10 escritores que detestaram a adaptação de seus livros para o cinema

25 julho 2019

Há alguns dias, li uma entrevista de Stephen King que me chamou a atenção. Perguntaram o que ele achava da adaptação cinematográfica de “It”. O autor derramou elogios para o filme. Então, o repórter da revista (não me lembro o nome do periódico) aproveitou o embalo e fez a mesma pergunta, mas com relação a um outro filme: O Iluminado. Vicheeee!! King detonou a adaptação e disse que a odiou. O curioso é que a produção dirigida por Stanley Kubrick foi um sucesso de público e crítica, menos para King que foi o autor do livro.
Após ler essa entrevista, tive a ideia de escrever um post sobre autores que odiaram a versão de seus filmes para o cinema. E olha que são muitos! Portanto, vamos conferir 10 filmes baseados em livros que por muito pouco não provocaram um ataque de nervos em seus autores. Vamos à eles!
01 – Stephen King (O Iluminado)
O filme de Stanley Kubrick lançado em 1980 foi aclamado pela crítica e muito elogiado pelo público, mas mesmo assim, Stephen King odiou a adaptação de seu livro para as telas. 
Segundo o New York Daily News, King disse que não gostou de Jack Nicholson como Jack Torrance, personagem pelo qual o ator é sempre lembrado. Segundo o escritor, Nicholson já interpretava um louco mesmo antes do protagonista se tornar um. Na opinião de King, Stanley Kubrick fez um filme visualmente bonito, mas que não tem nada a ver com o terror e os aspectos sobrenaturais que ele narrou em seu livro, começando pelo Hotel Overlook que no enredo literário é o verdadeiro vilão, já no filme, ele perde grande parte da sua aura maléfica.
King também criticou a personagem Wendy – esposa de Jack Torrance – vivida pela atriz Shelley Duvall que só gritou no filme. O autor explicou que criou uma personagem forte e que encarava qualquer perigo para defender o filho, por sua vez, na produção de Kubrick, Wendy é uma mulher fraca, submissa e medrosa.
Em entrevista à revista Writers Digest, o mestre do terror disse que assistir a um formigueiro por 3 horas é mais emocionante do que o filme de Kubrick e que esta é a única adaptação de seus livros que ele se lembra de ter odiado.
02 – Bret Easton Ellis (Psicopata Americano)
O livro de Bret Easton Ellis foi publicado em 1991 e o filme baseado na obra só seria lançado em 2000.  Christian Bale foi muito elogiado pelo seu trabalho como o jovem executivo Patrick Bateman que tem uma segunda vida como um horrível assassino em série durante a noite.
Apesar da boa aceitação nas telonas, Ellis não gostou da adaptação. Segundo ele, o seu livro jamais deveria ter se transformado em filme. O próprio autor exlica: “eu acho que o problema com ‘Psicopata Americano’ é que a obra foi concebida como um romance, um trabalho literário, centrado em um narrador pouco confiável e o filme é um tipo de mídia que exige respostas. Por mais ambíguo que você seja [na realização de um filme], não importa, você sempre estará buscando respostas, uma resposta visual. E eu não acho que ‘Psicopata Americano' é mais interessante, particularmente, se você sabe que ele de fato agiu ou se aquilo não aconteceu apenas na cabeça dele. Acho que a resposta a essa pergunta torna o livro infinitamente menos interessante”. Taí.
03 – Milan Kundera (A Insustentável Leveza do Ser)
Milan Kundera odiou tanto a adaptação de sua obra “A Insustentável Leveza do Ser, feita por Philip Kaufman, que chegou a proibir que outros de seus livros sejam transformados em roteiros cinematográficos. Mas se Kundera não aprovou, o público amou.
O filme lançado em 1988 foi indicado para o Globo de Ouro - um dos principais prêmios do cinema – na categoria ‘Melhor Filme’. “A Insustentável Leveza do Ser” conta a história de Thomas (Daniel Day- Lewis), um neurocirurgião, que seduz metade das mulheres de Praga, mas não quer se envolver com nenhuma. Até que aparece Tereza (Juliette Binoche) com a sua inocência perturbadora. O ‘Don Juan’ Thomas acaba caindo em sua própria armadilha.
O filme fez muito sucesso na época, apesar de Kundera detestá-lo.
04 – Winston Groom (Forrest Gump)
Nem mesmo as seis estatuetas do Oscar, incluindo os de melhor filme e melhor ator conseguiram mudar a opinião de Winston Groom com relação a adaptação cinematográfica de seu livro Forrest Gump.
Pois é, Groom não gostou da interpretação de Tom Hanks e, segundo o New York Times, preferia que o ator John Goodman interpretasse Forrest nos cinemas. O autor ainda disse que a adaptação poliu o personagem, retirando as partes mais profanas do livro para deixá-lo mais aceitável aos olhos do público.
Em 1995, Groom escreveu a continuação do livro Gump & Co. A primeira frase desta segunda obra é: “Nunca deixe alguém fazer um filme sobre a sua história”. Ehehehe... já deu pra perceber que ele não gostou nem um pouquinho do Gump dos cinemas.
05 – Anthony Burgess (Laranja Mecânica)
Bem antes de ter desagradado Stephen King com a adaptação de “O Iluminado” em 1980, o cineasta Stanley Kubrick já havia irritado o escritor Anthony Burgess com uma mexida ‘não muito legal’ em seu romance Laranja Mecânica. Na opinião de Burgess o filme de 1971 não foi nada bom, nada bom.
