10 livros dos loucos anos 80 que fizeram a cabeça dos leitores daquela geração

07 fevereiro 2021

Como prometi no post anterior, desta vez voltei com a lista dos dez livros que fizeram a cabeça dos leitores na década de 80. Aliás, você se lembra qual era a sua idade nos loucos Anos 80? Eu estava na casa dos meus vinte e poucos anos e garanto que já era um leitor ensandecido, um verdadeiro devorador de livros.

Procurei, através de pesquisas na Internet, selecionar dez obras que estavam no auge naquela década, consideradas grandes coqueluches literárias, verdadeiras campeãs de vendas. Li algumas delas na época de seus lançamentos e outras anos depois, afinal de contas um livro com qualidade, se tornar atemporal, podendo ser lido em qualquer época. Mas confesso que não li todos os que estão na lista.

Mas vamos ao que interessa.

01 – O Nome da Rosa (Umberto Eco)

Ano de lançamento: 1980 (Itália) – 1983 (Brasil)

O livro lançado em 1980 tornou o escritor italiano Umberto Eco conhecido mundialmente. A obra chegaria ao Brasil, pela editora Nova Fronteira, três anos depois de sua publicação original. Em 1983, O Nome da Rosa foi uma verdadeira febre entre os brasileiros, fazendo a cabeça tanto dos leitores quanto da crítica especializada.

Eco narra a história de um monge franciscano que investiga uma série de assassinatos em um remoto mosteiro italiano. A morte, em circunstâncias insólitas, de sete monges em sete dias, conduz uma narrativa violenta, que atrai pelo humor, pela crueldade e pela sedução erótica.

O Nome da Rosa ganhou uma adaptação cinematográfica homônima em 1986 com Sean Connery. A exemplo do livro, o filme fez uma baita sucesso.

02 – A Casa dos Espíritos (Isabel Allende)

Ano de lançamento: Chile e Brasil (1982)

Os leitores brasileiros não tiveram que esperar nem um minuto pelo ‘desembarque’ de A Casa dos Espíritos em terras tupiniquins. A publicação do primeiro e mais famoso livro de Isabel Allende aconteceu simultaneamente no Chile e no Brasil.

A obra narra a saga dos Trueba, uma poderosa e influente família chilena, no período de 1905 a 1975 e funciona como uma biografia disfarçada sobre vida da autora - principalmente na segunda parte da saga que conta o golpe militar ocorrido no Chile em 11 de setembro de 1973 e que culminou com a deposição do presidente Salvador Allende. A escritora é sobrinha do ex-presidente do Chile e relata na última parte do livro – mesclando personagens reais e fictícios - os momentos tensos que culminaram com a eleição de Salvador Allende e logo depois com a sua deposição e suicídio.

Tanto livro quanto filme baseados na obra bombaram no Brasil. Livrarias cheias e cinemas lotados. O filme de 1993, inclusive, contou com um elenco de constelações, entre eles: Antônio Banderas, Meryl Sreep, Glenn Close, Jeremy Irons e Winona Ryder.

03 – A Coisa (Stephen King)

Ano de lançamento: 1986 (Estados Unidos) – 1989 (Brasil)

Em resumo, é a história de sete amigos adolescentes que enfrentaram uma criatura centenária que se alimentava do medo das pessoas e se apresentava de diversas formas, sendo a mais comum, num palhaço de nome Pennywise ou Parcimonioso. A criatura que ficou conhecida como “A Coisa” deixou um rastro de sangue e pavor na pacata cidade de Derry, onde matou várias crianças. É então que um grupo de sete adolescentes inseparáveis (Bill, Richie, Eddie, Stanley, Beverly, Mike e Ben) resolvem se unir para combater o ser monstruoso. E na batalha que aconteceu em 1958, eles conseguiram com muito esforço derrotar o maligno Pennywise e saírem vivos. Mas após 27 anos, “A Coisa” volta a atacar e os sete amigos, já adultos e longe um do outro, tem que se reunir novamente para a batalha final.

O livro lançado em 1986 nos ‘States’ chegou ao Brasil três anos depois através da coletânea “Mestres do Horror e da Fantasia”. A Coisa (It) ocupou por muito tempo o primeiro lugar na lista americana dos mais vendidos em 1986 e na lista brasileira em 1989.

Rendeu uma minissérie de televisão (1990), além de dois filmes (2017 e 2019). Lembrando que os filmes são um só mas divididos em duas partes.

04 – A Falta Que Ela Me Faz (Fernando Sabino)

Ano de lançamento: 1980 (Brasil)

Este livro de crônicas que aborda situações do cotidiano na vida de cidadãos comuns ‘colou’, durante várias semanas, no primeiro lugar das listas literárias dos mais vendidos em 1980.

