Acredito que muitos leitores que acompanham o Livros e
Opinião já ouviram falar de navios e aviões que desapareceram misteriosamente
no Triângulo das Bermudas ou então de um disco voador com tripulantes de outra
galáxia que caiu próximo à cidade de Roswell, no Novo México. Um número ainda
maior de leitores, com certeza, assistiram, ouviram ou leram sobre o famigerado
Chupa-Cabras que assustou os fazendeiros do Paraná e do interior de São Paulo nos
anos 90.
É pessoal... o mundo em que vivemos é repleto de
mistérios e fatos intrigantes que despertam a nossa curiosidade. Por isso, no
post de hoje selecionei 8 casos que instigaram a imaginação popular e que
renderam bons livros com os seus autores procurando de todas as formas elucidar
as misteriosas tramas.
Vamos a eles!
Caso
01: O Triângulo das Bermudas
Livro:
O Triangulo das Bermudas (Charles Berlitz)
O Triângulo das Bermudas é uma área do Oceano
Atlântico que forma uma espécie de triângulo imaginário. Em suas pontas
estariam a ilha de Bermudas, a cidade de San Juan (Porto Rico) e a cidade de
Miami (Estados Unidos), conforme aponta o mapa nesta postagem. O local já vitimou
inúmeras tripulações e é alvo de muito misticismo e superstições.
O mais antigo relato “sombrio” sobre o Triângulo das
Bermudas foi feito por Cristóvão Colombo, que afirmava que a sua bússola
apresentava um mau funcionamento no local, além de este ser muito perigoso e
aparentemente emitir luzes embaixo do oceano. No entanto, o caso que fez com
que o local ganhasse maior notoriedade foi um acidente ocorrido em 1945, quando
cinco aviões americanos misteriosamente sumiram, vitimando dezenas de
tripulantes.
Antes, em 1902, uma embarcação alemã chamada Freya,
ficou um dia desaparecida. Saiu de Manzanillo, em Cuba, no dia 3 de outubro efoi
encontrada no dia seguinte, no mesmo local de onde havia saído, porém sem
nenhuma pessoa a bordo: todos os tripulantes desapareceram! Muitas outras
embarcações e aviões sumiram no Triângulo das Bermudas.
Essas ocorrências instigaram o imaginário popular,
fazendo com que autores de livros e a população como um todo passassem a
elaborar teorias mirabolantes, como raptos praticados por extraterrestres,
passagens para outro mundo, monstros aquáticos e muitas outras lendas.
O livro de Charles Berlitz, lançado em 1974, procura
encontrar explicações científicas para esses misteriosos desaparecimentos, não
se esquecendo também de algumas teorias mirabolantes. É possivelmente um dos
melhores trabalhos a respeito do famoso e enigmático triângulo. O livro
continua sendo muito vendido até hoje.
Caso
02: Caso Pavesi
Livro:
Tráfico de Órgãos no Brasil – O que a máfia não quer que você saiba (Paulo
Airton Pavesi)
Cara, este caso deixou todo o País chocado. O fato
ocorreu em abril de 2000, quando os médicos José Luis Gomes da Silva, José Luis
Bonfitto, Marco Alexandre Pacheco da Fonseca e Álvaro Ianhez foram denunciados
pelo Ministério Público por homicídio qualificado de Paulo Veronesi Pavesi, que
na época tinha 10 anos.
Conforme a Justiça, os quatro médicos teriam sido
responsáveis por procedimentos incorretos na morte e remoção de órgãos do
garoto, após ele cair de uma altura de 10 metros no prédio onde morava. O exame
que apontou a morte cerebral teria sido forjado e o garoto ainda estaria vivo
no momento da retirada dos órgãos. Acredita nisso?!!
A descoberta de um suposto esquema para a retirada
ilegal de órgãos de pacientes em Poços de Caldas fez com que a Santa Casa da
cidade fosse descredenciada para a realização de transplantes e remoção de
órgãos no ano de 2002.
A leitura de Tráfico de Órgãos no Brasil – O que a máfia não quer que você saiba escrito pelo
pai da vítima é instigante. Paulo Airton Pavesi introduz o leitor no mundo
sombrio do tráfico de órgãos, mostrando todas as nuances, os detalhes desse
mercado ilegal que, infelizmente, predomina no Brasil. É como se você estivesse
no lugar daquele pai que além de ter perdido o seu filho, passou a comer o pão
que o diabo amassou por querer, apenas apurar a verdade.
