Uma saga e mais dois livros de ficção científica com o poder de fazer com que os leitores atravessem madrugadas lendo

14 setembro 2024


Considero ficção científica um gênero literário sui generis porque grande parte dos autores, sejam eles novos ou já consagrados, optam por uma linguagem mais descritiva ou introspectiva deixando a aventura ou o suspense para um segundo plano. Taí 2001, Uma Odisseia no Espaço e Fahrenheit 451 de Arthur C. Clarke e Ray Bradbury, respectivamente, que não me deixam mentir. Essas duas obras são verdadeiros clássicos do gênero, mas o estilo narrativo lento adotado pelos seus autores vai agradar somente aqueles que são verdadeiros amantes da ficção científica. Já os leitores que estão iniciando agora no gênero ou então aqueles mais ecléticos – que apreciam vários gêneros literários – poderão achar a narrativa um pouco cansativa e menos fluida.

De fato, são narrativas mais lentas e que exploram temas como o impacto da tecnologia nas relações humanas, o controle da informação e como seria o nosso mundo após um contato de terceiro grau, ou seja, com seres alienígenas. São assuntos interessantes, mas na maioria das vezes um pouco cansativos. Claro que há exceções. Há livros de ficção científica que são verdadeiras montanhas russas onde a ação se funde com o suspense e até mesmo o thriller psicológico.

Apesar dessas particularidades, eu amo o gênero e os livros que eu li proporcionaram viagens inesquecíveis.

Hoje, enquanto observava a minha estante já planejando a mudança de posição de alguns livros, parei no gênero dedicado à ficção científica e fiquei observando uma saga formada por três livros, além de outras duas obras de um mesmo autor. A trilogia que me refiro foi escrita por John Scalzi, enquanto os dois outros livros são de Michael Crichton. Posso afirmar, sem medo de errar, que a trilogia A Guerra do Velho de Scalzi, além de Presa e Micro foram os melhores livros de ficção científica que já li. Me perdoem aqueles que amaram verdadeiros clássicos do gênero que entraram para o cânone da ficção científica, obras bem mais famosas do que as minhas preferidas escritas por Scalzi e Crichton, mas no meu caso, esses cinco livros foram os melhores.

Considere a postagem de hoje como um lobby, mas um lobby merecido porque A Guerra do Velho, Presa e Micro são muito bons e merecem serem lidos e relidos.

Saga “A Guerra do Velho”

No primeiro volume que leva o nome da saga acompanhamos a vida de John Perry, um homem viúvo que, aos 75 anos, decide se alistar para um programa de defesa espacial da Terra. As Forças Coloniais de Defesa (FCD) são responsáveis por manter a segurança do planeta livre de ataques alienígenas, além de procurar outros planetas habitáveis.

O interessante é que esse programa militar só permite o recrutamento de idosos. John Perry, com sete décadas e meia “nas costas”, acaba aceitando esse desafio, após a morte de sua esposa, mesmo tendo apenas uma vaga ideia do que pode esperar.

Scalzi  trata de temas comuns, mas ao mesmo tempo polêmicos que fazem parte do nosso dia a dia, como militarismo, ética, envelhecimento e amor.

Guerra do Velho foi lançado originalmente em 2005 e faz parte de uma saga de seis livros, dos quais li apenas a primeira trilogia (A Guerra do Velho, As Brigadas Fantasma e A Última Colônia). Ainda não tive a oportunidade de ler a segunda trilogia (O Conto de Zoe, A Humanidade Dividida e O Fim de Todas as Coisas). As duas trilogias foram publicadas pela editora Aleph no Brasil entre 2016 e 2023.

O segundo livro da saga – As Brigadas Fantasmas - não é uma sequência direta de A Guerra do Velho. Para que o leitor tenha uma ideia, o nome de John Perry, personagem principal do primeiro livro,  é citado apenas duas ou três vezes no enredo, com ênfase maior no final da história; no mais, Scalzi preferiu ignorar o personagem marcante de A Guerra do Velho, apesar isso, trata-se de livraço, uma baita sequência.

Se você se interessou pelas tropas de elite das Forças Coloniais de Defesa – as famosas Brigadas Fantasma - que arrasaram em A Guerra do Velho, pode se preparar porque esse segundo volume da saga é dedicado com honras e glórias a essa “tropa de elite”.

Sai John Perry e seus companheiros de pelotão das Forças Coloniais de Defesa e entram Jared Dirac e a galera explosiva das Brigadas Fantasma.

Planejados para serem mais fortes, espertos e inteligentes, os soldados que integram as Brigadas Fantasma são convocados para tentar evitar um extermínio em massa da humanidade por seres alienígenas sanguinários.

A Última Colônia é uma sequência direta dos outros dois livros da série, por isso se a galera resolver ler a obra sem dominar o universo da ‘União Colonial (UC)’ e das ‘Forças Coloniais de Defesa’ (FCD) criado pelo autor, sinto muito, mas vocês ficarão desorientados. Os três livros são interligados e precisam ser ‘devorados’ na sequência para que se tenha uma leitura da saga mais prazerosa.

Se você seguir esse conselho, certamente gostará muito de A Última Colônia que fecha com chave de ouro e de uma maneira emocionante a “Saga do Velho” como ficou conhecida por alguns leitores.

Presa e Micro (Michael Crichton)

Vamos agora aos livros: outras duas joias lapidadas em minha estante. Aqueles que acompanham o blog há bastante tempo sabem o quanto sou fã de Michael Crichton. Sabem também que considero Presa e Micro dois de seus melhores livros.

Presa é imbatível, insuperável. Cara, que livro! Você não consegue larga-lo um minuto sequer. Costumo dizer para os meus amigos leitores que a medida que vamos nos aprofundando na trama entramos no modo “leitura frenética”. Neste livro, Crichton mistura ficção científica hard com suspense, presenteando os seus leitores com um excelente techno-thriller. O enredo envolve nanotecnologia: um microorganismo artificial capaz de se mover em nuvens, como um enxame de abelhas, e ainda de evoluir sozinho como um ser vivo. Logo essa nuvem de nanopartículas se torna uma ameaça, desenvolvendo inteligência e aprendendo até mesmo a mimetizar seres humanos. Cabe a um programador chamado Jack marido de Julia, uma das cientistas do projeto, buscar uma solução para o problema.

Uma das poucas obras literárias me fez atravessar madrugadas.

Quanto a Micro é um livro póstumo de Michael Crichton. Há rumores de que Crichton teria escrito apenas 73% da obra antes de morrer.  O restante da história foi completado por Richard Preston.

Bem resumidamente, o enredo estilo montanha-russa de Micro descreve a aventura de sete promissores estudantes, cada um deles, graduado em determinado campo da ciência (aracnologia, entomologia, bioquímica, envenenamento, etc) que são miniaturizados a proporções microscópicas e enviados ao chamado ‘micro-mundo’ habitado por  insetos, bactérias e outros “animaizinhos” peçonhentos e perigosos para recolher amostras que podem ser utilizadas na fabricação de medicamentos. Outro livraço com o poder de fazer com que você atravesse madrugadas lendo.

Espero ter colaborados com algumas sugestões de leituras para os amantes de ficção científica.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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