Para matar essa saudade, no post de hoje selecionei 10
livros marcantes dos anos 70. A boa notícia é que a maioria deles pode ser
encontrada nos sebos e também em livrarias (com novas edições).
Lembrando que brevemente também estarei fazendo uma
postagem semelhante, mas com obras publicadas nos anos 80.
Vamos à lista!
01
– Eram os Deuses Astronautas (Erich von Daniken)
Ano:
1970
Não vá me dizer que você não leu esse livro nos anos 70?! Não acredito! Cara, você que fez parte da geração setentista e passou longe de Eram os Deuses Astronautas deixou de desfrutar uma viagem incrível, daquelas antológicas.
A obra de Erich von Daniken foi uma verdadeira
coqueluche na época de seu lançamento no Brasil. Ela chegou aqui, pela primeira
vez, em 1970 através da Editora Melhoramentos.
Os seus questionamentos bombásticos e até mesmo
ensandecidos para aquela época – é importante frisar que a obra foi lançada
originalmente em 1968 – quando o homem nem sequer havia pisado na lua, deixaram
as comunidades científicas e religiosas mais fundamentalistas com os cabelos em
pé. Por outro lado, as pessoas que integravam as alas de vanguarda
simplesmente, vibraram com as teorias de Daniken.
Segundo ele, nós, seres humanos, somos descendentes de
uma raça alienígena muito superior que habitou o planeta Terra há milênios.
Ainda me lembro que li o livro após pegá-lo emprestado
da biblioteca de minha escola ginasial. Devorei as suas páginas em poucos dias.
02
– O Exorcista (William Peter Blatty)
Ano:
1972
Na minha adolescência eu considerava O Exorcista um livro de terror proibido,
pelo menos para mim que não estava preparado para encará-lo. Não queria fazer
como fiz com o filme em minha pré-adolescência, quando resolvi assisti-lo e
depois... me arrependi; fiquei sem
dormir por um bom período pensando na atriz Linda Blair toda deformada,
flutuando na cama e ainda por cima torcendo o pescoço num giro de 360 graus.
Só fui ler o livro, já adulto, após ter exorcizado todos
os meus fantasmas e chegado à conclusão que estava em “ponto de bala” para ‘enfrentar’
a obra de Blatty, Ao terminar a leitura
pude confirmar que O Exorcista ainda
continua sendo o monte Everest das obras de terror, juntamente com A Casa Infernal de Richard
Matheson. Achei, inclusive, bem mais
tenso do que o filme.
03
– Éramos Seis (Maria José Dupré)
Ano:
1973
O grande sucesso literário da escritora de Botucatu, Maria José Dupré foi publicado pela primeira vez em 1943, mas como eu ainda não tinha nascido, perdi a oportunidade e o privilégio de ler a sua edição original que acabou se perdendo ao longo dos anos. Só viria a ter o primeiro contato com essa obra prima, três décadas depois, numa biblioteca escolar ao ler a sua 18ª edição lançada pela Ática.
Dona Lola é uma das personagens femininas mais corajosas
que conheci nos livros. Sua saga em ÉramosSeis é emocionante e continua mexendo com os meus sentimentos, agora, na
fase adulta.
Dupré narra a vida da personagem desde a infância de
seus filhos quando ela e Júlio suaram muito para conseguir recursos financeiros
com o objetivo de educar as quatro crianças. A escritora passa a relatar, depois,
a fase adulta de Carlos, Alfredo, Julinho e Maria Isabel e então chegam as
pancadas, uma atrás da outra, mas a nossa heroína aguenta firme os dissabores e
ao invés de se entregar as decepções e aos problemas, ela levanta a cabeça e
segue em frente.
Não há como se não emocionar com as perdas, derrotas e
vitórias da personagem ao longo da trama.
04
– Fernão Capelo Gaivota (Richard Bach)
Ano:
1970
Este livro fez a cabeça dos jovens há cinco décadas. Fernão Capelo Gaivota é um romance do norte-americano Richard Bach, lançado no Brasil pela editora Nórdica, em 1970, com o título de A História de Fernão Capelo Gaivota.
O autor escreve sobre uma gaivota de nome Fernão que
decide que voar não deve ser apenas uma forma para a ave se movimentar. A
história desenrola-se sobre o fascínio de Fernão pelas acrobacias que pode fazer
e em como isso transtorna o grupo de gaivotas do seu clã.
A história simples, mas fascinante sobre liberdade,
aprendizagem e amor, conquistou toda a geração jovem de leitores do início dos
anos 70.
A
História de Fernão Capelo Gaivota
ou simplesmente Fernão Capelo Gaivota
fez tanto sucesso que na época do seu lançamento, a Gravações Elétrica S.A. por
meio do seu selo Continental, produzido pela Transbrasil, lançou um LP com a
gravação da adaptação do livro, narrado pelo consagrado radialista Moacyr Ramos
Calhelha com a participação de Hebe Camargo que cantou a música “Pai Nosso”, e
a participação de Wilson Miranda que, por sua vez, cantou as músicas “No
Infinito Azul”, “O Voo Solitário” e “Ave”.
