A Viúva Silenciosa

02 março 2019

Sabe aquela história do cachorro que foi picado por uma cobra e depois começou a ter medo de linguiça? Pois é, fiquei com esse mesmo trauma depois que li “A Senhora do Jogo” de Tilly Bagshawe, autora escolhida pelos familiares de Sidney Sheldon para dar prosseguimento ao legado de romances do famoso escritor.
Ao pegar nas mãos “A Viúva Silenciosa”, novo livro de Bagshawe, juro que estava tremendo de medo; medo de ter jogado no lixo quase R$ 55,00 paus, na época. E somente quem é um autêntico devorador de livros sabe o quanto dói na alma parar uma leitura no início ou no meio por causa de um enredo sofrível somado a personagens insossos.
E “A Senhora do Jogo” – sequência do clássico “OReverso da Medalha” – foi um duro golpe para mim; tão duro que jurei nunca mais ler um livro da autora, mas ‘entonce’ acabei sendo vencido pela curiosidade quando vi nas livrarias virtuais a sinopse de “A Viúva Silenciosa”. Além do mais, os comentários de alguns amigos e amigas blogueiras eram favoráveis à obra. É claro que haviam as opiniões desanimadoras, achando o livro uma perda de tempo e outras até mesmo taxando-o como um plágio descarado de “A Outra Face”, primeiro livro escrito por Sheldon em 1970. Ok, optei por dar crédito as críticas positivas. E assim, acabei fechando a compra do exemplar. Surpreendentemente gostei.
Digo surpreendentemente porque, apesar dos comentários favoráveis que havia lido sobre o livro, o trauma de “A Senhora do Jogo” ainda estava arraigado no fundo da minha memória e por isso, esperava ‘dar de cara” com um enredo sofrível. Acabei me enganando.
Fazendo apologia a um velho ditado popular, posso dizer que “A Viúva Silenciosa não
Tilly Bagshawe
é nenhuma Brastemp”, mas consegue agradar. Ela segue aquela velha formula adotada por Sheldon, de escolher como protagonista de suas tramas, mulheres fortes que sofrem e apanham horrores durante toda a história para conseguira sua redenção no final. Bagshawe foi um pouco mais além, ao dar para a personalidade de Nikki Roberts algumas características que a incluíssem no rol das candidatas ao título de vilão da história. Tanto é que ao chegar em determinado ponto do enredo, tive  quase certeza que ela seria a brutal assassina misteriosa.
Aproveito o gancho para fazer um alerta aqueles leitores que estão esperando encontrar uma protagonista do tipo “correta moralmente e socialmente”. Nikki não é nada disso. Ela é ácida, dura e convencida, mas apesar tudo, ela consegue conquistar o leitor, tanto é que torci alucinadamente para que a psicóloga não estivesse envolvida nos assassinatos que ocorrem na trama.
Outro ponto positivo do livro é a amplitude do leque de supostos vilões. Bagshawe ampliou muito esse contexto. Conforme a trama vai se aprofundando, o rol de suspeitos também cresce, o que aumenta a curiosidade do leitor em saber quem, afinal, é o autor dos homicídios.
“A Viúva Silenciosa” gira em torno da renomada psicóloga Nikki Roberts, que após perder o marido em um grave acidente de automóvel, há aproximadamente um ano, se transforma numa pessoa dura, fechada e fria. Mesmo ainda sofrendo com a perda do marido, ela decide continuar trabalhando, mas opta por reduzir a sua carteira de pacientes.
Sidney Sheldon e Tilly Bagshawe
Certo dia, por estar chovendo muito, Nikki resolve emprestar a sua capa de chuva para uma de suas pacientes preferidas chamada Lisa Flannagan que ao sair de seu consultório da psicóloga acaba sendo assassinada em seu lugar. Como não bastasse, uma outra pessoa muito ligada a Nikki também morre, vítima do assassino.
Conforme as investigações avançam, as suspeitas dos crimes começam recair nas costas de Nikki que agora tem que lutar para provar a sua inocência.
O enredo fica ainda mais instigante no momento em que a polícia encontra células mortas nos corpos assassinados, apontando que o assassino já estaria morto. É a partir desse ponto da intriga que o bicho pega, já que as investigações acabam indo parar no submundo onde prevalece o narcotráfico, as mentiras e as ilusões. São capítulos recheados de muitas surpresas.
Quando disse no início do post para que o leitor, antes de adquirir a obra, não se iluda em estar comprando uma Brastemp, significa que o estilo de Sheldon é único e jamais alguém conseguirá igualá-lo. Por isso quando você for comprar “A Viúva Silenciosa” não espere levar para a casa uma história escrita por Sheldon, mas apenas um enredo escrito por uma autora que conseguir se redmir do fiasco de “A Senhora do Jogo”.
Boa leitura!

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