A Grande Ilusão

21 maio 2023

Há livros cujos enredos te embaçam, enrolam, enfim, jogam os leitores num poço profundo de divagações. E quando a leitura já está um saco, desacelerando o nosso prazer, eis que nos últimos capítulos a história sofre aquele “boom” - como se estivesse numa UTI quase nas últimas e perto de sucumbir, de repente, recebe uma injeção de adrenalina voltando à vida. Deixando, ou melhor não deixando, a semântica de lado, acredito que essa é a melhor definição para A Grande Ilusão de Harlan Coben, obra que está bombando no Skoob, recebendo rasgados elogios, e que já vendeu mais de 75 milhões de exemplares em todo o mundo.

Logo no início, Coben joga no colo do leitor um plot fodástico com o poder de fisgar e prender a nossa atenção, mas com o virar das páginas esse plot vai se diluindo por causa das divagações do autor. A impressão que fica é que Coben tinha nas mãos um enredo excelente, mas... com o fôlego curto,  por isso precisava encher linguiça para que o livro não ficasse com um número de páginas abaixo do proposto. Juro que fiquei com essa impressão.

O detalhismo na descrição de várias cenas cansa o leitor. Por exemplo, as minucias na descrição de como se limpa uma arma ou então os diálogos com temas secundários e sem interesse entre alguns personagens. Tudo isso faz com que os leitores fiquem displicentes ao longo da leitura. Mas, então, vem aqueles capítulos finais que deixam a galera elétrica, não lendo mas devorando as páginas.

Explicando tudo isso na prática, basta dizer que demorei mais de uma semana para ler grande parte do livro – tipo, leitura a conta gotas – por outro lado, quando a história estava perto do final, eu não conseguia largar o livro por nada nesse mundo.

A Grande Ilusão narra a saga de Maya Stern, uma ex-piloto de operações especiais do exército americano que voltou recentemente da guerra. Um dia, ela vê uma imagem impensável capturada pela câmera escondida em sua casa: a filha de 2 anos brincando com Joe, seu falecido marido, brutalmente assassinado duas semanas antes.

Tentando manter a sanidade, Maya começa a investigar, mas todas as descobertas só levantam mais dúvidas. E é, justamente, a partir desse momento que começa a encheção de linguiça. As investigações de Maya, no início, são muito improdutivas e sem surpresas para os leitores. A ausência de plots twists, por menores que sejam, acabam empacando a história. Coben só começa a abrir a “torneira dos plot twists” nos últimos capítulos quando a personagem começa a desvendar os segredos desse mistério: estaria o seu marido morto, de fato, ou não?

Conforme os dias passam, Maya percebe que não sabe mais em quem confiar, até que se vê diante da mais importante pergunta: é possível acreditar em tudo o que vemos com os próprios olhos, mesmo quando é algo que desejamos desesperadamente?

Após vocês terem lido essa resenha, imagino que a pergunta que fica no ar é a seguinte: “Afinal, vale a pena a leitura de A Grande Ilusão? Sim, vale; mas desde que você tenha paciência com a enrolação que caracteriza grande parte da história. ‘Digo’ isso porque os capítulos finais são frenéticos e com um plot final incrível.

 

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