05
– O Enxame (Arthur Herzog)
Ano:
1976
Li O Enxame pela primeira vez quando tinha “uns” 15 ou 16 anos. Que leitura! Gostei tanto que muito tempo depois queria adquirir o livro de qualquer maneira, mas não o encontrava. Mas como dizia minha mãe: “Tudo tem a sua hora, basta aguardar que a oportunidade aparece”. Pois é, e apareceu! Encontrei a obra de Herzog - meio que sem querer - num sebo e partir daí, trago-a guardada em um lugar de destaque em minha estante.
O livro lançado em 1976 pela Artenova é fantástico e
volta e meia o releio ou então dou uma folheada em algumas partes. A história
de um enxame de abelhas africanas que invade uma cidade levando pânico e terror
aos moradores fez a cabeça dos jovens leitores dos anos 70. O sucesso foi tanto
que acabou virando filme com um elenco estelar. Mas enquanto o livro se tornou um
best-seller, o filme naufragou nas bilheterias.
O autor narra numa linguagem fluida a luta de um grupo
de renomados cientistas, contratos pelo governo, que tentam frear o rastro de
mortes e destruição deixados pelo enxame de abelhas assassinas.
Adorei!
06
– Love Story: Uma História de Amor (Erich Segal)
Ano:
1970
O romance de Erich Segal lançado em 1970 foi o mais vendido nos Estados Unidos e traduzido para 33 idiomas. Na época as livrarias enfrentaram filas gigantescas de leitores que de tão desejosos em adquirir a obra chegaram a dormir nas portas das lojas. Acredita?!
Love Story: Uma História de Amor serviu de base para a criação de outro garnde
sucesso: o filme homônimo com Ryan O’Neal e Ali MacGraw que se tornou a sexta
maior bilheteria na história do cinema americano. A frase dita pela personagem
de MacGraw no filme: “amar é jamais ter que pedir perdão” se tornou antológica
e uma marca registrada para aquela geração.
Milhares de pessoas que leram o livro antes de
assistir ao filme ficaram hiper-curiosos para saber como a história escrita
ficaria nas telonas. Resultado: livro e filme bombaram em 1970.
07
– Aracelli, Meu Amor (José Louzeiro)
Ano:
1976
Um crime ocorrido em 18 de maio de 1973 chocaria todo o Brasil. Mesmo sem o advento da Internet e das redes sociais, esse fato passou a ser comentado no País de ponta a ponta, desde os mais remotos lugarejos às grandes metrópoles.
Aos 8 anos, Araceli foi raptada, drogada, estuprada,
morta e carbonizada, no Espírito Santo. O corpo foi deixado desfigurado e em
avançado estado de decomposição próximo a uma mata, em Vitória, dias depois de
desaparecer.
O dia do desaparecimento de Aracelli, com o passar dos
anos, passou a marcar um lembrete para que a sociedade se atente à violência
contra as crianças. O 18 de maio foi instituído como o Dia Nacional de Combate
ao Abuso e à Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes, a partir de 2000. Os
envolvidos, provenientes de famílias influentes no Espírito Santo, nunca foram
punidos por seu crime.
Três anos após o brutal assassinato da criança, o escritor
e roteirista José Louzeiro lançaria um romance-reportagem de cunho
investigativo sobre o crime. O livro chegou a ser censurado durante a ditadura
militar a pedido dos advogados dos acusados o que só fez crescer ainda mais o
interesse pela obra que se tornou memorável nos anos 70. Segundo o autor, o
caso gerou a morte até de pessoas determinadas em desvendar o crime. Ele,
próprio, enquanto investigava em Vitória as causas da morte de Aracelli para
escrever o seu livro foi ameaçado de morte.
Aracelli,
Meu Amor teve várias edições ao longo dos anos, sendo a mais
recente publicada em 2013 pela editora Prumo.
Os acusados desse assassinato sairam impunes, num dos
casos mais horríveis da história policial brasileira.
08
– Pássaros Feridos (Colleen McCullough)
Ano:
1977
Apesar de ter achado apenas razoável, não posso negar que Pássaros Feridos foi uma das grandes coqueluches literárias dos anos 70. A obra foi publicada no Brasil em 1977 pela editora Círculo do Livro. Depois vieram outras edições, mas acredito que a do Círculo foi a mais famosa por aqui.
O livro de Colleen McCullough foi um tremendo sucesso
de vendas o que levou o SBT a comprar os direitos de exibição de uma série
televisiva homônima, baseada fielmente no enredo literário. A exemplo do livro,
a série de TV também foi um tremendo sucesso o que lhe valeu várias reprises ao
longo dos anos na emissora do homem do baú.
