O livro “O Cemitério”, de Stephen King, é tão bom,
mas tão bom, que seria uma grande heresia estraga-lo com spoilers nessa
resenha. Por isso pretendo escrever o mínimo possível para evitar esse mal.
Aliás, estou escrevendo esse post especialmente para aquelas pessoas que ainda
não leram o livro e tampouco assistiram aos dois filmes (1989 e 2019) baseados
na obra.
Apesar da maioria dos “leitores-cinéfilos” já terem
lido o livro e assistido, pelo menos, a produção de 20 anos atrás, alguns ainda
desconhecem a história por completo, não sabendo quem morre, quem continua
vivo, qual o resultado da atitude de Louis Creed, no que aquele ou este
personagem se transforma. Bem, a resenha que você lê agora foi escrita para
essas pessoas, por isso, talvez, ela possa parecer bem superficial, mas...
paciência. Prefiro assim. Me perdoem aqueles que já estão calejados com o “Universo
Pete Sematary” e esperavam algo mais detalhado.
Considero “O Cemitério” o livro mais denso e
perturbador de King. Posso dizer que a morte é o personagem principal do
enredo. Não a morte como algo físico, mas metafísico – do jeito que ela é realmente,
agindo e mudando o comportamento dos personagens, influenciando em suas
decisões.
Cena do filme "Cemitério Maldito" de 1989 |
Outros personagens do livro também são atingidos
pela morte, entre os quais Jud Crandall, amigo da família Creed; Ellie, filha
do casal e até mesmo Irwin – pai de Rachel e sogro de Louis – que juntamente com o seu genro protagonizam uma
cena que seria hilária se não ocorresse no velório de um familiar. Aliás, King
é mestre em transformar fatos engraçados, até mesmo pastelões em momentos de terror.
Cada um desse personagens reage de maneiras diferentes quando alguém conhecido
ou estimado perde a vida.
Enfim é isto, a morte está presente em toda a
história e por isso, acredito que “O Cemitério” seja tão perturbador. Mas não
apenas perturbador; o enredo também tem vários momentos que causam calafrios.
Eu, mesmo, me arrepiei com quatro passagens que me incomodaram muito. Perto do
final, um dos personagens, após a sua transformação maligna, choca o leitor não
somente por sua aparência, mas também pelo seu linguajar, considerado incompatível
para a sua idade. Algo que não acontece nos dois filmes.
"Cemitério Maldito", remake que estreou nos cinemas em 2019 |
Vários trechos da obra onde o cemitério maldito
interage com alguns personagens, procurando arrastá-los para o abismo de uma
loucura se fim, como se fosse uma entidade malévola, metem um medo visceral. Na
maioria das vezes, li o livro sozinho em casa durante a madrugada e confesso
que fiquei com aquele medo bobo de entrar num cômodo com a luz apagada.
Acredite, “O Cemitério” consegue fazer isso.
Na trama, Louis Creed, um jovem médico de Chicago,
acredita que encontrou seu lugar em Ludlow, uma pequena cidade do Maine, onde
se muda com sua esposa, Rachel, e seus dois jovens filhos, Ellie e Gage.
A boa casa, o trabalho na universidade, a felicidade
da esposa e dos filhos lhe trazem a certeza de que fez a melhor escolha.
Num dos primeiros passeios familiares para explorar
a região, conhecem um "simitério" no bosque próximo a sua casa. Ali,
gerações e gerações de crianças enterraram seus animais de estimação.
Para além dos pequenos túmulos, onde letras infantis registram seu primeiro contato com a morte, há, no entanto, um outro cemitério. Uma terra maligna que atrai pessoas com promessas sedutoras e onde forças estranhas são capazes de tornar real o que sempre pareceu impossível.
Para além dos pequenos túmulos, onde letras infantis registram seu primeiro contato com a morte, há, no entanto, um outro cemitério. Uma terra maligna que atrai pessoas com promessas sedutoras e onde forças estranhas são capazes de tornar real o que sempre pareceu impossível.
Este local estranho e maligno passa a ter grande
influência na família Creed.
Enfim, é isto. Espero não ter liberado muito
spoilers para a galera que ainda não leu o livro e nem assistiu aos dois
filmes.
Só posso dizer: não deixem de ler “O Cemitério”. É
muito assustador e principalmente, perturbador. Talvez, o mais perturbador de
todos os livros escritos pelo mestre do terror.
2 comentários
Acredito que você teve uma percepção parecida com a minha sobre esse livro, porque quando fiz a minha resenha sobre O Cemitério no meu blog, eu também tive essa preocupação em não revelar muitos detalhes sobre a história que pudessem estragar a experiência de novos leitores.
ResponderExcluirNos últimos tempos, eu percebi que tanto filmes quanto livros são melhores aproveitados quando se tem o mínimo de informações prévias sobre eles.
No caso desse em particular, você teve uma vantagem sobre mim, pois quando o li pela primeira vez em 2001, eu já havia visto o filme de 1989 quando criança, então já sabia de tudo o que iria acontecer na história. Uma cena em particular do filme ficou na minha lembrança durante ANOS (eu tinha uns cinco anos de idade quando vi o filme pela primeira vez, mas já gostava de filmes de terror nessa época), embora essa cena seja diferente no livro.
No entanto, mesmo com esse fato de eu saber o que iria acontecer no livro mesmo antes de lê-lo, não atrapalhou na questão de esse se tornar minha obra favorita de King. Pelo que eu li da sua resenha, você curtiu um mesmo aspecto que eu: a transformação do protagonista na terceira parte. Diferente das duas versões cinematográficas, no caso do livro as ações dele são, de certa forma, justificadas. Aquele trecho em que ele pensa "como não aproveitar essa oportunidade?" resume bem isso.
Pois é, também assisti ao filme de 89, mas recordava vagamente de algumas cenas. Com certeza, não atrapalhopu a leitura.
ExcluirGostaria de agradecer pela indicação. Valeu, mesmo, Augusto!
Abcs!