Gosto muito dos livros-reportagem. Tanto é verdade que
tenho muitos deles em minha estante. É uma pena que nos últimos anos, esse
gênero literário tenha perdido espaço para as obras bibliográficas na maioria
das livrarias.
Aprendi muitas coisas interessantes lendo esses livros
e ganhei a oportunidade de me aprofundar em temas importantes que conhecia
apenas superficialmente, quebrando assim, muitos tabus.
No post de hoje preparei uma lista de oito livros para
você conhecer esse gênero literário-jornalístico ou então ampliar os seus
conhecimentos com obras maravilhosas e de leitura nada maçante; pelo contrário,
elas irão proporcionar viagens literárias inebriantes e com direito a muito
conhecimento. Vamos a elas!
A jornalista mineira Daniela Arbex explora em Holocausto Brasileiro toda a barbárie e
desumanidade que ocorreram durante décadas atrás dos muros do maior hospício do
Brasil, conhecido por Colônia, localizado na cidade mineira de Barbacena.
Durante décadas, milhares de pacientes foram
internados à força, sem diagnóstico de doença mental naquela cassa de horrores.
Ali foram torturados, violentados e mortos sem que ninguém se importasse com
seu destino. Eram apenas epilépticos, alcoólatras, homossexuais, prostitutas,
meninas grávidas pelos patrões, mulheres confinadas pelos maridos, moças que
haviam perdido a virgindade antes do casamento. Ninguém ouvia seus gritos.
Jornalistas famosos, nos anos 60 e 70, fizeram
reportagens denunciando os maus tratos. Nenhum deles ― como fez, recentemente,
Arbex ― conseguiu contar a história completa. O que se praticou no Hospício de
Barbacena foi um genocídio, com 60 mil mortes. Um holocausto praticado pelo
Estado, com a conivência de médicos, funcionários e da população.
O livro de Arbex escancara as portas da verdade sobre
tudo o que aconteceu atrás dos muros e das portas daquela da Colônia,
principalmente no pavilhão Afonso Pena, onde eram registradas cenas que mais se
pareciam com um filme de terror.
A autora foi muito corajosa ao remexer em feridas
purulentas, trazendo à tona a verdade sobre esse hospício. O leitor fica
inteirado de tudo o que aconteceu no hospício mineiro, além de conhecer os
poucos, mas importantes “heróis da resistência”, pessoas que se opuseram
ao regime de barbárie e fizeram de tudo para mudar a situação, pagando um alto
preço por isso, sofrendo as piores retaliações, desde demissões, calúnias e
ameaças.
Livro tem alguns trechos densos e bem pesados que
mexem com o emocional do leitor.
Holocausto brasileiro, foi eleito Melhor
Livro-Reportagem do Ano pela Associação Paulista de Críticos de Arte (2013) e
segundo melhor Livro-Reportagem no prêmio Jabuti (2014). Com mais de 300 mil
exemplares vendidos no Brasil e em Portugal, a obra ganhou as telas da TV em
2016, no documentário produzido com exclusividade para a HBO, com exibição em
mais de 40 países.
Livraço!
Detalhes
Técnicos
Autora:
Daniela Arbex
Editora:
Geração Editorial
Ano:
2013
Páginas:
256
02
– A Sangue Frio (Truman Capote)
Apesar de parecer um romance policial, em nenhum
momento A Sangue Frio desvia o foco
do leitor da realidade. Tudo por causa desse equilíbrio: ficção e realidade; o
livro para mim é perfeito fazendo jus ao estilo “new journalism”.
Capote narra a história real do assassinato da família
Clutter, uma das mais influentes na pequena cidade de Holcomb, no Kansas, onde
residiam apenas 270 habitantes.
Poucos crimes na história chocaram tanto a população
como o massacre dos quatro membros dessa família. Em 1959, na casa dos Clutter,
onde estavam o casal Herbert e Bonnie e os filhos adolescentes Nancy e Kenyon,
os ladrões Eugene Hickcock e Perry Smith após invadir a residência decidiram
matar os quatro membros da família para não deixar testemunhas.
Capote passou seis anos levantando informações e
investigando passo a passo tudo o que ocorreu em Holcomb. Depois de muito
trabalho, ele publicou a sua obra prima A
Sangue Frio, livro que criaria um novo estilo literário com uma onda de
seguidores.
