O Vilarejo

10 dezembro 2019

Acabei de ler O Vilarejo há poucos minutos. Livraço, muito bom mesmo. Ainda não conheço outras obras do escritor carioca Raphael Montes, mas se elas tiverem a mesma pegada de O Vilarejo, com certeza também arrebentarão; aliás, acho que já arrebentaram se levarmos em conta a maioria dos comentários dos leitores que já leram Jantar Secreto e Suicidas. Estes dois livros receberam uma batelada de elogios, tanto da crítica especializada quanto dos leitores.
Li as 92 páginas de O Vilarejo em apenas duas madrugadas e como já disse acima, adorei. Uma das melhores coletâneas de terror que devorei nos últimos anos.
O autor de apenas 29 anos foi muito inteligente ao passar um clima de realismo ao livro; tanto é, que o leitor fica, pelo menos um pouquinho, na dúvida se os contos escritos são, de fato ficcionais ou... aconteceram na realidade. Logo no prefácio da obra, Montes diz que ganhou de um amigo, dono de um sebo, um livro escrito numa língua morta – no caso, cimério -, e que pertenceu a uma misteriosa mulher chamada Elfrida Pimminstoffer. O livro foi doado ao sebo pela bisneta de Elfrida que queria se desfazer de qualquer maneira da obra. Outro detalhe estranho é que ninguém queria traduzir a história, nem mesmo linguistas famosos por considerarem-na maldita. Por isso, o próprio Montes se encarregou, as duras penas, da tradução após uma breve orientação de um conceituado professor italiano. Após conseguir traduzir as misteriosas histórias de Elfrida, ele decidiu procurar uma editora para publicá-las. Pronto; nasciam assim, os contos de O Vilarejo.

Montes conta isso com uma naturalidade tão grande que os leitores mais ‘incautos’ acabam acreditando nessa história mirabolante. Confesso que esse prólogo acirrou ainda mais a minha vontade de ler o livro.
Cada um dos sete contos de O Vilarejo representa um pecado capital, todos eles cometidos pelos moradores de um vilarejo localizado num lugar distante e que acaba ficando isolado após a chegada da guerra e do inverno.
As narrativas exploram as profundezas mais sombrias da alma dos habitantes desse vilarejo numa velha disputa entre o bem e o mal, a vida e a morte, a tentação e a salvação.
Apesar de serem sete narrativas diferentes, a medida em que o leitor vai lendo todos os contos, eles vão se transformando numa única história e com um final que “amarra” tudo, não deixando nenhuma ponta solta. Por isso, aconselho que – apesar de serem histórias independentes - os sete contos sejam lidos na sequência.
Conforme fui lendo o livro percebia, por exemplo, que a sétima história mudava o final da primeira; a quarta fazia com que eu odiasse o personagem que tinha amado na segunda, e assim, sucessivamente. Tipo um quebra cabeças, cujas peças vão se juntando, conforme você avança na leitura. Cara, achei isso incrível, super original.

Particularmente, ainda não vi nada semelhante em outras obras do gênero. Portanto, essa peculiaridade faz com que O Vilarejo possa ser encarado como um romance.

Também não posso esquecer, em hipótese alguma, das ilustrações da obra feitas por Marcelo Damm. Cada um dos sete contos tem duas ilustrações, sendo uma no início e outra no final com detalhes atinentes à narrativa. Uhauuu!! Fantásticas! Parabéns Marcelo.
Enfim, galera; recomendo e muito a leitura de O Vilarejo. Ah! Antes que me esqueça: os contos incomodam muito, principalmente aqueles que envolvem canibalismo.
Com certeza, estarei lendo novos livros do autor.
Inté!


4 comentários

  1. Oi, Jam!
    Realmente os livros de Raphael Montes são muito bons. O vilarejo foi um dos primeiros livros dele que li, e achei instigante.
    Outros livros excelentes do autor são Dias perfeitos e Suicidas (este, embora tenha 500 páginas, vale muito a pena). Quanto a Jantar Secreto, não achei ruim, mas, para quem está começando, os livros que mencionei merecem ser lidos primeiro.
    Abraços!

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    1. Olá Tex,

      Descobri Raphael Montes ao acaso, pelo Skoob. Li "O Vilarejo" e gostei. Agora, estou lendo "Jantar Secreto", também estou gostando; tanto é, que já comprei "Suicidas. Aliás, dizem que esse livro tem uma virada fantástica no final.
      Grande abraço!

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  2. Como vai?
    Passei para fazer algo que queria fazer desde janeiro (olha, só eu mesmo né) quando li o livro "O Vilarejo". Bem, o que eu queria é agradecer a indicação. Rapaz, o livro é ótimo. Depois de ler me interessei pelos outros do autor e de cara comprei e devorei "Jantar Secreto" ( Não, não devorei o jantar secreto, credo, rs.) O jantar é indigesto mas o livro é o máximo. Estou para comprar os outros livros do autor.
    O engraçado é que nesse mesmo tempo em que li os dois li também "Bom Dia Verônica" e só depois me dei conta do autor. Comprei a edição de capa branca, na qual já tinham desvendado o mistério da autoria e sei lá, fiquei com o nome Ilana Casoy na mente. Não sei a contribuição de cada um na obra mas o estilo de escrita e de contar a história é Raphael Montes sem dúvida. Apesar de já ter visto críticas negativas ao livro, no meu caso gostei, recomendo. Pra mim foi um daqueles que a gente não descansa até ver o final, e daqueles que o caminho até lá também foi ótimo.
    Abraçooo!

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    1. Olá Atas!!
      Que bom que gostou da minha indicação. Tanto "O Vilarejo" quanto "Jantar Secreto" são ótimos. Aliás, aceita uma carne de gaivota, hoje no jantar??? (brincadeirinha meu amigo - rssss).
      Posso lhe fazer outra indicação? Mais um livro do Raphael Montes. Então lá vai: "Suicidas". Cara, incrivel! O final é de virar a cabeça de qualquer leitor, muito inesperado.
      Leia, acho que irá gostar.
      Grande abraço!!

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