Já perdi muitas horas de sono por causa de alguns
personagens criados por Stephen King. Ainda me lembro do dia, ou melhor, da
noite, em que li “A Coisa”. Caraca! Mesmo que eu não tenha chegado ao ponto de
ter pesadelos com Pennywise, confesso que em certos momentos preferia passar
pelo tormento de encarar uma bexiga cheia do que me levantar, caminhar por um
comprido corredor escuro, acender a luz, e dar uma gostosa ‘aliviada’. Verdade!
Cheguei a fazer isso.
Mas Pennywise não foi o único com esse poder, como
sou um leitor assíduo das histórias e contos do mestre do terror, conheci
muitos outros personagens que atazanaram – no bom sentido – as minhas
madrugadas. Por que madrugadas? Simples galera. É que tenho o hábito de ler
nesse horário. Bem, mas vamos ao que interessa.
Neste post resolvi selecionar
os cinco vilões mais assustadores idealizados por King em seus livros. Mas como
toda e qualquer lista é algo pessoal, pode ser que para muitos leitores existam
outros personagens mais aterradores do que esses. O que importa é que na minha opinião,
esses cinco foram fodásticos. Vamos à eles.
01
– Pennywise
Livro:
A Coisa / It, A Coisa
Não poderia deixar de abrir a minha lista com o
maligno palhaço chamado Pennywise ou Parcimonioso. Li o livro em 2011, a edição
da Objetiva. Recordo-me, na época, que ainda estava iniciando o blog.
Li “A Coisa” somente à noite, varando madrugadas; não
por opção, mas por necessidade. Durante o dia trampava em dois serviços: rádio
e jornal por isso, sobrava apenas as “noturnas” para me dedicar a leitura.
Resultado: tremi na base com Pennywise.
A malignidade da criatura fica evidente quando um
dos personagens do livro prefere se matar ao invés de enfrentar o assustador
palhaço. Antes de cometer o suicídio dentro da banheira, cortando os pulsos, a
vítima ainda consegue escrever na parede, com o próprio sangue, o nome da
criatura: IT, ou seja, A Coisa.
Parcimonioso é uma entidade sobrenatural,
que muda de forma, e geralmente aparece como um palhaço para atrair suas
presas preferidas: crianças.
No livro publicado pela primeira vez em 1986, o
assustador palhaço alimenta-se dos medos e fobias das crianças que
moram na cidade fictícia de Derry. A criatura ainda pode ler a mente de
suas vítimas e tomar a forma do que lhes der mais medo, assim como Freddy
Krueger em seus filmes.
02
– Cage Creed
Livro:
O Cemitério
Eta molequinho maligno! Cage Creed foi outro vilão
que me deu um cagaço terrível. Esqueça a criança do filme que estreou esse ano e
que não assusta ninguém e se concentre-se apenas no personagem do livro que, de
fato, provoca calafrios.
O Cage da obra literária lançada originalmente em 1983
é uma inocente e adorável criança de três anos que após ser atropelada e morta por
um caminhão, deixa os seus familiares desesperados, ao ponto de seu pai Louis
Creed tomar uma atitude completamente irracional: enterrar o corpo da criança
num cemitério de indígena de animais que tem o poder de trazer de volta ao
mundo dos vivos, as criaturas ali enterradas.
E quando Cage volta à vida. Brrrrrrrrrr... sai de
baixo. Ele retorna como uma verdadeira
força do mal, possuído por uma entidade maligna presente no cemitério maldito -
provavelmente o Wendigo,
figura bem conhecida do folclore indígena norte-americano.
Caráculas! As páginas finais de “O Cemitério” quando
Cage Creed retorna “vivinho da Silva” são arrepiantes. Ver um menino de três
anos, praticamente um bebê, agindo daquela maneira... falando aquelas coisas...
como se estivesse coberto por uma aura de malignidade... olha dá muito medo,
muito terror.
03
– Hotel Overlook
Livro:
O Iluminado
“O Iluminado” foi outra história de Stephen King
adaptada para os cinemas que sofreu alterações significativas em relação ao
texto original. Na minha opinião, o livro é muito mais assustador e impactante
do que o elogiado filme de Stanley Kubrick – quero dizer, elogiado pela crítica
e público, mas odiado por Stephen King.
