Há ‘uns’ dez anos, ainda me lembro que estava correndo
desesperadamente atrás de A Hora do
Lobisomem, de Stephen King, uma publicação simplizinha de marré da editora
LPM Pockets. Queria aquele livrinho de bolso de qualquer maneira. Até que um
dia o encontrei num sebo virtual por aproximadamente R$ 200,00, em valores
atualizados. “R$ 350,00!!!!, que roubo!!!!” Gritei, na época. Não entrava na
minha cabeça como uma publicação de bolso com as páginas já amareladas pelo
manuseio e a capa com uma fita adesiva transparente na lombada pudesse custar
aquele valor. Hoje, entendo – mas não muito (rs) – o motivo do seu alto custo:
tratava-se de um livro raro, daqueles que você fuça nas livrarias, até se
cansar, e só encontra dois ou três exemplares.
Pois é galera, e não é que três ou quatro anos depois,
a Suma (quando ainda era chamada de Suma de ‘LETRAS’) acabou relançando A Hora do Lobisomem numa edição
ultra-luxuosa em capa dura e toda ilustrada?! Quer mais? E por um preço módico!
Atualmente essa edição da Suma pode ser encontrada facilmente em qualquer
livraria física ou virtual.
À exemplo desse clássico escrito por Stephen King,
existem muitos outros em situação semelhante, ou seja, estavam praticamente
esgotados no passado, mas agora podem ser encontrados facilmente nas livrarias.
Dentro desse contexto ‘deu na telha’ escrever uma
postagem sobre o tema. Assim, escolhi cinco livros que eram endeusados em anos
passados por serem raros, mas depois com o passar do tempo acabaram perdendo a “coroa”
para a alegria de todos nós leitores. Obrigaduuuuuuuuuu à todas as editoras que
tiveram a brilhante ideia e principalmente compaixão de todos nós, devoradores
de livros, em relançar essas preciosidades. Vamos a elas!
01-
A Hora do Lobisomem (Stephen King)
Em 2014, quando escrevia uma postagem sobre obras
raras, tinha conseguido localizar nos sebos virtuais apenas um exemplar de A Hora do Lobisomem. Fiquei sabendo,
naquela época, que inexplicavelmente, em sua primeira edição (1983), a editora LPM
Pockets havia colocada poucos livros no mercado literário. Resultado: eles se
esgotaram rapidamente.
O preço assustava e girava em torno de R$ 100,00, em
2014.
Cara, como eu queria aquele livro! Como o preço era
absurdamente elevado, fiquei sonhando com o livrinho véinho de bolso; aliás um
sonho frustrado. Este sonho só foi se tornar realidade quando a então editora
Suma de Letras (hoje, um selo da editora Companhia das Letras), anunciou em julho
de 2017 que relançaria a obra de King numa edição luxuosa com a promessa de encher os olhos da galera.
A narrativa faria parte da coleção Biblioteca
Stephen King que tinha começado a reunir os relançamentos de publicações
raras do autor.
E a Suma, de fato, prometeu o que tinha cumprido. A
segunda edição de A Hora do Lobisomem
chegou ‘rasgando’: ilustrações originais de Bernie Wrightson, capa dura
emborrachada e conteúdo extra.
O livro narra a história de assassinatos que estariam
sendo ocasionados por um lobisomem na pequena cidade de Tarker´s Mills
localizada no Maine. A cada noite de lua cheia, mortes acontecem na pequena
cidade deixando os seus moradores inquietos e amedrontados.
A
Hora do Lobisomem era um livro curto, dividido em 12
capítulos e com pouco mais de 100 páginas, no formato pocket. Com o
relançamento da Suma, a história ganhou uma edição luxuosa, incluindo as
fantásticas ilustrações de Wrightson,
que trabalhou com King nas capas das edições americanas de A Dança da Morte, Creepshow
e Torre Negra V: Lobos de Calla.