A saga de Pássaros
Feridos começa no início do século XX e conta os acontecimentos de três
gerações da família Cleary, misturando ambição, amor e ódio; conquistas e
derrotas. Ao contrário do que muitos leitores pensam não se trata de uma
simples história de amor proibido envolvendo uma mulher e um padre. O enredo
vai muito mais além. A autora australiana narra a saga de três gerações de uma
família no período de 1915 a 1969.
O livro aborda as alegrias e tristezas da família
Cleary - formada pelo casal Paddy, Fee e
os seus sete filhos – que devido a dificuldades financeiras decidem mudar-se de
sua humildade propriedade na Nova Zelândia e emigrar para a Austrália, após
receberem um convite de Mary Carson,
irmã de Paddy . A partir daí
começam os momentos bons e ruins vividos pelos Cleary’s. Alguns personagens
morrem, outros nascem; tristezas e alegrias chegam e vão; e por aí afora.
09
– Laranja Mecânica (Anthony Burgess)
Ano:
1972
O livro de Anthony Burgess chegou ao Brasil, pela primeira vez, em 1972 através da editora Artenova, 10 anos depois de seu lançamento nos “States”. Na mesma data em que a obra desembarcava nas livrarias brasileiras, também estreava nos cinemas, aqui da terrinha, o filme de Stanley Kubrick baseado no enredo de Burgess. Tanto livro quanto filme se tornaram uma verdadeira febre no Brasil.
Aliás, a obra literária fez tanto sucesso que cinco
anos depois, a Artenova promoveria o seu relançamento com uma nova capa. A
partir daí, Laranja Mecânica foi
ganhando novas várias edições ao longo dos anos, sendo a mais recente aquela
lançada em 2015 pela Aleph. Três anos antes, em 2012, a editora colocou no
mercado uma edição comemorativa ‘chic nu urtimu’ alusiva aos 50 anos do livro
no Brasil.
O enredo criado por Burgess é considerado um verdadeiro
clássico da ficção científica; um marco na história da cultura pop e da
literatura distópica. Narrada pelo protagonista, o adolescente Alex, esta
brilhante e perturbadora história cria uma sociedade futurista em que a violência
atinge proporções gigantescas e provoca uma resposta igualmente agressiva de um
governo totalitário.
Ao lado de 1984, de George Orwell, e Admirável Mundo
Novo, de Aldous Huxley, Laranja Mecânica é um dos ícones literários da
alienação pós-industrial que caracterizou o século 20.
A estranha linguagem utilizada por Alex, conhecida
como Nadsat, merece destaque na obra, criada pelo próprio Burgess, fornece ao
romance uma dimensão quase lírica.
A trama, que conta a história da violenta gangue de
adolescentes que sai às ruas buscando divertimento de uma maneira um tanto
controversa, incita profundas reflexões sobre temas atemporais, como o conceito
de liberdade, a violência – seja ela social física ou psicológica – e os
limites da relação entre o Estado e o Indivíduo.
10 – O Chefão (Mario Puzo)
Ano: 1971
Para fechar essa lista escolho um livro que vendeu horrores em 1971, ano de seu lançamento no Brasil. O enredo desenvolvido por Mario Puzo é uma verdadeira joia rara da literatura mundial. Um ano depois de sua chegada nas livrarias brasileiras, através da editora Expressão e Cultura, O Chefão também invadiria os cinemas tupiniquins. O filme “O Poderoso Chefão” baseado, fielmente, no livro de Puzo foi um dos maiores sucessos de 1972 e até hoje é cultuado por uma legião de fãs.
Em O Chefão,
Puzo escreve sobre uma família de mafiosos de origem siciliana que imigra para
os Estados Unidos. A história se passa no período de 1945 a 1954. O autor
destrincha todos os integrantes dessa família, fazendo com que o leitor conheça
em detalhes a personalidade de cada um deles. Don Vito Corleone, Michael,
Sonny, Fredo, Connie e o consigliere Tom Hagen. Don Vito é o chefão que emana a
sua autoridade de uma maneira tranqüila quase pedindo ‘por favor’, mas por de
atrás da sua fachada de humildade encontra-se algo letal, predatório.
Enfim, trata-se de uma obra incomparável de Puzo.
Sucesso literário absoluto que valeu várias reedições, além de fôlego para três
adaptações cinematográficas incríveis.
Por hoje é só galera, Brevemente, voltarei
com uma lista dos livros que fizeram a cabeça dos leitores nos anos 80.
Inté!
2 comentários
Há um filme com uma premissa bem parecida com a desse livro "Eram os Deuses Astronautas?". Você já deve ter assistido: Stargate (1994).
ResponderExcluirO Exorcista é sensacional mesmo. Igual a você, eu só vim a ler o livro relativamente tarde, em 2017.
Olá meu amigo! Bom vê-lo por aqui, novamente.
ExcluirSim, assisti "Stargate", acho que duas vezes. E, de fato, a premissa é bem parecida com o livro de Daniken. Gostei muito do filme original. Pena que depois resolveram transformá-lo numa franquia incluindo séries e animações nada animadoras.
Abraço!