Considero ficção científica um gênero literário sui
generis porque grande parte dos autores, sejam eles novos ou já consagrados,
optam por uma linguagem mais descritiva ou introspectiva deixando a aventura ou
o suspense para um segundo plano. Taí 2001,
Uma Odisseia no Espaço e Fahrenheit
451 de Arthur C. Clarke e Ray Bradbury, respectivamente, que não me deixam
mentir. Essas duas obras são verdadeiros clássicos do gênero, mas o estilo
narrativo lento adotado pelos seus autores vai agradar somente aqueles que são
verdadeiros amantes da ficção científica. Já os leitores que estão iniciando
agora no gênero ou então aqueles mais ecléticos – que apreciam vários gêneros
literários – poderão achar a narrativa um pouco cansativa e menos fluida.
De fato, são narrativas mais lentas e que exploram
temas como o impacto da tecnologia nas relações humanas, o controle da
informação e como seria o nosso mundo após um contato de terceiro grau, ou
seja, com seres alienígenas. São assuntos interessantes, mas na maioria das
vezes um pouco cansativos. Claro que há exceções. Há livros de ficção
científica que são verdadeiras montanhas russas onde a ação se funde com o
suspense e até mesmo o thriller psicológico.
Apesar dessas particularidades, eu amo o gênero e os
livros que eu li proporcionaram viagens inesquecíveis.
Hoje, enquanto observava a minha estante já planejando
a mudança de posição de alguns livros, parei no gênero dedicado à ficção
científica e fiquei observando uma saga formada por três livros, além de outras
duas obras de um mesmo autor. A trilogia que me refiro foi escrita por John
Scalzi, enquanto os dois outros livros são de Michael Crichton. Posso afirmar,
sem medo de errar, que a trilogia A
Guerra do Velho de Scalzi, além de Presa
e Micro foram os melhores livros de
ficção científica que já li. Me perdoem aqueles que amaram verdadeiros
clássicos do gênero que entraram para o cânone da ficção científica, obras bem
mais famosas do que as minhas preferidas escritas por Scalzi e Crichton, mas no
meu caso, esses cinco livros foram os melhores.
Considere a postagem de hoje como um lobby, mas um
lobby merecido porque A Guerra do Velho,
Presa e Micro são muito bons e merecem serem lidos e relidos.
Saga
“A Guerra do Velho”
No primeiro volume que leva o nome da saga acompanhamos
a vida de John Perry, um homem viúvo que, aos 75 anos, decide se alistar para
um programa de defesa espacial da Terra. As Forças Coloniais de Defesa (FCD)
são responsáveis por manter a segurança do planeta livre de ataques
alienígenas, além de procurar outros planetas habitáveis.
O interessante é que esse programa militar só permite
o recrutamento de idosos. John Perry, com sete décadas e meia “nas costas”,
acaba aceitando esse desafio, após a morte de sua esposa, mesmo tendo apenas
uma vaga ideia do que pode esperar.
Scalzi trata de
temas comuns, mas ao mesmo tempo polêmicos que fazem parte do nosso dia a dia,
como militarismo, ética, envelhecimento e amor.
Guerra
do Velho foi lançado originalmente em 2005 e faz parte de uma
saga de seis livros, dos quais li apenas a primeira trilogia (A Guerra do Velho, As Brigadas Fantasma e A Última Colônia). Ainda não tive a oportunidade de ler a segunda trilogia (O Conto de Zoe, A Humanidade Dividida e O Fim
de Todas as Coisas). As duas trilogias foram publicadas pela editora Aleph
no Brasil entre 2016 e 2023.
O segundo livro da saga – As Brigadas Fantasmas - não é uma sequência direta de A Guerra do Velho. Para que o leitor
tenha uma ideia, o nome de John Perry, personagem principal do primeiro livro, é citado apenas duas ou três vezes no enredo,
com ênfase maior no final da história; no mais, Scalzi preferiu ignorar o personagem
marcante de A Guerra do Velho, apesar
isso, trata-se de livraço, uma baita sequência.
Se você se interessou pelas tropas de elite das Forças
Coloniais de Defesa – as famosas Brigadas Fantasma - que arrasaram em A Guerra do Velho, pode se preparar
porque esse segundo volume da saga é dedicado com honras e glórias a essa
“tropa de elite”.
Sai John Perry e seus companheiros de pelotão das
Forças Coloniais de Defesa e entram Jared Dirac e a galera explosiva das Brigadas
Fantasma.
Planejados para serem mais fortes, espertos e
inteligentes, os soldados que integram as Brigadas Fantasma são convocados para
tentar evitar um extermínio em massa da humanidade por seres alienígenas
sanguinários.
Já A Última
Colônia é uma sequência direta dos outros dois livros da série, por isso se
a galera resolver ler a obra sem dominar o universo da ‘União Colonial (UC)’ e
das ‘Forças Coloniais de Defesa’ (FCD) criado pelo autor, sinto muito, mas
vocês ficarão desorientados. Os três livros são interligados e precisam ser
‘devorados’ na sequência para que se tenha uma leitura da saga mais prazerosa.
Se você seguir esse conselho, certamente gostará muito
de A Última Colônia que fecha com
chave de ouro e de uma maneira emocionante a “Saga do Velho” como ficou
conhecida por alguns leitores.
Presa e Micro (Michael Crichton)
Vamos agora aos livros: outras duas joias lapidadas em minha estante. Aqueles que acompanham o blog há bastante tempo sabem o quanto sou fã de Michael Crichton. Sabem também que considero Presa e Micro dois de seus melhores livros.
Presa
é imbatível, insuperável. Cara, que livro! Você não consegue larga-lo um minuto
sequer. Costumo dizer para os meus amigos leitores que a medida que vamos nos
aprofundando na trama entramos no modo “leitura frenética”. Neste livro, Crichton
mistura ficção científica hard com suspense, presenteando os seus leitores com
um excelente techno-thriller. O enredo envolve nanotecnologia: um
microorganismo artificial capaz de se mover em nuvens, como um enxame de
abelhas, e ainda de evoluir sozinho como um ser vivo. Logo essa nuvem de
nanopartículas se torna uma ameaça, desenvolvendo inteligência e aprendendo até
mesmo a mimetizar seres humanos. Cabe a um programador chamado Jack marido de
Julia, uma das cientistas do projeto, buscar uma solução para o problema.
Uma das poucas obras literárias me fez atravessar
madrugadas.
Quanto a Micro
é um livro póstumo de Michael Crichton. Há rumores de que Crichton teria
escrito apenas 73% da obra antes de morrer. O restante da história foi completado por Richard
Preston.
Bem resumidamente, o enredo estilo montanha-russa de Micro descreve a aventura de sete
promissores estudantes, cada um deles, graduado em determinado campo da ciência
(aracnologia, entomologia, bioquímica, envenenamento, etc) que são
miniaturizados a proporções microscópicas e enviados ao chamado ‘micro-mundo’
habitado por insetos, bactérias e outros
“animaizinhos” peçonhentos e perigosos para recolher amostras que podem ser
utilizadas na fabricação de medicamentos. Outro livraço com o poder de fazer
com que você atravesse madrugadas lendo.
Espero ter colaborados com algumas sugestões de leituras
para os amantes de ficção científica.
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