As páginas finais de As Ruínas (2006) – digo páginas finais porque o livro não é
dividido em capítulos, o que na minha opinião, trata-se de uma falha enorme da
editora – tem uma carga emocional muito grande. As situações vividas pelos personagens
chegam ao extremo; trechos envolvendo automutilações, amputações a sangue frio,
além de um terrível e sui generis vilão carnívoro que devora as suas vítimas sorrateiramente
e sem piedade, minam a resistência do mais forte dos leitores, tanto é verdade,
que perto do final fui obrigado a “dar um respiro” e deixar o livro sobre a
mesa, quietinho, para prosseguir a leitura somente depois.
Costumo dizer que Scott Smith foi muito sádico ao
escrever As Ruínas, porque além das
cenas chocantes envolvendo a luta de cinco jovens contra um inimigo assustador
e impiedoso, o autor também explorou ao máximo os medos, incertezas, ansiedades
e conflitos de cada um dos personagens. Cara, você não imagina como a soma de
tudo isso deixa o enredo tenso pra caráculas.
Vejam bem, eu já penso diferente. Na minha opinião,
o autor foi meticuloso na construção do perfil de seus personagens. Tão
meticuloso que você passa a ver Jeff, Eric, Stacy, Amy, Pablo e Mathias como
pessoas de carne e osso. Verdade! Como se o leitor fosse amigo deles, tão amigo
ao ponto de conhecer à fundo as suas intimidades, medos, defeitos e virtudes.
Cena do filme de 2008 |
Portanto, se você gosta de histórias em que o autor
dá uma ênfase maior para a ação ou o suspense do que para a construção dos
personagens, certamente, irá achar As
Ruínas cansativo em várias partes.
Se demorei um pouco a mais para terminar a leitura
do livro – acho que ‘uns’ 22 dias – não foi por acha-lo cansativo, mas como já
disse acima, por considerar alguns trechos bem tensos. Prova disso, é que
enrosquei nas páginas finais para dar aquela respirada e colocar os nervos em
ordem.
A trama de As
Ruínas é daquelas que começam com simplicidade, mas do meio para o final o
bicho pega e a tensão vai aumentando... aumentando, até se tornar eletrizante,
mexendo com os nervos do leitor.
Escritor americano Scott Smith |
No enredo criado por Smith, dois casais de
estudantes, Jeff e Amy, Eric e Stacy, passam férias em Cancún, no México. Tomam
sol, mergulham, namoram, enfim, uma vida de rei, mas como tudo enjoa, eles
também vão ficando cansados dessa vida pacata, até que conhecem um jovem alemão
chamado Mathias e aceitam o convite para acompanha-lo numa aventura.
De acordo com Mathias, seu irmão Henrich se
apaixonou por uma arqueóloga e a seguiu até um sítio arqueológico localizado
perto de algumas misteriosas ruínas maias. Como após alguns dias o seu irmão não
retornou, Mathias convida os dois casais para ajudá-lo a procura-lo. De posse
de um mapa deixado pelo rapaz, antes de sumir, os quatro jovens, acompanhados
de um colega turista grego decidem ir até as misteriosas ruinas maias em busca
de Henrich.
Chegando ao local eles encontram um predador que aos
poucos toma forma, mexe com os brios de cada um, contrapõe falhas de suas
personalidades e os faz ultrapassar todas as fronteiras íntimas. Enfim, eles passam a conhecer um terror nunca
visto.
O livro de Smith virou filme em 2008 e inicialmente
a Paramount pretendia lança-lo nos cinemas, mas no final As Ruínas acabou sendo lançado diretamente em vídeo. Assisti ao
filme e apesar de bom, posso afirmar que não chega aos pés do livro.
Ah! Antes que me esqueça: Stephen King adorou o livro. Bem... acho que não preciso dizer mais nada.
Boa leitura!
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