Márcio Blanco Cava lança Cidade das estátuas, seu sétimo romance

07 maio 2022

É duro falar escrever sobre o trabalho de amigos. É complicado demais, cara; pelo menos para os blogueiros literários honestos que escrevem em suas resenhas o que, de fato, sentem ao concluir a leitura de determinada obra, não se curvando servilmente para a pressão das parcerias com editoras.

Por mais que o seu amigo escritor seja um amigão, amigaço ou super-amigo, se você criticar alguns pontos de sua narrativa, ele vai ficar ferido; não aquela ferida grave de guerra que vai mutilar a amizade entre vocês, mas aquele arranhão que vai incomodar a ambos. Um dia desses, estava escolhendo quiabos na feira livre e saí com a mão pinicando por causa daqueles maledetos espinhos minúsculos característicos daquele legume. Não perdi a mão, mas me incomodou pacas, durante boa parte do dia. Sua amizade vai sofrer esse tipo de arranhão se no momento em que resenhar o livro do tal amigo, prevalecer a sua sinceridade.

Então num belo, você diz todo sorridente e confiante: “Não, não! Mesmo esse livro desgraçado sendo ruim pra caráculas, vou dizer que ele é ótimo, pelo menos não corro o risco de magoar o meu amigaço”. Se você pensa dessa forma, fudeu tudo e de vez (desculpe o linguajar, mas não encontro outra palavra para definir tal lambança). Vamos para os resultados dessa decisão nada inteigente: primeiro problema: você vai perder toda a credibilidade que tem junto aos leitores e seguidores do seu blog e... segundo problema: vai se passar por mentiroso ou sabujo. Resultado: Para manter essa amizade com o seu amigão escritor, você pagou um preço bem caro. E olha... não quero pagar nunca esse preço. Tenho dois amigos escritores: Márcio ABC, que passou a assinar suas obras como Márcio Blanco Cava, e César Bravo. Posso garantir que nunca os elogiei sem que eles merecessem. Gosto demais das narrativas desses dois sujeitos.

Fiz todo esse preambulo antes de “falar” sobre o lançamento de Cidade das Estátuas para que vocês entendam como aprecio o trabalho do seu autor Márcio Blanco Cava. Conheço o Márcio há mais de 40 anos, desde nossa época de estudantes universitários quando defendemos, juntos, nossa tese de final de curso, mas acreditem, jamais iria elogiar um livro seu se eu não tivesse gostado. Poderia até não criticar, mas também não publicaria nada no blog, enfim, não incentivaria a sua leitura. Acontece que apreciei muito Parabala (2022), seu primeiro romance, além de Estado Bruto (2017) e Delação (2019). Quanto as suas outras obras ainda não tive oportunidade ler; lembrando que ele já publicou sete livros.

Por ter gostado de suas três publicações, principalmente de Parabala acredito que Cidade das Estátuas tem tudo para seguir o êxito de seus lançamentos anteriores, por isso, certamente estarei lendo.

Lançado pela Editora Mireveja, de Bauru, o livro entrou em pré-venda (com preço promocional) em 6 de maio, com exclusividade pelo site www.editoramireveja.com.

Cidade das Estátuas narra a saga de Ambrosiano Maria, um cidadão brasileiro que leva a vida sem sobressaltos até conhecer a misteriosa Lúcia, que em poucos minutos transformará sua existência para sempre. Através

desse drama individual, segundo o release fornecido pela editora, a história penetra a carne da sociedade para formular uma importante questão: qual é o preço da alienação, da omissão, do individualismo?

O romance, ambientado na década de 1970, se passa em uma cidadezinha repleta de estátuas, algumas bastante inusitadas, onde fantasmas acreditam também fazer parte da vida local. Márcio evoca, daquele período obscuro da história do Brasil e de outros ainda mais remotos, muitos dos fantasmas que insistem em nos assombrar, entre eles as violências de raça e de gênero e o desejo pela ditadura militar por parte de muitos brasileiros, como observa a crítica literária Lúcia Facco, que assina o texto de orelha do livro. "A obra reflete sobre o Brasil, sua formação, a construção de sua identidade. Mas o drama da paixão vivida pelo protagonista compõe um universo peculiar, capaz de cruzar realidade, fantasia, lirismo. Por fim, é um livro de amor, terror e humor”, ela define.

O autor, por sua vez comenta que “o tema da ditadura militar e a realidade do país sempre me moveram e estão presentes na maioria dos meus livros, como Pater, Estado bruto e Delação. No entanto, com Cidades das estátuas sinto que consegui dar um salto em termos de linguagem, experimentando mais, ousando mais, sem perder o foco na história brasileira e projetando para os dias atuais”.

Nascido em Cafelândia, interior de São Paulo, Márcio Blanco Cava, que também é conhecido como Márcio ABC, foi repórter, editor e diretor de redação em diversos veículos e mídias, na capital e no interior paulista, entre ele a Rede Bom Dia. Dedica-se à literatura desde 2002, quando lançou seu primeiro romance, Parabala.

Márcio, boa sorte em mais esse lançamento e que venham novos autores brasileiros com capacidade para fazer a diferença no mercado editorial.


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