Uma das editoras que mais admiro pelas suas
excelentes obras investigativas é a Geração Editoral. Obras como “HolocaustoBrasileiro” e “A Praga” podem ser consideradas verdadeiras jóias raras do
jornalismo de investigação. A primeira jóia que citei retrata os maus tratos a
pacientes de um dos maiores e mais conhecidos manicômios que existiu no País e a segunda, resgata o drama enfrentado por
milhares de brasileiros portadores de hanseníase que eram forçados - por lei
federal - a viverem em leprosários,
longe da família e sem nenhuma esperança de cura. Daniela Arbex e Manuela
Castro arrebentaram a boca do balão nesses dois livros-reportagem.
Agora, recentemente, a Geração Editorial acabou de
lançar a sua terceira jóia rara do jornalismo investigativo: “Rio Sem Lei”. O
subtítulo do livro - “Como o Rio de Janeiro se transformou num estado sob o
domínio de organizações criminosas, da barbárie e da corrupção política”- já
revela grande parte da essência de seu
conteúdo. E aqui vale frisar a coragem de Hudson Corrêa e Diana Brito que foram
a fundo nas investigações. Cara para escrever um livro com essas
características, rebuscando os meandros da corrupção política, dos milicianos,
da máfia dos jogos e do tráfico de drogas - quebrando ao meio aquela antiga
máxima de que ‘bandido não se mistura com polícia’ – é preciso ter muita
coragem e determinação. Na realidade, para trazer à tona aos seus leitores as
revelações bombásticas do submundo do crime no Rio, Hudson e Brito,
ex-jornalistas da Folha de S.Paulo, enfiaram as mãos num verdadeiro vespeiro; o
que só fez aumentar ainda mais a minha admiração profissional por eles.
A obra é um relato jornalístico do processo que
levou o estado do Rio a ser tomado pela violência, por organizações criminosas
e pela corrupção política, formando um
poder paralelo que intimida e
elimina quem atravessa no seu caminho. Entre as vítimas estão a juíza Patrícia Acioli,
assassinada com 21 tiros na porta de casa, em 2011, e a vereadora Marielle
Franco, executada com quatro tiros na cabeça, em 2018. O que já era uma guerra
civil se transforma agora em conflito militar inédito na história do país. Pela
primeira vez, desde a Constituição de 1988, houve intervenção das Forças
Armadas na segurança pública de um estado. Ancorado em minuciosa investigação
jornalística, esse livro revela como o Rio chegou a situação tão extrema.
Confesso que estou hiper-curioso para ler “Rio Sem
Lei” que ao que tudo indica promete ser uma leitura fantástica. Tomara que não
demore.
Torço pela oportunidade de resenhá-lo por aqui.
Inté.
Detalhes
Técnicos
Título:
Rio Sem Lei: Como o Rio de Janeiro se
transformou num estado sob o domínio de organizações criminosas, da barbárie e
da corrupção política
Editora:
Geração Editorial
Páginas:
312
Acabamento:
Brochura
Edição:
1ª
Ano:
2018
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