Verity

19 janeiro 2022


Verity de Colleen Hoover é um excelente thriller psicológico. A autora acertou a mão, ou melhor, acertou apenas em parte porque o final ficou devendo, e devendo muito. Olha, cá entre nós, detesto, mas literalmente detesto finais arregaçados. Classifico os finais de narrativas de fechados, abertos e arregaçados.

Os fechados são aqueles finais bem amarrados, conclusivos, onde o autor não deixa nenhum fio solto em relação ao destino dos principais personagens; não importa se ele puxa sardinha para o lado do vilão ou dos heróis e heroínas. O que importa é que a sua história tem começo, meio e fim.

O final aberto é aquele em que o autor lança uma pequena dúvida na cabeça do leitor. Vejam bem, eu disse uma pequena dúvida; aliás, tão pequena, que chega a beirar o óbvio, mas mesmo assim, ainda sobra espaço para semear uma duvidazinha bemvinda em nossas cabeças.

Por fim, temos o final arregaçado. Este é brabo. É o momento em que o autor – me desculpe a expressão – abre as pernas na conclusão de sua história plantando uma dúvida tão grande na cabeça de seus leitores que eles não sabem se seguem o caminho da direita, da esquerda ou do meio.

A impressão que fica nos finais arregaçados é que o autor terminou a história de afogadilho ou então não quis assumir a responsabilidade de concluí-la e assim, acaba jogando essa responsabilidade no colo dos seus leitores. Como se dissessem: “Vai, vê aí o que você faz”.



Na minha opinião, a carta escrita por um personagem de Verity publicada nos capítulos finais do livro e que teria por objetivo fechar a contento a trama, na verdade, acabou plantando uma baita dúvida, dando um nó nos neurônios da galera. “Será que fulano ou fulana agiu, de fato, dessa forma ou não”? Odeio duvidas desse tipo; não por ser preguiçoso para imaginar conclusões de finais alternativos, é que... não gosto de livros sem finais. Opinando ainda sobre esse assunto, acredito que faltou conectar o final da história com um fato importante – aliás bem chocante e violento - que acontece logo nas primeiras páginas. Faltou também estabelecer uma conexão do final com uma disfunção sofrida por determinada personagem ao longo de toda a narrativa. Quando vi a capa do livro, juro que pensei que essa disfunção orgânica que afetava a rotina de vida da referida personagem estava diretamente relacionada com o final, o que na minha leiga opinião, daria um “The End” bombástico para a trama; mas não tinha nada a ver. Tudo não passava de fatos isolados.

Quanto a narrativa – excluindo o final – é muito boa. Um baita thriller psicológico e que mete um medinho danado em alguns trechos. Teve momentos que fiquei incomodado já que li a maior parte da obra durante altas horas da noite. Pena que o final mata a pau e no mau sentido.

Em Verity, Hoover narra a história de uma escritora medíocre e muito chata (achei isso) que faz o mínimo do mínimo para sobreviver, mas num golpe de sorte, acaba sendo contratada para ser coautora de uma saga literária de grande sucesso, já que a autora chamada Verity Crawford, está incapacitada após ter sofrido um grave acidente que a deixou completamente debilitada. Então, a coautora medíocre vai morar na mansão da famosa Verity para poder entender melhor sobre os livros que ela irá dar continuidade. Bem resumidamente, o plot do livro é esse.

Muitos leitores consideram Verity um divisor de águas por causa do seu final; alguns gostaram, mas uma grande parte detestou.



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