Adeus, Mr. Chips

09 maio 2020

Ganhei Adeus, Mr. Chips de uma professora ainda nos meus tempos de colegial. Ganhei mas não li imediatamente. Acho que não me interessei pela história naquele momento. Só fui ter vontade de ler o livro de James Hilton anos depois, logo após ter assistido ao filme baseado na obra e que passou nos cinemas em 1969. Assisti bem depois de seu lançamento nas telonas, ainda na época do VHS. Lembro, como se fosse hoje, daquele professor sisudo e conservador, mas humano, que aos poucos vai se transformando num homem bem humorado e assim, conquistando a simpatia de seus alunos. Este professor, o Mr. Chips do título, foi interpretado pelo excelente ator Peter O’Toole, falecido em 2013. Cara, adorei o filme; gostei tanto que logo em seguida fui ler o livro. Depois, que eu me lembre, reli a obra outras várias vezes, uma delas, recentemente.
Através de um enredo simples e fluído, o autor mostra em menos de 100 páginas, o modo de vida, de pensamento e a ideologia do início do século XX na Inglaterra e de uma forma geral, no mundo.
Através de diálogos ou então por meio de menções nos capítulos, o leitor passa a conhecer ainda a cultura pop daquela época. Há momentos, de fato, emocionantes em Adeus, Mr. Chips. Independentemente do número de vezes que você lê a história, esses momentos nunca vão perder a sua carga emotiva.
Hilton conta a saga de um professor de línguas latinas, chamado Mr. Chipping, mais conhecido por Mr. Chips. A história se desenrola entre o período de 1870 e aproximadamente 1932, na ainda tradicional Inglaterra. Mas na verdade a história inicia-se já no presente do personagem em seus últimos tempos de vida, só nos capítulos seguintes é retoma toda a trajetória do personagem ao longo do tempo desde o seu ingresso como professor na escola Brookfield, fundada ainda no século XVIII.
Costumo dizer que o livro mostra o crescimento como ser humano do personagem principal. Aos poucos, Chips vai superando todas as barreiras dentro da escola e ao mesmo tempo mudando parte da sua personalidade até se transformar em um ícone dentro da instituição.
Muitos de vocês que estão lendo essa resenha, podem achar que o enredo de Hilton é parecido com os diversos filmes sobre professores que ‘pegam’ aquelas classes de alunos rebeldes e que aos poucos vão colocando essa galera nos eixos. Adeus, Mr. Chips é muito mais profundo, pois faz os leitores refletiram sobre diversas situações, como por exemplo, a I Guerra Mundial. O livro aborda como o conflito afeta a escola, além da vida dos alunos e professor.
A passagem do bombardeio que acontece perto do estabelecimento de ensino onde Chips encontra-se lecionando naquela ocasião é épica. O professor faz questão de não interromper a sua aula de latim apesar das bombas que explodem nas imediações. Confiram esse trecho: ‘Ouviram-se quase instantaneamente os primeiros tiros de canhões e, fora, começaram a cair aqui e ali muitas granadas. Chips teve a impressão de que eles podiam ficar exatamente onde se encontravam, no rés do chão do internato. Edifício de construção sólida, era dos melhores abrigos que Brookfield podia oferecer; e, quanto ao caso de uma granada acertar-lhes em cheio, em tal conjuntura não podiam esperar salvação, estivessem onde estivessem.
Desse modo, continuou Chips com o seu latim, erguendo mais a voz no meio das detonações retumbantes dos canhões e do uivo agudo das granadas anti-aéreas.’
Apesar das explosões de bombas, granadas e tiros de canhão perto da escola, aos poucos, o professor com a sua retórica, segurança e bom humor vai conquistando a confiança de seus alunos apavorados conseguindo até mesmo, arrancar algumas risadas. No final todos se esquecem do bombardeio e começam a prestar atenção na aula.
Achei esse capítulo incrível.
O livro tem muitas outras passagens fantásticas, as quais não quero estragar com spoilers. Quanto menos falar escrever melhor, afinal o livro só tem 92 páginas.
Detalhes técnicos
Título: Adeus, Mr. Chips
Autor: James Hilton
Ano: 1974
Páginas: 92
Editora: Record


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