Sabe aquela história do cachorro que foi picado por
uma cobra e depois começou a ter medo de linguiça? Pois é, fiquei com esse
mesmo trauma depois que li “A Senhora do Jogo” de Tilly Bagshawe, autora
escolhida pelos familiares de Sidney Sheldon para dar prosseguimento ao legado
de romances do famoso escritor.
Ao pegar nas mãos “A Viúva Silenciosa”, novo livro de
Bagshawe, juro que estava tremendo de medo; medo de ter jogado no lixo quase R$
55,00 paus, na época. E somente quem é um autêntico devorador de livros sabe o
quanto dói na alma parar uma leitura no início ou no meio por causa de um
enredo sofrível somado a personagens insossos.
E “A Senhora do Jogo” – sequência do clássico “OReverso da Medalha” – foi um duro golpe para mim; tão duro que jurei nunca mais
ler um livro da autora, mas ‘entonce’ acabei sendo vencido pela curiosidade quando
vi nas livrarias virtuais a sinopse de “A Viúva Silenciosa”. Além do mais, os
comentários de alguns amigos e amigas blogueiras eram favoráveis à obra. É
claro que haviam as opiniões desanimadoras, achando o livro uma perda de tempo
e outras até mesmo taxando-o como um plágio descarado de “A Outra Face”,
primeiro livro escrito por Sheldon em 1970. Ok, optei por dar crédito as
críticas positivas. E assim, acabei fechando a compra do exemplar.
Surpreendentemente gostei.
Digo surpreendentemente porque, apesar dos comentários
favoráveis que havia lido sobre o livro, o trauma de “A Senhora do Jogo” ainda
estava arraigado no fundo da minha memória e por isso, esperava ‘dar de cara”
com um enredo sofrível. Acabei me enganando.
Fazendo apologia a um velho ditado popular, posso
dizer que “A Viúva Silenciosa não
é nenhuma Brastemp”, mas consegue agradar. Ela
segue aquela velha formula adotada por Sheldon, de escolher como protagonista
de suas tramas, mulheres fortes que sofrem e apanham horrores durante toda a
história para conseguira sua redenção no final. Bagshawe foi um pouco mais
além, ao dar para a personalidade de Nikki Roberts algumas características que
a incluíssem no rol das candidatas ao título de vilão da história. Tanto é que
ao chegar em determinado ponto do enredo, tive
quase certeza que ela seria a brutal assassina misteriosa.
Tilly Bagshawe |
Aproveito o gancho para fazer um alerta aqueles
leitores que estão esperando encontrar uma protagonista do tipo “correta
moralmente e socialmente”. Nikki não é nada disso. Ela é ácida, dura e
convencida, mas apesar tudo, ela consegue conquistar o leitor, tanto é que
torci alucinadamente para que a psicóloga não estivesse envolvida nos
assassinatos que ocorrem na trama.
Outro ponto positivo do livro é a amplitude do leque
de supostos vilões. Bagshawe ampliou muito esse contexto. Conforme a trama vai
se aprofundando, o rol de suspeitos também cresce, o que aumenta a curiosidade
do leitor em saber quem, afinal, é o autor dos homicídios.
“A Viúva Silenciosa” gira em torno da renomada psicóloga
Nikki Roberts, que após perder o marido em um grave acidente de automóvel, há
aproximadamente um ano, se transforma numa pessoa dura, fechada e fria. Mesmo
ainda sofrendo com a perda do marido, ela decide continuar trabalhando, mas opta
por reduzir a sua carteira de pacientes.
Certo dia, por estar chovendo muito, Nikki resolve emprestar a sua capa de
chuva para uma de suas pacientes preferidas chamada Lisa Flannagan que ao sair
de seu consultório da psicóloga acaba sendo assassinada em seu lugar. Como não
bastasse, uma outra pessoa muito ligada a Nikki também morre, vítima do
assassino.
Conforme as investigações avançam, as suspeitas dos crimes começam recair nas costas de Nikki que agora tem que lutar para provar a sua inocência.
Sidney Sheldon e Tilly Bagshawe |
Conforme as investigações avançam, as suspeitas dos crimes começam recair nas costas de Nikki que agora tem que lutar para provar a sua inocência.
O enredo fica ainda mais instigante no momento em que
a polícia encontra células mortas nos corpos assassinados, apontando que o
assassino já estaria morto. É a partir desse ponto da intriga que o bicho pega,
já que as investigações acabam indo parar no submundo onde prevalece o
narcotráfico, as mentiras e as ilusões. São capítulos recheados de muitas
surpresas.
Quando disse no início do post para que o leitor,
antes de adquirir a obra, não se iluda em estar comprando uma Brastemp, significa
que o estilo de Sheldon é único e jamais alguém conseguirá igualá-lo. Por isso
quando você for comprar “A Viúva Silenciosa” não espere levar para a casa uma
história escrita por Sheldon, mas apenas um enredo escrito por uma autora que
conseguir se redmir do fiasco de “A Senhora do Jogo”.
Boa leitura!
Postar um comentário