Na obra, o leitor toma conhecimento do drama vivido
por Pavessi após a morte do pequeno Paulinho, período em que passou a receber
ameaças constantes de morte, mas mesmo assim, não desistiu de levar os
responsáveis à Justiça. Ele afirma que
as ameaças foram tantas que ele teve de sair do Brasil temendo pela sua segurança
e de seus familiares, obrigando-o a pedir asilo na Europa.
Caso
03: O Caso Roswell
Livro:
Incidente em Roswell (Charles Berlitz e William L. Moore)
Esta história que ficou conhecida como “O Caso Roswell”
se refere à queda, em 8 julho de 1947, de um objeto num rancho próximo à cidade
de Roswell, no estado do Novo México, nos Estados Unidos, de início
identificado como um disco voador. A base aérea local, inicialmente confirmou
se tratar de um disco, mas depois, num segundo comunicado desmentiu o ocorrido
afirmando que o objeto era um balão meteorológico.
Ufólogos afirmaram ao longo dos anos que, de fato, se
tratava de uma nave extraterrestre e que os tripulantes alienígenas haviam sido
recuperados por militares que depois encobriram a situação e tentaram esconder
o que realmente tinha acontecido.
Segundo a revista Super Interessante, uma das
curiosidades do “Caso Roswell” reside no que estava dentro do suposto disco
voador: quatro legítimos ETs, cinzas, sem roupas e pequeninos, mas com cabeças
e olhos enormes. A funerária local recebeu um pedido de quatro pequenos caixões
e um funcionário teve que dar explicações sobre como conservar corpos. Segundo
os teóricos da conspiração, o governo conduziu uma autópsia secreta nos
alienígenas e aprendeu, por exemplo, que o sangue deles não é vermelho e que a
proporção de seus estômagos em relação aos corpos é diferente do humano.
Incidente
em Roswell de Charles Berlitz – mesmo autor de O
Triângulo das Bermudas – e William L. Moore tenta desvendar esse mistério
com importantes revelações. O livro lançado em 1980 foi escrito no formato de
documentário e contem depoimentos interessantes de pessoas que estiveram
envolvidas nesse caso, incluindo o fazendeiro que encontrou a suposta nave
extraterrestre; de jornalistas daquela época; cientistas e até mesmo pessoas
que eram ligadas ao exército americano. Um bom livro paraquem quer se
aprofundar sobre o que aconteceu em Roswell.
Caso
04: Os sobreviventes dos Andes
Livro:
Milagre nos Andes - 72 Dias na Montanha e Minha Longa Volta para Casa (Nando
Parrado e Vince Rause)
Milagre nos Andes - 72 Dias na Montanha e Minha Longa Volta para Casa,
do escritor uruguaio Nando Parrado, conta o drama dos sobreviventes da queda de
um avião da Força Aérea do Uruguai, em 1972, numa remota região dos Andes.
Estavam a bordo 45 pessoas que viajavam de Montevidéu para Santiago, no Chile,
entre elas um time de jogadores de rúgbi. Havia cinco tripulantes.
A aeronave chocou-se com os Andes e caiu. Dezesseis
pessoas morreram na hora e, dos 29 sobreviventes, 13 foram morrendo ao longo
dos 72 dias em que ficaram isolados na montanha. O grupo, do qual Parrado fez
parte, conseguiu manter-se vivo alimentando-se da carne de seus companheiros
mortos. Além da literatura, o fatídico episódio foi retratado também no cinema
através do documentário “Vivos”, de Frank Marshall.
O leitor tem que ter estômago forte para enfrentar as
páginas em que Parrado dá detalhes do canabalismo forçado. Para poderem continuar
vivos, os sobreviventes dos Andes se alimentaram de carne humana por um período
de aproximadamente dois meses. No início, segundo o autor, apenas de pedaços
superficiais do músculo do antebraço dos mortos, mas quando o “alimento”
começou a faltar, eles tiveram de comer também pulmões, rins, cérebro e até
coágulos de artérias. Ele dá detalhes de tudo isso sem meias palavras.
