Oito casos cercados de mistério que renderam bons livros

25 julho 2021

Acredito que muitos leitores que acompanham o Livros e Opinião já ouviram falar de navios e aviões que desapareceram misteriosamente no Triângulo das Bermudas ou então de um disco voador com tripulantes de outra galáxia que caiu próximo à cidade de Roswell, no Novo México. Um número ainda maior de leitores, com certeza, assistiram, ouviram ou leram sobre o famigerado Chupa-Cabras que assustou os fazendeiros do Paraná e do interior de São Paulo nos anos 90.

É pessoal... o mundo em que vivemos é repleto de mistérios e fatos intrigantes que despertam a nossa curiosidade. Por isso, no post de hoje selecionei 8 casos que instigaram a imaginação popular e que renderam bons livros com os seus autores procurando de todas as formas elucidar as misteriosas tramas.

Vamos a eles!

Caso 01: O Triângulo das Bermudas

Livro: O Triangulo das Bermudas (Charles Berlitz)

O Triângulo das Bermudas é uma área do Oceano Atlântico que forma uma espécie de triângulo imaginário. Em suas pontas estariam a ilha de Bermudas, a cidade de San Juan (Porto Rico) e a cidade de Miami (Estados Unidos), conforme aponta o mapa nesta postagem. O local já vitimou inúmeras tripulações e é alvo de muito misticismo e superstições.

O mais antigo relato “sombrio” sobre o Triângulo das Bermudas foi feito por Cristóvão Colombo, que afirmava que a sua bússola apresentava um mau funcionamento no local, além de este ser muito perigoso e aparentemente emitir luzes embaixo do oceano. No entanto, o caso que fez com que o local ganhasse maior notoriedade foi um acidente ocorrido em 1945, quando cinco aviões americanos misteriosamente sumiram, vitimando dezenas de tripulantes.

Antes, em 1902, uma embarcação alemã chamada Freya, ficou um dia desaparecida. Saiu de Manzanillo, em Cuba, no dia 3 de outubro efoi encontrada no dia seguinte, no mesmo local de onde havia saído, porém sem nenhuma pessoa a bordo: todos os tripulantes desapareceram! Muitas outras embarcações e aviões sumiram no Triângulo das Bermudas.

Essas ocorrências instigaram o imaginário popular, fazendo com que autores de livros e a população como um todo passassem a elaborar teorias mirabolantes, como raptos praticados por extraterrestres, passagens para outro mundo, monstros aquáticos e muitas outras lendas.

O livro de Charles Berlitz, lançado em 1974, procura encontrar explicações científicas para esses misteriosos desaparecimentos, não se esquecendo também de algumas teorias mirabolantes. É possivelmente um dos melhores trabalhos a respeito do famoso e enigmático triângulo. O livro continua sendo muito vendido até hoje.

Caso 02: Caso Pavesi

Livro: Tráfico de Órgãos no Brasil – O que a máfia não quer que você saiba (Paulo Airton Pavesi)

Cara, este caso deixou todo o País chocado. O fato ocorreu em abril de 2000, quando os médicos José Luis Gomes da Silva, José Luis Bonfitto, Marco Alexandre Pacheco da Fonseca e Álvaro Ianhez foram denunciados pelo Ministério Público por homicídio qualificado de Paulo Veronesi Pavesi, que na época tinha 10 anos.

Conforme a Justiça, os quatro médicos teriam sido responsáveis por procedimentos incorretos na morte e remoção de órgãos do garoto, após ele cair de uma altura de 10 metros no prédio onde morava. O exame que apontou a morte cerebral teria sido forjado e o garoto ainda estaria vivo no momento da retirada dos órgãos. Acredita nisso?!!

A descoberta de um suposto esquema para a retirada ilegal de órgãos de pacientes em Poços de Caldas fez com que a Santa Casa da cidade fosse descredenciada para a realização de transplantes e remoção de órgãos no ano de 2002.

