Nem mesmo por brincadeira, há como falar mal do livro
de Ana Cláudia Quintana Arantes. Histórias
Lindas de Morrer é muito bom, mas bom, de fato. Os depoimentos de pacientes
– através das palavras da autora - que estão em fase terminal de determinadas
doenças são por demais emocionantes e nos ensinam muitas lições, entre elas, a importância
do perdão e do amor incondicional.
Li o livro da editora Sextante em dois dias, apesar do
grande fluxo de atividades que tinha que desenvolver em meu trabalho. A
narrativa dinâmica de Ana Cláudia deixa o leitor ligado em 220 Volts (como diz
um velho ditado popular). Mal você termina de ler um desses depoimentos, já
quer, imediatamente, embarcar na história de vida de um outro paciente.
Para quem ainda não conhece a autora, ela é uma médica
paliativa que cuida de pacientes terminais há mais de vinte anos, tendo assim,
contato íntimo com os momentos de maior vulnerabilidade do ser humano.
Dedicada a quebrar o tabu sobre a morte no Brasil, Ana
Claudia nos traz uma coleção de emocionantes histórias reais, colhidas em sua
prática diária, em que a proximidade do fim nos revela em toda a nossa profundidade.
São pessoas de várias idades, crenças e origens, que deixam aos leitores verdadeiras lições de vida. Um dos capítulos que mais despertaram o meu interesse foi aquele em que a autora abriu o seu coração ao contar como enfrentou a perda de seu pai e de sua mãe que morreram, respectivamente, de Colangite (uma inflamação das vias biliares) e Esclerose Lateral Amiotrófica (a mesma doença do físico Stephen Hawking). Fiquei muito emocionado com esses dois capítulos. Ana Cláudia explora o seu drama sob todos os ângulos: vemos o seu comportamento como filha e também como médica e, então, descobrimos todas as suas qualidades como profissional da área de cuidados paliativos, a qual se tornou uma referência.
Drª Ana Paula Quintana Arantes
Acredito que todos os médicos que usam aquela ladainha
horrível de que os profissionais da área médica não podem jamais se envolver emocionalmente
com os seus pacientes – tendo a obrigação de manter um relacionamento frio e
impessoal – teriam muito o que aprender com a autora. Diferente da grande maioria
desses profissionais, Ana Cláudia exerce uma medicina que dá aos sentimentos e
à história dos pacientes a mesma atenção que dedica aos sintomas e desconfortos
físicos.
Histórias
Lindas de Morrer não tem apenas momentos tocantes e
tensos, mas também divertidos, entre eles, o confronto de Ana Cláudia com a
médica que estava cuidando de seu pai, a qual a autora atribuiu o apelido de
Rita Cadillac (ex-chacrete). Leiam esse capítulo e entenderão o motivo do
apelido. A tal médica – sem nenhum sentimento – estava fazendo tudo errado,
seguindo um tratamento já ultrapassado. Resultado: levou uma lição de moral da
autora, a qual acredito jamais esquecerá.
Cara, gostei tanto do livro que já reservei A morte é um dia que vale a pena viver.
Nesta obra, ela aborda o tema da finitude sob um ângulo surpreendente. Segundo a
médica, o que deveria nos assustar não é a morte em si, mas a possibilidade de
chegarmos ao fim da vida sem aproveitá-la, de não usarmos nosso tempo da
maneira que gostaríamos.
Ah! Também, não posso esquecer da apresentação do
livro feita pelo renomado ator Antônio Fagundes que conta como conheceu Ana
Cláudia e como aprendeu a respeitá-la. A narrativa de Fagundes está na orelha
da capa do livro.
Enfim, galera leiam, vocês irão adorar Histórias Lindas de Morrer.
Postar um comentário