Milagre nos Andes - 72 Dias na Montanha e Minha Longa Volta para Casa é acima de tudo o relato da luta de uma pessoa que jamais desistiu da vida, nem mesmo quando ouviu pelo rádio dos destroços do avião que as buscas pelos sobreviventes haviam sido encerradas. Foi à partir daí que Nando Parrado e seu amigo Roberto Canessa entenderam que tinham de enfrentar e vencer as montanhas dos Andes em busca de socorro, numa viagem – para muitos – sem esperança.
Caso
05: O sequestro de Carlinhos
Livro:
O sequestro de Carlinhos. A verdade relatada por seu pai (João Mello)
Apesar de ter apenas 13 anos no dia em que Carlos
Ramirez da Costa, o Carlinhos, foi sequestrado, eu me lembro muito bem da comoção
nacional provocada pelo crime.
Era uma noite de quinta-feira, 2 de agosto de 1973. Maria da Conceição Ramirez assistia à novela das 20h com cinco de seus sete filhos em casa, na Rua Alice, em Laranjeiras, no Rio de Janeiro. Seu marido, João Costa, havia saído de carro com as duas crianças menores. De repente, uma queda de luz deixa a casa toda escura. É neste momento que um homem portando um revolver e com o rosto coberto por um lenço, invade o portão da residência, vai até a sala e sequestra apenas Carlinhos, que havia acabado de completar 10 anos de idade.
O seqüestrador ainda deixou um bilhete exigindo o
resgate de ‘cem mil cruzeiros’, uma fortuna, na época. O pai do garoto
conseguiu arrecadar o dinheiro – após uma campanha popular – que não foi entregue
porque o criminoso nunca mais entrou em contato.
Carlinhos está desaparecido há 48 anos e a sua família
não sabe se ele está vivo ou morto. O caso vem intrigando a polícia e o
imaginário popular há quase cinco décadas.
Em 1986, João Mello, pai de Carlinhos, que chegou a
ser preso como suspeito por ter participado do sequestro escreveu um livro
dando o seu ponto de vista sobre o caso. Ele fala do sofrimento da família, das
linhas de investigação – todas elas atrapalhadas – adotadas pelo polícia e que
não levaram a nada, além de explicar os motivos que fez a polícia prendê-lo em
1973.
O livro lançado pela editora Record pode ser
encontrado apenas em sebos, pois as suas edições estão esgotadas.
Caso
06: O Chupa-Cabras
Livro:
Olhos de Dragão (Carlos Alberto Machado)
Uma figura folclórica mexeu com o imaginário do Brasil
no fim da década de 1990. Há 20 anos, o aparecimento de animais mortos e
praticamente sem sangue no Paraná e também no interior de São Paulo não deixava
dúvidas aos moradores de áreas rurais: tratava-se do misterioso chupa-cabra.
A figura vampiresca causou temor, mobilizou
investigações policiais e atraiu a atenção de ufólogos. As cenas eram
praticamente as mesmas: galinhas, cabras, cavalos e bois mortos. No entanto,
todos estavam praticamente sem sangue.
Mesmo 20 anos depois da lenda que se espalhou pelo
país, pesquisadores e ufólogos ainda não tem uma opinião definitiva sobre o que
causou a mortandade dos animais e drenou todo o seu sangue.
Quem leu Olhos
de Dragão de Carlos Alberto Machado afirma que o autor fez um trabalho
primoroso de pesquisa investigativa, englobando testemunhos e análises de
biólogos, veterinários, criptozoólogos e pesquisadores mundiais do assunto,
além de um completo levantamento fotográfico e estatístico, mapas e tabelas
comparativas, sem contar análises laboratoriais de materiais colhidos nos
diversos locais de ocorrência do fenômeno, tais como: pelos, fezes e sangue,
buscando mais esclarecimento sobre o suposto predador.
Caso
07: As linguiças de carne humana
Livro:
Canibais: Paixão e Morte na Rua do Arvoredo (David Coimbra)
Este crime que aconteceu em Porto Alegre, no século
19, foi tão macabro, tão repugnante, que até hoje a maioria dos moradores
gaúchos evitam falar sobre o assunto. O caso ficou conhecido nos meios policiais
da época como
“Os Crimes da Rua do Arvoredo” e devido a sua aura
macabra acabou se tornando uma lenda urbana na cidade, mas muitos garantem que,
de fato, aconteceu.
