Cara, a lenda urbana do “Homem Gancho” sempre me
provocou arrepios. Ela mexeu tanto comigo que até nos dias de hoje nunca paro o
carro em lugares ermos durante a noite. Este medo começou hás muito tempo,
durante a minha juventude, quando tinha o hábito de paquerar as meninas dentro de
um fusquinha – o meu primeiro carro – num lugar apelidado de Luzes da Ribalta,
mas só no nome, porque luz, de fato, só existia a do luar. O local era bem
tranquilo e isoladaço, cercado de árvores. Era o lugar preferido dos jovens da
minha geração para namorar, paquerar e dar alguns ‘amassos’.
Pois é, foi nessa época que tomei conhecimento da
lenda urbana do “Homem Gancho”, acho que através de um acampamento de
estudantes da minha escola. Estávamos todos sentados, à noite, em torno de uma
fogueira quando um infeliz decidiu contar essa história.
O homem gancho |
Chegando
lá, o menino colocou o braço em volta da menina e ligou o rádio do carro e
começaram a namorar, se abraçar e se beijar. De repente, a música no rádio do
carro para e uma voz de locutor de notícias anuncia com urgência que no início
daquela noite, um assassino enlouquecido, com parte do rosto desfigurado, fugiu
do manicômio estadual. O locutor diz que a polícia está alertando os cidadãos
para tomarem muito cuidado, pois o paciente é perigoso e já destripou várias
mulheres antes de ter sido encaminhado ao manicômio. Ele perdeu a mão direita
em um acidente e por isso usa um gancho de aço no lugar. O locutor completa dizendo
que os policiais pedem para que todos na região fiquem atentos em alguém que se
encaixe nessa descrição.
Após
ouvir a notícia, a menina ficou com medo e pediu para ser levada para casa. Ela
temia que o manicômio não estava longe da pista dos amantes , Ela também estava
preocupado que a área remota onde eles estavam estacionados era o local
perfeito para um louco demente espreitar.
O
menino estava se sentindo corajoso e garantiu sua namorada que eles estavam
perfeitamente seguros, trancou todas as portas do carro, em seguida, tentou
beijá-la novamente. A menina ficou frenética e empurrou-o, insistindo que
saísse do local imediatamente.
O homem do saco |
O
rapaz decide atender a moça e a leva para casa, quando eles pararam em frente à
residência, ele sai do carro e dá a volta para abrir a porta para sua namorada.
Por
um longo tempo ela apenas ficou lá, aguardando o namorado. No início, a menina
não conseguia descobrir o que estava errado; então ela percebeu que a porta
ainda estava trancada. Ela sorriu e abriu-a.
A
menina ficou perplexa ao descer do carro. Naquele instante, ela viu que o
menino estava estático olhando para a maçaneta da porta. Lentamente, ela também
olhou e começou a gritar alucinadamente.
Lá,
pendurado na maçaneta da porta, estava um gancho de aço inoxidável.
Me pergunte se depois de ter ouvido isso, eu
procurei lugares isolados para namorar dentro do carro? Cê tá louco! Mas nunca
mais mesmo!
O roubo do rim |
A partir dessa história, comecei pesquisar outras
lendas urbanas e passei a me interessar pelo assunto. Foi dessa maneira que o
livro do jornalista Jorge Tadeu lançado pela editora Planeta em 2010 chamou a
minha atenção. Assim, decidi compra-lo por um preço módico num sebo.
O autor que durante muito tempo foi o produtor do
quadro Lendas Urbanas do programa Domingo Legal do SBT, selecionou dez
histórias macabras que após rolarem de boca em boca acabaram ganhando o status
de lendas urbanas que nada mais são do que histórias que alguns acreditam serem
verdadeiras, enquanto outros afirmam que não passam de criações do imaginário
popular.
O livro tem uma linguagem simples, onde o autor faz
uma dramatização das lendas do roubo do
rim, a loira do banheiro, a mulher do táxi, a flor do cemitério, a brincadeira
do compasso, o homem do saco, a gangue do palhaço, o tabuleiro Ouija, o gato
preto e a bruxa do espelho.
A brincadeira do compasso |
Ler o livro é como assistir aqueles episódios que
passavam no programa de TV Domingo Legal. Tadeu pegou como base uma lenda
urbana e recheou essa lenda com várias informações extras, em outras palavras:
encheu linguiça. Antes de qualquer crítica ao autor por isso, vale frisar que
ele não tinha como escapar dessa encheção de linguiça porque a maioria das histórias
com características de lendas urbanas tem um fio narrativo muito curto, por
isso, ao propor transformar essas lendas em contos, Tadeu não teve outro jeito
senão dramatiza-las, ‘encorpando’ as suas poucas linhas com diversas
informações, caso contrário, teríamos histórias com menos de meia página.
A gang do palhaço |
Este trabalho de encher linguiça funcionou em
algumas histórias, mas falhou em outras. “A Mulher do Táxi”, por exemplo, por
ser uma lenda urbana muito popular e conhecida pela maioria das pessoas de cabo
a rabo, entupi-las de mais informações só serviram para deixar a sua leitura
cansativa ao extremo. “A loira do banheiro” e “O roubo do rim, idem.
Mas por outro lado, esse artifício utilizado pelo jornalista,
cumpriu o seu papel em outros ‘contos’ como fica claro em “O homem do saco” –
achei o máximo as mudanças feitas nessa história popular; terror e humor nas
doses certas e com um final surpreendente; ri muito – “A flor do cemitério”, “O
gato preto” e a “Gangue do palhaço” também ficaram muito bons
Não gostei do formato do livro, tamanho cartilha. Achei
muito incômodo manuseá-lo na hora da leitura; mas em compensação, as
ilustrações em preto e branco são muito bem feitas.
Inté!
2 comentários
Lendas urbanas é um tema que considero bem envolvente! Talvez eu dê uma chance ao livro de Jorge Tadeu. :)
ResponderExcluirUm abraço!
http://tudoquemecomove.blogspot.com/
Karen, como escrevi no post, algumas lendas narradas por Tadeu são bem interessantes e prendem a atenção. Boa leitura!
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