Aqueles que acompanham, já há algum tempo, o “Livros e
Opinião” sabem o quanto sou fissurado em mitologia grega. Amo as aventuras
daqueles heróis que cruzavam mares desconhecidos, enfrentando vários perigos ou
simplesmente pelo prazer de participar de uma guerra sonhando com a conquista
de um reino. Foi assim com Aquiles, Ulisses, Agamenon e tantos outros heróis em
a Guerra de Troia como também foi assim com Jasão na busca pelo Velocino de
Ouro.
Não há como ficar indiferente àquelas narrativas épicas,
as quais contam com seres sobrenaturais, deuses e semideuses, que coexistem no
mundo com os seres humanos. De modo geral, essas lendas foram o meio encontrado
pelos gregos de explicarem fenômenos naturais. Definitivamente adoro mitologia
grega e esse meu gosto fica evidente nas minhas estantes de livros onde tenho
guardadas várias obras sobre o assunto.
Confesso que por outro lado não tinha o mesmo
interesse pela mitologia nórdica, mas sabe como é né galera? De repente temos
aquele estalo e pronto, passamos a gostar de algo que não gostávamos antes. Entonce...
tive esse estalo e os dois responsáveis por essa mudança de... digamos, gosto,
foi um evento cataclísmico e um deus da mitologia escandinava. Estou me
referindo, respectivamente, ao Ragnarök e Thor. Na mitologia germânica, esse
termo é utilizado para definir o fim do mundo que é causado por uma destruição
dos cosmos e tudo que nele vive, incluindo os humanos e os deuses, por
catástrofes ambientais e uma grande guerra. Em nórdico antigo (língua que os
vikings falavam), a palavra “Ragnarök” significa “destino dos deuses”. Quanto a
Thor, sempre gostei desse personagem. Tanto é verdade que durante a minha fase
de leitor contumaz de histórias em quadrinhos tinha um “universo” de gibis do
chamado “deus do trovão”. Além disso, ainda me lembro que nos meus tempos de
criança não perdia por nada aqueles desenhos artesanais do Thor que passavam na
televisão. As animações eram tão malfeitas que ficaram conhecidas como
“desenhos desanimados” e não “animados”. Hoje, tempos depois, se tornaram
cults. Desde aquela época, isso nos idos dos nos 60, sou fã de Thor.
Recentemente li algumas coisas sobre o Ragnarök e
descobri que está intimamente ligado a Thor, Loki, Odin e a destruição do
famoso mjolnir, o poderoso martelo de Thor como aconteceu no terceiro filme da
franquia do herói chamado “Thor: Ragnarok”.
O Ragnarok na mitologia nórdica
Estes eventos foram suficientes para que o meu
interesse – acredito que a frase mais adequada seja a minha curiosidade – pela
mitologia nórdica tenha despertado. Outro fator que contribuiu para isso foi a
descoberta de que a ópera homônima do compositor alemão Richard Wagner chamada
"Der Ring des Nibelungen" (O Anel dos Nibelungos) que também foi
fonte de inspiração para J. R. R. Tolkien escrever a trilogia O Senhor dos Anéis (aqui, aqui e aqui), sua
obra mais famosa, também faz parte das histórias que compõem a mitologia
nórdica. Ainda me recordo o quanto ficava
encantado ao ler e ao mesmo tempo ver as gravuras de “O Anel dos
Nibelungos” nas páginas da antológica enciclopédia O Trópico (ver aqui).
Portanto, foi um conjunto de fatores que contribuíram
para o meu interesse pela mitologia escandinava. Pois bem, depois disso, só
faltava encontrar um livro que abordasse o assunto de maneira descomplicada e
sem aquelas explicações técnicas que enchem o saco. Resumindo: queria um livro
que me fizesse viajar e não refletir. Um livro com as mesmas características de
O Livro de Ouro da Mitologia Grega de
Thomas Bulfing ou então As 100 MelhoresHistórias da Mitologia de A.S. Franchini e Carmen Seganfredo. Quanto a
Bulfing não consegui encontrar nenhum livro seu, mas tive mais sorte com
Seganfredo. Acabei descobrindo que essa autora, novamente com Franchini, havia
escrito As Melhores Histórias da
Mitologia Nórdica e com direito a uma versão romanceada de “O Anel dos
Nibelungos”. Taí: nem pensei duas vezes e comprei o livro.
Pelo o que eu pude descobrir, a obra de Franchini e
Seganfredo lançada em 2013 pela editora Artes e Ofícios reúne num único volume
as principais lendas relativas à mitologia dos povos que habitaram nos tempos
pré-cristãos os atuais países escandinavos (Noruega Suécia e Dinamarca) além da
gélida Islândia.
Pela avaliação de alguns leitores que pude constatar,
nestas histórias não faltam ação, romance e até a presença de uma insuspeita de
uma veia cômica já que a maioria dos personagens transitam pelo grotesco numa
profusão de gigantes, elfos e outros personagens míticos. Enfim, tudo o que eu
estava procurando.
Pois é, tomara que eu goste.
Ah! Antes que me esqueça, comprei o livro num sebo
virtual; muito mais barato. Aliás, uma diferença de preço exorbitante se
compararmos com as livrarias virtuais.
Inté!
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