O autor narra o crime da sua concepção à execução,
além de fazer com que os leitores entrem na cabeça dos criminosos e conheçam os
motivos que os levaram a cometer tal assassinato. A partir desse momento, você
começa a ter contato com os pormenores da vida de Hickcoock e Smith – desde a
infância a fase adulta - e, então, conhece os motivos que levou dupla a cometer
tal atrocidade.
Publicado em 1967, a obra deu fama internacional a
Capote, transformando-o num dos autores mais respeitados em todo o mundo.
Detalhes
Técnicos
Autor:
Truman Capote
Editora:
Companhia das Letras
Ano:
2003
Páginas:
438
03
– O Espetáculo Mais Triste da Terra (Mauro Ventura)
O incêndio do Gran Circo Norte-Americano que aconteceu
em 17 de dezembro de 1961 em Niterói foi muito mais devastador do que o
incêndio do edifício Joelma em fevereiro de 1974. Segundo dados oficiais, o
Joelma teve 191 vítimas fatais, enquanto o Gran Circo Norte-Americano computou,
supostamente 503 mortes. Mas por que ‘supostamente’? Cara, o incêndio foi tão
demolidor, tão catastrófico, que após mais de meio século, ninguém conseguiu
apontar, exatamente, quantas pessoas perderam a vida carbonizadas. Alguns
estudiosos acreditam que esse número chegou a mil.
Há uma explicação para que a tragédia tenha caído no
esquecimento através dos anos: a sua gravidade. O incêndio atingiu parâmetros tão
dantescos que o Rio de Janeiro – incluindo moradores, autoridades e médicos que
atenderam as vítimas naquela época – preferiram apagá-lo de suas memórias, de
suas vidas. Tanto é, que poucos cariocas gostam de falar sobre o assunto.
OEspetáculo Mais Triste da Terra foi um dos livros
jornalísticos mais esclarecedores que já li em toda a minha vida: uma
obra completa. O jornalista Mauro Ventura explorou todos os ângulos da
catástrofe que paralisou o País há 54 anos. Mesmo sem o advento da internet e
nem mesmo dispondo da facilidade do DDD (Discagem Direta a Distância) – a
Embratel só surgiria em 1965 – o incêndio do Gran Circo Norte-Americano causou
comoção em praticamente todo o mundo, mobilizando médicos, artistas e
voluntários de vários países, logo após a tragédia.
Devido a franqueza do autor - que não esconde nada,
‘derramando’ na mesa, sem meias palavras, todo o resultado de toda a sua
pesquisa - o livro chega a ter trechos chocantes e que impressionam o leitor,
como por exemplo o momento em que ele revela que o número de vítimas era tão
grande que chegavam a ser transportadas em caminhões: mortos e agonizantes lado
a lado, já que não dava para identificar os mortos dos vivos.
Detalhes
Técnicos
Autor:
Mauro Ventura
Editora:
Companhia das Letras
Ano:
2011
Páginas:
320
04
– A Conquista da Honra (James Bradley)
A batalha da Segunda Guerra Mundial em Iwo Jima no
Pacífico produziu uma das mais reproduzidas fotografias da história: seis
rapazes fincando a bandeira americana no topo do monte Suribachi na madrugada
de 23 de fevereiro de 1945. Quem eram eles? Escrito por James Bradley filho de
um dos rapazes A Conquista da Honra
revela os homens por trás das fotos.
No momento em que os seis fuzileiros “cravavam” a
bandeira de seu País nas entranhas do último “bastião” da resistência japonês,
considerado por muitas pessoas até mesmo por grandes estrategistas militares
ocidentais, um ponto inexpugnável, o fotógrafo estadunidense Joe Rosenthal –
que acompanhava o exército aliado nesta batalha - gravava através de sua
objetiva esse momento emblemático.
Li a obra de Bradley em 2011 e o motivo principal que
me levou comprar o livro, naquela época, foi a curiosidade, ou melhor, a imensa
curiosidade em saber quem seriam aqueles rapazes com as mãos unidas no mastro
da bandeira lutando para enterrá-la no solo do inimigo. Muitas perguntas e
questionamentos foram ganhando “corpo” em minha cabeça. Será que eles já eram
amigos antes da guerra ou apenas se conheceram no calor da batalha? Estavam
naquele conflito sangrento contra a vontade ou felizes em “cumprir o seu
dever”? Tinham namoradas? O que os levaram a tomar essa atitude? E
principalmente, como foi a vida de cada um deles depois que a guerra
terminou... será que todos eles sobreviveram as bombas e disparos dos japoneses
em Iwo Jima? Nossa! Eu tinha tantas perguntas! Posso garantir que todas elas
foram respondidas quando terminei de ler o livro.
