“Milagre nos Andes – 72 Dias na Montanha e Minha Longa Volta para Casa”, é um livro para leitores de estômago e nervos bem fortes. Nesta obra, o autor Nando Parrado – que é um dos sobreviventes do grave acidente aéreo nas profundezas dos Andes – exorciza todos os seus medos e angustias, fazendo um relato detalhado dos 72 dias de sofrimento nas geladas e isoladas montanhas andinas. Parrado não usa meias palavras e tão pouco esconde fatos ou segredos que ocorreram no acidente, nem os mais traumáticos e chocantes. Costumo dizer que ele “vomita” tudo o que aconteceu naquele fatídico dia em que o um time de rugby do Uruguai decidiu emprestar um Fairchild F-227 da Força Aérea Uruguaia para fazer uma partida amistosa no Chile.
O livro “Milagre nos Andes” é muito mais detalhista e profundo do que “Os Sobreviventes”, de Piers Paul Read, lançado em 1973, um ano após a tragédia. Enquanto Read escreveu sua obra seguindo uma linha jornalística baseada em depoimentos das vítimas sobreviventes do Fairchild, um relato puramente técnico, deixando o emocional de lado; Parrado optou pela vertente da emoção, ou seja, após mais de 30 anos, ele decidiu abrir as comportas do seu coração e de sua memória e despejou na obra os seus medos, incertezas, sofrimento, enfim a epopéia que viveu num mundo completamente frio, isolado e aterrador. Ele não esconde absolutamente nada dos seus leitores, nem os fatos mais lúgubres e pavorosos, como o sofrimento de uma mulher que ficou presa nas ferragens após a queda do avião. Sem chances de solta-la da cadeira toda retorcida, os amigos de Nando foram obrigados a deixá-la ali sofrendo com a sua dor. Nando relata que à noite, os sobreviventes tinham de dormir com os lamentos e gritos de dor da mulher ecoando em seus ouvidos, implorando para que eles a libertassem. Num dos momentos mais fortes do livro – se não, o mais forte, - o autor relata como ele e seus amigos, para não morrerem de inanição – foram obrigados a comer a carne dos cadáveres do acidente. Nesta parte da obra, o leitor tem que ter estômago muito forte para enfrentar as páginas em que Parrado dá detalhes do canabalismo forçado. Para que o leitor tenha uma idéia, para continuarem vivos, os sobreviventes dos Andes se alimentaram de carne humana por um período de aproximadamente dois meses. No início, segundo Parrado, apenas de pedaços superficiais do músculo do antebraço dos mortos, mas quando o “alimento” começou a faltar, eles tiveram de comer também pulmões, rins, cérebro e até coágulos de artérias. Ele dá detalhes de tudo isso sem meias palavras.
Roberto Canessa e Nando Parrado |
O autor dedica ainda uma boa parte de sua obra para explicar o que os seus amigos que sobreviveram ao acidente estão fazendo atualmente e como reagiram á tragédia depois de 30 anos.
Enfim, “Milagre nos Andes – 72 Dias na Montanha e Minha Longa Volta para Casa” é uma obra para estômagos e nervos fortes, sem dúvida; mas também é uma leitura obrigatória para aquelas pessoas que tem curiosidade para conhecer à fundo tudo o que aconteceu no fatídico dia 13 de outubro de 1972 com esse grupo de jovens atletas de rugby.
4 comentários
Sempre me interessei pela história dessas pessoas.
ResponderExcluirAcabo de adquirir esse livro e também o livro "A SOCIEDADE DA NEVE: OS DEZESSEIS SOBREVIVENTES DA TRAGEDIA DOS ANDES CONTAM TODA A HISTORIA PELA PRIMEIRA VEZ"
Tenho desde 1977, o livro "SOBREVIVENTES DOS ANDES", de Piers Paul Read.
Excelente livro
ResponderExcluirLindo o livro ,porem quem tiver a oportunidade de conhecer museu em Montivideo ainda deixa você mais pasmo! acredite...
ResponderExcluirquero provas que o que ele cometeu nao e canibalismo
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