Já ocorreu alguém lhe contar uma piada engraçada, mas tão
engraçada que após ouvi-la, você acaba perdendo o controle sobre ela? Pêra aí,
acho que me expressei mal. O que eu quis dizer é que existem situações tão
engraçadas em nossas vidas – incluindo aquela piadinha infame contada por um
amigo mais infame ainda – que insistem em permanecer na nossa memória. Pior do
que isso; essas tais recordações se afloram quando menos esperamos e nos
momentos mais impróprios. Por exemplo, você está expondo um tema seríssimo,
como convidado especial, numa mesa redonda
e então, de repente, “bomba” em sua mente a cena daquele tombo engraçado
de um amigo ou então a piada ultra-infame que lhe contaram há algum tempo.
Essas lembranças emergem em sua cabeça com uma rapidez avassaladora, com a
velocidade da luz e então... e então... Ahahahahha!!! No meio de sua exposição
e para o espanto de todos os presentes, você solta aquela sonora gargalhada. E pimba!
Sua palestra vai para o brejo e você acaba pagando o maior mico de toda a sua
vida profissional.
Pois é, você que lê esse post, agora, pode acreditar que essa
cena inusitada aconteceu comigo. E tudo por culpa de um livro que tinha acabado
de ler há menos de uma semana. Aliás, culpa de uma única passagem desse livro.
Não estava participando de nenhuma mesa redonda e tampouco
expondo algum assunto importante; a pobre vítima aqui, estava apresentando o
noticiário principal de um dos núcleos de uma rede de rádio. E justamente no
momento em que comentava um homicídio brutal ocorrido na região, começou a sair
do fundo das entranhas dos meus neurônios, o capítulo do... do pum’ ... É!! Do
peido! Pronto! Enrolei, enrolei e acabei falando em letras claras e garrafais.
Que me perdoem as mais puritanas, mas a palavra chula já saiu. Portanto, não
vejo problema nenhum em repeti-la; então lá vai: o trecho do peido que o
Forrest soltou durante uma partida de xadrez com o “Honesto Ivan” num salão de
eventos completamente lotado. Cara! Esse momento foi gostosamente hilariante!
Foi o chamado pum “rasga mortalha” ou “torpedeiro”. Daqueles que abalam todas
as estruturas físicas e psíquicas. Digno daquele tradicional grito das festas
de pões: “Seguraaaaa, porque o chão vai tremer!!!” Foi um desses ‘puns’ que o
Forrest soltou e que acabou por nocautear o seu adversário no exato momento em
que ele estava pronto para dar o xeque-mate.
Taí! Foi esta passagem do livro “Forrest Gump – O Contador de
Histórias”, de Winston Groom que também acabou me nocauteando na hora mais
imprópria de toda a minha vida. No momento em que eu não poderia jamais dar o
mínimo sorriso. Mas sei lá, aconteceu. Nem mesmo agora, quando escrevo esse
post, consigo ficar livre da imagem que a minha mente criou em cima do trecho
brilhantemente escrito por Groom. Se você pudesse ver a minha cara, agora, iria
rachar de rir. Meu amigo!! Eu estou digitando essas linhas e rindo como um
louco! Não só por causa do pum do Forrest, mas também por muitos outros foras
do Forrest registrados no livro.
E ‘aquela’ em que o presidente dos Estados Unidos pergunta ao
Forrest onde ele foi ferido na Guerra do Vietnã e ele, inocentemente, abaixa as
calças e a cueca vira as nádegas na cara do presidente e responde apontando o
dedo para a cicatriz na “poupança”: “- Aqui oh!!”
Mas nem todos os foras são do protagonista da história.
Muitas ‘distrações’ – digamos assim – são de ‘autoria’ coletiva, como por
exemplo, o momento em que toda a China pára para ver o líder comunista e
revolucionário, Mao Tsé-Tung – já velho, com mais de 80 anos e com uma pança de
dar medo – fazer uma aparição pública bem diferente. Ele iria entrar num rio e
nadar publicamente. O dirigente chinês entrou na água e todo mundo começou a
bater fotos e fazer festa. Bem, agora seguem as palavras de Forrest que
presenciou o fato: “Ele tava na metade da travessia do rio quando parou e
ergueu a mão, acenando pra gente. Todos mundo acenou de volta. Um minuto
depois, ele acenou de novo e todos acenaram de volta. Pouco tempo depois o
dirigente Mao acenou mais uma vez e todos responderam ao aceno com um sorriso
bem largo e feliz”...
Gente, tudo seria normal se na realidade o velho dirigente
chinês não estivesse se afogando!!!! Ele não estava acenando, mas pedindo pelo
amor de Deus que alguém lhe ajudasse a sair da água juntamente com a sua
pança!! E Forrest fez isso. Ele mergulhou de maneira corajosa no rio e lá foi o
nosso herói. Herói?. Bem, você não imagina o fóra homérico que Forrest cometeu
ao mergulhar naquele rio!!! Resultado: mais gargalhadas para os leitores.
É por essa e muitas outras passagens que não considero o
livro de Groom, uma obra dramática. Aliás, um dos motivos que me fez procurar
de maneira desesperada essa obra, foi por imaginá-la ser bem dramática. Sei lá,
estava a fim de ver o mundo pela ótica de uma pessoa especial como Forrest.
Então, quando começo a ler, pronto... chegam as risadas. Parei e disse: -“Pera
aí; cadê o drama??!! Você quer mesmo saber? Pois bem, o drama estava só no
final do livro. No finalzinho mesmo; quando Forrest ... Bem, deixa pra lá,
seria sacanagem de minha parte dar pistas desse final que realmente emociona o
leitor. Mas de resto, risadas, gargalhadas e mais gargalhadas.
Talvez por essa quebra de expectativa não tenha gostado muito
do livro, mesmo porque estava à procura, naquele momento de uma história que se
encaixasse no gênero drama. Mas, com certeza, se você estiver a fim de um
enredo leve, para dar uma desestressada irá adorar “Forrest Gump – O Contador
de Histórias”. E olha que já adianto que o Forrest do livro é bem diferente do
Forrest do cinema. O personagem das páginas é mais maroto, mais ácido do que o
Forrest “inocentão” das telas.
E não se preocupe se você já assistiu ao filme. O enredo do
livro fica a quilômetros de distância da produção cinematográfica. Muito
diferente.
Enfim; fica a dica de leitura para aqueles que quiserem
esfriar a cabeça, lendo algo leve e
divertido, com uma ‘pontona’ de drama somente nas últimas páginas.
É isso aí pessoal!
5 comentários
O livro é muito engraçado, mas eu vi o filme primeiro (que eu acho melhor que o livro), então fiquei com a imagem fixa do Tom Hanks na cabeça oque é uma pena, já que não consegui imaginar o Forrest obeso, uma perda, infelizmente.
ResponderExcluirEntão Otávio, tbém achei o filme melhor... mais sério e dramático, até. Qto as diferenças entre os personagens das telas e dos livros, como escrevi no post, nem se discute... desde as atitudes até a aparencia; muda tudo.
ExcluirAbcs!
olá, gostaria de saber quantas paginas tem o livro
ResponderExcluirA edição lançada pela Rocco em 1995 tem 195 páginas.
ExcluirGostei mil vezes mais do livro, tem muita crítica à guerra que o filme, logicamente não faz. A personagem Jenny foi totalmente alterada no filme, já o seu papel no livro é bem mais interessante
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