No livro, o hotel Overlook, localizado numa região
isolada, é um personagem que manipula todos aqueles que freqüentam as suas
dependências – desde hóspedes a funcionários – e instiga o zelador Jack Torrance
voltar a beber álcool, além de tentar assassinar a esposa e o filho. Não vemos
o hotel como hotel, mas como uma entidade do mal que manipula as pessoas.
Resumindo, na obra escrita, ao contrário do filme, o Overlook é o verdadeiro
vilão da história. Na verdade, no final do enredo, entendemos tudo isso, pois
passamos a ver o Overlook como um ser maligno, uma verdadeira “casa mal
assombrada” como a casa de “Terror em Amityville”.
04 – Annie Wilkes
Livro: Misery: Louca Obsessão / Angústia
Gosto daqueles vilões de
carne e osso, pessoas comuns, mas que por algum motivo se desvinculam de suas
situações cotidianas e passam a viver situações caóticas, transformando-os em
verdadeiros ‘monstros’ sem sentimentos; verdadeiras essências da maldade.
A vilã Annie Wilkes de “Angústia”
- publicado no Brasil em 1988 pela Francisco Alves e relançado, recentemente,
pela Suma com o título de “Misery: Louca Obsessão” – se enquadra nessa
categoria de personagem. Esta enfermeira do mal mexeu com os meus nervos. Na
trama, um famoso escritor chamado Paul Sheldon sofre um acidente numa
estrada isolada e acaba sendo resgatado por uma fã - Wilkes -, que decide leva-lo
para sua casa e começar a tratá-lo de uma maneira nada convencional. Ao
descobrir que em seu próximo romance, Sheldon pretende matar Misery, a
personagem favorita de Wilkies, ela começa a torturá-lo para que ele escreva
uma história diferente onde dê um novo destino para Misery, satisfazendo,
assim, a sua vontade de fã ensandecida. O trecho do livro em que a enlouquecida
enfermeira pega uma marreta e.... Grrrrr!!! Nos cinemas, a personagem foi interpretada por
Kathy Bates em 1990, em um filme marcante.
05 – Taduz Lemke
Livro: A Maldição do Cigano /A Maldição
Alguns leitores consideram
Taduz Lemke um anti-herói, outros, um vilão. Depende do seu ponto de vista ao
ler a obra. Independente disso, sei apenas que o sujeito me perturbou muito.
Tanto é que após terminar a leitura do livro, a imagem daquele velho cigano com
o seu nariz carcomido e a sua terrível maldição não saiam de minha cabeça.
Putz, que ressaca literária terrível.
Lemke é um patriarca de
uma tribo cigana que roga uma praga horripilante num incauto motorista que
atropela e mata a sua filha.
Em "A Maldição do Cigano", o advogado Bill
Halleck que atropelou a filha de Lemke, consegue sair livre do tribunal, já que
o juiz é seu amigo particular. Ao se retirar, todo sorridente, da sala de
audiências, ele dá de cara com um velho cigano com uma fisionomia horrível e o
nariz carcomido que se aproxima e murmura uma praga em seu ouvido. Ele apenas
diz: “EMAGREDICO”. E a partir daí, o infeliz advogado quanto mais come mais
emagrece, até ficar pele e osso.
O que faz de Taduz Lemke
um dos piores vilões da literatura de terror é o seu espírito vingativo e
cruel. Ele é incapaz de perdoar Halleck que se arrepende profundamente e ainda
por cima aplica todo tipo de humilhação no desolado advogado. Não há quem não
se envolva com o sofrido Bill em sua busca incessante pelo cigano. Uma
verdadeira via crucis.
“A Maldição” foi escrito
no final dos anos 70 por Richard Bachman, antigo pseudônimo que King utilizava
para publicar alguns livros. No Brasil, o livro teve quatro edições: a
primeira, pela Francisco Alves, em 1991; a segunda, pela Objetiva, em 1998; a
terceira, pela Planeta, em 2004 e finalmente, a mais recente, pela Suma, em
2012, que saiu apenas com o título de “A Maldição”.
Por hoje é só galera. Espero que tenham gostado.
Inté!
2 comentários
Dá pra acrescentar Randall Flag (Dança da morte/Trocas macabras), o vilões de Outsider e Mr Mercedes, o carro Christine e o cão Cujo.
ResponderExcluirOlá Maurilei que bom vê-lo por aqui novamente.
ExcluirCom exceção de Cujo ainda não tive oportunidade de ler esses livros de King que você citou, mas fica registrada a sua sugestão.
Valeu pela dica.
Grde abraço!