02
– A Casa Infernal (Richard Matheson)
Richard Matheson escreveu A Casa Infernal em 1971, mas o livro só foi desembarcar no Brasil
38 anos depois, pela Novo Século! Verdade galera! A história chegou em terras
tupiniquins em 2009; pouco tempo depois, já estava esgotada e com o preço nas
alturas. Há cerca de cinco anos, os interessados em ler a fantástica e
aterrorizante história criada por Matheson não a encontravam nos sebos e muito
menos nas livrarias. Por isso, cheguei a pensar que estava extinta. Então, no
final de maio de 2018 apareceram dez livros na Estante Virtual; o mais barato,
na faixa de 69,00. Em menos de um mês já tinham sido vendidos todos! A partir
daí, o livro desapareceu novamente e quando retornou aos sebos... caráculas! O
preço causava taquicardia no mais controlado dos leitores.
Mas em setembro de 2021, a DarkSide, a editora da
Caveirinha, decidiu relançar a obra dando um presentaço de Natal antecipado
para os seus leitores.
A edição lançada pela Darkside está tão bonita - na
verdade, um luxo só - que apesar de eu já ter o livro da Novo Século, vou acabar
fazendo um sacrifício e... comprando a
nova publicação.
A editora da Caveirinha optou por fazer uma pequena
alteração no título da obra de 2009, ou seja, saiu A Casa Infernal e entrou HellHouse: A Casa do Inferno. O lançamento faz parte da nova coleção da
DarkSide chamada Dark House,
arquitetada para homenagear as narrativas de assombração que habitam os
pesadelos dos leitores. E para inaugurar com chave de ouro esse novo selo, a
editora escolheu a história de Matheson que está completando 50 anos.
Arrebentou a boca do balão, heinnn Caveirinha?!
03
– O Planeta dos Macacos (Pierre Boulle)
Caramba! Como este livro também me cansou e... me
frustrou. Queria, tresloucadamente, ler a história do escritor francês Pierre
Boulle. Já havia assistido os filmes clássicos dos anos 70 com Charlton Heston
e Roddy McDowall e agora deseja bastante ler a obra literária. Fiquei frustrado
por muito tempo porque não conseguia encontra-lo em nenhum lugar. Quando, em
2011, dei de cara com uma edição de Portugal, caríssima, e mesmo assim, feliz
da vida, coloquei na cesta de compras, outro leitor acabou sendo mais rápido e
me passou a perna. Resultado: quando fechei o pedido, apareceu a mensagem de que
a obra já havia sido vendida. Putz e Putz! Que frustração.
Lembro-me que na década de 80, as bancas de revistas –
inclusive, as de minha cidade – vendiam num pacote só, filme (VHS) mais o livro
no qual a história havia sido inspirada. Entre os títulos lançados estava O Planeta dos Macacos. Na época não me
interessei muito, mas depois de duas décadas sai em disparada como um louco na
captura do livro de Boulle. Caramba! Não encontrava em lugar nenhum. Continuei
a minha procura, sem sucesso, nos sebos físicos e virtuais até 2008 quando a
editora Agir decidiu relançar a obra em terras tupiniquins. Pôoooo!!Buuummmm!!
Soltei rojões, foguetes e morteiros prá todos os lados. Meu amigo, como
comemorei! Acredito que fui um dos primeiros a comprar o livro.
Depois de algum tempo, novamente, a publicação da Agir
sumiu das prateleiras dos sebos. Simplesmente evaporou. Se não me engano, em
2011, fiz uma varredura nas redes sociais e só descobri uma edição em português,
de Portugal, perdida num sebo e por um preço estrondoso: R$ 200,00, creio eu.
Mas o tempo passa e atualmente, O Planeta dos Macacos está sobrando nas livrarias. Em 2015, a
editora Aleph relançou a história de Boulle numa edição em capa vermelha e em
2020, a publicação voltou às estantes das livrarias numa publicação em capa
amarela com direito a um brinde para os leitores – um imã de geladeira com a
ilustração de um macaco. Os dois livros em brochura.
