10 livros sobre sobrevivência com pessoas que passaram por um perrengue danado

12 fevereiro 2020

Olá galera, acabei de chegar do trabalho. O negócio hoje foi trash pra caráculas; estressante, de fato. Confesso que mesmo após uma ducha refrescante, o cansaço ainda insiste em ficar cochichando nos meus ouvidos. Bem, vamos ver se consigo engambelar a estafa e concluir essa postagem, caso contrário, acabo estourando o prazo de duas ou três postagens semanais. Mas vamos ao que interessa.
Todos nós já passamos por certos perrengues em nossas vidas, mas acredito que nenhum desses simples “perrengues mortais” chegaram perto dos “perrengues trucões” do pessoal dessa top list. Cara, eles comeram o pão que o diabo amassou em determinados momentos de suas vidas, sendo que a maioria deles chegaram a flertar com a ‘Dona Morte’, mas mesmo assim conseguiram escapar.
Selecionei dez livros que narram as sagas vividas por esses heróis de carne e osso que conseguiram sobreviver – com sequelas ou não – após encararem situações que chegaram perto dos seus limites. Em outras palavras: verdadeiros sobreviventes.
01 – Tocando o Vazio (Joe Simpson)
Local do perrengue: Andes peruanos
Sobrevivente: Joe Simpson
Estre fato aconteceu em 1985 quando dois amigos britânicos, Joe Simpson e Simon Yates, acostumados a encarar aventuras radicais, resolveram viajar para os isolados andes peruanos e escalar uma face da montanha Siula Grande de 6.344 de altitude.
Quando desciam do cume, encordados um ao outro, Joe despencou de uma parede gelada e quebrou a perna. Simon ainda tentou rapelar o amigo montanha abaixo, até que em certo momento Joe fica totalmente descolado da parede, pendurado no vazio sobre uma enorme greta. Depois de algum tempo, a corda se rompe e ele acaba caindo nessa greta.
Apesar de estar com a perna quebrada e sem água e comida, Joe consegue sobreviver, rastejando por vários dias até o acampamento, contrariando todas as probabilidades
02 – Milagre nos Andes (Nando Parrado e Vince Rause)
Local do perrengue: Cordilheira dos Andes (entre Argentina e Chile)
Sobrevivente: Nando Parrado e outros
Em outubro de 1972, um acidente aéreo chocaria o mundo. Um avião fretado de Montevidéu que levava 45 jovens passageiros integrantes de um time colegial de rúgbi com destino a Santiago, no Chile, acabou caindo nas cordilheiras dos Andes.
Após ser pego de surpresa por uma tempestade, durante a travessia dos Andes, o piloto se perdeu e com isso, a aeronave acabou chocando-se contra o pico de uma montanha, perdendo as asas e a cauda, deslizando por uma encosta coberta de neve até um vale isolado na cordilheira.
Doze pessoas morreram na queda. Outras dezessete não resistiram aos dias que se seguiram – incluindo a mãe e a irmã mais nova de Parrado, que estavam no voo a convite dele.
Um grupo de jovens conseguiu aguentar temperaturas de até 30 graus negativos sem roupas adequadas, além da escassez de comida e água. A falta de alimentos obrigou o grupo a praticar o canibalismo, comendo a carne dos amigos que morreram.
Sessenta dias mais tarde, dois dos sobreviventes, entre os quais Nando Parrado, saíram em busca de resgate em uma jornada heroica de dez dias pelas montanhas.
Milagre nos Andes foi um baita sucesso em vários países, incluindo o Brasil.
03 – Duas Viagens ao Brasil (Hans Staden)
Local do perrengue: Litoral de Bertioga
Sobrevivente: Hans Staden
O mercenário alemão Hans Staden veio ao Brasil no século XVI e participou de combates nas Capitanias de Pernambuco e São Vicente contra corsários franceses e indígenas.
Em uma de suas aventuras, ele foi aprisionado pelos índios Tupinambás no litoral de Bertioga e passou um aperto danado. Staden pôde ver, de perto, todos os rituais “canibalísticos” desses índios e registrar em seu livro Duas Viagens ao Brasil. O mercenário alemão quase foi devorado pelos Tupinambás.
Agora, como ele conseguiu escapar dos índios que o queriam transformar num prato suculento, só mesmo lendo o livro.
