Quando o livro Eu, Christiane F., 13 anos, drogada, prostituída foi lançado entre o final dos 70 e início dos 80, a sociedade alemã entrou em polvorosa, principalmente as autoridades policiais e o próprio governo. Também não era para menos, pois o relato, em primeira pessoa, de Christiane Vera Felscherinow – apesar do livro ter sido escrito por dois jornalistas – se revelou um relato perturbador do uso de drogas e suas consequências para crianças e adolescentes daquele País. Seria o mesmo que dizer que as autoridades alemãs estavam alheias a esse grave problema. A pergunta que passou a atormentar a cabeça do governo – em pleno período da chamada ‘Guerra Fria” - foi a seguinte: “O que os outros países irão pensar dessa situação?”
Creio que além da preocupação com milhares de jovens que poderiam estar enterrados no submundo das drogas, o governo alemão, na época, também pensou na imagem do País. Por isso, eles começaram a trabalhar para tentar reverter ou pelo menos amenizar esse quadro que consumia a vida de tantos jovens, incluindo crianças. Vendo a situação por esse ângulo é fácil entendermos a importância dessa obra literária que acabou se tornando atemporal.
Se o livro Eu,
Christiane F., 13 anos, drogada, prostituída, mesmo após 40 anos, ainda tem
poder de fogo para escandalizar algumas pessoas, imagine como foi a repercussão
nas décadas de 70 e 80.Cartaz promocional do filme produzido nos anos 80
E foi pensando na atualidade do tema - já que temos milhares de outras ‘Christianes
F’ espalhadas pelo mundo, refém do vício nas drogas, principalmente a heroína e
o crack – que o serviço de streaming da Amazon Prime decidiu revisitar a história
mundialmente famosa daquela jovem alemã de 13 anos por meio de uma minissérie
com oito episódios chamada “We Children From Bahnhof Zoo” que foram disponibilizados na
sexta-feira (19).
Christiane Felscherinow é interpretada pela atriz
austro-australiana Jana McKinnon. A minissérie com sete horas de duração
retrata os altos e baixos do uso de drogas em cenas realistas e por isso mesmo
pesadas. Tudo bem que nas últimas décadas, temas como abuso de drogas se
tornaram comuns na televisão e no cinema com obras como o filme “Trainspotting”,
de Danny Boyle, e “Réquiem para um Sonho”, de Darren Aronofsky, mas quem já
assistiu os episódios de “We Children From Bahnhof Zoo” afirma que a minissérie não fica devendo
nada para esses grandes sucessos do cinema.
Foto recente de Christiane Vera Felscherinow |
A minissérie retrata o contraste entre o tédio que
acometia a jovem alemã – que ela apontou como a causa que a levou às drogas – e
a fuga que essas substâncias ilegais lhe proporcionaram. A série deixa espaço
para que os espectadores tirem suas próprias conclusões.
Com certeza o lançamento de “We Children From
Bahnhof Zoo” através da Amazon Prime provocará uma onda
saudosista tanto em leitores quanto em cinéfilos, principalmente aqueles que viveram
a geração dos anos 70 e 80. Oportunidade para entrar no clima e reler o livro dos
jornalistas Kai Hermann e Horst Hieck que se transformou em cult e best seller
com mais de 4 milhões de exemplares vendidos e também rever o filme - hiper
cultuado em 1981 – do cineasta e roteirista alemão Uli Edel.
Quanto a série da Amazon Prime nem preciso dizer nada...
Tá na cara que você irá assistir.
Inté!
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