04
– O Parque dos Dinossauros (Michael Crichton)
Como lutei para conseguir esse livro em 2001! Naquela
época ainda não tínhamos o advento dos sebos on line. Se não encontrássemos o
livro que queríamos numa livraria on line tradicional, tínhamos de procura-lo
em um sebo físico, de preferência, localizado numa cidade próxima da que
morávamos.
Consegui localizar O Parque dos Dinossauros de uma maneira nada convencional: através de uma
sala de bate-papo na Net. Isso mesmo, numa sala de bate-papo!! Joguei o meu
desejo de consumo na “Rede” e qual não foi a minha surpresa quando uma
professora da minha época de universidade viu o meu recado e resolveu enviar o
livro pelo correio.
No início do ano 2000, a obra de Crichton estava
esgotada nas livrarias. Restavam os sebos físicos, ponde você raramente
encontrava o livro até que apareceu essa oportunidade de ouro numa sala de
bate-papo. E pensar que hoje, os leitores encontram a publicação facilmente em
qualquer livraria, inclusive no formato capa dura com todo o luxo. Nos sebos
online, então... nem se fala, os preços são módicos demais, variando de R$ 4,00
à R$ 15,00.
05
– Viva e Deixe Morrer (Ian Fleming)
Há mais de dez anos, decidi ter em minha estante todos
os livros de James Bond escritos por Ian Fleming. E assim, comecei a minha
“peregrinação” pelos sebos online. Em menos de um ano consegui ‘fechar’ a
coleção, mas confesso que Viva ou Deixe Morrer me deu um trabalho danado. Só fui conseguir adquirir a publicação no
formato pocket (1999) bem no final da minha peregrinação. Não encontrava o
livro em nenhum sebo e quando o localizava custava “horrores”.
Quando já estava quase desistindo, por acaso, vi na
internet uma oferta supimpa. Não me lembro o valor na época, o que sei é que
estava muito barato em comparação aos preços que já tinha visto. Comprei na
hora. Nos dias seguintes, o livro publicado pela L&pm havia sumido dos
sebos online, entrando para o rol das obras raras.
Pouco tempo depois, em 2013, a editora Alfaguara
colocaria nas estantes da livraria uma edição, também, de bolso da história.
Pronto, Viva e Deixe Morrer perderia
o status de obra rara. Atualmente pode ser encontrado em qualquer livraria a
preços mais do que camaradas.
06
– Trocas Macabras (Stephen King)
Fecho essa lista com mais uma obra de Stephen King.
Uma obra que até há pouco mais de um ano era considerada uma joia lapida nos
sebos com preços assustadores. Acho que em 2018, os preços chegavam a R$
450,00!! PQP! Acredita nisso?! R$ 450,00 num livro velho e bem manuseado! Pois
é, acredite, Trocas Macabras
conseguiu essa proeza.
Em 2018, a editora Suma anunciou que a história seria
relançada e faria parte da coleção Biblioteca
Stephen King. A galera que estava babando para ter a obra em sua estante
festejou a notícia à exaustão.
Mas confesso que a Suma pisou na bola porque atiçou a
vontade dos fãs de King e só ficou nisso porque após o anuncio do relançamento
de Trocas Macabras o assunto esfriou.
Mas após inúmeras cobranças dos leitores, a editora relançaria o livro dois
anos após o seu anuncio, ou seja, em novembro de 2021. Tudo bem, Suma, está
perdoada. Demorou, mas chegou.
Seguindo o mesmo projeto gráfico dos outros cinco
exemplares que compõem da icônica coleção lançada pela Suma em 2016, Trocas Macabras chegou às mãos dos
leitores em capa dura, 656 páginas em papel de altíssima qualidade e um layout
mucho loko – no bom sentido. Capa toda verde com imagens em detalhes pretos e
as letras na tonalidade branca. Cá entre nós, adorei.
O livro foi escrito em 1991 e chegou ao Brasil no ano
seguinte através da antológica coleção Mestresdo Horror e da Fantasia.
Agora, temos de continuar torcendo para que as editoras
deem sequencia nos lançamentos de obras raras que sumiram das livrarias e que
estão custando uma fortuna nos sebos. Nossa! E tem tantas, né?
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