A leitura de Tráfico de Órgãos no Brasil – O que a máfia não quer que você saiba escrito pelo pai da vítima é instigante. Paulo Airton Pavesi introduz o leitor no mundo sombrio do tráfico de órgãos, mostrando todas as nuances, os detalhes desse mercado ilegal que, infelizmente, predomina no Brasil. É como se você estivesse no lugar daquele pai que além de ter perdido o seu filho, passou a comer o pão que o diabo amassou por querer, apenas apurar a verdade.

Na obra, o leitor toma conhecimento do drama vivido por Pavessi após a morte do pequeno Paulinho, período em que passou a receber ameaças constantes de morte, mas mesmo assim, não desistiu de levar os responsáveis à Justiça.  Ele afirma que as ameaças foram tantas que ele teve de sair do Brasil temendo pela sua segurança e de seus familiares, obrigando-o a pedir asilo na Europa.

Caso 03: O Caso Roswell

Livro: Incidente em Roswell (Charles Berlitz e William L. Moore)

Esta história que ficou conhecida como “O Caso Roswell” se refere à queda, em 8 julho de 1947, de um objeto num rancho próximo à cidade de Roswell, no estado do Novo México, nos Estados Unidos, de início identificado como um disco voador. A base aérea local, inicialmente confirmou se tratar de um disco, mas depois, num segundo comunicado desmentiu o ocorrido afirmando que o objeto era um balão meteorológico.

Ufólogos afirmaram ao longo dos anos que, de fato, se tratava de uma nave extraterrestre e que os tripulantes alienígenas haviam sido recuperados por militares que depois encobriram a situação e tentaram esconder o que realmente tinha acontecido.

Segundo a revista Super Interessante, uma das curiosidades do “Caso Roswell” reside no que estava dentro do suposto disco voador: quatro legítimos ETs, cinzas, sem roupas e pequeninos, mas com cabeças e olhos enormes. A funerária local recebeu um pedido de quatro pequenos caixões e um funcionário teve que dar explicações sobre como conservar corpos. Segundo os teóricos da conspiração, o governo conduziu uma autópsia secreta nos alienígenas e aprendeu, por exemplo, que o sangue deles não é vermelho e que a proporção de seus estômagos em relação aos corpos é diferente do humano.

Incidente em Roswell de Charles Berlitz – mesmo autor de  O Triângulo das Bermudas – e William L. Moore tenta desvendar esse mistério com importantes revelações. O livro lançado em 1980 foi escrito no formato de documentário e contem depoimentos interessantes de pessoas que estiveram envolvidas nesse caso, incluindo o fazendeiro que encontrou a suposta nave extraterrestre; de jornalistas daquela época; cientistas e até mesmo pessoas que eram ligadas ao exército americano. Um bom livro paraquem quer se aprofundar sobre o que aconteceu em Roswell.

Caso 04: Os sobreviventes dos Andes

Livro: Milagre nos Andes - 72 Dias na Montanha e Minha Longa Volta para Casa (Nando Parrado e Vince Rause)

Milagre nos Andes - 72 Dias na Montanha e Minha Longa Volta para Casa, do escritor uruguaio Nando Parrado, conta o drama dos sobreviventes da queda de um avião da Força Aérea do Uruguai, em 1972, numa remota região dos Andes. Estavam a bordo 45 pessoas que viajavam de Montevidéu para Santiago, no Chile, entre elas um time de jogadores de rúgbi. Havia cinco tripulantes.

A aeronave chocou-se com os Andes e caiu. Dezesseis pessoas morreram na hora e, dos 29 sobreviventes, 13 foram morrendo ao longo dos 72 dias em que ficaram isolados na montanha. O grupo, do qual Parrado fez parte, conseguiu manter-se vivo alimentando-se da carne de seus companheiros mortos. Além da literatura, o fatídico episódio foi retratado também no cinema através do documentário “Vivos”, de Frank Marshall.

O leitor tem que ter estômago forte para enfrentar as páginas em que Parrado dá detalhes do canabalismo forçado. Para poderem continuar vivos, os sobreviventes dos Andes se alimentaram de carne humana por um período de aproximadamente dois meses. No início, segundo o autor, apenas de pedaços superficiais do músculo do antebraço dos mortos, mas quando o “alimento” começou a faltar, eles tiveram de comer também pulmões, rins, cérebro e até coágulos de artérias. Ele dá detalhes de tudo isso sem meias palavras.

