Vários momentos da vida de um ser humano são marcados
por músicas; podem ter sido momentos bons ou não, felizes ou tristes, não
importa; o que não podemos negar é que as músicas possuem esse poder de “carimbar”
certas passagens em nosso trem da vida. Mas, e os livros? Também; claro! Pelo
menos acontece comigo. Alguns momentos de minha vida foram marcados pela
leitura de livros que se tornaram inesquecíveis. Eles estiveram ao meu lado, me
fazendo companhia, enquanto enfrentei situações boas e também ruins há alguns
anos.
Na postagem de hoje quero apresentar alguns livros que
estiveram comigo, no passado, em certos momentos importantes de minha vida.
Vamos à lista.
01
– O Silêncio dos Inocentes (Thomas Harris)
-
A Pedra Angular
Já criei o hábito de chamar a obra de Thomas Harris de
a minha pedra filosofal porque tudo começou com ela. Há vários anos, bem antes
dos primórdios do blog, eu tive a ideia de começar a comprar livros para formar
um acervo com obras de meu interesse. Antes disso, quando queria ler algum
livro apelava para a biblioteca municipal de minha cidade ou então para o
armário secreto de meu irmão mais velho (ver aqui).
Mas certo dia tive um insight: “Por que não ter os
meus próprios livros se eu gosto tanto de ler”? Surgia assim, também, o
primeiro espaço particular para guardar os meus “preciosos”: uma cristaleira.
Verdade! Podem acreditar. Minha mãe tinha uma cristaleira antiga em casa que eu
acabei transformando em estante (rs). A primeira obra que comprei foi O Silêncio dos Inocentes publicado pela
Record em 1991 e que trazia na capa a atriz Jodie Foster – que vivia a agente
do FBI Clarice Starling – com a foto de uma mariposa sobreposta em sua boca.
O livro de Harris foi o primeiro da cristaleira e
também continuou sendo o primeiro nos outros armários, mesas e caixas que eu
tive antes de chegar às minhas estantes atuais, onde ocupa um lugar de
destaques, afinal tudo começou com ele, a pedra filosofal.
02
– Feliz Ano Velho (Marcelo Rubens Paiva)
-
O dia da cólica terrível
A primeira vez que li Feliz Ano Velho de Marcelo Rubens Paiva – sim, a primeira vez
porque já reli o livro ‘umas’ cinco vezes ou mais – foi durante uma
noite horrível quando os espectros de uma cólica renal me atacaram.
Cara! A coisa foi trash. Gemia, chorava, urrava,
mijava, babava e rolava de dor. A cólica renal que tive naquela noite pós
formatura foi braba. Braba não; foi medonha!
Só sei que mesmo após ser medicado, a dor em forma de
pontadas intermitentes nas costas, insistia em continuar que açoitando.
Resultado: no dia seguinte, o médico plantonista que já havia me atendido na
noite anterior, decidiu me deixar internado por mais um dia. Pedi, então, para
que meu irmão trouxesse o livro do Marcelo para que eu pudesse ler no meu leito
de cólica (rs). Havia ganho o livro de uma colega de universidade, mas ele
acabou ficando meio esquecido na estante. Mas de tanto ouvir os amigos contarem
alguns detalhes sobre o livro me interessei pela história e resolvi lê-lo –
digamos numa situação inusitada – numa cama de hospital.
Me envolvi tanto com a história do filho do deputado
Rubens Paiva – um dos desaparecidos da ditadura militar – que nem percebi
quando o médico entrou em meu quarto para me dar alta. Num sentido figurado, Feliz Ano Velho foi o meu acompanhante
de quarto, a “pessoa” com quem pude “conversar” enquanto estive no hospital.
Obrigado Marcelo pela companhia!
03
– Sob a Redoma (Stephen King)
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Quando Stephen King virou Stephen ‘Kinga’ ou ‘Kingão’
O livro Sob a Redoma de Stephen King me traz recordações de uma pessoa que eu amei muito,
aliás, continuo amando. Amei em vida e continuo amando depois de sua passagem.
Hoje ele não está mais ao meu lado mas tenho certeza que continua intercedendo
por mim neste novo plano espiritual em que se encontra agora. Estou me
referindo ao meu pai a quem carinhosamente chamava de Kid Tourão ou
simplesmente Kid. Por amá-lo tanto, ele acabou fazendo parte de várias
postagens, aqui, no blog (confiram algumas aqui, aqui e mais aqui).
Durante as peregrinações do meu pai pelos hospitais,
enquanto ele aguardava nas salas de espera dos consultórios ou então ficava
numa cama com cateteres e tubos espalhados pelo corpo, eu estava sempre ao seu
lado lendo alguma coisa. Nesta época eu vivia a minha fase de “Kingmaníaco”,
lendo só obras do mestre do terror.
O Kid Tourão, apesar da pouca instrução escolar, era
muito observador e certo dia, ele virou-se para mim – enquanto estava numa cama
de hospital – e disse: - “Pelo jeito você gosta desse ‘Kingão, heinnnn”?