De acordo com a revista Mental Floss, o autor disse o seguinte sobre o filme: “O livro pelo qual eu sou mais conhecido, ou conhecido apenas por ele, foi reduzido a uma glorificação da violência e do sexo. O filme tornou fácil para as pessoas não entenderem sobre o que o livro se trata, e este mal-entendido vai me perseguir até a minha morte”.
Carácolas! Ele detestou, de fato, a adaptação de seu livro feita por Kubrick.
06 – Anne Rice (Entrevista com o Vampiro)
Entrevista com Vampiro foi dirigido por Neil Jordan e o roteiro ficou a cargo da própria Anne Rice. A princípio, a autora desejava que seu protagonista fosse interpretado por Rutger Hauer, o que não aconteceu, já que os produtores acabaram escolhendo Tom Cruise, e Rice não gostou nada da escolha. Inclusive, chegou a disser que não haveria elenco mais bizarro para a sua obra.
Vale lembrar que a adaptação cinematográfica de “Entrevista com o Vampiro” reuniu em 1994, alguns dos maiores galãs da década de 90, entre eles: Tom Cruise, Brad Pitt e Antônio Banderas.
Com relação a Cruise, a autora explicou que ele não daria toda a profundidade necessária ao personagem com a sua atuação. Porém, após a estreia do filme, voltou atrás no comentário e elogiou o ator. 
“Eu achei que o Tom Cruise fez um trabalho excelente no filme. Ele tentou capturar a beleza e o espírito de Lestat”. Mas no início, ela não pensava bem assim.
07 – Michael Ende (História Sem Fim)
Este filme que está guardado no coração dos adolescentes dos anos 80 teve uma gravação muito tumultuada. Michael Ende, autor do livro “História Sem Fim”, inicialmente, estava participando da produção, escrevendo o roteiro da trama, mas quando terminou, o estúdio não gostou do que tinha visto e chamou outro roteirista para reescrever o texto. Pimba! Esta decisão administrativa foi o início do estopim. Segundo Ende, o novo roteiro do filme tirou toda a essência da obra, e a transformava em algo melodramático e comercial”. O autor ficou tão irritado com todas essas mudanças, que tentou barrar a produção, e impedir que o filme fosse lançado.
Quando ele não conseguiu, levou o caso para a justiça, mas acabou sendo derrotado. Ende detestou tanto a releitura de seu romance que exigiu que que seu nome fosse tirado da produção.
08 – Richard Matheson (Eu Sou a Lenda)
Richard Matheson que escreveu “Eu Sou a Lenda” em 1954 não aprovou  nenhum dos três filmes baseados em sua obra. Ele afirmou que todos eles descaracterizaram a história original, principalmente o final “estranho” da produção mais recente com Will Smith.
“Mortos que Matam” (1964), apesar de ser fiel ao enredo do autor teve falhas de direção e de elenco grotescas que “assassinaram” a produção. Já “A Última Esperança da Terra” (1971) mudou tudo o que Matheson escreveu, o deixando furioso. E finalmente, “Eu Sou a Lenda” (2007) aniquilou o final do livro, mudando inteiramente a sua essência. Nem é preciso dizer que Matheson também cuspiu marimbondos.
09 – Roald Dhal (A Fantástica Fábrica de Chocolate)
Roald Dahl ficou decepcionado com o filme “A Fantástica Fábrica de Chocolate” baseado em seu grande sucesso literário. Apesar de ter escrito partes do roteiro do filme de 1971, ele não aprovou a versão final. Segundo a BBC, Dahl não gostou que o foco da história passou para o personagem Willy Wonka ao invés do garoto Charlie, o verdadeiro protagonista do livro. Até o título original do filme foi alterado de “Charlie and the Chocolate Factory” para “Willy Wonka and the Chocolate Factory”. Segundo a BBC, o filme foi patrocinado pela Quaker que estava lançando os chocolates Wonka na época.
A decepção de Dahl foi tão grande que ele não deixou que a continuação da história, “Charlie e o Grande Elevador de Vidro”, virasse outro filme. O autor também proibiu outras versões da Fantástica Fábrica de Chocolate.
Somente após sua morte, em 1990, é que começaram as negociações para um novo filme, que foi lançado em 2005 e produzido por Tim Burton.
10 – Lauren Weisenberger (O Diabo Veste Prada)
A escritora norte americana, Lauren Weisenberger pode até ter dito em algumas entrevistas que gostou da adaptação para os cinemas de seu livros, mas no fundo ela ficou decepcionada. Tudo por causa da personagem Miranda Priestly que teve a sua personalidade distorcida no filme. Priestly, interpretada pela atriz Meryl Streep, pode ser considerada uma das personagens mais icônicas do cinema contemporâneo, virando, até mesmo, uma referência quando o assunto é patrão chato, mas apesar disso, não agradou Weisenberger, não agradou; mesmo.
Palavras da autora em entrevista ao site Cosmopolitan UK: “Não gostei que eles humanizaram tanto a Miranda. Entendo que Meryl Streep queria fazer uma personagem tridimensional, porque ela é o maior talento que conhecemos, mas eu tive dificuldades de imaginar Miranda Priestly chorando em um quarto de hotel ou trocando confidencias com a Andy. Eu fiquei ‘Oh, ela tá chorando? Eu acho que não!”.
Tai galera, por hoje é só.

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