Após a morte do pai – que nunca havia tocado no
assunto da guerra – Bradley encontrou várias cartas e documentos que
pertenceram ao seu velho e que puderam esclarecer muitas de suas dúvidas. Dessa
maneira, começaria a nascer a idéia de escrever um livro que registrasse
os vários momentos da batalha desenrolada na pequena ilha japonesa de Iwo
Jima e que foi fundamental para a vitória aliada. Um livro que resgatasse a
história daqueles seis homens que conseguiram conquistar o Monte Suribachi.
Detalhes
Técnicos
Autor:
James Bradley
Editora:
Ediouro
Ano:
2007
Páginas:
400
05
– A Praga – O Holocausto da Hanseníase (Manuela Castro)
O livro da jornalista Manuela Castro é chocante. A Praga – O Holocausto da Hanseníase,
como o próprio subtítulo confirma, revela histórias emocionantes de isolamento,
morte e vida nos leprosários do Brasil. Os fatos investigados pela jornalista e
expostos aos leitores, de fato, chocam; da mesma maneira que chocaram as
descobertas de outra jornalista, Daniela Arbex, em sua obra Holocausto
Brasileiro que abre essa lista.
Através de uma narrativa fluída, Castro narra em sua
obra as histórias de pessoas que foram caçadas no Brasil por causa da hanseníase.
Também conhecidos como asilos e sanatórios, os leprosários eram grandes espaços
onde ficavam as pessoas com a doença. O objetivo era isolar totalmente os
pacientes da sociedade. O preconceito contra a lepra é histórico - até a década
de 1940, o tratamento era desconhecido.
O livro revela que após serem ‘jogadas’ nos
leprosários, as mães diagnosticadas com hanseníase eram, definitivamente,
separadas de seus filhos que, por sua vez, acabavam sendo encaminhados para
adoção ou então para abrigos onde, quase sempre, sofriam todos os tipos de
abusos – violência sexual, física e psicológica - praticados por funcionários
despreparados.
Você toma conhecimento de casos de crianças portadoras
de hanseníase que de uma hora para outra, foram levadas de seus lares para as
colônias de leprosos e nunca mais voltaram a ver os seus pais.
A autora cita exemplos de internos que conseguiram sobreviver
nesse verdadeiro inferno, conquistando o seu espaço na sociedade e tornando-se
verdadeiros exemplos na luta contra o preconceito. Castro abre o baú das
verdades com revelações estarrecedoras e que mexem com os leitores.
Detalhes
Técnicos
Autora:
Manuela Castro
Editora:
Geração Editorial
Ano:
2017
Páginas:
280
06
– A Tormenta : A história real de uma
luta de homens contra o mar (Sebastian Junger)
Um dos melhores livros-reportagem que já li. A
história é tão interessante e intensa que já reli várias vezes. Em A Tormenta, Sebastian Junger narra a
história de vários homens e mulheres que em outubro de 1991 enfrentaram uma
tempestade criada por uma combinação de fatores que os meteorologistas a
consideraram de “tempestade perfeita” ou a “tempestade do século”. A tormenta
atingiu várias cidades de Massachusetts, mas a pior parte ficou reservada para
os pescadores de espadarte do porto de Gloucester, principalmente aqueles que
no momento do fenômeno se encontravam com os seus barcos em alto mar. É a
história desses heróis e heroínas que Junger oferece – num cardápio de primeira
– para os seus leitores.
Nesse contexto, o drama dos pescadores acaba se
fundindo com a história dos paraquedistas de resgate, conhecidos por PR’s, que
muitas vezes são obrigados a driblar o terror de enfrentar ondas da altura de
um edifício de 10 andares para poderem salvar vidas que estão por um fio no mar
bravio. Posso garantir que a partir do momento que você embarca nessa aventura
jornalística não há como parar.
Junger inicia A
Tormenta: A história real de uma luta de homens contra o mar apresentando a
tripulação do barco de pesca Andrea Gail que naufragou na costa da Nova
Escócia, após enfrentar a “Tempestade Perfeita” no meio do oceano, com ondas de
mais de 30 metros. Mais do que mostrar algumas características desses
pescadores, o autor brinda os seus leitores com a rotina do dia a dia desses
homens que entraram para a história de Gloucester.