Vale lembrar que Duas Viagens ao Brasil foi traduzido para o português somente em 1925, por Monteiro Lobato com o título de Meu Cativeiro Entre os Selvagens do Brasil. Dois anos depois, o escritor lançou uma versão infantil da história intitulada As Aventuras de Hans Staden.
04 – Horas Decisivas – A história real do mais ousado resgate marítimo (Casey Sherman)
Local do perrengue: Cap Cod, Massachussets
Sobrevivente: Bernie C. Webber e outros
O subtítulo do livro já resume o perrengue vivido pelo guarda costeiro Bernard C. Webber, ou Bernie, como era conhecido pelos amigos.
‘O pega pra capar’ aconteceu em 18 de fevereiro de 1952, quando o petroleiro SS Pendleton, com 32 tripulantes, que fazia o trajeto Orleans-Boston, se rompeu ao meio durante uma forte tempestade em Cap Cod, Massachussets.
Bernie e outros três jovens marinheiros foram convocados para ajudar no resgate dos tripulantes. Enviados em uma pequena lancha salva-vidas, eles superaram barreiras aparentemente intransponíveis numa missão suicida para tentar salvar a vida de dezenas de marinheiros. E conseguiram.
O resgate dos sobreviventes do naufrágio do SS Pendleton é considerado um dos mais ousados ​​resgates da Guarda Costeira dos Estados Unidos. Todos os quatro tripulantes do barco de Bernie foram agraciados com a medalha Gold Lifesaving da Guarda Costeira. 
Mais de 60 anos depois daquela noite fadítica, a história real do resgate do petroleiro SS Pendleton acabou inspirando uma produção cinematográfica dos estúdios Disney com Chris Pine no papel de Bernie. Mas antes do filme, teve o livro de Casey Sherman. Aliás, um livraço!
05 – Loucos Pela Tempestade – A Memória de Um Sobrevivente (Norman Ollestad)
Local do perrengue: Montanhas no sul da California
Sobrevivente: Norman Ollestad
A infância de Norman Ollestad foi pra lá de agitada, já que ele cresceu sob os ensinamentos de um pai aventureiro e amante de esportes de ação. Quando tinha 11 anos, ele, o pai e a madrasta sofreram um acidente de avião nas montanhas de San Gabriel, no sul da Califórnia. Norman conseguiu sobreviver ao choque que destruiu a aeronave, mas o pai e a madrasta não tiveram a mesma sorte e acabaram morrendo.
A criança sozinha teve de colocar em prática tudo o que aprendeu sobre vida ao ar livre para conseguir escapar. Foram necessárias nove horas para que o garoto chegasse ao pé da montanha para ser resgatado. Acredite: ele conseguiu passar por esse perrengue com apenas 11 anos de idade. Neste livro, ele conta em detalhes a sua aventura.
06 – Muito Longe de Casa – Memórias de Um Menino Soldado (Ishmael Beah)
Local do perrengue: Serra Leoa
Sobrevivente: Ishmael Beah
O livro começa em Janeiro de 1993, em Serra Leoa, quando Ishmael Beah tinha 12 anos. Ele, seu irmão mais velho e seus amigos deixam o vilarejo onde nasceram, para participar de um show de talentos num outro vilarejo vizinho que ficava a alguns dias de caminhada; Quando chegam lá, o grupo descobre que o seu vilarejo-natal foi atacado pela Frente Revolucionária Unida (RUF). Ishmael acaba sendo capturado pelas forças rebeldes enquanto tentava encontrar a sua família. A partir daí começa o seu drama.
Após ser levado para a mata pelos rebeldes milicianos, eles o obrigam a se drogar para matar seus inimigos, em uma espécie de transe macabro.
Após alguns anos, Ishmael se transforma numa criança-soldado. Ele diz em seu livro que perdeu as contas de quantas pessoas assassinou, até que consegue escapar e acaba indo parar um internato para jovens como ele. Um dia é convidado a contar sua história na ONU, em Nova York, e acaba sendo adotado por uma norte-americana.
07 – Endurance – A Lendária Expedição de Shackleton à Antartida (Caroline Alexander)
Local do perrengue: Continente Antártico
Sobreviventes: Ernest Shackleton e todos os marinheiros do Endurance
Em 1914, Sir Ernest Shackleton parte a bordo do Endurance - um navio de madeira especialmente projetado para navegar em águas congeladas - em direção ao Atlântico Sul, com o objetivo de cruzar o continente Antártico, passando pelo Polo Sul. Mas o Endurance ficou preso no gelo e acabou sendo destruído. 
