As Ruínas

25 agosto 2019

As páginas finais de As Ruínas (2006) – digo páginas finais porque o livro não é dividido em capítulos, o que na minha opinião, trata-se de uma falha enorme da editora – tem uma carga emocional muito grande. As situações vividas pelos personagens chegam ao extremo; trechos envolvendo automutilações, amputações a sangue frio, além de um terrível e sui generis vilão carnívoro que devora as suas vítimas sorrateiramente e sem piedade, minam a resistência do mais forte dos leitores, tanto é verdade, que perto do final fui obrigado a “dar um respiro” e deixar o livro sobre a mesa, quietinho, para prosseguir a leitura somente depois.
Costumo dizer que Scott Smith foi muito sádico ao escrever As Ruínas, porque além das cenas chocantes envolvendo a luta de cinco jovens contra um inimigo assustador e impiedoso, o autor também explorou ao máximo os medos, incertezas, ansiedades e conflitos de cada um dos personagens. Cara, você não imagina como a soma de tudo isso deixa o enredo tenso pra caráculas.
Antes de ter comprado As Ruínas num sebo virtual e ter pago um valor considerável (R$ 52,00, muito para um livro usado e ainda não tão raro) tinha muitas dúvidas por conta de algumas críticas não favoráveis ao enredo. A maioria delas achava a história cansativa, principalmente o início; e antes de chegar no clímax do enredo, o leitor já tinha desistido da obra.
Vejam bem, eu já penso diferente. Na minha opinião, o autor foi meticuloso na construção do perfil de seus personagens. Tão meticuloso que você passa a ver Jeff, Eric, Stacy, Amy, Pablo e Mathias como pessoas de carne e osso. Verdade! Como se o leitor fosse amigo deles, tão amigo ao ponto de conhecer à fundo as suas intimidades, medos, defeitos e virtudes.
Cena do filme de 2008
Portanto, se você gosta de histórias em que o autor dá uma ênfase maior para a ação ou o suspense do que para a construção dos personagens, certamente, irá achar As Ruínas cansativo em várias partes.
Se demorei um pouco a mais para terminar a leitura do livro – acho que ‘uns’ 22 dias – não foi por acha-lo cansativo, mas como já disse acima, por considerar alguns trechos bem tensos. Prova disso, é que enrosquei nas páginas finais para dar aquela respirada e colocar os nervos em ordem.
A trama de As Ruínas é daquelas que começam com simplicidade, mas do meio para o final o bicho pega e a tensão vai aumentando... aumentando, até se tornar eletrizante, mexendo com os nervos do leitor.
Escritor americano Scott Smith
No enredo criado por Smith, dois casais de estudantes, Jeff e Amy, Eric e Stacy, passam férias em Cancún, no México. Tomam sol, mergulham, namoram, enfim, uma vida de rei, mas como tudo enjoa, eles também vão ficando cansados dessa vida pacata, até que conhecem um jovem alemão chamado Mathias e aceitam o convite para acompanha-lo numa aventura.
De acordo com Mathias, seu irmão Henrich se apaixonou por uma arqueóloga e a seguiu até um sítio arqueológico localizado perto de algumas misteriosas ruínas maias. Como após alguns dias o seu irmão não retornou, Mathias convida os dois casais para ajudá-lo a procura-lo. De posse de um mapa deixado pelo rapaz, antes de sumir, os quatro jovens, acompanhados de um colega turista grego decidem ir até as misteriosas ruinas maias em busca de Henrich.
Chegando ao local eles encontram um predador que aos poucos toma forma, mexe com os brios de cada um, contrapõe falhas de suas personalidades e os faz ultrapassar todas as fronteiras íntimas.  Enfim, eles passam a conhecer um terror nunca visto.
O livro de Smith virou filme em 2008 e inicialmente a Paramount pretendia lança-lo nos cinemas, mas no final As Ruínas acabou sendo lançado diretamente em vídeo. Assisti ao filme e apesar de bom, posso afirmar que não chega aos pés do livro.
Ah! Antes que me esqueça: Stephen King adorou o livro. Bem... acho que não preciso dizer mais nada.
Boa leitura!  

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