01 junho 2025
A Empregada está de olho
Começo essa postagem já pedindo aos fãs da saga A Empregada de Freida McFadden para que
esqueçam – mas um ‘esqueçam’ com todas as letras maiúsculas – da Millie dos
dois primeiros livros (A Empregada e O Segredo do Empregada). A Millie de A Empregada Está de Olho é muito
diferente; ela mudou demais. E na minha opinião, mudou para pior. Neste
terceiro livro da saga não vemos aquela personagem ativa, arrojada, sem medo,
perspicaz, capaz de enfrentar qualquer desafio. Pois é... a nossa Millie mudou.
No enredo de A
Empregada Está de Olho já se passaram 20 anos dos acontecimentos do
primeiro livro. E após essas duas décadas vemos uma Millie matrona, casada com
Enzo e mãe de dois filhos: Nico, de 9 anos e Ada, de 11. Ela deixou para trás
toda a sua impetuosidade e perspicácia. E foi justamente dessa impetuosidade e
perspicácia que eu, como leitor, senti falta. Para se ter uma ideia do quanto
ela mudou, em determinado capítulo, a personagem ficou embasbacada,
completamente sem resposta, ao ser desafiada por um encanador que a acusava aos
gritos – como não bastasse, ainda perto daquela víbora chamada Suzete - de lhe
ter dado um cheque sem fundos. E para completar a humilhação, Suzete ainda fez
questão de pagar o encanador e depois tirar um sarrinho na cara da Millie. Juro
que fiquei puto da vida e exclamei: PQP! Cadê a minha Millie?!!!!!”
E já que mencionei a víbora da tal Suzete, aproveito também
para acrescentar uma outra personagem – que se não víbora, pelo menos uma
cobrinha – de nome Janice, ou seja, as duas novas vizinhas da nossa Empregada.
Fiquei constrangido todas as vezes que as duas humilharam Millie. Suzete,
aliás, chegou ao ponto de dar em cima do Enzo e na cara da Millie!!!
Fico imaginando o que teria acontecido com Suzete e
Janice nos ‘velhos tempo’; as respostas afiadas que elas receberiam e que lhe
fariam fechar a boca na hora.
Saudades de você Millie, mas da Millie do passado e
não dessa nova versão, mas... tudo na vida muda, né? Fazer o que?!
Agora querem saber se eu gostei do livro? Gostei. -
Ôpa!! Mas espera aí cara? Depois de tudo o que você escreveu acima, você ainda
afirma que gostou da história? É muita incoerência!
Galera, calma aí; eu vou explicar porque essa linha de
raciocínio não é assim tão incoerente. A
Empregada Está de Olho é um dos raros livros em que você, apesar de se
decepcionar com o personagem (s) principal (s) não se decepciona com o enredo;
e o enredo desse – pelo menos, até agora - último livro da saga é muito bom.
McFadden criou pequenas reviravoltas no decorrer do enredo quem conseguem manter
os leitores ligados; plot twists pequenos, mas deliciosos. Outro detalhe positivo é que alguns personagens não
são o que aparentam ser; é aquela ‘coisa’ do tipo: “Putz, o cara fez isso?! Não
acredito!!”. E, no meu caso, gosto muito de ser enganado pelo personagem de uma
história; de ter sido feito bobo por ele. Adoro quando eu exclamo durante a
leitura: “Caráculas! Não pode ser verdade!”. E o enredo desse terceiro livro da
saga “A Empregada” tem pelo menos três surpresas que valem o selo “Não pode ser
verdade!”: duas no meio da trama e outra no seu final.
Sydney Sweeney será Millie nos cinemas. O filme estreia nos Estados Unidos em dezembro de 2025
Por isso, não tem como eu criticar o enredo
desenvolvido por McFadden; ele é muito bom, muito bem escrito. O que eu quis explicar
logo no início do post é que fiquei decepcionado em ver uma Millie matrona,
sossegada e sem aquela perspicácia que eu aprendi a definir como “perspicácia
bandida” que desnorteava os seus ou as suas rivais.
Mas não fiquem pensando que ela amoleceu totalmente.
No final, pelo menos ela mostra um pouco – não tudo, mas um pouco – dessa
perspicácia ao confrontar a sua oponente. Tudo bem que ela não fez isso
sozinha, mas com a ajuda de um parceiro (que por sinal, não foi o Enzo) mas,
pelo menos, fez; e serviu para uma redenção da personagem, digamos que... meia
boca.
Neste último livro da saga, como citei ,logo no início,
já se se passaram 20 anos dos eventos que ‘rolaram’ no primeiro livro. Millie,
agora casada com Enzo e com filhos, continua a enfrentar situações que a levam
a questionar o que acontece ao seu redor, incluindo os seus vizinhos.
Nessa nova trama acompanhamos Millie e sua família se
mudando para sua casa dos sonhos no subúrbio, onde acabam descobrindo que a
vida fora da cidade grande não é tão tranquila quanto parece, muito menos
segura.
Com a estranha família Lowell e sua empregada na casa
ao lado, uma vizinha bisbilhoteira e paranóica do outro lado da rua, barulhos
assustadores durante a madrugada e todos os membros da família mudando de
comportamento sem motivo aparente, Millie começa a se perguntar se tomou a
decisão certa ao se mudar.
Quando a empregada dos Lowells abre a porta, de
avental branco e os cabelos presos num coque apertado, Millie está decidida a
ser simpática, afinal, sabe exatamente como é estar nessa posição. Só que o
olhar insistente dela lhe dá calafrios. E essa não é a única coisa esquisita no
novo bairro. Millie passa a ver uma figura sinistra sempre à espreita,
observando sua família, e, para piorar, seu marido começa a fazer passeios
noturnos misteriosos. Como se não bastasse, a vizinha do outro lado da rua a
adverte: “Se eu fosse você, tomaria cuidado com aquela mulher.”
Enfim, trata-se de um bairro muito louco, com vizinhos
estranhos, com alguns deles guardando segredos perigosos, aliás... muito
perigosos.
Enfim, é isso aí. Não gostei da nova versão da Millie,
mas gostei do enredo.
Inté!