“Rio Sem Lei”, dos jornalistas Hudson Correa e Diana Brito, revelam os meandros da criminalidade e do poder paralelo no estado carioca

03 julho 2018

Uma das editoras que mais admiro pelas suas excelentes obras investigativas é a Geração Editoral. Obras como “HolocaustoBrasileiro” e “A Praga” podem ser consideradas verdadeiras jóias raras do jornalismo de investigação. A primeira jóia que citei retrata os maus tratos a pacientes de um dos maiores e mais conhecidos manicômios que existiu no País e  a segunda, resgata o drama enfrentado por milhares de brasileiros portadores de hanseníase que eram forçados - por lei federal -  a viverem em leprosários, longe da família e sem nenhuma esperança de cura. Daniela Arbex e Manuela Castro arrebentaram a boca do balão nesses dois livros-reportagem.
Agora, recentemente, a Geração Editorial acabou de lançar a sua terceira jóia rara do jornalismo investigativo: “Rio Sem Lei”. O subtítulo do livro - “Como o Rio de Janeiro se transformou num estado sob o domínio de organizações criminosas, da barbárie e da corrupção política”- já revela grande parte da essência de  seu conteúdo. E aqui vale frisar a coragem de Hudson Corrêa e Diana Brito que foram a fundo nas investigações. Cara para escrever um livro com essas características, rebuscando os meandros da corrupção política, dos milicianos, da máfia dos jogos e do tráfico de drogas - quebrando ao meio aquela antiga máxima de que ‘bandido não se mistura com polícia’ – é preciso ter muita coragem e determinação. Na realidade, para trazer à tona aos seus leitores as revelações bombásticas do submundo do crime no Rio, Hudson e Brito, ex-jornalistas da Folha de S.Paulo, enfiaram as mãos num verdadeiro vespeiro; o que só fez aumentar ainda mais a minha admiração profissional por eles.
A obra é um relato jornalístico do processo que levou o estado do Rio a ser tomado pela violência, por organizações criminosas e pela corrupção política, formando um  poder paralelo que  intimida e elimina quem atravessa no seu caminho. Entre as vítimas estão a juíza Patrícia Acioli, assassinada com 21 tiros na porta de casa, em 2011, e a vereadora Marielle Franco, executada com quatro tiros na cabeça, em 2018. O que já era uma guerra civil se transforma agora em conflito militar inédito na história do país. Pela primeira vez, desde a Constituição de 1988, houve intervenção das Forças Armadas na segurança pública de um estado. Ancorado em minuciosa investigação jornalística, esse livro revela como o Rio chegou a situação tão extrema.
Confesso que estou hiper-curioso para ler “Rio Sem Lei” que ao que tudo indica promete ser uma leitura fantástica. Tomara que não demore.
Torço pela oportunidade de resenhá-lo por aqui.
Inté.

Detalhes Técnicos
Título: Rio Sem Lei: Como o Rio de Janeiro se transformou num estado sob o domínio de organizações criminosas, da barbárie e da corrupção política
Editora: Geração Editorial
Páginas: 312
Acabamento: Brochura
Edição: 1ª
Ano: 2018

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