O livro apresenta várias hipóteses que podem ter
contribuído para o naufrágio do Andréa Gail, desde falta de equipamentos de
segurança até a infelicidade do capitão do barco ter apanhado acidentalmente a
crista de uma onda gigante.
Vale lembrar que o filme “Mar em Fúria” que passou nos
cinemas em agosto de 2000 com George Clooney e Mark Wahlberg foi baseado no
livro de Junger.
Detalhes
Técnicos
Autor:
Sebastian Junger
Editora:
Ediouro
Ano:
1997
Páginas:
254
07
– Rota 66 (Caco Barcellos)
Rota
66
foi o livro que lançou o jornalista da Rede Globo, Caco Barcellos no mercado
editorial. E posso afirmar, que ele fez bonito em sua estreia. Trata-se de um grande
livro: esclarecedor e desmistificador.
O autor realizou um trabalho de investigação que durou
mais de um ano, onde conseguiu identificar cerca de 4.200 pessoas mortas pela
ROTA (Rondas Ostensivas Tobias Aguiar), maior batalhão da polícia militar e o
mais “matador” do país.
Publicado em 1992, o livro traz nomes e detalhes de
assassinatos cometidos por oficiais da ROTA contra pessoas inocentes ou apenas
suspeitas. No livro, Barcellos desmonta a intricada rede que forma o “esquadrão
da morte oficial” montado em São Paulo.
Rota 66
reune diversas matérias sobre tiroteios, rondas policiais e entrevistas feitas
em necrotérios ou em áreas onde a polícia mais costumava frequentar.
Nesse livro, Caco destrincha as práticas obscuras da
polícia conhecida por premiar e proteger seus matadores. Considerado um grupo
de elite da polícia paulista, a Rota foi gestada ainda no período do regime
militar, onde fora treinada para combater guerrilhas de esquerda. No entanto,
mesmo com o arrefecimento do regime, a Rota continuou a agir, dedicando-se
exclusivamente ao combate da violência urbana.
Por causa da repercussão do livro entre os militares,
Caco precisou ser enviado pela Rede Globo ao exterior, onde viveu alguns anos
até que a poeira abaixasse.
Detalhes
Técnicos
Autor:
Caco Barcellos
Editora:
Record
Ano:
2003
Páginas:
352
08
– Gomorra (Roberto Saviano)
Gomorra
pode ser considerado um ‘livro-denúncia’ sobre a Camorra, como é conhecida a
máfia napolitana. O tráfico de drogas e a extorsão são as atividades mais
comuns desenvolvidas pela Camorra, passando pela prostituição, tráfico de
pessoas, jogo ilegal, ameaças e chantagens.
Roberto Saviano abriu as portas da máfia napolitana
para o mundo, revelando segredos que vinham sendo guardados a sete chaves;
segredos ligados à código de honra, administração das famílias, transações
realizadas pelos altos escalões e muito mais.
Para quem não sabe, o autor se infiltrou na Camorra e
contou os negócios obscuros, o código de honra e a relação entre os criminosos
pela perspectiva de dentro da organização. A abordagem foi tão abrangente e
reveladora que deu início a muitas investigações policiais e fez o escritor ser
jurado de morte pela Camorra.
Saviano disse que escreveu Gomorra porque lhe era impossível ficar calado. “Alguém tinha que
fazer algo”, disse ele. De fato, ele fez algo, só que a partir daí ficou jurado
de morte pela máfia.
Saviano vive sob escolta permanente de cinco
policiais, desde 13 de outubro de 2006. Ele muda constantemente de endereço e
não frequenta lugares públicos, em virtude de ameaças de morte feitas pelos
mafiosos. O escritor deixou de ter residência fixa; não atende telefonemas; não
recebe ninguém, a não ser que essa pessoa tenha a sua vida inteiramente
vasculhada por serviços de inteligência da polícia; além de se comunicar
esporadicamente com os seus familiares, usando apenas SMS do celular.
Quer mais? Ok. Hotéis e restaurantes, assim que ele
aparecer, são evacuados e procurado por bombas. Em outubro de 2008, revelou-se
que a Camorra tinha um plano para assassinar Saviano no Natal daquele
ano.
Um livro que, certamente, prenderá a sua atenção.
Detalhes
Técnicos
Autor:
Roberto Saviano
Editora:
Bertrand Brasil
Ano:
2008
Páginas:
350
Aproveitem a leitura dessas obras. Vale a pena!
Um comentário
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