Tive a ideia de escrever este post após ter lido o
calhamaço de páginas de Mais Sombrio de
Stephen King. Foram mais de 500 páginas. Um verdadeiro embate (no bom sentido,
porque o livro é excelente) com páginas que “não tinham fim”. Agora imagine,
você brigando com um livro desse tamanho e ainda por cima tendo a obrigação de
ler outros livros – isso mesmo, eu escrevi “obrigação” – para depois publicar
as resenhas em seu blog. Cara, isso acaba com você, tira o seu prazer de ler. O
que estou querendo dizer é que o prazer da leitura acaba cedendo espaço para a
ansiedade.
Quando terminei a leitura da obra do tiozão King me
coloquei no lugar de alguns blogueiros que tem parcerias com editoras que
enviam de brindes: “pacotaços” de obras literárias, mas... não de graça. O
compromisso é ler todo esse “pacotaço” e depois resenha-lo. Detalhe: o tempo de
leitura jamais será o tempo do blogueiro, mas o tempo das editoras. O que estou
querendo ‘dizer’ é que esse blogueiro não pode demorar muito tempo para
publicar a sua resenha, já que a maioria das editoras exigem que a publicação
do texto ocorra na fase de pré-lançamento ou de lançamento do livro. Ah! Já ia
me esquecendo: de preferência, resenhas sem críticas negativas.
Comecei a pensar na saga desses blogueiros enquanto
desfrutava o prazer de saborear calmamente e sem nenhum tipo de pressão todos
os contos de Mais Sombrio. Em certo
momento, parei para pensar com os meus botões: “Cara, e seu eu tivesse o
compromisso de publicar a resenha de um livro que nem sequer cheguei a
cheirá-lo e muito menos, lê-lo? Será que essa pressão prejudicaria o prazer da
minha leitura atual? No meu caso, com certeza sim, prejudicaria muito. A
situação se tornaria mais complicada se o livro que eu tivesse o compromisso de
ler fizesse parte de um gênero, narrativa ou autor que não me atraísse.
OK, então viajei um pouco mais nas asas da minha imaginação e projetei a seguinte situação: Eu, devorando cada frase, cada oração, cada situação de “It” (A Coisa) – na minha opinião, uma das melhores obras de Stephen King e que eu amei – e suas mais de mil páginas e, de repente, recebendo um pacote com dois ou três livros da minha editora parceira com o compromisso de resenha-los o mais breve possível. Pimba!! Lá se vai o meu prazer de degustar as mil páginas de “It”. Sei que se trata de um exemplo meio tosco, mas dá para os leitores terem uma noção do motivo da escolha do título dessa postagem.
O prazer de ler é muito distinto do prazer de ganhar livros. O prazer
de ler dura muito, já o prazer de ganhar livros é efêmero. Ele dura enquanto
você recebe a embalagem dos Correios; depois que você abre o pacote, bem... ele
poder durar ou se extinguir rapidamente, dependendo dos livros que você recebe.
Por tudo isso é que nesses 13 anos de blog sempre
evitei fechar parcerias com editoras – a não ser com o Grupo Editorial Scortecci
com o qual não tenho compromisso nenhum de ler e resenhar as suas publicações.
Digamos que eu apenas concorde com a politica da empresa de dar oportunidade
para novos autores.
Prefiro gastar um pouco mais, ler o que eu quiser e
também escrever o que eu quiser sobre o que eu li.
Abraços galera!
2 comentários
Ótima reflexão, igualmente acontece com quem troca a experiência de um calhamaço para ler vários pequenos livros por causa da sensação enganosa de 'estar lendo mais', ao final das contas a pessoa vai ler o mesmo número de paginas, ou melhor, para que tanta contabilidade???
ResponderExcluirAté mais,
Samantha Monteiro
Degrau de Letras
https://degraudeletras.wordpress.com/
Olá Samantha. É por aí, de fato. E olha que eu adoro calhamaços (rs). "It", "O Conde de Monte Cristo", "O Senhor dos Anéis" e por aí afora. Abcs!!
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