Milagre nos Andes - 72 Dias na Montanha e Minha Longa Volta para Casa é acima de tudo o relato da luta de uma pessoa que jamais desistiu da vida, nem mesmo quando ouviu pelo rádio dos destroços do avião que as buscas pelos sobreviventes haviam sido encerradas. Foi à partir daí que Nando Parrado e seu amigo Roberto Canessa entenderam que tinham de enfrentar e vencer as montanhas dos Andes em busca de socorro, numa viagem – para muitos – sem esperança.

Caso 05: O sequestro de Carlinhos

Livro: O sequestro de Carlinhos. A verdade relatada por seu pai (João Mello)

Apesar de ter apenas 13 anos no dia em que Carlos Ramirez da Costa, o Carlinhos, foi sequestrado, eu me lembro muito bem da comoção nacional provocada pelo crime.

Era uma noite de quinta-feira, 2 de agosto de 1973. Maria da Conceição Ramirez assistia à novela das 20h com cinco de seus sete filhos em casa, na Rua Alice, em Laranjeiras, no Rio de Janeiro. Seu marido, João Costa, havia saído de carro com as duas crianças menores. De repente, uma queda de luz deixa a casa toda escura. É neste momento que um homem portando um revolver e com o rosto coberto por um lenço, invade o portão da residência, vai até a sala e sequestra apenas Carlinhos, que havia acabado de completar 10 anos de idade. 

O seqüestrador ainda deixou um bilhete exigindo o resgate de ‘cem mil cruzeiros’, uma fortuna, na época. O pai do garoto conseguiu arrecadar o dinheiro – após uma campanha popular – que não foi entregue porque o criminoso nunca mais entrou em contato.

Carlinhos está desaparecido há 48 anos e a sua família não sabe se ele está vivo ou morto. O caso vem intrigando a polícia e o imaginário popular há quase cinco décadas.


Em 1986, João Mello, pai de Carlinhos, que chegou a ser preso como suspeito por ter participado do sequestro escreveu um livro dando o seu ponto de vista sobre o caso. Ele fala do sofrimento da família, das linhas de investigação – todas elas atrapalhadas – adotadas pelo polícia e que não levaram a nada, além de explicar os motivos que fez a polícia prendê-lo em 1973.

O livro lançado pela editora Record pode ser encontrado apenas em sebos, pois as suas edições estão esgotadas.

Caso 06: O Chupa-Cabras

Livro: Olhos de Dragão (Carlos Alberto Machado)

Uma figura folclórica mexeu com o imaginário do Brasil no fim da década de 1990. Há 20 anos, o aparecimento de animais mortos e praticamente sem sangue no Paraná e também no interior de São Paulo não deixava dúvidas aos moradores de áreas rurais: tratava-se do misterioso chupa-cabra.

A figura vampiresca causou temor, mobilizou investigações policiais e atraiu a atenção de ufólogos. As cenas eram praticamente as mesmas: galinhas, cabras, cavalos e bois mortos. No entanto, todos estavam praticamente sem sangue.

Mesmo 20 anos depois da lenda que se espalhou pelo país, pesquisadores e ufólogos ainda não tem uma opinião definitiva sobre o que causou a mortandade dos animais e drenou todo o seu sangue.

Quem leu Olhos de Dragão de Carlos Alberto Machado afirma que o autor fez um trabalho primoroso de pesquisa investigativa, englobando testemunhos e análises de biólogos, veterinários, criptozoólogos e pesquisadores mundiais do assunto, além de um completo levantamento fotográfico e estatístico, mapas e tabelas comparativas, sem contar análises laboratoriais de materiais colhidos nos diversos locais de ocorrência do fenômeno, tais como: pelos, fezes e sangue, buscando mais esclarecimento sobre o suposto predador.

Caso 07: As linguiças de carne humana

Livro: Canibais: Paixão e Morte na Rua do Arvoredo (David Coimbra)


Este crime que aconteceu em Porto Alegre, no século 19, foi tão macabro, tão repugnante, que até hoje a maioria dos moradores gaúchos evitam falar sobre o assunto. O caso ficou conhecido nos meios policiais da época como

“Os Crimes da Rua do Arvoredo” e devido a sua aura macabra acabou se tornando uma lenda urbana na cidade, mas muitos garantem que, de fato, aconteceu.