A Falta Que Ela Me Faz de Fernando Sabino conquistou os leitores daquele ano, ‘culpa’ da linguagem fluída e das pitadas de humor, duas características marcantes em seu texto.

Suas crônicas são retratos da vida urbana, nos quais explora, com fino senso de humor, as sutilezas, os desconcertos e o nonsense do cotidiano. Além disso, sua obra tem revelado a preocupação com as injustiças, com os absurdos da vida, com os heróis quixotescos e com as indecisões do homem ante o "eu" e o "outro".

O escritor, que morreu em 11 de outubro de 2004, faz parte da terceira fase do modernismo brasileiro (ou pós-modernismo).

Ainda não tive oportunidade de ler essa obra, mas pretendo, um dia.

05 – As Brumas de Avalon (Marion Zimmer Bradley)

Ano de lançamento: 1982 (Estados Unidos) – Entre 1982 e 1983 (Brasil)

Em meados de 1987, a coletânea com os quatro volumes de As Brumas de Avalon, de Marion Zimmer Bradley, era a obra mais vendida no Brasil na categoria ficção. Um Capricho dos Deuses, de Sidney Sheldon, ocupava a segunda posição do ranking. É importante lembrar que antes da edição da Imago (1987), a editora Nova Cultural já havia publicado, por aqui, no final de 1982, o primeiro volume da saga, num lançamento praticamente simultâneo com os Estados Unidos.

A obra de Bradley continuou mantendo a sua aura de sucesso com a publicação de novas edições ao longo dos anos seguintes, sendo a mais recente uma coleção luxuosa em quatro volumes da editora Imago lançada em janeiro de 2008.

As Brumas de Avalon recontam a lenda do rei Artur através da perspectiva de suas heroínas: Guinevere, Morgana, Igraine e Viviane.

Trata-se, acima de tudo, da história do conflito entre o cristianismo, representado por Guinevere, e da velha religião de Avalon, representada por Morgana. Ao acompanhar a evolução da história de Guinevere e de Morgana, assim como de outros numerosos personagens acompanhamos também o destino das terras que mais tarde ficariam conhecidas como Grã-Bretanha.

Em 1987, As Brumas de Avalon foi uma verdadeira campeã de vendas.

06 – O Reverso da Medalha (Sidney Sheldon)

Ano de lançamento: Estados Unidos e Brasil (1982)

O Reverso da Medalha foi o livro mais vendido nos Estados Unidos no início de 1982 e um dos mais vendidos, na mesma época, no Brasil. Literalmente arrebentou. Prova disso é que muitos pais na América, naquele ano, influenciados pelo romance de Sidney Sheldon decidiram batizar as suas filhas recém-nascidas de Katy, nome da heroína do livro. Incrível, não acham?!

O enredo aborda os dramas, alegrias, conquistas e derrotas de quatro gerações da poderosa família Blackwell que tem em Katy a sua poderosa matriarca. Ela é o símbolo do sucesso, uma linda mulher que transformou sua herança em império internacional – uma personalidade misteriosa, envolta por milhares de perguntas sem respostas. Detentora de uma posição de destaque entre os poderosos ela é uma sobrevivente, assim como foi seu incansável pai, que arriscou a própria vida para extrair uma fortuna em diamantes da inóspita África do Sul. Agora, ao comemorar 90 anos, Kate analisa a família que manipulou, dominou e amou.

O Reverso da Medalha é considerado pelos leitores e também pelos críticos como o melhor livro de toda a carreira de Sheldon.

07 – Tocaia Grande (Jorge Amado)

Ano de lançamento: 1984 (Brasil)

O romance de Jorge Amado narra a fundação e o desenvolvimento de uma cidade fictícia, Tocaia Grande que começa como um acampamento, pousada de tropeiros até que surge a primeira casa. Acaba tornando-se povoado e vila, sob o férreo comando do coronel Boaventura e seu fiel capanga, capitão Natário da Fonseca, que, anos antes, fizeram um verdadeiro massacre humano, quando o local era só mata, fato que deu nome ao lugar.

A história ganha vários personagens dos mais diversos que passam a viver as suas vidas em Tocaia Grande até que a sede do poder do coronelismo a transforma em local de conflitos sérios. Um dos últimos livros de Jorge Amado, de 1988, Tocaia Grande ressalta com o vigor característico do escritor, o poder do dinheiro e da violência no mando político do interior da Bahia, que pode ser estendido a todo o país.

A obra, grande sucesso de vendas no Brasil em 1984, foi adaptada para a televisão, onze anos depois, através da Rede Manchete.