Os 28 homens que estavam a bordo do Endurance foram obrigados a  abandonar a embarcação e enfrentar o frio inimaginável daquela região durante 500 dias. Isto mesmo: 500 dias!!
Inacreditavelmente, essa façanha termina com um final feliz, já que todos os envolvidos na tresloucada aventura conseguiram se salvar.
08 – 127 Horas (Aron Ralston)
Local do perrengue: Cânion Blue John (Utah)
Sobrevivente: Aron Ralston
A história do alpinista Aron Ralston é um exemplo de superação dentro do universo dos esportes. Considero um dos enredos mais dramáticos quando o tema é sobrevivência.
Aron tinha 27 anos quando passou se dedicar ao alpinismo. Experiente, foi para o Parque Nacional de Canyonlands, em Utah, em uma quente tarde de sábado. Sozinho, estava passeando pelo cânion Blue John para descansar das escaladas.
Às 14h41, ele estava a treze quilômetros de onde havia estacionado, em uma fenda profunda e estreita do cânion, quando desalojou uma rocha de quase meia tonelada que caiu sobre a sua mão direita e o pulso. A partir de então foram seis dias até que conseguisse sair.
Em meio ao desespero de se ver preso, com água e comida acabando, Aron lembrou que não havia avisado a ninguém para onde iria. Com a câmera de vídeo que carregava, passou o tempo gravando mensagens de despedida para a família e os amigos.
Na manhã de quinta-feira a solução lhe apareceu. A única coisa que o mantinha preso era o braço, bastava então cortá-lo para que saísse e pedisse ajuda.
Caraca! Isto mesmo! Ele resolveu amputar o próprio braço que estava preso na pedra para salvar sua vida. O coitado ainda teve de dar um jeito de sair, sozinho e todo ensanguentando, do tal cânion e, depois, andar quilômetros até achar alguém que o socorresse. PQP!!
A história de Ralston se transformou num livro e filme de grandes sucessos de público e crítica.
09 – Deixado Para Morrer (Beck Weathers)
Local do perrengue: Monte Everest
Sobrevivente: Beck Weathers
Em 1996, Beck Weathers e seu grupo de alpinistas empenhavam-se na dura jornada de vencer o Everest quando uma tempestade inesperada atingiu a montanha, desmantelando o grupo e os deixando à deriva em meio à nevasca e ao vento congelantes, que cegavam e impediam qualquer movimento em direção à salvação.
Quando foi possível uma primeira tentativa de resgate, Beck estava à beira da morte e foi abandonado na neve enquanto os outros alpinistas, com mais chance de sobreviver, foram salvos. Doze horas mais tarde, aconteceu o inexplicável: Beck surgiu descendo a montanha na direção do acampamento, cego, sem luvas, o gelo invadindo até mesmo o interior do macacão térmico.
Assim como Beck, dezenas de pessoas foram surpreendidas naquele 10 de maio, até então o dia mais mortal em 75 anos desde a primeira investida humana no Everest. Oito morreram.
Quem já leu o relato de Weathers achou o enredo impactante. Ele revisita a decisão de escalar uma das montanhas mais perigosas do mundo — à época ele era um alpinista amador de 49 anos — e narra toda a sua incrível jornada desde a tempestade que deveria tê-lo matado até sua surpreendente volta à vida. Tudo isso com a intensidade única de quem ganhou uma inesperada e extraordinária segunda chance.
10 – À Deriva, 76 Dias Perdidos No Mar (Steve Callahan)
Local do perrengue: Oceano Atlântico
Sobrevivente: Steven Callahan
Após naufrágio do seu pequeno barco caseiro, o norte americano Steven Callahan – um apaixonado por navegação - fica sozinho à deriva no Atlântico em numa balsa inflável de um pouco mais de 1 metro, com 1kg e meio de comida e 1 litro e meio de água. Assim ele permaneceu por 76 dias, suportando as mais terríveis tempestades, sol escaldante e ataques de tubarões, até que encontra a terra. Matou a fome comendo apenas peixes e aves, quanto a sede, bem... leiam o livro.
Taí galera! Consegui driblar o sono e o cansaço. O post saiu (rs). Agora, se vocês quiserem conhecer mais a fundo os perrengues vividos por esses verdadeiros heróis, fiquem à vontade para escolher o livro que mais despertem o seu interesse.
Inté!

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