O crime ocorreu em 18 de abril de 1864. Neste dia, a polícia de Porto Alegre deparou-se com uma cena horripilante: no porão da casa de José Ramos e Catharina Palse, na Rua do Arvoredo, onde também funcionava o açougue do casal, estavam enterrados os pedaços de um corpo humano, já em avançado estado de decomposição. O cadáver havia sido retalhado, com a cabeça e membros separados do tronco, e este, por sua vez, repartido em vários pedaços. A vítima identificada era o alemão Carlos Claussner, antigo dono do açougue da Rua Arvoredo. 

Ao examinar um poço desativado, no terreno dos fundos da casa, a polícia encontrou os corpos do taverneiro Januário Martins Ramos da Silva e de seu caixeiro, José Ignacio de Souza Ávila, de apenas 14 anos, igualmente esquartejados.

Reza a lenda que o açougueiro José Ramos ou simplesmente Ramos, como era conhecido, degolava, esquartejava, descarnava, fatiava e guardava as vítimas em baús, moendo-as aos poucos e transformando-as nas famosas linguiças, que eram vendidas em seu açougue. Os gaúchos faziam fila para comprá-las e nem desconfiavam de que estavam praticando canibalismo ‘por tabela’.

Para escrever Canibais: Paixão e Morte na Rua do Arvoredo, David Coimbra pesquisou aproximadamente 18 obras sobre os referidos crimes, construindo uma narrativa simplesmente empolgante que tem como cenário uma Porto Alegre de escravos fugidos, imigrantes desgarrados, enfim, bandidos de todos os tipos. Interessou-se pelo livro? Confira, então, post completo sobre a obra aqui.

08 – Caso 08: Canibalismo em alto mar

Livro: No coração do mar (Nathaniel Philbrick)

Em 1820, sob o comando do capitão George Pollard Jr, o baleeiro americano Essex “ousou” enfrentar um enorme cachalote que atacou e afundou a embarcação no sul do Oceano Pacífico. Encalhada a milhares de quilômetros da costa da América do Sul, com pouca comida e água, a tripulação foi forçada a navegar até a costa nas baleeiras que restaram do navio.

Os oito, dos 21 tripulantes do Essex, que conseguiram sobreviver ao ataque do cachalote passaram por uma verdadeira via crucis. Eles sofreram severa desidratação, fome e exposição em mar aberto. Eles foram obrigados a comer os corpos dos tripulantes que haviam morrido. Quando isso se mostrou insuficiente, os membros da tripulação fizeram sorteios para determinar quem sacrificariam para que os outros pudessem se “alimentar”. Um total de sete tripulantes foram canibalizados.

No Coração do Mar de Nathaniel Philbrick é, basicamente, dividido em seis momentos: a história da ilha de Nantucket, localizada na costa leste dos Estados Unidos, considerada no século XIX como a capital baleeira do mundo. A apresentação dos 21 tripulantes do Essex. O ataque do cachalote de 26 metros que afundou o baleeiro. A luta pela sobrevivência em alto mar da tripulação que se dividiu em três botes. O resgate dos oito sobreviventes (cinco nos botes e outros três que optaram por ficar numa ilha deserta, perdida no meio do Pacífico). E, finalmente, o destino dos sobreviventes após alguns anos da tragédia.

Em vários momentos, a leitura se torna angustiante. Cara, imagine você perdido no meio do Oceano Pacífico, dividindo o espaço de um bote minúsculo com outras pessoas? Quer mais? Então segura essa: decidindo na sorte quem vai morrer para servir de comida para os sobreviventes. Brrrrrrr!!

Além do livro de Philbrick, a saga dos tripulantes do baleeiro Essex também foi levada para os cinemas no filme homônimo com Chris Hemsworth e Tom Holland.

A história serviu ainda de inspiração para que Herman Melville escrevesse a famosa obra Moby Dick.

Taí galera, espero que tenham gostado. Agora é só escolher os livros que mais lhe interessaram.

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