Lendas Urbanas

20 janeiro 2020

Cara, a lenda urbana do “Homem Gancho” sempre me provocou arrepios. Ela mexeu tanto comigo que até nos dias de hoje nunca paro o carro em lugares ermos durante a noite. Este medo começou hás muito tempo, durante a minha juventude, quando tinha o hábito de paquerar as meninas dentro de um fusquinha – o meu primeiro carro – num lugar apelidado de Luzes da Ribalta, mas só no nome, porque luz, de fato, só existia a do luar. O local era bem tranquilo e isoladaço, cercado de árvores. Era o lugar preferido dos jovens da minha geração para namorar, paquerar e dar alguns ‘amassos’.
Pois é, foi nessa época que tomei conhecimento da lenda urbana do “Homem Gancho”, acho que através de um acampamento de estudantes da minha escola. Estávamos todos sentados, à noite, em torno de uma fogueira quando um infeliz decidiu contar essa história.
Resumidamente ela é mais ou menos assim: Certa noite de verão, um adolescente estava indo encontrar sua nova namorada. Ele a pegou em sua casa e foram direto para um local bem afastado da cidade; um lugar isolado conhecido por encontros proibidos entre amantes.
O homem gancho
Chegando lá, o menino colocou o braço em volta da menina e ligou o rádio do carro e começaram a namorar, se abraçar e se beijar. De repente, a música no rádio do carro para e uma voz de locutor de notícias anuncia com urgência que no início daquela noite, um assassino enlouquecido, com parte do rosto desfigurado, fugiu do manicômio estadual. O locutor diz que a polícia está alertando os cidadãos para tomarem muito cuidado, pois o paciente é perigoso e já destripou várias mulheres antes de ter sido encaminhado ao manicômio. Ele perdeu a mão direita em um acidente e por isso usa um gancho de aço no lugar. O locutor completa dizendo que os policiais pedem para que todos na região fiquem atentos em alguém que se encaixe nessa descrição.
Após ouvir a notícia, a menina ficou com medo e pediu para ser levada para casa. Ela temia que o manicômio não estava longe da pista dos amantes , Ela também estava preocupado que a área remota onde eles estavam estacionados era o local perfeito para um louco demente espreitar.
O menino estava se sentindo corajoso e garantiu sua namorada que eles estavam perfeitamente seguros, trancou todas as portas do carro, em seguida, tentou beijá-la novamente. A menina ficou frenética e empurrou-o, insistindo que saísse do local imediatamente.
O homem do saco
O rapaz decide atender a moça e a leva para casa, quando eles pararam em frente à residência, ele sai do carro e dá a volta para abrir a porta para sua namorada.
Por um longo tempo ela apenas ficou lá, aguardando o namorado. No início, a menina não conseguia descobrir o que estava errado; então ela percebeu que a porta ainda estava trancada. Ela sorriu e abriu-a.
A menina ficou perplexa ao descer do carro. Naquele instante, ela viu que o menino estava estático olhando para a maçaneta da porta. Lentamente, ela também olhou e começou a gritar alucinadamente.
Lá, pendurado na maçaneta da porta, estava um gancho de aço inoxidável.
Me pergunte se depois de ter ouvido isso, eu procurei lugares isolados para namorar dentro do carro? Cê tá louco! Mas nunca mais mesmo!
O roubo do rim
A partir dessa história, comecei pesquisar outras lendas urbanas e passei a me interessar pelo assunto. Foi dessa maneira que o livro do jornalista Jorge Tadeu lançado pela editora Planeta em 2010 chamou a minha atenção. Assim, decidi compra-lo por um preço módico num sebo.
O autor que durante muito tempo foi o produtor do quadro Lendas Urbanas do programa Domingo Legal do SBT, selecionou dez histórias macabras que após rolarem de boca em boca acabaram ganhando o status de lendas urbanas que nada mais são do que histórias que alguns acreditam serem verdadeiras, enquanto outros afirmam que não passam de criações do imaginário popular.
O livro tem uma linguagem simples, onde o autor faz uma dramatização das lendas do roubo do rim, a loira do banheiro, a mulher do táxi, a flor do cemitério, a brincadeira do compasso, o homem do saco, a gangue do palhaço, o tabuleiro Ouija, o gato preto e a bruxa do espelho.
A brincadeira do compasso
Ler o livro é como assistir aqueles episódios que passavam no programa de TV Domingo Legal. Tadeu pegou como base uma lenda urbana e recheou essa lenda com várias informações extras, em outras palavras: encheu linguiça. Antes de qualquer crítica ao autor por isso, vale frisar que ele não tinha como escapar dessa encheção de linguiça porque a maioria das histórias com características de lendas urbanas tem um fio narrativo muito curto, por isso, ao propor transformar essas lendas em contos, Tadeu não teve outro jeito senão dramatiza-las, ‘encorpando’ as suas poucas linhas com diversas informações, caso contrário, teríamos histórias com menos de meia página.
A gang do palhaço
Este trabalho de encher linguiça funcionou em algumas histórias, mas falhou em outras. “A Mulher do Táxi”, por exemplo, por ser uma lenda urbana muito popular e conhecida pela maioria das pessoas de cabo a rabo, entupi-las de mais informações só serviram para deixar a sua leitura cansativa ao extremo. “A loira do banheiro” e “O roubo do rim, idem.
Mas por outro lado, esse artifício utilizado pelo jornalista, cumpriu o seu papel em outros ‘contos’ como fica claro em “O homem do saco” – achei o máximo as mudanças feitas nessa história popular; terror e humor nas doses certas e com um final surpreendente; ri muito – “A flor do cemitério”, “O gato preto” e a “Gangue do palhaço” também ficaram muito bons
Não gostei do formato do livro, tamanho cartilha. Achei muito incômodo manuseá-lo na hora da leitura; mas em compensação, as ilustrações em preto e branco são muito bem feitas.
Inté!

2 comentários

  1. Lendas urbanas é um tema que considero bem envolvente! Talvez eu dê uma chance ao livro de Jorge Tadeu. :)

    Um abraço!

    http://tudoquemecomove.blogspot.com/

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    Respostas
    1. Karen, como escrevi no post, algumas lendas narradas por Tadeu são bem interessantes e prendem a atenção. Boa leitura!

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