com o corpo completamente fechado – daí o título do
filme. Por causa da sua invulnerabilidade, o sujeito consegue escapar sem
nenhum arranhão de um grave acidente de trem. Aliás, no filme ele é o único
sobrevivente. Então, o personagem de Jackson tenta convencê-lo de que ele é um
super-herói de histórias em quadrinhos.
Pois é galera, acho que me pareço, um pouco, com David
Dunn, quer dizer, se levar em conta que até agora nunca tive o meu corpo
marcado por um bisturi. Verdade! Já ultrapassei cinco décadas e meia de vida e
o meu corpo continua lacradinho contra qualquer ataque cirúrgico, ou seja,
ainda não tive a oportunidade de conhecer uma sala de operações. Quer dizer...
até esta quarta-feira, dia 03.
Mas nesta noite, perto da véspera de partir para o
hospital e enfrentar a minha primeira cirurgia, me deu uma vontade enorme de
“conversar” com vocês que acompanham o blog frequentemente. Bater um papo,
falar sobre as minhas expectativas, os meus receios e convicções, enfim, me
abrir um pouco. Acho que, assim, vou me sentir melhor.
Pois é, há quatro meses, quando descobri que tinha uma
fistula perianal, comecei a pesquisar sobre o assunto, além de ver no Youtube
alguns depoimentos de pacientes recentemente operados. PQP! Tinha cara que
chorava, gemia, gritava, berrava, afirmando que o processo de recuperação
estava sendo trash. Teve um sujeito que só faltou excomungar o médico, o
hospital e a até mesmo a própria fístula operada. O engraçado é que esse cara
xingava todo mundo sentado completamente torto na cadeira, já que não podia se
acomodar corretamente por causa do buraco que haviam feito entre as suas
nádegas e o ânus para extrair a fístula cruel. “Esta mardita ficou pior depois
que mexeram!!” – esbravejava o homem, exortando todos aqueles que assistiam ao vídeo,
a fugirem do ato cirúrgico. “Putz, é desse estímulo que eu precisava”, disse
para mim mesmo, após xingar o cara de vários nomes. Xinguei mesmo, mas depois
fiquei com remorso, pois pensei no seu sofrimento.
Outros ‘corvões’ cruzaram o meu caminho procurando
“levantar o meu estado de espírito”. Um deles foi o pedreiro que trabalhava em
minha casa. - Sêo Moreira, o senhor vai
operar de fístula anal? – disse ele.
- Vou sim, preciso.
- Vichii... – respondeu. É, somente isto: Vichii. E será
que precisava mais alguma coisa?
Mas o tal pedreiro ainda não satisfeito, preferiu dar
o golpe de misericórdia:
– Dizem que a dor é desgraçada de ruim e ainda fica um
buracão no ‘forever’ – isso mesmo, ele disse ‘forever’ - que demora um dedéu de
tempo pra fecha.
– Valeu pela força ‘doutor’ Nestor. Agora, deixe a
minha fístula em paz e vai operar as suas paredes e os seus concretos. – disse a
ele.
Os únicos que estão me dando força nesse momento é a
minha esposa e o meu médico. Lulu vive me dizendo para não prestar atenção
“nessas conversas” já que cada caso é um caso, e no meu, trata-se de uma
fístula superficial.
Quanto ao meu médico, Dr, Dráusio, ele diz que a
cirurgia é muito simples e bem menos dolorida do que uma operação de
hemorroidas.
– Moreira, criaram uma mitologia em cima das
intervenções cirúrgicas de fístulas perianais, e na realidade não é nada disso
do que dizem. A impressão que fica é que o pós-operatório é um martírio. Nada a
ver... menos, né – disse ele.
Estimulado por essas palavras, criei coragem e encarei
novamente os vídeos do Youtube. E bingo!! Bingo!!! Encontrei uma boa alma
revelando que fez a cirurgia, há quatro dias, e está passando super bem e sem
dor. Gritei um vivaaaaaaaaaaaaaaaa!!! Mas foi um viva que mais pareceu um grito
de gol, pois o amado sujeito desmistificou todos os tiros de fuzis que foram
disparados em meu corpo outrora fechado. O sujeito que já considero o ‘meu
melhor amigo do YouTube’ disse que não ficou com nenhuma sequela, incluindo a
temível incontinência fecal, não sente dor e a recuperação está indo de vento
em popa.
Galera, devo ser operado nesta quarta-feira, dia 3, e
peço que rezem por mim. Me desculpem os ateus, mas acredito muito em Deus, em
Maria e também nos santos anjos. Sei que estarei em boa companhia quando o meu
‘corpito’ receber o corte de sua cirurgia de estréia. A anestesia será a
raquidiana, mas acredito que eles me darão, também, um sedativo para que me
desligue desse mundo, temporariamente.
Não estou com medo da cirurgia, fico apenas um pouco
“assim e assim” – garanto que é um “assim e assim” pequeno, principalmente
depois que conheci o meu “melhor amigo do YouTube´ com o seu fantástico
depoimentoo. O meu médico disse que após fazer a abertura e a curetagem do
trajeto fistuloso, não é possível dar pontos e por isso o buraco fica aberto
com a cicatrização ocorrendo de dentro para fora. Esta cicatrização pode demorar
até dois meses.
Peço a compreensão da galera, porque dependendo do
grau da minha recuperação, talvez tenha que desacelerar a periodicidade das
postagens no blog nestes 30 ou 60 dias. Apenas talvez, não sei ainda. Vamos
esperar o andar da carruagem.
Bye!
Uhauuu! Como foi bom ‘conversar’ com todos vocês que
acessaram esse post.
Torçam por mim!
Inté depois da cirurgia!
4 comentários
Oi, Jam!
ResponderExcluirFica bem tranquilo que vai correr tudo bem!
Cada paciente se recupera de e
uma forma, tenho certeza que sua recuperação vai ser rápida e indolor.
Uma abraço e fica bem,
Joelma.
Obrigado Joelma,
ResponderExcluirSe Deus quiser vai dar tudo certo :)
Infelizmente vi o post só nesse sábado, Jam!
ResponderExcluirEspero que a cirurgia tenha ocorrido bem, assim como espero que esteja sendo tranquilo o período pós operatório.
Estamos todos torcendo por você! Tente descansar bastante (na companhia de livros!) e mande notícias quando puder!
Abcs
Obrigado por se preocupar meu amigo.
ExcluirEstou me recuperando bem, graças a Deus. Não sinto dores, apenas alguns transtornos comuns nesse tipo de cirurgia. Até consegui escrever um post, agora mesmo. Dê uma conferida. Quanto aos livros, estão aqui do meu lado.
Grande abraço!!