Há livros cujos enredos te embaçam, enrolam, enfim,
jogam os leitores num poço profundo de divagações. E quando a leitura já está
um saco, desacelerando o nosso prazer, eis que nos últimos capítulos a história
sofre aquele “boom” - como se estivesse numa UTI quase nas últimas e perto de
sucumbir, de repente, recebe uma injeção de adrenalina voltando à vida.
Deixando, ou melhor não deixando, a semântica de lado, acredito que essa é a
melhor definição para A Grande Ilusão
de Harlan Coben, obra que está bombando no Skoob, recebendo rasgados elogios, e
que já vendeu mais de 75 milhões de exemplares em todo o mundo.
Logo no início, Coben joga no colo do leitor um plot
fodástico com o poder de fisgar e prender a nossa atenção, mas com o virar das
páginas esse plot vai se diluindo por causa das divagações do autor. A
impressão que fica é que Coben tinha nas mãos um enredo excelente, mas... com o
fôlego curto, por isso precisava encher
linguiça para que o livro não ficasse com um número de páginas abaixo do
proposto. Juro que fiquei com essa impressão.
O detalhismo na descrição de várias cenas cansa o
leitor. Por exemplo, as minucias na descrição de como se limpa uma arma ou
então os diálogos com temas secundários e sem interesse entre alguns
personagens. Tudo isso faz com que os leitores fiquem displicentes ao longo da
leitura. Mas, então, vem aqueles capítulos finais que deixam a galera elétrica,
não lendo mas devorando as páginas.
Explicando tudo isso na prática, basta dizer que
demorei mais de uma semana para ler grande parte do livro – tipo, leitura a
conta gotas – por outro lado, quando a história estava perto do final, eu não
conseguia largar o livro por nada nesse mundo.
A
Grande Ilusão narra a saga de Maya Stern, uma ex-piloto
de operações especiais do exército americano que voltou recentemente da guerra.
Um dia, ela vê uma imagem impensável capturada pela câmera escondida em sua
casa: a filha de 2 anos brincando com Joe, seu falecido marido, brutalmente assassinado
duas semanas antes.
Tentando manter a sanidade, Maya começa a investigar,
mas todas as descobertas só levantam mais dúvidas. E é, justamente, a partir
desse momento que começa a encheção de linguiça. As investigações de Maya, no
início, são muito improdutivas e sem surpresas para os leitores. A ausência de
plots twists, por menores que sejam, acabam empacando a história. Coben só
começa a abrir a “torneira dos plot twists” nos últimos capítulos quando a
personagem começa a desvendar os segredos desse mistério: estaria o seu marido
morto, de fato, ou não?
Conforme os dias passam, Maya percebe que não sabe
mais em quem confiar, até que se vê diante da mais importante pergunta: é
possível acreditar em tudo o que vemos com os próprios olhos, mesmo quando é
algo que desejamos desesperadamente?
Após vocês terem lido essa resenha, imagino que a
pergunta que fica no ar é a seguinte: “Afinal, vale a pena a leitura de A Grande Ilusão? Sim, vale; mas desde
que você tenha paciência com a enrolação que caracteriza grande parte da
história. ‘Digo’ isso porque os capítulos finais são frenéticos e com um plot
final incrível.
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