Não gosto de ler dois livros ao mesmo tempo. Considero a leitura um ritual que deve ser seguido “a risca” para dar o prazer que se espera dela. Um ritual que vai desde a leitura das criticas da obra - tanto da critica especializada como dos leitores -, a escolha do livro, o apuramento das informações do autor, o que o levou a escrever aquela história, as suas últimas publicações e finalmente o tempo necessário para curtir a introdução, prefácio, notas do editor e por aí afora. E só depois disso, dou início a leitura. E quando começo, mergulho de corpo e alma no contexto da obra. Portanto, prefiro me doar a um único livro, mas... como há exceções para tudo na vida e no meu caso não é diferente; há algumas semanas acabei quebrando a velha rotina... o velho ritual. Culpa do livro do jornalista e apresentador de TV, Zeca Camargo que reúne histórias interessantíssimas dos bastidores de várias entrevistas com astros do pop-rock do mundo todo.
Pois é, foi “De a-ha a U2” que me obrigou a ler dois livros ao mesmo tempo. À Tarde, depois do almoço, antes de encarar o segundo tempo do “trampo” ia de “Médico de Homens e de Almas”, da Taylor Caldwell e a noite, antes de visitar “Orfeu” me distraía com as peripécias aprontadas pelo Zeca para conseguir entrevistar este ou aquele figurão da música brasileira ou internacional.
Quando comprei “De a-ha a U2”, já estava lendo a obra de Taylor Caldwell, mas juro que não aguentei esperar para conhecer os bastidores de entrevistas que já tinha assistido na TV ou então lido nos jornais. Fiquei imaginando o que havia rolado antes dessas entrevistas serem levadas ao ar ou então colocadas nas páginas de um jornal. Coisas do tipo: O entrevistado foi um “mala” ou educado?, “Quais exigências ele fez?”, “O Zeca pagou algum mico?”, além de outras “cositas”. E conto para vocês que valeu à pena. O autor não escondeu nada e a sua sinceridade foi o segredo do sucesso da obra. Ele não poupa críticas para alguns figurões do mundo pop que apesar de não cantarem nada ou então estarem numa fase decadente, ainda se julgavam os reis da cocada preta fazendo exigências absurdas para conceder uma entrevista curta. Mas nem tudo é crítica. Zeca Camargo também elogia os astros talentosos, mesmo aqueles que foram arrogantes e antipáticos durante a entrevista. Mas fazer o que? Eles são gênios da música, e no mundo do pop-rock isso é normal e os jornalistas tem que aprender a conviver nesta selva, pois no final o que vale mesmo, é conseguir a entrevista com o tal fulano.
“De a-ha a U2” pode ser lido sem a necessidade de seguir uma ordem cronológica, ou seja, você pode escolher as histórias das entrevistas com os cantores ou grupos de sua preferência, mas confesso, que todas elas são importantes e com informações bem pitorescas. Por isso, vale a pena ler todas elas.
O livro traz os bastidores de 53 entrevistas com astros e estrelas do pop-rock realizadas pelo jornalista que atualmente apresenta o Fantástico da TV Globo. Como já disse, todas interessantes, desde o papo com os integrantes do a-ha, que abre o livro até a entrevista com o U2 que fecha a obra de 472 páginas publicada pela Editora Globo.
Zeca conta como reagiu quando Cazuza lhe revelou que estava com AIDS na entrevista realizada em Nova York em 1989, no período em que era correspondente internacional da Folha de S.Paulo. Ele revela que antes de começar a conversa, o polêmico cantor lhe ofereceu um “gole’ de vinho de sua própria taça como que perguntando se ele, Zeca, seria capaz de beber algo do próprio copo de um aidético.
O fãs de Avril Lavigne, Britney Spears e Bon Jovi certamente vão torcer o nariz para as palavras ferinas do autor que rotulou as duas primeiras de cantoras fabricadas pela indústria. Quanto a Jon Bon Jovi, sobrou a definição de um sujeito metido e mau humorado, pelo menos, naquele dia. Com relação à Britney, ele conta uma cena que presenciou e o deixou de queixo caído. Antes de chegar a sua vez de realizar a entrevista, Britney simplesmente saiu correndo do quarto e... bem, melhor ficar quieto para não estragar a surpresa daqueles que pretendem ler o livro.
Gostei também da sinceridade do autor de “De a-ha a U2” que não esconde as gafes ou micos que cometeu em algumas entrevistas, além de confessar que poderia ter se preparado melhor para outras, cujo resultado não foi o esperado. Cito, como exemplo, a entrevista com Caetano Veloso, na época em que ele lançou o álbum Circuladô. Zeca diz que estava tão nervoso que acabou estragando o papo com o cantor e compositor baiano. Tempos depois, ele teria a oportunidade de se redimir, fazendo a entrevista dos seus sonhos com Caetano, onde tudo saiu de maneira perfeita.
Os bastidores do encontro com Beck também valem a pena. Zeca confessou que é fã de carteirinha do cantor e quando deixou escapar isso no final da entrevista, quase criou um clima constrangedor.
Momentos em que ele conseguiu “tirar” revelações ultra-secretas de astros e estrelas do pop, como Elton John e Annie Lenox do Eurythmics, também valem a leitura.
A chave de braço que levou do vocalista de uma banda de rock no meio da entrevista, sem que esperasse ou então o dia em que teve de invadir o quarto de uma lenda do pop-rock para convencê-lo a dar a entrevista que fora combinada, são outros trechos que prendem a atenção do leitor.
O livro do Zeca traz ainda várias listas de cinco músicas: “as cinco mais românticas para quebrar o seu coração”, “os cinco clássicos das pistas dos anos 70” , “ as cinco para entrar em transe”, “cinco singles que deveriam ter feito mais sucesso do que fizeram”, etc. Há ainda um tópico interessante que o autor publica após cada entrevista, do tipo: “se você tiver que ouvir apenas uma música desse artista, ouça essa...” Mas no final o que interessa mesmo são os segredos das entrevistas realizadas pelo Zeca ao longo de toda a sua carreira.
Vejam a relação das entrevistas que tem os seus bastidores “desmembrados” pelo autor do livro. Confiram: a-ha, Alanis Morisette, Avril Lavigne, Beck, Bjork, Blur, Bom Jovi, Britney Spears, Caetano Veloso, Cazuza, Chemical Brothers, Coldplay, David Byrne, Donna Summer, Duran Duran, Elton John, Eurythmics, Faith No More, Fatboy Slim, George Michael, Greenday, Guns N’Roses, Hole, Ice-T, Jennifer Lopez, John Lurie, Keith Richards, Lauryn Hill, Lenny Kravitz, Madonna, Mariah Carey, Marisa Monte, Metallica, Mick Jagger, Moby, Nirvana, Oasis, Pearl Jam, Pet Shop Boys, Pretenders, Queensryche, R.E.M, Radiohead, Red Hot Chili Peppers, Renato Russo, Rita Lee, Robbie Williams, Sex Pistols, Skank, Sting, White Stripes, Titãs e U2.
Taí pessoal! Divirtam-se!
4 comentários
Fiquei curiosa. Taí, um livro que eu vá gostar rsrs. Parabéns pelo post, muito bom.
ResponderExcluirBeijos, e visita meu blog, é meio novo, mas sei lá...da um passadinha: bookosfera.blogspot.com
:)
detestei, ele acabou com o a-ha o livro, minimizou como uma banda de one hit wonder.
ResponderExcluirO ah a eo u2 e o mesmo cantor
ResponderExcluirNão. São grupos diferentes.
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