08 – Feliz Ano Velho (Marcelo Rubens Paiva)

Ano de lançamento: 1982 (Brasil)

Feliz Ano Velho trata da experiência autobiográfica de Marcelo Rubens Paiva, que relata o acidente que o deixou tetraplégico depois de um mergulho em um lago às margens da Rodovia dos Bandeirantes, em 14 de dezembro de 1979. Após bater acidentalmente com a cabeça no fundo do lago, ele perdeu os movimentos do corpo e foi transferido de um hospital a outro enfrentando médicos reticentes. O livro mostra a dificuldade que muitas pessoas sofrem com essa situação e a força de vontade que um homem tem de ter para se inserir novamente na sociedade, enfrentando seus problemas e medos.

O autor tratou a sua situação de uma maneira realista e sem auto-piedade. Mais ou menos assim: “Putz! Me quebrei inteiro, fui parar numa cadeira de rodas e estou dependendo da ajuda de amigos e familiares para reaprender a viver. Êpa! Mas pêra aí... a vida continua! Tenho que dar o melhor de mim para me tornar cada vez menos dependente. Por isso, vou continuar brigando e lutando contra a vida, mas também desfrutando as coisas boas que essa mesma vida bandida - que me ferrou...  me oferece”. Esta postura de Paiva conquistou os leitores que adoraram o livro. Sem dúvida alguma, Feliz Ano Velho fez a cabeça da juventude dos anos 80.

Ao mesmo tempo em que descreve detalhes de seu acidente e de sua recuperação, o autor recorda momentos tristes como quando seu pai desapareceu após ser preso político durante a ditadura militar.

Durante esse período de convalescença, Marcelo conta com carisma e sinceridade detalhes de sua infância e de sua juventude. Desvela seus casos amorosos, retrata sua carreira musical. Jovem ativo, participava do quadro político da Universidade Estadual de Campinas, onde cursava engenharia agrícola.

Filho do deputado federal Rubens Beyrodt Paiva, ele relata em um dos momentos mais aflitivos, como foi o dia em que seis militares invadiram a sua casa e levaram seu pai, que ele não mais voltaria a ver.

Feliz Ano Velho Foi um best-seller da década de 1980, principalmente por sua linguagem livre e coloquial. Essa obra teve várias adaptações para o teatro e gerou um filme em 1987.

09 – A Fogueira das Vaidades (Tom Wolfe)

Ano de lançamento: Estados Unidos (1987) – Brasil (1988)

Taí outro livro que fez a cabeça dos leitores na década de 1980. A Fogueira das Vaidades de Tom Wolfe vendeu muito, mas muito, de fato. Wolfe caprichou em seu primeiro livro, sem contar que a edição brasileira conta com o prefácio do saudoso Paulo Francis. Se lembram dele?

Wolfe descreve a saga de Sherman McCoy, um operador da Bolsa de Valores de Wall Street, dono de um apartamento de catorze cômodos, em Manhattan, que ganha comissões milionárias. O personagem tem a sua vida modificada bruscamente quando ao ir, com a sua amante, para Manhattan, erra o caminho e vai parar no Bronx. Lá ele atropela um negro, fazendo com que este fato seja o ponto de partida da sua ruína e também o início da meteórica ascensão de um jornalista desconhecido.

A Fogueira das Vaidades é um romance, mas sustentado pelo mesmo tipo de reportagem detalhista que fez dos melhores livros de não-ficção de Wolfe, como “Os Eleitos”, grandes best-sellers.

A obra literária virou filme em 1990, mas apesar do elenco estelar - Tom Hanks, Melanie Griffith, Bruce Willis e Morgan Freeman, entre outros - não alcançou o sucesso esperado de bilheteria.

10 – A Insustentável Leveza do Ser (Milan Kundera)

Ano de lançamento: França e Estados Unidos (1983) – Brasil (1984)

Encerro a lista com A Insustentável Leveza do Ser que é sem dúvida um dos romances mais importantes do século XX. A obra do escritor franco-tcheco, Milan Kundera une ficção e filosofia por meio da história de quatro adultos capazes de quase tudo para vivenciar o erotismo que desejam para si. Tereza e Tomas, Sabina e Franz por força de suas escolhas ou por interferência do acaso, experimentam cada um deles e à sua maneira, o peso insustentável que baliza a vida, esse permanente exercício de reconhecer a opressão e de tentar amenizá-la.

Infidelidade, amor, compaixão, eterno retorno, acaso e arbítrio são alguns dos grandes temas que Kundera articula num romance de ideias e paixões, em que o leitor percorre conceitos filosóficos de braços dados com cada um dos quatro personagens acompanhando suas histórias de vida com a profundidade de um estudo.

A Insustentável Leveza do Ser é considerado um clássico da literatura contemporânea. Muitos leitores brasileiros devoraram as suas páginas nos anos 80, especificamente em 1984.

Em 1988, o livro foi adaptado para os cinemas e adivinhem... arrebentou nas bilheterias. Daniel Day-Lewis e a francesa Juliette Binoche receberam muitos elogios pelas suas interpretações.

Taí galera, espero que tenham gostado.

Inté!

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