O crime ocorreu em 18 de abril de 1864. Neste dia, a
polícia de Porto Alegre deparou-se com uma cena horripilante: no porão da casa
de José Ramos e Catharina Palse, na Rua do Arvoredo, onde também funcionava o
açougue do casal, estavam enterrados os pedaços de um corpo humano, já em
avançado estado de decomposição. O cadáver havia sido retalhado, com a cabeça e
membros separados do tronco, e este, por sua vez, repartido em vários pedaços.
A vítima identificada era o alemão Carlos Claussner, antigo dono do açougue da
Rua Arvoredo.
Ao examinar um poço desativado, no terreno dos fundos
da casa, a polícia encontrou os corpos do taverneiro Januário Martins Ramos da
Silva e de seu caixeiro, José Ignacio de Souza Ávila, de apenas 14 anos,
igualmente esquartejados.
Reza a lenda que o açougueiro José Ramos ou
simplesmente Ramos, como era conhecido, degolava, esquartejava, descarnava,
fatiava e guardava as vítimas em baús, moendo-as aos poucos e transformando-as
nas famosas linguiças, que eram vendidas em seu açougue. Os gaúchos faziam fila
para comprá-las e nem desconfiavam de que estavam praticando canibalismo ‘por
tabela’.
Para escrever Canibais:
Paixão e Morte na Rua do Arvoredo, David Coimbra pesquisou aproximadamente
18 obras sobre os referidos crimes, construindo uma narrativa simplesmente
empolgante que tem como cenário uma Porto Alegre de escravos fugidos,
imigrantes desgarrados, enfim, bandidos de todos os tipos. Interessou-se pelo
livro? Confira, então, post completo sobre a obra aqui.
08
– Caso 08: Canibalismo em alto mar
Livro:
No coração do mar (Nathaniel Philbrick)
Em 1820, sob o comando do capitão George Pollard Jr, o
baleeiro americano Essex “ousou” enfrentar um enorme cachalote que atacou e
afundou a embarcação no sul do Oceano Pacífico. Encalhada a milhares de
quilômetros da costa da América do Sul, com pouca comida e água, a tripulação
foi forçada a navegar até a costa nas baleeiras que restaram do navio.
Os oito, dos 21 tripulantes do Essex, que conseguiram
sobreviver ao ataque do cachalote passaram por uma verdadeira via crucis. Eles sofreram
severa desidratação, fome e exposição em mar aberto. Eles foram obrigados a
comer os corpos dos tripulantes que haviam morrido. Quando isso se mostrou
insuficiente, os membros da tripulação fizeram sorteios para determinar quem
sacrificariam para que os outros pudessem se “alimentar”. Um total de sete
tripulantes foram canibalizados.
No Coração do Mar de Nathaniel Philbrick é, basicamente,
dividido em seis momentos: a história da ilha de Nantucket, localizada na costa
leste dos Estados Unidos, considerada no século XIX como a capital baleeira do
mundo. A apresentação dos 21 tripulantes do Essex. O ataque do cachalote de 26
metros que afundou o baleeiro. A luta pela sobrevivência em alto mar da
tripulação que se dividiu em três botes. O resgate dos oito sobreviventes
(cinco nos botes e outros três que optaram por ficar numa ilha deserta, perdida
no meio do Pacífico). E, finalmente, o destino dos sobreviventes após alguns
anos da tragédia.
Em vários momentos, a leitura se torna angustiante.
Cara, imagine você perdido no meio do Oceano Pacífico, dividindo o espaço de um
bote minúsculo com outras pessoas? Quer mais? Então segura essa: decidindo na
sorte quem vai morrer para servir de comida para os sobreviventes. Brrrrrrr!!
Além do livro de Philbrick, a saga dos tripulantes do
baleeiro Essex também foi levada para os cinemas no filme homônimo com Chris Hemsworth
e Tom Holland.
A história serviu ainda de inspiração para que Herman
Melville escrevesse a famosa obra Moby
Dick.
Taí galera, espero que tenham gostado. Agora é só
escolher os livros que mais lhe interessaram.
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