Acabei de ler “A Maldição do Cigano” ou “A Maldição”, tanto
faz. O recheio é o mesmo, só muda a embalagem, ou seja, a capa. O primeiro,
trata-se do título original, lançado pela Francisco Alves em 1989 e o segundo é
a reedição da Suma de Letras que entrou ‘bombando’ no mercado literário em 2012
e permanece vendendo horrores até hoje.
Olha, confesso que não é o melhor de Stephen King; lendo a
obra percebemos que o mestre do terror não estava tão inspirado no dia em que
decidiu escrever a história de um cigano que lança uma maldição medonha num
advogado que atropelou a sua filha. Mas venhamos e convenhamos, mesmo um King
menos inspirado consegue dar de 10
a 0 em muitos autores, principalmente nessa legião de
novatos que são tão injustamente endeusados pela crítica teen.
Achei que o livro se perde em muitas descrições
desnecessárias, além de dar uma
importância exagerada ao drama familiar vivido pelo advogado Bill Halleck, mas
acontece que King é gênio. Por isso, apesar do excesso de ‘lenga-lenga’, não há
como negar que o enredo idealizado pelo autor é agonizante, criando no leitor
uma sensação esquisita, sei lá... uma mistura de pânico, medo, insegurança,
ansiedade. É difícil explicar; só sei que a cada página virada essa sensação vai
crescendo. Talvez, o responsável por essa miscelânea de sentimentos ruins seja
o cigano feiticeiro Taduz Lemke com o seu nariz carcomido que lança a maldição
sobre Halleck. Mêo, o sujeito, de fato, provoca arrepios. Juro que após ter lido o
livro não quero jamais me encontrar com nenhum cigano pela frente e se, por
acaso, topar com um velhinho com brincos na orelha, argola no nariz e alguns
pivôs dourados na boca, com certeza mijarei nas calças. E se esse mesmo
velhinho tiver uma ferida no nariz, então:
ai! ai! ai! ai! acabo fazendo coisa pior nos fundilhos!
King conseguiu criar um personagem enigmático, forte, cruel,
vingativo e que não conhece o medo. O velhinho mandingueiro inspira poder e...
principalmente, medo.
A grande sacada de King – e é aí que entra o dedo do mestre
– foi ter criado outro vilão tão cruel quanto Lemke que o enfrentasse sem medo,
mas utilizando armas bem diferentes daquelas empregadas pelo feiticeiro
patriarca. E, com certeza, armas tão letais quanto uma maldição. Quer saber
quais são essas armas? Ok, eu digo: o mau caráter, a falta de escrúpulos, a
maldade e a arrogância que o torna auto-confiante ao extremo, chegando ao ponto
de pensar que nada poderá atingi-lo. Este personagem se chama Richard Ginelle,
um gangster, amigo de Halleck á quem o pobre advogado recorre para tentar
convencer Lemke à retirar a maldição.
Cara, King criou um gangster tão incomum que apesar de toda
a sua crueldade, o leitor acaba se simpatizando com o homem. Admirei o calhorda
e tornei-me seu fã porque enquanto borrava as minhas calças toda vez que Lemke
aparecia no enredo, Ginelle encarava o velho patriarca cigano com altivez e sem uma gota de medo. Acontece
que Lemke também era casca grossa e não recuava até que... putz! Quase solto
spoiler. “Parandoooo” (rs).
Bem, o destino final de Ginelle e Halleck também são
inesperados, deixando o leitor boquiaberto e com aquela sensação ruim. Taí,
mais um ponto para King.
“A Maldição” conta a história de Bill Halleck, um bem
sucedido advogado que vive feliz ao lado da esposa Heidi e da filha
adolescente, desfrutando os prazeres de uma vida sem grandes preocupações. Até
o dia em que uma velha cigana se pôs em seu caminho. Ele não consegue pisar no
freio de seu carro a tempo e com isso, as rodas acabam esmagando a senhora. A partir
daí, a sua vida começa a ser destruída.
Não foi a implacável justiça americana que pôs fim a seus
dias felizes. Na verdade, o júri foi muito compreensivo com o bom amigo, e ele
não precisou pagar com sua liberdade pela vida da cigana. Mas, na saída do
tribunal, Halleck dá de cara com um velho cigano com parte do rosto carcomido e
de olhos profundos. O advogado ouve dos lábios do cigano uma única frase: “Mais
magro”. Pronto! Tá lançada a terrível maldição!
A partir desse dia, Halleck mergulha num pesadelo. Seus 111
quilos começam a diminuir vertiginosamente. De acordo com os médicos, não há
nada em seu organismo que possa justificar a súbita perda. A infeliz vítima
está desaparecendo e, se não conseguir deter o processo, em pouco tempo não
será mais do que um feixe de ossos.
Começa assim uma busca implacável em que Halleck reúne o
pouco que lhe resta de forças e sai à caça de Taduz Lemke. Ele sabe que somente
o velho será capaz de mudar o seu destino – encontrá-lo é uma questão de vida
ou morte.
Abandonado pela esposa e pelos amigos que duvidam de sua
sanidade, passa a contar apenas com suas poucas forças e com a ajuda de Richard
Ginelle, um gangster perigoso, mas amigo fiel, que se dispõe a tudo para
salvá-lo.
Como já
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