Cara, foi muito engraçado. Só mesmo o Kid. A partir
daí, antes de irmos para uma consulta médica ou internação, ele sempre me
perguntava: “Qual ‘Kinga’ você vai levar hoje. E tudo começou com Sob a Redoma. Cara, parando por aqui...
as lágrimas estão chegando. Putz, Tourão que s-a-u-d-a-d-e-s.
04
– Mundo Perdido
-
Um sujeito muito impertinente durante uma viagem de ônibus
Ufa! Respirei um pouco, vamos prosseguir. Vivo dizendo
para Lulu que não podemos represar as saudades, sejam elas sofridas ou boas.
Quer derramar algumas lágrimas derrame naquele momento que a saudades bateu no
seu coração porque depois, após represa-las, elas chegam aos borbotões. Só que
eu ainda tenho que aprender isso. Belê, mas vamos lá. Este novo fato em minha
vida aconteceu na época do lançamento do filme “Mundo Perdido” e é o preferido
nas rodinhas de amigos leitores. Gosto de contar essa minha saga para relaxar um
pouco. Quero dizer, relaxar agora porque no passado quando vivi essa situação
fiquei muito P. da vida.
Durante uma ida de ônibus até Bauru, os meus dois companheiros
de viagem eram: um senhor calvo de aproximadamente 40 anos que estava sentado
ao meu lado e quanto ao outro companheiro, o livro Mundo Perdido, de Michael Crichton. Tinha duas companhias: uma
excelente e a outra, bem... nem tanto.
Cara! Eu não estava lendo, eu estava devorando com
avidez as páginas de Mundo Perdido,
não me incomodando nem um pouco com a rala “iluminação de bico”; aquela que
fica no teto do ônibus, sobre as poltronas dos passageiros. Inesperadamente, o
senhor calvo, engravatado e bem vestido, com jeito de executivo, disparou a
bomba: - “Para que ficar sofrendo nessa semi-escuridão (foi exatamente isso que
ele disse: ‘semi-escuridão’, me lembro até hoje), assiste ao filme que é a
mesma coisa”. Depois desse petardo, esperei um pouco até passar o atordoamento
e perguntei: “O senhor já leu o livro?” De imediato, ele respondeu: “Claro que
não! Pra que perder tempo se eu tenho o cinema? Tudo o que está nessas páginas
eu já vi”. Bem, depois desse massacre me senti o próprio soldado combatente
estirado no fundo de uma trincheira, com o corpo agonizante. Então, pensei com
os meus botões: “pobre coitado, mal sabe ele que assistiu a um filme que não
tem nada a ver com o livro de Crichton; um verdadeiro engodo”. Isto porque
livro e filme são muito distintos.
Como não bastasse, o meu companheiro engravatado de
viagem resolveu prolongar o assunto, dando uma de crítico literário, elogiando
algumas passagens do filme como a cena em que o Tiranossauro Rex fica solto
no meio da cidade, provocando vários
estragos. E olha que ele percebeu claramente que eu estava lendo e por isso nem
um pouco afim de conversar.
Sofri muito nessa viagem (rs).
05
– Box Percy Jackson
-
Um presente repetido. Aiiii! Que vergonha!
Eu e Lulu fomos convidados para a festa de aniversário
da filha de uma amiga. Uma festa chic, do tipo “Baile de Debutantes” das
antigas. Caráculas, qual presente de aniversário poderíamos dar para a Lilian?
Batemos cabeça para chegarmos a uma conclusão, mas após algumas ponderações
decidimos de comum acordo dar um box literário para a aniversariante, já que
ela é uma leitora voraz.
Tomada a decisão, fomos perguntar para a mãe da Lilian
qual livro ela mais gostava e que ainda faltava em sua estante, mas com a
promessa dela jamais revelar para a filha a nossa conversa. A Laura disse que o
desejo literário de sua filha eram os cinco livros da saga Percy Jackson e os Olimpianos de Rick Riordan (aqui e aqui).
No dia do aniversário lá estou eu juntamente com Lulu
– peitões estufados de alegria e emoção, afinal de contas iriamos realizar o
sonho de uma leitora – com o tal presente debaixo dos braços para entregar.
Após darmos o pacote, a Lilian não se fez de rogada e começou a abri-lo
imediatamente e então veio a surpresa... Com a carinha desconcertada, ela nos
disse; - “nossa que legal acabei de ganhar um igualzinho da tia Ester.”.
PQP!!!!! Nós ficamos com a cara no chão e naquele
momento só queríamos caçar essa maledeta tia que estragou a nossa surpresa. -
Maledeta tia Ester! (rs)
Até hoje não sei se foi a Lilian que contou para a sua
tia o seu desejo de consumo ou se foi na pura sorte que a titia estraga prazer
comprou o box de Percy Jackson.
Olha... essa doeu na alma (rs).
Por hoje é só galera.
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