E lá vou eu novamente na contramão, discordando da
maioria dos leitores que amaram a obra de Manel Loureiro, escritor espanhol que
escreveu uma trilogia pós-apocalíptica endeusada tanto por leitores quanto pela
maioria dos críticos. Mas no meu caso, para ser sincero, a leitura demorou, mas
demorou muito para engrenar. Comecei ler o livro e... cara, não ia! Foi duro
sair da primeira marcha, aliás essa primeira marcha permaneceu até perto do
final do livro, quando consegui passar, com muito custo, para uma segunda e
depois para uma terceira marcha, mas confesso que só consegui engatar a quarta
já nas ultimas páginas da obra. Quanto a quinta nunca chegou.
Apocalipse
Z – O Princípio do Fim, primeiro livro de uma trilogia pós-
apocalíptica sobre zumbis, é escrito em primeira pessoa e no formato de um blog
e também de um diário. Praticamente não existem diálogos; tá bem, para não
dizer que não existem diálogos, refaço o que “disse”; existe sim: acho que
“uns” 15 ou pouco mais, e só.
Como não bastasse o texto “corridão”, os leitores
ainda tem que conviver durante grande parte da história com apenas dois
personagens: o advogado que escreve o blog/diário (isso mesmo, ele não tem um
nome específico, já que o autor se
refere a ele apenas como advogado) e o seu gato (esse sim tem um nome: Lúculo).
Não vou acrescentar um terceiro personagem porque o vizinho do advogado é um
coadjuvante insignificante e permanece pouco tempo na história.
O que predomina é a interação advogado – zumbis, onde
o personagem principal vive fugindo dos “não mortos” (é assim que Manel se
refere aos seus zumbis) em busca de um lugar seguro onde possa existir outras
pessoas consideradas normais.
O advogado e o seu inseparável gato só irão se
encontrar com outros personagens no meio do livro. Foi a partir daí que
consegui engatar uma segunda marcha.
O livro até começa bem, prendendo a atenção, mas esse
clima termina logo. No início é interessante ler a narração dos fatos pelo
personagem em seu blog. Ele descreve como uma experiência médica malsucedida
realizada em um país que parece ser a Rússia, acaba saindo dos eixos e se
espalhando. Resultado: os infectados acabam virando zumbis. Aos poucos o mundo
vai tomando ciência da gravidade da situação, mas ao mesmo tempo os governos
decidem por encobrir grande parte do problema para não espalhar o pânico até
que a situação degringole de vez.
Este clima de expectativa, de fato, desperta o
interesse do leitor, mas por muito pouco tempo. Depois, o enredo “afrouxa”
ficando reduzido apenas a dois personagens: o advogado e o gato.
Da sua metade em diante, quando o advogado começa a se
encontrar com novos personagens – bons e maus - o livro vai ganhando fôlego,
pouco, mas vai. É uma pena, que a história só desencante perto do final, a
partir do capítulo “Numância”. Foi aí que veio a quarta marcha, ou seja, foi a
partir desse capítulo que a história começou a deslanchar e prender a minha
atenção. Mas quando estava perto de engatar a quinta e última marcha, a
história terminou.
Fica a esperança de que o segundo livro da trilogia
chamado Apocalipse Z – Os Dias Escuros
consiga manter essa quinta marcha constante, sem reduzi-la ou que essas
reduções sejam poucas. Tenho que torcer por isso porque empolgado com tantas
críticas positivas acabei comprando a trilogia completa – e olha que suei para
conseguir essa façanha, já que os dois últimos livros estavam praticamente
esgotados. Pois é, por enquanto, Os Dias
Escuros e A Ira dos Justos estão
descansando em minha estante. Preferi dar um tempo na leitura da saga porque
não estava tão empolgado com o ritmo da história e principalmente a falta de
diálogos; aliás amo enredos recheados de diálogos. Com certeza, esse foi um dos
motivos que fizeram com que eu torcesse o nariz para grande parte da história
de Manel Loureiro.
Por enquanto, estou lendo alguns contos de terror,
depois pretendo ler um outro livro – que tenha diálogos, claro – e, então, só
depooooois é que penso em encarar o segundo livro da trilogia Apocalipse Z.
Quanto ao enredo desse primeiro livro, vamos lá.
Em uma pequena cidade espanhola, um jovem advogado
leva uma vida tranquila e rotineira. Um dia, porém, começa a ouvir notícias
sobre um incidente médico ocorrido em um país remoto do Cáucaso. Apesar de
aparentemente corriqueiras, as notícias chamam tanto a sua atenção que ele
resolve registrar suas impressões em um blog. Aos poucos, o que eram apenas
acontecimentos incomuns ocorridos em um país distante começam a se espalhar por
toda a Europa.
Em menos tempo do que poderia supor, o terror se
instala. A partir daí a situação se torna um “pega prá capá”.
Beleza?
Inté galera!
2 comentários
Eu reli esse livro recentemente e também estou para fazer uma resenha. Acho interessante comentar que esse livro na verdade nasceu como um blog, então cada capítulo era literalmente um post. Foi só depois que surgiu a ideia de transformar em livro. Nós próximos livros a narração muda completamente. Acho engraçado que no final dos anos 2000 surgiu uma moda bem rápida de blogs-diário sobre apocalipse zumbi, tem até livro brasileiro nesse estilo.
ResponderExcluirOi Rafa! Tava sumido cara! Prazer tê-lo por aqui, novamente. Eu acho que você gostou do livro, né (rs). Pois é, quando escrevi minha resenha, fiz questão de avisar que iria na contramão da maioria das opiniões já que essa trilogia de tão elogiada pela galera se tornou um fenômeno literário. Acredito que por gostar de um estilo narrativo onde prevaleçam os diálogos entre os personagens não me adaptei com o formato de blog proposto pelo autor. Ahahahahaha!!! Eu blogueiro, dizendo que não me adaptei a esse formato. Pera um pouco, vou tentar explicar (rs). Amo ler postagens nos blogs (taí o Biblioteca do Terror que não me deixa mentir) mas, no meu caso, ler um número reduzido de páginas com um comentário ou uma opinião sobre determinada história é diferente de ler um enredo de mais de 300 páginas contando uma história. Como disse amo "ver" os personagens se interagindo através de diálogos. E no primeiro livro de Apocalipse Zumbi a interação entre os personagens nesse formato praticamente inexiste. Mas vou encarar os outros dois livros da trilogia, afinal, já os tenho na minha estante.
ExcluirEm tempo: Rafa, acredita que eu tinha o livro "O Hipnotista" há "milhares de séculos" na minha estante e já tinha descartado a sua leitura? Agora vejo no seu blog que o livro é ótimo. Você, inclusive, deu dez caveiras nele. Advinhe só se não irei lê-lo. Já é o próxima da minha lista de leituras. Ele furou uma fila enorme; culpa sua (rs).
Grande abraço meu amigo; e continue com esse trabalho incrível no "Biblioteca do Terror".